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Desmatamento no Brasil: o que revelam os dados?

O novo relatório do MapBiomas mostrou um raio-x do problema no território brasileiro em 2022; veja os dados e algumas reflexões importantes sobre o que encontramos

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Em junho deste ano, o MapBiomas Alerta, iniciativa do Observatório do Clima da ONU que monitora os biomas brasileiros desde 2019, divulgou dados sobre a situação do país em 2022. Os gráficos do desmatamento no Brasil mostraram que houve um crescimento de 22,3% de áreas desmatadas, com cerca de 21 árvores derrubadas por segundo apenas na Amazônia.

Veja outras números apontados pelo projeto.

Gráficos do desmatamento no Brasil

A figura 1 mostra que foram desmatados mais de 6 milhões de hectares entre 2019 e 2022, algo equivalente a 1,5x o estado do Rio de Janeiro. No ano passado, esse número foi de 2.057.251, que representa mais de 90% da área do Sergipe.

Gráfico do desmatamento no Brasil mostra que foram desmatados 6.606.499 hectares entre 2019 e 2022, algo equivalente a 1,5x o estado do Rio de Janeiro.
Figura 1 (Reprodução: MapBiomas Alerta)

Na figura 2, vemos que cinco estados correspondem a 66% do desmatamento no Brasil, com o Pará liderando esse ranking (22,2%).

Gráfico do desmatamento no Brasil mostra 5 estados apresentam as maiores taxas, somando 66% de área desmatada no país.
Figura 2 (Reprodução: MapBiomas Alerta)

Quando se trata dos biomas, os dados indicam que o desmatamento também cresceu em relação a 2021, exceto na Mata Atlântica. Os aumentos mais significativos aconteceram na Amazônia e no Cerrado, conforme informações da figura 3.

O gráfico 3 mostra que o desmatamento também cresceu nos biomas em relação a 2021, exceto na Mata Atlântica. Os aumentos mais significativos aconteceram na Amazônia e no Cerrado.
Figura 3 (Reprodução: MapBiomas Alerta)

Outros dados do relatório (figura 4) mostram que apenas 25,6% dos municípios brasileiros não tiveram áreas desmatadas.

Gráfico do desmatamento no Brasil: apenas 25,6% dos municípios brasileiros não tiveram áreas desmatadas.
Figura 4 (Reprodução: MapBiomas Alerta)

E mais:

  • 50 municípios responderam por 52% da área total desmatada no Brasil;
  • o dia com maior área desmatada em 2022 foi 25 de julho, com 6.945 ha desmatados, o que equivale a 804 m² por segundo ou 4,8 hectares por minuto;
  • em um único dia, foi desmatada uma área equivalente a 8.400 campos de futebol;

Na figura 5, o mapa aponta a APA Triunfo do Xingu (PA) como a unidade de conservação com maior área desmatada pelo segundo ano consecutivo. Além disso, o desmatamento em UCs cresceu 9,4% em 2022.

Gráfico do desmatamento no Brasil: o mapa aponta a APA Triunfo do Xingu (PA) como a unidade de conservação com maior área desmatada pelo segundo ano consecutivo. Além disso, o desmatamento em UCs cresceu 9,4% em 2022.
Figura 5 (Reprodução: MapBiomas Alerta)

Já o desmatamento em terras indígenas representam 1,4% do total de áreas desmatadas no país, sendo que 91% fica na Amazônia. Na figura 6, vemos as regiões com desmatamento ligado a agropecuária (em amarelo), que corresponde a 95,7% do total de 2.057.250 hectares destruídos.

Regiões com desmatamento ligado a agropecuária (em amarelo), que corresponde a 95,7% do total de 2.057.250 ha de supressão de vegetação nativa.
Figura 6 (Reprodução: MapBiomas Alerta)

Além disso, mais de 99% da área desmatada no Brasil em 2022 teve pelo menos um indício de irregularidade.

O Relatório Anual do Desmatamento no Brasil completo está disponível para consulta.

A importância de diminuir o desmatamento para a Amazônia Legal

Reduzir o desmatamento na região é de extrema importância por várias razões, pois a floresta amazônica desempenha um papel crucial na regulação do clima global. Como ela libera vapor de água na atmosfera, influencia os padrões de chuva não apenas na região, mas também em outras partes do Brasil e até em outros continentes.

Além disso, a Amazônia Legal abriga uma das maiores diversidades biológicas do planeta. O desmatamento coloca em risco essas espécies, muitas das quais podem ser endêmicas, ou seja, encontradas apenas na Amazônia. 

O local também é uma grande fonte de novas descobertas científicas. Muitas espécies vegetais e animais ainda são desconhecidas pela ciência, assim, a destruição da floresta implicaria na perda desses recursos e conhecimentos antes mesmo de serem descobertos.

Ações do governo para enfrentar o desmatamento

Diante dos dados mostrados nos gráficos do desmatamento no Brasil, o verdadeiro teste do novo governo vai começar com o início do clima mais seco na Amazônia a partir de julho, na alta temporada de desmatamento e incêndios florestais.

A gestão diz ter aplicado R$ 2 bilhões em multas na Amazônia neste ano, um aumento de 179% em relação ao mesmo período de 2022, o que é um bom sinal. No início de junho, o presidente Lula também anunciou um plano de combate ao desmatamento, com centenas de metas e objetivos. Ainda assim, os próximos meses serão cruciais para entendermos se as ações estão sendo de fato efetivas.

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E a Mata Atlântica?

O desmatamento da Mata Atlântica avança cada vez mais. Hoje, restam apenas cerca de 12% da floresta original. Sendo que os principais responsáveis pela destruição do bioma são os seguintes estados: Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Bahia, São Paulo e Santa Catarina.

E a derrubada dessa floresta coloca muitas espécies em risco de extinção. Inclusive, a Mata Atlântica é o bioma brasileiro com o maior número de animais e plantas ameaçadas. Só para você ter uma ideia, a cada quatro espécies de plantas ou animais desse bioma, uma está sob ameaça.

Vale lembrar que cerca de 70% desse desmatamento acontece em terras privadas, o que significa que a mata tem sido destruída para virar pastagens e terras agrícolas. Obviamente isso traz consequências ruins para o ambiente, como a erosão do solo e uma piora na qualidade e disponibilidade da água.

Além disso, outra causa da destruição da Mata Atlântica é a especulação imobiliária e a ocupação desordenada, principalmente próximo das grandes cidades e no litoral. 

Nesse caso, conforme a floresta vai sendo retirada, aumentam as chances de ocorrerem desastres ambientais. Isso acontece porque, como não há vegetação cobrindo o solo, crescem os riscos de inundações e deslizamentos de terra. 

Um exemplo desse fenômeno foram os desastres causados pelas chuvas no litoral paulista no início do ano. Outra preocupação é que o avanço do desmatamento aumenta o contato dos humanos com animais silvestres que podem carregar doenças ainda desconhecidas.

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Paulo Jubilut

CEO do Aprova Total. É conhecido como "Professor Jubilut” por seu canal no YouTube, que conta com mais de 3 milhões de inscritos, o que faz dele o maior influenciador de Biologia do Brasil.

Ver mais artigos de Paulo Jubilut >

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