Feminismo e questões de gênero: leia um resumo completo
Vamos explorar as origens do movimento feminista, suas principais características, seu status no Brasil, quem são suas representantes e mais
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Você sabe o que representa o feminismo? Esse é um movimento que busca a igualdade social, política e econômica entre os gêneros e visa combater abusos e discriminação contra mulheres. Ao longo da História, o movimento feminista conquistou avanços significativos, ao abordar questões como violência doméstica, disparidades salariais, estereótipos, sexismo, segurança pública e mais.
Portanto, ser feminista significa, principalmente, lutar contra estruturas patriarcais e para promover a inclusão e a justiça social.
Neste texto, pretendemos explorar as origens do movimento feminista, suas principais características, seu status no Brasil, quem são suas representantes e mais, a fim de promover um diálogo aberto e esclarecedor sobre esse tema tão importante e atemporal.
NAVEGUE PELOS CONTEÚDOS
Origens e contexto do surgimento do feminismo
O surgimento do feminismo está profundamente enraizado na história e nas lutas das mulheres ao longo dos séculos. Suas origens remontam aos movimentos de emancipação feminina que começaram a ganhar força no final do século 18 e início do século 19, conhecidos como a primeira onda do feminismo.
Esse período foi marcado pela Revolução Francesa e pela disseminação dos ideais de igualdade, liberdade e fraternidade. As mulheres, inspiradas por esses princípios, começaram a questionar sua posição na sociedade, onde eram frequentemente relegadas a papéis domésticos e submissos.
Primeira onda do feminismo
A primeira onda do feminismo concentrou-se principalmente na luta pelos direitos das mulheres ao voto. O movimento sufragista ganhou destaque em várias partes do mundo, com mulheres como Susan B. Anthony nos Estados Unidos, Emmeline Pankhurst no Reino Unido e Nísia Floresta no Brasil liderando campanhas incansáveis pelo direito das mulheres à participação política.
Apesar das conquistas alcançadas, ainda persistiam desigualdades profundas em relação aos direitos legais, educacionais e trabalhistas das mulheres.
Segunda onda do feminismo
A segunda onda do feminismo, que emergiu na década de 1960, foi uma resposta a essas desigualdades persistentes. Esse movimento foi impulsionado por uma série de fatores, incluindo o ressurgimento do ativismo político, o movimento pelos direitos civis e as transformações sociais e culturais da época.
As mulheres começaram a questionar as normas sociais tradicionais que as limitavam e a exigir mudanças abrangentes em áreas como contracepção, aborto, sexualidade, mercado de trabalho e direitos reprodutivos.
Esse momento também trouxe à tona discussões importantes sobre interseccionalidade, reconhecendo que as opressões de gênero se entrelaçam com raça, classe, orientação sexual e outros aspectos da identidade humana.
Feministas como Betty Friedan, Simone de Beauvoir, Audre Lorde, Lélia Gonzalez e bell hooks foram vozes proeminentes nesse movimento, desafiando as estruturas patriarcais e lutando por uma sociedade mais igualitária.
Terceira e quarta ondas do feminismo
Desde então, o feminismo continuou a evoluir e se adaptar às mudanças sociais e culturais. Surgiram novas ondas feministas, como a terceira onda, que se concentrou na diversidade de experiências femininas e na desconstrução de estereótipos de gênero; e a quarta onda, que incorporou as mídias sociais e a luta contra o assédio e a violência sexual.
As questões de gênero e violência contra a mulher
Infelizmente, a violência baseada no gênero é uma realidade generalizada em muitas sociedades, afetando mulheres de todas as idades, origens étnicas, classes sociais e orientações sexuais. Essa violência pode assumir várias formas, como violência doméstica, assédio sexual, agressões físicas, estupro e feminicídio.
O movimento feminista tem desempenhado um papel crucial na conscientização e no combate à violência contra a mulher. Ao longo da história, mulheres ativistas e feministas têm se unido para denunciar o problema, buscar justiça para as vítimas e promover mudanças sistêmicas. Movimentos como o Ni Una Menos, na América Latina, e a campanha #MeToo, globalmente, têm ampliado a visibilidade e a discussão sobre a violência de gênero.
A história do feminismo revela uma luta constante para enfrentar e superar as estruturas de poder desiguais e opressivas. Organizações e ativistas pressionam por políticas públicas eficazes, campanhas de conscientização e uma mudança cultural que rejeite a violência e promova a igualdade de gênero. O movimento feminista no Brasil tem se dedicado a iniciativas que combatam a violência contra mulheres negras, o feminicídio e promovam a garantia dos direitos reprodutivos.
O que o feminismo defende? Principais características
O feminismo defende a igualdade de gênero em todas as esferas da vida. Suas principais características incluem:
Igualdade de direitos
Luta pela igualdade de direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais para mulheres. Isso abrange questões como igualdade salarial, acesso igualitário à educação, saúde e oportunidades profissionais.
Desconstrução de estereótipos de gênero
Busca desafiar e desconstruir os estereótipos de gênero arraigados na sociedade, como expectativas de comportamento, papéis sociais fixos e normas de aparência. Visa a liberdade de expressão e escolha para todas as pessoas, independentemente de seu gênero.
Combate à violência de gênero
Denuncia e combate a violência contra as mulheres, incluindo violência doméstica, assédio sexual, estupro, mutilação genital feminina e feminicídio. Quer garantir a segurança e a proteção das mulheres em todos os espaços.
Empoderamento e autonomia das mulheres
O feminismo incentiva a autoconfiança, a autonomia e a capacidade de tomar decisões sobre suas próprias vidas. Busca promover a voz das mulheres e sua representatividade em todas as áreas, incluindo política, negócios, ciência, cultura e arte.
Além disso, o movimento feminista defende o direito das mulheres de fazerem suas próprias escolhas em relação à sua saúde sexual e reprodutiva - o que inclui acesso a informações, contraceptivos, serviços de saúde, aborto seguro e maternidade voluntária.
Interseccionalidade
Reconhece que as opressões de gênero se entrelaçam com questões de raça, classe social, orientação sexual, deficiência e outras formas de discriminação. Aborda as interseções entre essas opressões, buscando uma abordagem inclusiva e atenta à diversidade das experiências das mulheres.
Solidariedade e sororidade
Promove a união e o apoio entre mulheres, construindo redes de solidariedade e sororidade. Reconhece que a luta pela igualdade de gênero é coletiva e que é necessário trabalhar juntas para superar as desigualdades e opressões.
Essas são apenas algumas das características do feminismo. Vale ressaltar que o movimento é diverso e abrange uma ampla gama de perspectivas, teorias e abordagens, adaptando-se às diferentes realidades e necessidades das mulheres ao redor do mundo.
Principais teóricas e pensadoras feministas
Essas são algumas das principais teóricas e pensadoras feministas que contribuíram para os estudos de gênero:
Lélia Gonzalez
Socióloga, filósofa, escritora e ativista brasileira. Lélia Gonzalez foi uma das principais vozes do feminismo negro no Brasil. Ela abordou questões como racismo, sexismo, colonialismo e interseccionalidade, destacando as experiências das mulheres negras e lutando pela sua visibilidade e empoderamento.
Imagem: Wikimedia Commons/ Cezar Loureiro
Simone de Beauvoir
Filósofa francesa cujo trabalho seminal O Segundo Sexo (1949) abordou a opressão das mulheres e questionou as noções tradicionais de gênero e sexualidade.
Judith Butler
Filósofa e teórica feminista americana conhecida por seus estudos sobre teoria queer e performatividade de gênero. Sua obra Gender Trouble (1990) é um marco no campo dos estudos de gênero.
Imagem: Wikimedia Commons
Gloria Anzaldúa
Ativista, escritora e teórica feminista chicana. Sua obra Borderlands/La Frontera: The New Mestiza (1987) explora as experiências de mulheres latinas e a construção de identidades híbridas.
bell hooks
Escritora, teórica e ativista feminista negra americana. Seus trabalhos abordam a interseccionalidade, a representação das mulheres negras e a luta contra o sexismo, o racismo e a opressão de classe.
Imagem: Divulgação
Audre Lorde
Poeta, escritora e ativista feminista afro-americana. Seus escritos enfocam a interseccionalidade, a opressão das mulheres negras e a importância da expressão artística como forma de resistência.
O feminismo no Brasil
A história do feminismo no Brasil remonta ao final do século 19, quando mulheres pioneiras, como Nísia Floresta, já levantavam questões relacionadas aos direitos das mulheres. Durante a primeira onda do feminismo, no início do século 20, o movimento se concentrou principalmente na luta pelo direito ao voto feminino.
Esse direito foi conquistado em 1932, com a instituição do sufrágio feminino no Brasil, que teve participação ativa de Bertha Lutz, bióloga, educadora e diplomata, e segunda mulher a ocupar o cargo de deputada no país.
Na década de 1960, ocorreu a segunda onda do feminismo, impulsionada por movimentos sociais e políticos que buscavam ampliar os direitos das mulheres. Nesse período, surgiram organizações feministas, como o Movimento Feminino pela Anistia e o Movimento de Mulheres pela Anistia, que lutavam pela liberdade de presas políticas e pela garantia dos direitos.
A terceira onda do feminismo, a partir dos anos 1990, trouxe uma perspectiva mais ampla e inclusiva, abordando a interseccionalidade e a diversidade das experiências das mulheres. Nesse período, surgiram movimentos feministas que olharam para questões como raça, classe, orientação sexual e direitos reprodutivos.
Por usa vez, a quarta onda do feminismo no Brasil tem apresentado uma massificação do debate sobre as ideias do movimento, contribuindo para fortalecer uma identidade feminista brasileira, com a organização de coletivos, horizontalidade nas decisões (fortemente influenciadas por discussões nas redes sociais) e o retorno às ruas.
Movimento feminista brasileiro e interseccionalidade
O feminismo no Brasil tem uma trajetória complexa e diversa, marcada por desafios e conquistas ao longo da história. Historicamente, as mulheres brasileiras enfrentaram opressões de gênero que se manifestaram de diferentes maneiras.
Durante o período colonial, elas eram submetidas a um sistema patriarcal que limitava suas oportunidades de educação, trabalho e participação política. No entanto, é importante ressaltar que essas restrições não afetavam todas as mulheres igualmente. Mulheres negras, indígenas e outras minorias enfrentavam opressões adicionais relacionadas à raça e classe.
Na década de 1970, houve um movimento de rearticulação das lutas feministas no Brasil, que buscavam uma visão mais ampla e crítica das opressões de gênero. Foi nesse contexto que Lélia Gonzalez emergiu como uma das vozes mais proeminentes, enfatizando a interseccionalidade e a importância de abordar as opressões de gênero em conjunto com as opressões raciais e de classe.
Como o movimento feminista e as questões de gênero são cobrados no Enem e nos vestibulares?
O movimento feminista e as questões de gênero têm ganhado destaque no Enem e nos vestibulares, buscando incentivar a reflexão crítica sobre a luta contra as desigualdades. É importante estudar e compreender os principais conceitos, as teorias e os eventos históricos relacionados a essas temáticas para se preparar adequadamente.
De maneira geral, os temas são cobrados em diferentes formatos, como questões objetivas, propostas de redação e textos de apoio para análise e interpretação. No Enem, tanto a pauta da violência contra as mulheres quanto as reflexões de pensadoras que apresentamos aqui já apareceram. Veja os exemplos:
Exemplo 1
(Enem 2015) Ninguém nasce mulher; torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino.
BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
Na década de 1960, a proposição de Simone de Beauvoir contribuiu para estruturar um movimento social que teve como marca o(a)
a) ação do Poder Judiciário para criminalizar a violência sexual.
b) pressão do Poder Legislativo para impedir a dupla jornada de trabalho.
c) organização de protestos públicos para garantir a igualdade de gênero.
d) oposição de grupos religiosos para impedir os casamentos homoafetivos.
e) estabelecimento de políticas governamentais para promover ações afirmativas.
Resposta: [C]
Simone de Beauvoir, em sua obra O segundo sexo, abordou a questão da construção social do gênero e a opressão imposta às mulheres em virtude de sua condição de gênero. Sua frase "Ninguém nasce mulher; torna-se mulher" reflete a ideia de que o papel e as expectativas atribuídas às mulheres não são determinados apenas pela biologia, mas sim pela influência da sociedade e da cultura.
Exemplo 2
(Enem PPL 2018) A elaboração da Lei n. 11.340/06 (Lei Maria da Penha) partiu, em grande medida, de uma perspectiva crítica aos resultados obtidos pela criação dos Juizados Especiais Criminais direcionada à banalização do conflito de gênero, observada na prática corriqueira da aplicação de medidas alternativas correspondentes ao pagamento de cestas básicas pelos acusados.
VASCONCELOS, F. B. Disponível em: www.cartacapital.com.br. Acesso em: 11 dez. 2012 (adaptado).
No contexto descrito, a lei citada pode alterar a situação da mulher ao proporcionar sua
a) atuação como provedora do lar.
b) inserção no mercado de trabalho.
c) presença em instituições policiais.
d) proteção contra ações de violência.
e) participação enquanto gestora pública.
Resposta: [D]
A Lei n. 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha, foi criada com o objetivo de combater a violência doméstica e familiar contra a mulher. No contexto descrito na questão, em que a criação dos Juizados Especiais Criminais resultava na banalização do conflito de gênero, a Lei Maria da Penha pode alterar a situação da mulher ao proporcionar sua proteção contra ações de violência.
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