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Provas do Enem 2023: confira uma análise completa

O que o Enem 2023 cobrou de seus candidatos? Um olhar dos professores do Aprova sobre as disciplinas do exame!

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Ufa! Chegamos ao fim do segundo dia de provas do Enem 2023, que reúne as disciplinas de Ciências da Natureza e Matemática. E agora o nosso trabalho é entregar uma análise completa sobre todas as disciplinas e os assuntos que apareceram nas questões. Confira!

Análise das provas do Enem 2023 - 2º domingo

É importante explicar que o gabarito oficial das provas do Enem 2023 só fica disponível em 24 de novembro. Mas, do lado de cá, a gente faz os comentários e torce para que, no fim das contas, você tenha se saído muito bem.

Química - Análise do professor Guilherme

Eu esperava uma prova mais atual, já que no primeiro dia, a maior parte dos textos foi de novembro de 2021, e nessa prova encontramos textos 2003, 2014 e 2015. Então, eu considero isso um ponto negativo.

No geral, foi uma prova clássica, bem direta, que exigia pouca interpretação dos textos, o que ajudou o aluno quanto à questão do tempo. Tivemos, no total, 13 questões de Química pura e outras de Química e Física e Química e Biologia. Dessas 13, seis de química orgânica, correspondendo a praticamente 50% da prova.

Em orgânica se cobrou muita classificação de cadeia, nomenclatura, propriedade dos compostos orgânicos, isomeria e reações orgânicas. Um bom aluno não encontrou dificuldade na parte de orgânica. 

Já em mineral, tivemos ligação química relacionada à diferença de eletronegatividade, três questões envolvendo cálculo, duas exigiam conta mesmo e uma era mais interpretação de gráfico envolvendo estequiometria.

E uma questão sobre gases, o que eu já esperava, já que gases não era um assunto recorrente, mas caiu no Enem PPL 2022 e caiu novamente uma questão, na mesma linha, PVNRT, só que era para calcular pressão.

Também teve uma questão envolvendo deslocamento de equilíbrio, que alguns alunos podem ter tido um pouco de dificuldade para entender o enunciado, uma envolvendo água dura e outra sobre densidade.

Eu classificaria como uma prova bem com cara de vestibular tradicional. A maioria das questões abordando assuntos que já foram trabalhados em provas anteriores, como amadurecimento dos frutos, questão de antidetonante na gasolina e até uma questão envolvendo organoclorados. Foi um exame de nível médio e sem nenhuma surpresa.

Análise do professor Thiago

A prova de hoje necessitou, como sempre acontece no Enem, de uma boa interpretação dos enunciados por parte dos alunos que não sabiam tanto a parte conceitual. Por falar em questões conceituais, grande parte das questões de Química eram questões conceituais, não envolviam cálculos.

A prova teve conteúdos bem diversificados, mas faltaram alguns assuntos recorrentes nos anos anteriores, como tratamento de água ou tratamento de esgoto e alguma questão que envolvesse um pouquinho mais o equilíbrio químico. Só teve uma que falava sobre deslocamento de equilíbrio muito rapidamente, mas nada sobre pH, sobre a acidez e basicidade dos compostos. 

Também faltaram questões relacionadas à parte energética, que abordassem um pouquinho mais o cálculo de energia de processos dentro da termoquímica. E estiveram presentes, como sempre, questões do âmbito ambiental, que permeavam toda a ciência da natureza.

Questões às vezes muito interdisciplinares, que não permitiam identificar se eram de química, de biologia ou de física –  afinal o aluno tem que ter a mão na massa nessas três disciplinas para enfrentar a ciência da natureza.

Biologia - Análise do professor Gustavo

A prova de Biologia foi tranquila. Não tivemos questões muito polêmicas ou totalmente fora do contexto. Ecologia, junto com botânica e citologia, foram os assuntos mais cobrados.

Impacto ambiental não apareceu tanto, mas tinha algumas questões sobre isso, além de biorremediação, ciclo do nitrogênio, distinção de espécies e energia nuclear. Talvez alguns digam que a questão de energia nuclear é de química!

Em botânica, tivemos hormônio vegetal - e nós falamos do etileno no aulão e no SOS Aprova. Também caiu a característica evolutiva que tornou a planta independente da água e transporte de seiva, aquela retirada do anel de Malpighi, bem clássico que o Enem às vezes cobra.

Na prova de Biologia, vimos também polinização e extinção de espécies, uma questão junto com ecologia.

O que caiu pouco foi fisiologia. Na realidade, foram duas questões: uma de vacina de RNA, da Covid, e a outra foi sobre ciclo menstrual e hormônio. Não era tão direta e tão rápida de resolver para quem não está por dentro desse assunto.

Em citologia, foram quatro ou cinco questões: de organelas, cloroplasto e função do cloroplasto. A divisão celular também caiu, um exercício mais “chatinho”, e outro falando de ferro e anemia, bem tranquila.

Houve uma questão junto com genética sobre síndrome de Down. Era preciso calcular a probabilidade, saber um pouco de síndrome de Down e divisão celular.

Também caiu respiração celular. Possivelmente, o pessoal vai ter dificuldade pra resolver essa questão, que talvez seja a mais “dificilzinha” da prova sobre inibidor de cadeia respiratória. E de doenças, caíram os temas leishmaniose e protozoose.

Biotecnologia, que geralmente é lembrada, não foi, a não ser em questões falando sobre a vacina de RNA. Mas a biotecnologia mesmo – por exemplo, DNA recombinante, transgenia, clonagem e edição higiênica – não apareceu.

Física - Análises do professores Grego e Rosseto

A grande surpresa foi o número de questões de ondulatória. Porque, normalmente, aparecem uma ou duas, mas foram cinco questões de ondulatória na prova. Mais perguntas de ondulatória do que de mecânica, por exemplo.

Agora, sobre temas que caem todos os anos e não marcaram presença nesta prova, tem um que é clássico – inclusive, por muito tempo, foi o tema que mais apareceu na prova – que é potência ou potência elétrica. Não caiu nenhuma questão, nem de potência mecânica, nem de potência elétrica. Nada!

A única questão era a que falava de intensidade, mas não precisava calcular a potência especificamente. E na parte elétrica, tinha um “circuitinho” elétrico com um R equivalente. O R equivalente é uma resistência equivalente.

No geral, a prova foi fácil. Não foi uma prova trabalhosa. Três ou quatro questões que precisaram de um pouco de cálculo, mas não eram cálculos difíceis, nada que assustasse. E tivemos muito mais questões teóricas do que cálculos.

A prova foi relativamente bem distribuída – apesar de algumas proporções terem fugido do tradicional –, mas acabou abordando todos os temas. 

Uma questão que chamou a atenção foi a do fogão de indução, que envolve um tema que não é muito frequente, além de ter trazido uma aplicação prática.

Tivemos questões similares aos nossos simulados, que são sempre muito ricos e com um estilo semelhante. A abordagem é sempre parecida e nós trabalhamos focados no Enem.

Matemática - Análise do professor Piu

A prova foi um pouco menos conteudista do que nos anos anteriores. Caiu muita coisa de matemática básica, com várias continhas e questões com pegadinhas de interpretação. Uma delas falava de um casal, mas não considerava que eram duas pessoas; outra, disse que no mês seguinte iria parar a produção, e a galera até fez a conta certa, mas se esqueceu do detalhe do mês seguinte, por exemplo.

Além disso, apareceram outros conteúdos que são frequentes do Enem, como estatística e probabilidade, e houve alguma ênfase na geometria plana, diferente dos anos anteriores, quando a geometria espacial foi priorizada.

No geral, a prova estava um pouco mais tranquila em relação ao conteúdo, com exceção de uma questão sobre tronco de cone, que talvez fosse a mais difícil e trabalhosa, mas é aquilo que a gente já conhece do Enem com pequenas alterações e novidades.

Análise das provas do Enem 2023 - 1º domingo

Veja os comentários dos professores sobre as provas do 1º domingo de Enem.

Ciências humanas

No geral, "foi um exame com muita cara de Enem", analisou nosso professor de Filosofia, Tiago Suman.

"Trouxe humanidades vertendo pelos poros da prova, inclusive perpassando Linguagens, o que não é incomum. Um banho de Sociologia, do tema de redação à prova de Linguagens e, é claro, dentro das 14 questões de Ciências humanas. Chamou atenção também quase o dobro do conteúdo de Sociologia com relação a Filosofia", completou.

Filosofia - Análise do professor Tiago

Filosofia pareceu um pouco mais tímida do que em outros anos, mas teve uma grande chuva de questões de sociologia, sobre feminismo, cultura e sociedade, violência contra mulher, entre outros. 

Mas no que tange à filosofia, a prova teve questões bem clássicas, com conteúdos bem canônicos da prova: os sofistas e a questão da retórica, Michel Foucault e a sua biopolítica dentro de Vigiar e punir, e a forma como nós somos adestrados e condicionados pelo sistema judiciário. 

Também marcaram presença características do Iluminismo, o pensamento que abre a modernidade, o existencialismo de Jean-Paul Sartre, a escola de Frankfurt e a indústria cultural e a sociedade de massa. Até aí tudo muito padrão na prova. 

Paulo Freire retomou o seu protagonismo entre os autores brasileiros. Foi prestigiada então a sua obra Pedagogia da autonomia. Também teve Descartes, sempre uma pedida na prova, com o pensamento da epistemologia cartesiana.

E, por fim, duas questões mais abstratas:

  • uma charge sobre anseios contemporâneos da participação nas decisões sociopolíticas;
  • uma reflexão existencial sobre a condição do perdão.

Duas questões que a gente abarca para a Filosofia pela reflexão que elas propõem. 

Sociologia - Análise da professora Daiana

O que mais me surpreendeu na prova deste ano, tanto em Linguagens quanto nas Ciências humanas, foi a presença muito forte da Sociologia. Nas questões de Linguagens, eu pude notar patrimônio material, questões raciais, movimento feminista e questões de gênero.

Além disso, a Lei 10.639, de 2003, sobre a obrigatoriedade de incluir no currículo da educação básica a história e a cultura afro-brasileira, se fez presente tanto em Linguagens quanto nas humanidades.

Também tivemos questões semelhantes aos outros anos, principalmente movimento feminista e as questões de gênero. O que não caiu foi o MST, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. 

Além disso, fiquei muito contente com a temática da redação. Movimento feminista marcando presença fortemente, porque é necessária e urgente essa discussão. Nosso país é o quinto mais violento do mundo para as mulheres.

Geografia - Análise do professor Eduardo

A prova de Geografia do Enem 2023 ficou dentro do esperado, tanto em temas como no perfil. Caíram análise de mapas, de gráficos, o que se espera de uma prova de interpretação, mas também eram necessários conhecimentos geográficos para chegar às respostas. Nas lives que fizemos na semana anterior à prova, todos esses assuntos apareceram!

As principais incidências levantadas pela plataforma estiveram presentes: globalização, geopolítica, espaço do campo, espaço urbano, geografia física e questões ambientais. Ou seja, foi uma prova que, como no ano passado, cumpriu tudo o que a gente esperava, diferente de 2021, que foi um pouco fora da curva.

Geopolítica e atualidades - Análise do professor Victor

Como é tradição, a prova do Enem contemplou temas da atualidade, apesar de não serem tão recentes. Trouxe, por exemplo, uma questão abordando a falta de direito das mulheres no Afeganistão sob o regime dos talibãs. A prova reforçou, então, a importância de o aluno não só estudar o que acontece no ano, mas as tendências, aquilo que já vinha em destaque nos anteriores.

Aqui no Aprova, conseguimos contemplar todos os temas abordados no Enem 2023, seja nas lives ou nos simulados ao longo do ano, como demografia, espaço urbano, rural, geopolítica etc.

História - Análise do professor Allan

Deu para perceber que, nesta edição, o Enem parece ter voltado às suas origens, com uma prova mais inter e transdisciplinar, onde é até difícil delimitar de qual matéria especificamente é cada questão. Mas, no geral, a História estava ali presente em várias discussões, nas fontes das questões de Sociologia, Filosofia e Geografia, também.

Elas discutiam realmente fenômenos e processos da historiografia, como ditadura civil militar, expansão marítima, revolução francesa e história dos costumes, além de outros temas fortes, que estão sempre presentes, como a questão da negritude e da africanidade. 

Foi uma prova bastante interpretativa, que não apelou a para o conteudismo, ou seja, com as fontes oferecidas, era possível resolver as questões, mesmo exigindo do aluno cuidado na leitura.

Linguagens

"A prova de Linguagens como um todo seguiu o padrão de anos anteriores. Algumas questões controversas, algumas questões recebendo respostas diferentes, de cursinhos diferentes. Mas nada fora do normal, são cerca de cinco a seis questões, no máximo, que apresentam esse problema", explica o professor Lauro.

Ele também achou Literatura um pouquinho mais complicada e difícil em termos de interpretação de texto, não tanto em relação ao conhecimento de características das escolas literárias. 

Português - Análise do professor Lauro

A prova de português cobrou gêneros textuais, variação linguística e toda a interpretação que a gente sempre orienta como fazer. Acho que uma surpresa, que vale a pena destacar, foram as funções da linguagem. Essa é uma questão tradicionalmente muito fácil, você só bate o olho e marca a característica da função, mas, dessa vez, foi necessária uma interpretação mais aprofundada, que pedia a intenção da função emotiva no texto.

Literatura - Análise do professor Guilherme

Uma grande surpresa foi o aumento de questões relativas à arte e à Literatura, ainda que com aquela "cara de Enem": canções brasileiras, Caetano Veloso, textos poéticos etc. Outra presença inusitada, mas que tratamos ao longo do ano em algumas aulas, foi a literatura contemporânea de Itamar Vieira Júnior e Torto Arado.

Agora, vou registrar isso como uma novidade: não tivemos um texto de Machado de Assis na prova de Literatura, ele foi apenas homenageado pelas palavras de Rui Barbosa. Porém, deu as caras em Ciências humanas, junto com autores como Balzac, Gabriel Garcia Marques, José Lins do Rego e Carolina Maria de Jesus.

Isso é interessante, pois cria interdisciplinaridade! Por fim, senti falta de alguns autores mais convencionais.

Língua estrangeira - Análise da Isabela, analista de Linguagens

Nas provas de Língua estrangeira do Enem 2023, em inglês, temos três de cinco questões que trazem textos literários. Isso é um grande diferencial, comparado com outras questões de inglês de aplicações anteriores do Enem, mas ainda segue o mesmo padrão de trazer cartoons e textos mais jornalísticos.

A diferença está na língua espanhola, que traz uma questão de gramática com alternativas sendo as classes gramaticais. Por isso, pode até se tornar uma questão mais difícil. Outra diferença é a aparição de letras de músicas, que foram um pouco esquecidas em outras edições.

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Provas do Enem 2023: proposta de redação

O tema da redação deste ano é “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”. A partir de quatro textos motivadores, os candidatos deveriam escrever uma dissertação até 30 linhas sobre o assunto, que é bem atual.

Lá no comecinho de 2023, o Mamilos Podcast abordou o tema economia do cuidado no último episódio da minissérie O que elas querem? Em um papo com com Maíra Liguori, publicitária e co-fundadora da consultoria Think Eva e da ONG Think Olga, Cris Bartis e Ju Wallauer refletiram sobre conquistas e o que ainda é necessário persistir até a equidade de gênero.

Daniela Cristina da Silva Garcia, mestra e doutoranda em linguística aplicada e professora de redação do Aprova Total, afirma que este, além de ser um debate pertinente, ganhou mais força no pós-pandemia. "A desigualdade e a invisibilidade ficaram marcadas nos momentos em que os cuidados com as crianças, por exemplo, se intensificaram dentro de casa", afirma.

"É um tema [de redação] formado por vários aspectos, o que poderia dificultar um pouco a compreensão, mas não tinha nenhuma pegadinha", completa Dani.

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Carol Firmino

Jornalista e doutora em Comunicação pela Unesp. É editora no blog do Aprova Total e está sempre antenada ao universo da educação, com foco no Enem e na preparação para os grandes vestibulares do país. Tem passagens por Nova Escola, B9, UOL e Época Negócios.

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Jornalista e doutora em Comunicação pela Unesp. É editora no blog do Aprova Total e está sempre antenada ao universo da educação, com foco no Enem e na preparação para os grandes vestibulares do país. Tem passagens por Nova Escola, B9, UOL e Época Negócios.

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