15 atualidades que podem estar nos próximos vestibulares
Veja como esses fatos e contextos estão no centro das principais discussões no Brasil e no mundo e de que maneira eles tendem a aparecer nas provas
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Se a gente olhar para trás, vai identificar uma série de acontecimentos importantes que ocorreram nos últimos tempos. Assim, fica aquela constante interrogação: quais temas da atualidade podem cair no Enem e nos outros vestibulares?
Para ajudar na tarefa de lembrar dos principais fatos do mundo atual, e como eles se relacionam com assuntos que podem ser pedidos nos exames, pedimos a ajuda do geógrafo Víctor Daltoé dos Anjos, professor de Atualidades do Aprova Total. Também licenciado em Geografia e mestre em Ciência Política, ele propõe uma lista de temas (de 2022 e 2023) e os explica para você!
NAVEGUE PELOS CONTEÚDOS
Temas da atualidade no vestibular 2023
Fique de olho, porque temas da atualidade, além de caírem nas questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e nos vestibulares em geral, servem de repertório para uma possível redação, beleza?
1. Segurança pública e violência no Brasil
Os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontam uma realidade de profunda violência no país. Houve 47.398 “mortes violentas intencionais” (MVI) no Brasil em 2022, o que inclui homicídio doloso (englobando feminicídios e policiais assassinados), roubo seguido de morte, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais.
A soma de assassinatos por 100 mil habitantes no Brasil em 2022 é 2,4% menor que no ano anterior, mas, na América do Sul, o Brasil fica atrás apenas da Venezuela.
Diante desses números, é importante destacar que a atuação do Estado na garantia da segurança pública envolve todas as suas esferas.
Esse é um dos temas da atualidade que recebe importantes desígnios na lei brasileira. Na Constituição Federal de 1988, o artigo 144º afirma que a garantia da segurança pública é um “dever do Estado, direito e responsabilidade de todos”.
2. Ultranacionalismo na Índia
Em agosto de 2023, a Índia conseguiu pousar uma sonda na região polar sul da Lua, no que ganhou manchetes mundo afora. O dispositivo continuou em operação, enviando imagens para a Isro, a agência espacial indiana.
Enquanto coloca artefatos no espaço, a Índia enfrenta desafios. A minoria muçulmana do país alcança 200 milhões, mas sofre com o nacionalismo hindu do partido do primeiro-ministro, Narendra Modi.
Por um lado, há cidades com uma classe média cada vez mais dinâmica, como Bangalore, sede da agência espacial, a Isro. Do outro, há enormes bolsões de pobreza nas cidades, e um campo que ainda possui relações de produção e técnicas pouco produtivas, principalmente no norte.
3. Mudanças climáticas e transição energética
Em 2015, o Acordo de Paris se tornou o mais importante compromisso global para reduzir a emissão de gases do efeito estufa. Mas a necessidade da transição para uma matriz energética menos poluidora continua sendo urgente. Diminuir a dependência da queima de carvão mineral e petróleo, assim como o uso de seus derivados, continua sendo uma diretriz global nem sempre cumprida.
As fontes eólica e solar continuam em crescimento, mesmo que atrasado pelos altos custos e pela sua excessiva dependência das flutuações da natureza. Enquanto isso, o número de usinas nucleares cresce pouco no planeta, principalmente pelo alto custo de sua instalação. A fonte nuclear é limpa no que diz respeito à emissão de gases do efeito estufa.
4. Limpeza étnica: os armênios do Nagorno-Karabakh
Nagorno-Karabakh é um enclave de povoamento armênio dentro do Azerbaijão. Desde a década de 1990, um movimento separatista controlava esse território, mas em 2020, em plena pandemia, o Azerbaijão reagiu militarmente, cercando o enclave com apoio da Turquia.
A cartada final foi dada em setembro de 2023, com a conquista de Nagorno-Karabakh pelas forças azeris, dando fim à autoproclamada República de Artsakh, nome da entidade separatista.
O enclave é reconhecido internacionalmente como parte do Azerbaijão, mas cerca de 120 mil pessoas de origem armênia viviam nesse território montanhoso. A maioria fugiu para a Armênia desde a tomada pelo Azerbaijão, temendo ser reprimidos.
A substituição da população dos que batem em retirada pelo domínio azeri qualifica um processo de limpeza étnica - discussão que aparece entre os temas da atualidade.
5. Refugiados: recorde planetário
Entre os temas da atualidade está o novo relatório do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), que traz dados alarmantes sobre o deslocamento forçado no planeta.
O novo recorde histórico envolve 108,4 milhões de pessoas nessa situação. Aproximadamente 1 a cada 74 habitantes do mundo se encontra nas categorias de refugiado, deslocado interno ou solicitante de asilo.
Os refugiados são pessoas forçadas a deixar seus países de origem por conta de guerras e perseguições de várias naturezas, como política e religiosa, ou até por catástrofes ambientais.
Esse número cresceu nos últimos meses, principalmente devido à Guerra da Ucrânia. A invasão russa gerou 5,7 milhões de refugiados, além de 5,9 milhões de deslocados internos no país.
6. África: jihadismo e guerras civis
O continente africano ganha cada vez mais destaque na ordem internacional. Na Cúpula do G20, realizada em setembro, a União Africana, bloco continental, ganhou direito a uma cadeira nas reuniões do grupo, que engloba as 19 maiores economias do planeta, além da União Europeia.
A população atual de 1,2 bilhão de habitantes de africanos chegará a cerca de 2 bilhões até 2050, segundo projeções das Nações Unidas.
Enquanto a África se urbaniza cada vez mais, com êxodo rural intenso e migrações entre os países do continente, que possui níveis desiguais de desenvolvimento econômico, diversos conflitos ainda se disseminam.
Assistimos à atuação de grupos jihadistas, que distorcem os princípios do islamismo, à interferência dos militares na política de várias nações e à manutenção de regimes longevos e autoritários, sem contar os cenários de guerras civis.
7. Líbia e Marrocos: desastres ambientais ou geopolíticos
O Norte da África foi palco de duas tragédias durante o início de setembro de 2023, e está entre os temas da atualidade que pode aparecer nos grandes vestibulares.
No Marrocos, um terremoto se abateu sobre a região de Marrakesh, no sul do país e à beira da cadeia montanhosa do Alto Atlas, causando cerca de 2.800 mortes. Poucos dias depois, a tempestade Daniel alcançou o litoral leste da Líbia. Apenas na cidade de Derna, mais de 3.800 morreram devido às inundações.
No entanto, é um engano achar que esses desastres tenham apenas causas naturais. Em Derna, as águas varreram a cidade porque duas barragens da década de 1970 se romperam, depois de anos sem manutenção. Tudo isso em um país que está em guerra civil desde 2014.
8. Novos conflitos entre Hamas e Israel
O Hamas é um grupo extremista armado que surgiu em 1987, após o início da primeira intifada palestina contra a ocupação israelense da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.
Em 7 de outubro de 2023, o Hamas atacou Israel, em uma ofensiva que, segundo os estudiosos, ficou atrás apenas dos atentados de 11 de setembro de 2001, organizados pela Al Qaeda. O resultado foi um grande número de mortos no país e retaliações (aos palestinos) sem precedentes por parte de Netanyahu, primeiro ministro de Israel.
O domínio da Faixa de Gaza pelo Hamas e o governo de Netanyahu, repleto de supremacistas judaicos, têm impedido qualquer possibilidade de paz no Oriente Médio. Esse conflito já dura décadas e é um dos mais importantes da geopolítica mundial.
9. Super El Niño
Neste ano, o El Niño pode ser um dos mais fortes já registrados.
A era de mudanças climáticas e do aquecimento global está ainda mais evidente no momento, ampliando a tendência de um Super El Niño, com mais ondas de calor, que podem se intensificar em 2024.
Segundo cientistas do Escritório Nacional de Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) afirmaram que o fenômeno já afetava o clima no planeta desde o primeiro semestre de 2023.
"O colapso climático começou", lamentou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, face às temperaturas recordes no hemisfério norte este ano. No sul da Califórnia, por exemplo, uma região tradicionalmente semiárida e árida, a tempestade tropical Hillary trouxe chuvas diluvianas.
10. Censo 2022
O Brasil realizou um novo censo demográfico com dois anos de atraso. A pandemia da Covid-19 e os cortes consideráveis do Governo Federal no mandato de Jair Bolsonaro levaram o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a adiar o recenseamento.
A pesquisa é essencial para idealizar políticas públicas, sejam elas de educação, saúde, transporte, segurança ou distribuição de renda.
O primeiro censo do Brasil ocorreu há exatamente 150 anos, em 1872, logo após o fim da Guerra do Paraguai (1864-1870). A Constituição de 1988 e a Lei n. 8.184, de 1991, estipulam a realização do censo a cada 10 anos, fazendo com que ele sirva de âncora para o Estado conduzir seus planejamentos.
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Temas da atualidade que foram importantes em 2022
Muitos temas da atualidade referentes a 2022 estão reverberando até agora. Vale se inteirar sobre eles:
11. Polarização política, redes sociais e fake news
As redes sociais se disseminaram com alta velocidade nos últimos anos. Em regimes autoritários, os governos temem a difusão de inúmeros aplicativos, que podem servir como vetor de opiniões da oposição.
Com isso, a censura é uma resposta comum de ditaduras em relação a diversas plataformas de redes sociais, na tentativa de suprimir possibilidades de contestação. O Irã, por exemplo, busca há anos criar uma “internet nacional”, isolada do restante da circulação mundial, o que facilitaria a censura.
É preciso também observar outro ângulo: em países democráticos, elas também têm servido como campo aberto para a difusão de notícias falsas, as chamadas fake news.
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12. Ucrânia e a realidade das guerras
A invasão da Ucrânia pela Rússia começou em 24 de fevereiro de 2022, quando o exército russo atacou o território vizinho pelos seus flancos norte, sul e leste. O ato foi visto como uma agressão, algo condenado no artigo 1º da Carta das Nações Unidas (1945). Ele também abre espaço para que o país agredido se organize coletivamente em nome da própria defesa.
É importante ressaltar que essa realidade de guerra civil ocorre em diversas regiões do planeta, como a Etiópia e o Iêmen. A população é pega no fogo cruzado da luta entre as forças armadas e inúmeros grupos rebeldes no leste do Congo.
Na região, a violência contra as mulheres, incluindo estupro, é uma das armas utilizadas pelas mais de 120 milícias para impor sua ordem autoritária nos vilarejos.
13. Amazônia, desmatamento e violência
O assassinato do indigenista brasileiro Bruno Pereira Araújo e do jornalista britânico Dom Phillips chocou a comunidade internacional. As mortes ocorreram em 5 de junho de 2022, nos arredores da Terra Indígena Vale do Javari, no estado do Amazonas.
Nos últimos anos, o desmatamento na região da Floresta Amazônica trouxe ainda mais preocupação, envolvendo um rol amplo de crimes, como o garimpo e a pesca ilegais. Dom e Bruno investigavam justamente essa fusão ilícita quando se tornaram vítimas de uma emboscada.
O local é próximo da tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, uma das principais portas de entrada de entorpecentes no país.
14. Ameaças à democracia e à liberdade de imprensa no mundo
As condições de trabalho dos jornalistas e a situação da liberdade de imprensa no planeta têm piorado. É o que revelou o relatório da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que aponta o alto grau de repressão estendido ao longo de um arco amplo de nações.
Desde a Nicarágua à China, passando pela Rússia, a repressão à imprensa se revela cada vez mais forte. Mesmo no Brasil, as proclamações do governo contra o trabalho de jornalistas, notadamente mulheres, têm se intensificado e se tornado mais estridentes.
15. A pandemia e suas consequências
O tema da pandemia na atualidade se relaciona à geografia das doenças no planeta, assim como ao histórico do combate vacinal a muitas delas. Essa realidade também mostrou o papel necessário do Estado para lidar com a emergência.
Lembre-se de que as responsabilidades das autoridades, assim como suas negligências, podem servir de repertório nas redações sobre o tema. No caso do Brasil, o valor do Sistema Único de Saúde (SUS), criado durante a redemocratização, na década de 1980, foi realçado. Contudo, a discussão sobre as consequências da pandemia pode ultrapassar a área da saúde.
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