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O que o novo Censo do IBGE diz sobre o Brasil?

Entre os dados coletados, a pesquisa aponta que o país possui 203 milhões de habitantes, totalizando um crescimento de apenas 6,5% em relação à contagem feita em 2010

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Na última terça-feira (28), a Agência de Notícias do IBGE divulgou os primeiros resultados do Censo Demográfico de 2022, com dados que não eram coletados desde 2010, quando foi feito pela última vez. Segundo a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o Brasil possui 203 milhões de habitantes, número referente a 1º de agosto de 2022.

Os dados apontam um crescimento de 6,5% em relação à contagem de 2010, bem menos do que o esperado. São 12,2 milhões de pessoas a mais, enquanto a diferença entre 2000 e 2010 havia sido de 21 milhões. Ou seja, a transição demográfica - processo que se caracteriza pela mudança nos padrões de crescimento de uma população, com influência, principalmente, das taxas de natalidade e mortalidade de um país - avança no Brasil.

Destaques do Censo IBGE 2022

Neste texto, que você deve considerar como um importante aliado nos seus estudos de Atualidades, Geografia e até Matemática, reunimos as principais informações divulgadas pelo Censo do IBGE 2022. Além disso, os dados e as análises presentes aqui são um excelente repertório sociocultural para compor as suas redações!

Estado mais populoso do Brasil

O estado mais populoso do país continua sendo São Paulo, com cerca de 44 milhões de habitantes, superando nações como Canadá e Argentina. Pouco mais de 1/5 dos brasileiros vivem em território paulista, que possui mais que o dobro do segundo colocado, Minas Gerais, com 20 milhões de moradores.

cidade de são paulo
Assim como São Paulo é o estado mais populoso do país, a capital paulista também leva o título de cidade mais populosa, com 11,5 milhões de habitantes (Imagem: Adobe Stock)

O estado de Roraima foi o que mais cresceu percentualmente, com 41%. No entanto, ele ainda é um dos poucos com menos de 1 milhão de habitantes, junto com Acre e Amapá, todos no Norte.

Região do Brasil com maior crescimento demográfico

A região brasileira com crescimento demográfico mais acelerado é o Centro-Oeste, zona de expansão da fronteira agrícola e com regiões metropolitanas de formação recente. Contudo, ainda é a menos populosa, com 16,2 milhões de habitantes (8% dos brasileiros), bem atrás do Sudeste, que abriga quase 41,8% da população nacional. Logo depois vem o Nordeste (27%), o Sul (14,7%) e o Norte (8,5%).

A densidade demográfica, que é medida dividindo a população absoluta pela área, se ampliou levemente no país, passando de 22 para 24 hab./km². Contudo, o contraste interno é marcante. A cada quilômetro quadrado do Norte do Brasil, a média é de 4,5 habitantes, enquanto no Sudeste é de 91.

Das seis cidades mais povoadas (com maior densidade demográfica) do Brasil, cinco se localizam na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). São elas: Taboão da Serra, Diadema, Osasco, Carapicuíba e São Caetano do Sul. A única exceção é São João de Meriti (RJ), na metrópole fluminense.

Cidades mais populosas do Brasil

Os dados do censo do IBGE 2022 apontam que todas as 10 cidades mais populosas do Brasil são capitais:

CidadeNúmero de habitantes
São Paulo (SP)11,5 milhões
Rio de Janeiro (RJ)6,2 milhões
Brasília (DF)2,8 milhões
Fortaleza (CE)2,4 milhões
Salvador (BA)2,4 milhões
Belo Horizonte (MG)2,3 milhões
Manaus (AM)2 milhões
Curitiba (PR)1,7 milhões
Recife (PE)1,4 milhões
Goiânia (GO)1,4 milhões
Dados arredondados obtidos no Censo Demográfico de 2022

No outro extremo está Serra da Saudade (MG), com meros 833 habitantes, o município menos populoso do país.

Censo IBGE 2022: população nas capitais brasileiras

No conjunto das 27 capitais brasileiras, 9 tiveram queda populacional entre os censos de 2010 e 2022. Salvador (BA) foi o recorde, com menos 257 mil pessoas, mas o decréscimo populacional atingiu também Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Belém (PA), Belo Horizonte (MG) e Natal (RN). Por outro lado, Manaus (AM) foi a cidade brasileira que mais cresceu demograficamente em números absolutos, agregando novos 261 mil habitantes. 

A queda da população nas capitais é uma evidência de que os núcleos das regiões metropolitanas estão estagnando, enquanto as cidades vizinhas continuam em crescimento. Guarulhos, na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) já possui 1,3 milhão de habitantes. Essa é a maior cidade brasileira fora do grupo das capitais, logo antes de Campinas (SP), centro da única região metropolitana fora de alguma capital, segundo a classificação do censo IBGE 2022.

De acordo com o diretor de geociências do IBGE, Claudio Stenner, a redução do número de habitantes nas metrópoles é algo inédito no país. Conforme relatou à Agência de Notícias do IBGE, uma das explicações para esse fenômeno é que, "muitas vezes o município núcleo da metrópole perde população, mas as cidades vizinhas ganham. [...] Isso quer dizer que há expansões novas, até pelo esgotamento de área desse município".

Qual a importância de um censo demográfico? 

O censo vai muito além de uma mera contagem populacional, pois ele é uma avaliação qualitativa e quantitativa do país que serve como base de dados essencial para diversas políticas públicas.

Os resultados que esse tipo de pesquisa traz servem de fundamentação para ações em muitas áreas, como educação, saúde, segurança pública, transportes, meio ambiente, gestão urbana, coleta de resíduos e outras.

O censo demográfico no Brasil é de responsabilidade do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e, dessa vez, aconteceu com dois anos de atraso, entre os meses de agosto e outubro de 2022.

funcionário ibge censo 2022
Com dois anos de atraso por causa da pandemia de Covid-19, o censo do IBGE foi realizado em 2022 (Imagem: Tânia Rego/Agência Brasil)

A obrigatoriedade da sua realização está inscrita na lei do país. O inciso XV do artigo 21 da Constituição de 1988, insígnia da redemocratização, afirma que compete à União “organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia no âmbito nacional”. A periodicidade regular dos censos ficou garantida pela lei nº 8.184, de 10 de maio de 1991, afirmando que não deveria exceder uma década.

Neste vídeo publicado no canal do IBGE no YouTube, é possível entender algumas etapas da realização do Censo Demográfico de 2022:

O primeiro censo brasileiro

A história dos censos modernos acompanha a marcha da centralização do poder que culminou nos Estados territoriais e, depois, nacionais.

O primeiro censo brasileiro foi realizado em 1872, embora seus resultados tenham sido compilados apenas em 1876, revelando um país marcado pela escravidão, condição de 15,24% dos habitantes.

O único censo robusto da 1ª República (1889-1930) foi em 1920, e a criação do IBGE, entre 1936 e 1938, tornou-o responsável pelos censos desde então. Assim, garantiu a realização das edições de 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010.

Como o Censo do IBGE já apareceu no Enem?

Os estudos desenvolvidos pelo IBGE caem com frequência no Enem, seja nas provas de Ciências Humanas e Linguagens, Matemática ou de redação.

Essas questões podem trazer gráficos e tabelas com dados, mapas e outros recursos visuais, além de informações inseridas nos textos de apoio. Veja um exemplo da última edição do exame:

Exemplo

(Enem 2022) As línguas silenciadas do Brasil

Para aprender a língua de seu povo, o professor Txaywa Pataxó, de 29 anos, precisou estudar os fatores que, por diversas vezes, quase provocaram a extinção da língua patxôhã. Mergulhou na história do Brasil e descobriu fatos violentos que dispersaram os pataxós, forçados a abandonar a própria língua para escapar da perseguição.

“Os pataxós se espalharam, principalmente, depois do Fogo de 1951. Queimaram tudo e expulsaram a gente das nossas terras. Isso constrange o nosso povo até hoje”, conta Txaywa, estudante da Universidade Federal de Minas Gerais e professor na aldeia Barra Velha, região de Porto Seguro (BA). Mais de quatro décadas depois, membros da etnia retornaram ao antigo local e iniciaram um movimento de recuperação da língua patxôhã.

Os filhos de Sameary Pataxó já são fluentes — e ela, que se mudou quando já era adulta para a aldeia, tenta aprender um pouco com eles. “É a nossa identidade. Você diz quem você é por meio da sua língua”, afirma a professora de ensino fundamental sobre a importância de restaurar a língua dos pataxós.

O patxôhã está entre as línguas indígenas faladas no Brasil: o IBGE estimou 274 línguas no último censo. A publicação Povos indígenas no Brasil 2011/2016, do Instituto Socioambiental, calcula 160. Antes da chegada dos portugueses, elas totalizavam mais de mil.

Disponível em: https://brasil.elpais.com. Acesso em: 11 jun. 2019 (adaptado)

O movimento de recuperação da língua patxôhã assume caráter identitário peculiar na medida em que

a) denuncia o processo de perseguição histórica sofrida pelos povos indígenas.

b) conjuga o ato de resistência étnica à preservação da memória cultural.

c) associa a preservação linguística ao campo da pesquisa acadêmica.

d) estimula o retorno de povos indígenas a suas terras de origem.

e) aumenta o número de línguas indígenas faladas no Brasil.

Resposta

Alternativa [B].

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Víctor Daltoé dos Anjos

Professor de Atualidades do Aprova Total. Bacharel e licenciado em Geografia pela UFSC e mestre em Ciência Política pela mesma instituição.

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