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Provas do Enem 2024: confira uma análise

Veja os comentários dos professores do Aprova Total sobre as questões de todas as disciplinas e, claro, do tema da Redação

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As provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024 terminaram neste dia 10 de novembro.

Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), das 4.325.960 inscrições confirmadas, a maioria foi de pessoas pardas e do sexo feminino (60,59%).

A seguir, confira uma análise dos dois domingos de prova do Enem, contemplando todas as áreas do conhecimento: Linguagens, Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Matemática e Redação.

Provas do Enem 2024: 2º dia

No 2º dia de prova do Enem, as questões foram divididas em:

  • Ciências da Natureza e suas Tecnologias: inclui Biologia, Química e Física;
  • Matemática e suas Tecnologias.

Física

A prova de Física estava dentro dos temas esperados para o Enem. De acordo com Nilo Sanchez Neto, professor de Física do Aprova Total, a prova de Física, de forma geral, estava em um nível fácil ou mediano. “Não tinha nenhuma questão que fosse impossível. Tinha questões capciosas, que às vezes poderiam confundir, mas, no geral, foi uma boa prova de se fazer”, diz.

Entre os temas cobrados, estavam termologia, circuitos elétricos e calorimetria (para calcular calor latente). “Eu percebi que pegaram mais pesado na parte de termologia. Teve quatro questões envolvendo a física térmica e só uma envolvendo a cinemática - e era vetorial”, explica Grego, o professor de Física do Aprova Total. Além disso, a prova do Enem cobrou questões sobre efeito Doppler e acústica.

No entanto, ambos comentaram sobre uma questão que causou dúvida e envolvia o aquecimento de uma cafeteira. Provavelmente, pode ser anulada por ter um rendimento maior do que 100%, o que não é possível em uma máquina térmica.

Química

Já a prova de Química do Enem 2024 fugiu um pouco do padrão. “Foi uma prova de grau de dificuldade de médio alto a alto, uma prova que surpreendeu pela exigência dos cálculos”, conta o professor Guilherme Vargas, de Química.

Ele comenta que a prova teve uma cara diferente do padrão tradicional do Enem, o que pode ter sido difícil para os alunos, exigindo mais tempo para a resolução das questões. “Tivemos três questões de Química envolvendo cálculos um pouco mais complexos, não aqueles cálculos diretos, bem claros e objetivos. Foi uma prova com perguntas mais diretas e menos contextualização”, pontua.

Segundo Thiago Cristofoli, professor de Química do Aprova Total, houve conteúdos cobrados de forma tradicional: “Nessa versão da prova, nós tivemos questões que foram cobradas de forma clássica, como identificação de funções orgânicas, PH, que falavam a respeito de reações de oxirredução aplicado ao ciclo de nitrogênio, aos ciclos biogeoquímicos de uma forma geral”.

Mas eles contam que sentiram falta de questões energéticas, de termoquímica, que envolvessem mais a questão ambiental.

Matemática

O grau de dificuldade da prova de Matemática foi parecido com outros anos, exigindo muita leitura e atenção. “Eu senti que nessa prova acabou caindo muita coisa de geometria”, comenta o professor Piu, de Matemática.

Entre os conteúdos, o professor de Matemática Nazareno Corrêa (o Naza), destaca volume de cilindro, cumprimento de circunferência, área de triângulos, hexágonos, quadrados e análise combinatória.

“As demais questões buscavam bastante interpretação. Uma quantidade significativa de questões associadas à matemática básica”, avalia. “Como sempre, o Enem explorando bastante essas interpretações gráficas, seja ela com contas ou simplesmente uma análise mesmo”, destaca.

Biologia

Já a prova de Biologia teve nível médio. “Foram mais de 15 questões de Biologia, a maior parte de nível médio. Tivemos cinco questões difíceis e algumas questões fáceis”, explica o professor de Biologia Gustavo Schmidt (Gusta).

A citologia foi o carro-chefe da prova, com quatro questões. E não houve a presença de botânica esse ano - que apareceu com bastante frequência nos últimos anos. Também houve questões sobre vacina e zoologia.

“Tivemos questões de zoologia, que não é a área predominante, e não houve muitas de doenças, apenas uma que foi um pouco confusa. Ela falava de zika, chikungunya e alguns fatores que faziam com que essas doenças proliferassem, aumentassem, uma questão de biotecnologia que foi bem difícil. Na minha opinião, é uma questão que as pessoas podem ter dificuldade de responder, vai ser um TRI bem alto”, explica Gustavo.

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Provas do Enem 2024: 1º dia

No 1º dia de prova do Enem, as questões ficam divididas da seguinte maneira:

  • Linguagens, Códigos e suas Tecnologias: inclui Língua Portuguesa, Literatura, Língua Estrangeira (Inglês ou Espanhol), Artes, Educação Física e Tecnologias da Informação e Comunicação;
  • Ciências Humanas e suas Tecnologias: História, Geografia, Filosofia e Sociologia;
  • Redação.

Língua Portuguesa

A prova se manteve em seus moldes tradicionais, sem nenhuma grande surpresa.

O professor de Língua Portuguesa Ricardo Paulo da Silva (Ricardinho), lembra de apenas uma questão mais inédita, a respeito das características do formato podcast. "Não tínhamos visto ainda uma questão que falasse especificamente sobre podcast, apesar de tecnologia da informação ser um tema recorrente", explica.

No geral, nenhum dos temas recorrentes ficou de fora. "Observamos questões de funções da linguagem, variações linguísticas, estratégias argumentativas, progressão textual, tudo dentro da expectativa", diz. Ele destaca ainda o tema línguas indígenas, com questões falando sobre identidade cultural desses povos e patrimônio linguístico.

Literatura

De acordo com o professor Guilherme Suman, a grande surpresa foi a retomada de alguns conteúdos mais profundos, em termos de contexto ou de conhecimento prévio de obras, movimentos e características. 

"Isso se opõe a uma fantasia de que a prova do Enem, em termos de Linguagens, se resolve apenas com a leitura do texto ou do comando. Na realidade, ela requer um repertório, que abastece o aluno de argumentos para validar a resposta", pontua. Ele dá como exemplo uma questão sobre impressionismo, para a qual ajudaria conhecer movimentos de vanguarda.

"Machado foi novamente reforçado com duas questões e a ironia voltou com uma digital desse autor. Porém, é importante dizer que ter um conhecimento mínimo de sua obra Esaú e Jacó facilitaria chegar à resolução", completa.

Por fim, o professor Guilherme Suman destacou o empenho do Enem ao reconhecer variações linguísticas e suas possibilidades geográficas e sociais, na opinião dele, maior que nos anos anteriores.

Língua Estrangeira

Na análise de Isabela Bertolette Braga, analista de Língua Estrangeira do Aprova Total, as questões do Enem 2024 seguiram o padrão esperado.

Ao comparar as línguas, Espanhol estava um pouco mais difícil, pois as questões tinham textos mais longos para ler e nenhuma imagem. Na prova de Inglês, houve essa quebra, que poderia ajudar o aluno a ter um descanso.

História

No caso das questões de História, o professor Alan Carlos Ghedini considera que a prova foi bastante interpretativa, exigindo uma análise mais criteriosa e curiosa pelo candidato. "Muitas vezes, as alternativas não estavam tão claras em relação ao texto de apoio, o que pode levar alguns estudantes à confusão", alerta.

Mesmo assim, Alan assegura que os temas clássicos do Enem foram contemplados, com destaque à questão negra e à afro-brasilidade, não apenas na História, mas na Sociologia e nas Linguagens.

"Foi uma prova contextualizada, que não primou tanto pelo conteudismo, mas pela análise, e que certamente acabou sendo um pouco cansativa pelo número de textos e pelo tempo de leitura exigido", completa o professor.

Geografia

As questões de Geografia de 2024 estavam dentro da incidência de temas esperada.

O professor Eduardo Fritzke afirma que, realmente, se falou de globalização, dos refugiados climáticos, dos problemas urbanos (como as inundações) e do preparo das cidades para as novas realidades climáticas.

Ou seja, o Enem buscou temas muito atuais e importantes para a prova. "Também percebi a presença de um vocabulário bastante complexo em alguns aspectos, o que pode dificultar a análise do aluno, pelo uso de palavras que não são tão comuns para ele", diz Eduardo.

A prova, em sua análise geral, foi muito boa: "Seguiu o padrão que a gente reconhece, com a imagens, textos, gráficos, dialogando com diversos temas da Geografia".

Já o professor Víctor Daltoé dos Anjos destacou o peso que a questão ambiental teve no exame, uma tendência dos últimos anos. "Ao abordar inundações, ficou muito evidente a relação com Rio Grande do Sul, além das COPS, um dos principais eventos internacionais sobre o meio ambiente", comenta.

Demografia, geopolítica, e placas tectônica também estiveram presentes.

Filosofia

Segundo o professor Thiago Suman, a prova de Filosofia contou com alguns temas recorrentes e muito trabalhados, mas também com algumas surpresas.

"Quem acompanhou a revisão pré-Enem do SOS Aprova teve uma questão antecipada porque eu cravei que estaria lá o imperativo categórico de Immanuel Kant (filosofia moderna) - e ele estava, né?", comemora Thiago.

Outros nomes clássicos, como Aristóteles (aperfeiçoamento das condutas humanas) e Foucault estiveram presentes, apesar de o Enem não ter cobrado um conteúdo Foucaultiano, mas sobre metafísica clássica.

"Podemos dizer que a prova endurece quando traz Félix Guattari e o Deleuze, que são autores pouco trabalhados no Ensino Médio, mas traz a Escola de Frankfurt, o existencialismo e alguns elementos mais comuns do nosso desenvolvimento filosófico", descreve o professor.

Ele também fala sobre as conexões de caráter histórico, como foi a questão de Habermas (um clássico), que trouxe o Iluminismo. "A do ano passado foi melhor em termos de conteúdo, mas ainda assim uma boa prova", conclui.

Sociologia

A prova de Sociologia do Enem foi bem dentro do esperado, confirma a professora Daiana Trindade Furtado. "Não fugiu às temáticas que vêm aparecendo normalmente nos últimos anos, tanto que o que mais caiu foi o quê? Estado brasileiro e cidadania", diz.

Dentre eles, destacaram-se as manifestações culturais brasileiras, ou seja, o patrimônio cultural do Brasil. Assim, o Enem espera que o candidato questione, entenda e analise esta sociedade.

"Além disso, também me chamou a atenção uma prova bem identitária e trazendo questionamentos em relação à contribuição da população negra na formação do Estado brasileiro, a fim de fazer compreender como este Estado, em muitos momentos, foi omisso", avalia a professora Daiana.

Redação

Na redação do Enem 2024, os participantes tiveram que escrever sobre "Desafios para a valorização da herança africana no Brasil".

Segundo Daniela Cristina da Silva Garcia, mestra e doutoranda em linguística aplicada e professora de redação, o tema é relevante socialmente e trabalha com questões em processo de consolidação.

“O Enem acaba tendo esse papel, em alguma medida, de ser estopim para um debate. Por exemplo, este ano foi um dos anos em que mais vimos questões sobre o trabalho de cuidado depois da aplicação da redação do Enem do ano passado”, analisa.

Daniela acredita que os professores de redação podem até não ter discutido esse recorte específico (herança africana) nas aulas, mas certamente abordaram as questões raciais, como a educação antirracista, que apareceu nos textos motivadores em 2024.

Ainda sobre os textos motivadores, na visão da professora do Aprova Total, "talvez, a palavra herança não fosse compreendida pelos candidatos em um primeiro momento. Mas há uma definição do que seria herança, que não é necessariamente material, mas um legado cultural".

No entanto, ela pontua que sentiu falta da prova demonstrar exemplos dessa herança africana, que apareceu de maneira um pouco subjetiva, diferente da abordagem do Enem na proposta sobre povos e comunidades tradicionais, de 2022.

SOS Aprova: correção do Enem 2024

Nossos professores especialistas fazem a correção de todas as questões do Enem 2024:

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Carol Firmino

Jornalista e doutora em Comunicação pela Unesp. É editora no blog do Aprova Total e está sempre antenada ao universo da educação, com foco no Enem e na preparação para os grandes vestibulares do país. Tem passagens por Nova Escola, B9, UOL e Época Negócios.

Ver mais artigos de Carol Firmino >

Jornalista e doutora em Comunicação pela Unesp. É editora no blog do Aprova Total e está sempre antenada ao universo da educação, com foco no Enem e na preparação para os grandes vestibulares do país. Tem passagens por Nova Escola, B9, UOL e Época Negócios.

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