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Quais os impactos das mudanças climáticas na natureza e na economia?

Não dá para negar: a crise climática já está aí, batendo na nossa porta! Vamos juntos entender como ela afeta a agricultura, a pecuária, a produção de energia e muitos outros aspectos do planeta Terra

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Você, provavelmente, já ouviu falar sobre a Guerra da Síria, mas o que você (talvez) não saiba é que o conflito tem tudo a ver com os impactos das mudanças climáticas no planeta. É claro que a guerra não foi causada pelas alterações no clima, mas elas serviram de combustível.

Desde os anos 80, o país vivenciou três grandes secas. A redução das chuvas e o aumento das temperaturas fizeram com que a terra, que antes era fértil, virasse um deserto. Com isso, 85% do gado morreu, a produtividade das plantações caiu mais de 60%, e os agricultores perderam seu meio de sobrevivência.

Foi por isso que mais de 1 milhão de trabalhadores rurais migraram para as cidades. Mas essa movimentação, junto à crise política e pessoas sem dinheiro, emprego e comida, tornou-se um coquetel explosivo. No meio de uma onda de protestos populares, explodiu uma revolta armada violenta por lá, que perdura até hoje.

O acontecimento é um exemplo dos impactos das mudanças climáticas no mundo e como podem provocar crises e guerras. No entanto, essas não são as únicas consequências provocadas por alterações no clima no planeta. A seguir, vamos conhecer as principais e entender como acontecem.

Qual é o impacto econômico das mudanças climáticas?

Um dos principais impactos das mudanças climáticas acontece na Economia dos países. Isso porque o aumento da temperatura influencia na produção agropecuária e, por consequência, no produto interno bruto (PIB) - ou seja, a soma de todos os bens e serviços produzidos por um país, estado ou cidade ao longo de um ano.

Assim, a seguir, vamos entender melhor como esse impacto ocorre.

Impactos das mudanças climáticas na agricultura

Com o aquecimento global, as ondas de calor vão ficar ainda mais comuns e afetar diretamente a produção de alimentos.

As vacas leiteiras, por exemplo, são super sensíveis ao calor, e a produção de leite com certeza vai ser afetada pela crise climática.

Um ambiente mais quente também favorece o crescimento de parasitas no gado, o que obriga os produtores a usar mais medicamentos para tratar esses bichos. Esse excesso de medicação atinge a carne do gado, o leite da vaca, e pode chegar até o consumidor final.

Além dos parasitas do gado, os parasitas das plantas também vão se dar bem com um clima mais quente. Alguns fungos, por exemplo, se desenvolvem muito bem em climas quentes e podem fazer com que plantações sejam completamente perdidas.

É o caso da vassoura de bruxa que está destruindo a produção de cacau no Brasil. Em resumo:

  • das 400 mil toneladas de frutos que eram produzidas todo ano no final dos anos 80, a produção caiu para 120 mil toneladas nos anos 2000;
  • em 2018, depois de mais de 20 anos de pesquisa para tentar resolver o problema, a produção atingiu 180 mil toneladas ao ano.
  • o valor, porém, não está nem perto do que se produzia nos anos 80.

Consequências de geadas e ondas de calor na agricultura

Além disso, uma geada inesperada pode ser mortal para uma plantação, causando prejuízos enormes. Assim como uma onda de calor fora de época, durante o período em que as flores estiverem se abrindo, pode destruir a produção de frutas e legumes.

Os calendários são muito precisos na agricultura e eles estão sempre relacionados ao clima. A planta produz a flor, e essa produção está sincronizada com a chegada de insetos e outros animais que vão fazer a polinização.

Quando uma seca se prolonga por mais tempo, toda uma cadeia alimentar pode colapsar, pois os animais não encontram o alimento alimento e morrem, o que também vai causar uma queda da biodiversidade.

🌱 O equilíbrio de um ecossistema mantém-se, em boa parte, pelo conjunto das interações entre as criaturas de um determinado meio, as conhecidas relações ecológicas. Entenda como elas funcionam no nosso post especial.

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Impactos das mudanças climáticas no PIB

Mas as consequências das mudanças no clima não afetam apenas a agricultura, a fauna e a flora. Elas também são sentidas no bolso, ou melhor, no Produto Interno Bruto (PIB) dos países.

Existe uma estimativa de que as mudanças climáticas ameaçam 1,2 bilhão de empregos. Os setores de maior risco são a agricultura, a pesca e a silvicultura, que é o cultivo de árvores. Só pra você ter uma ideia, se as temperaturas subirem 3ºC, o PIB global cairia 25%.

Isso é comparável à Grande Depressão, onde o PIB caiu pra -26,7%. A única diferença é que essa queda seria permanente.

Veja o exemplo dos Estados Unidos: à medida que o país passa por dias extremamente quentes, os preços dos alimentos estão subindo. Os lucros com o milho e soja nos EUA caem dramaticamente quando as temperaturas sobem acima dos 29ºC.

Esses grãos alimentam o gado e criam picos nos preços da carne bovina, do leite e das aves. O calor extremo também diminui a produtividade do trabalhador, principalmente daqueles que trabalham ao ar livre, nas fazendas.

Tudo isso acaba deixando os alimentos ainda mais caros, assim como aconteceu na Guerra da Síria que vimos no início desse texto.

Efeitos das mudanças climáticas na natureza

Até agora falamos sobre o que é produzido em terra, mas não tem como esquecer dos oceanos, mares, rios e lagos - ou melhor, da natureza em geral. Por isso, vamos entender como os impactos das mudanças climáticas atingem esse bem tão precioso e o mundo ao redor?

Impacto das mudanças climáticas em oceanos

O gás carbônico em excesso na atmosfera se dissolve nas águas dos oceanos, acidificando-as. Hoje, elas já são 30% mais ácidas do que eram durante a Revolução Industrial.

O aumento da acidez é um indicativo de que temos menos material para que moluscos, como as ostras, e crustáceos, como os caranguejos, construam sua proteção, suas conchas, o que faz com que eles fiquem mais frágeis e não consigam se reproduzir, e muitos deles são base da cadeia alimentar oceânica.

Com a falta de alimento, os peixes vão morrer sem se reproduzir, e isso pode afetar diretamente a pesca, especialmente em áreas como o sudeste da Ásia.

Um estudo de 2019 descobriu que o aquecimento dos oceanos fez com que a produção global sustentável de peixes caísse 4% desde 1930, o que representa 1,4 milhão de toneladas.

Isso afeta mais de 3,3 bilhões de pessoas que dependem dos peixes como sua principal fonte de proteína. E também afeta a indústria pesqueira, que em seu auge, em 2018, atingiu 164 bilhões de dólares e empregou mais de 59 milhões de pessoas.

Impacto na produção de energia elétrica

Além disso, os rios e algumas regiões vão se tornar extremamente secos. E isso causará problemas extremos, como os apagões elétricos. Esses eventos ocorrem quando cidades inteiras, ou estados inteiros, ficam sem acesso a energia.

A base elétrica no Brasil é a hidrelétrica, mas pra que ela funcione bem a quantidade de chuvas tem que se manter alta e constante, para que haja água suficiente para as turbinas gerarem energia.

Outro ponto chave é que as usinas hidrelétricas produzem muito menos gases do efeito estufa do que as termelétricas, que queimam combustíveis fósseis. Então, secas prolongadas não só podem causar falta de energia, como podem fazer com que o país tenha que usar mais as termelétricas.

Esse cenário gera gases do efeito estufa, piorando a crise climática e deixando as secas ainda mais severas.

Falta de água potável

Com uma menor quantidade de água disponível para a população, alguns problemas tendem a piorar, como a falta de água potável nas torneiras.

A falta de chuvas no Sudeste do país, por exemplo, tem provocado crises hídricas cada vez mais frequentes. No estado de São Paulo, muitas cidades já precisam fazer racionamento e rodízio de água todos os anos.

Com a possibilidade real de aumento dos dias de seca e das quedas do níveis de rios entre 10% e 30% em 2050, esse cenário - que já é grave - pode se tornar pior. Logo, cidades inteiras não vão ter água suficiente para funcionarem.

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Qual é a relação do desmatamento com as mudanças climáticas?

É de amplo conhecimento que o desmatamento intensifica as mudanças climáticas. E as mudanças climáticas, por sua vez, aumentam as ocorrências de secas e incêndios florestais, o que pode causar a “savanização” da floresta Amazônica, por exemplo.

E isso muda toda a flora e a fauna dessa floresta, o que quer dizer que o que nós conhecemos pode ser completamente modificado.

Já se vê sinais disso na Amazônia: em 2020, foram avistados lobos-guarás por lá, animais que são típicos do cerrado, a savana brasileira. Eles estão indo para essa área que antes era floresta, porque agora encontram ali as lobeiras, árvores do cerrado que produzem frutos usados como alimentos pelos lobos.

Seria incrível avistar lobos guarás, se isso não tivesse acontecido em um lugar onde antes era floresta. A Amazônia ainda não é savana, ainda não é cerrado, mas o processo já está claramente começando. Isso não significa que seja inevitável, porque existem formas de resolver o problema, existem medidas que a gente pode tomar hoje para se preparar para o futuro.

🌎 Entenda melhor o que é a sustentabilidade e como é possível manter o desenvolvimento sem comprometer as futuras gerações.

Os impactos das pandemias no clima

Infelizmente, o ano de 2020 veio pra deixar tudo ainda mais complicado. Com o surgimento da Covid-19, os problemas só pioraram, porque a crise econômica gerada pela pandemia certamente acelerou os problemas que já existiam.

E outras pandemias virão com a crise climática. Os mosquitos, por exemplo, adoram temperaturas mais altas, e isso é um prato cheio para novas epidemias e pandemias, já que é previsto um aumento dos casos das doenças transmitidas por mosquitos, como a malária e a dengue.

Em fevereiro de 2024, por exemplo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta epidemiológico sobre o aumento de casos de dengue nas Américas.

O objetivo do documento era alertar os países para intensificar os esforços de combate e controle ao Aedes aegypti, e organizar os serviços de saúde para atendimento de pacientes, com o objetivo de evitar complicações e mortes.

Assista ao episódio #17 do Jubilut Cast sobre a epidemia de dengue que estamos vivendo. 👇

Como o mundo irá lidar com os impactos das mudanças climáticas?

As nações ricas, provavelmente, vão ser capazes de suportar a maioria dos impactos das mudanças climáticas. Países como o Canadá e a Rússia podem até se beneficiar de terras mais férteis nas regiões temperadas. Mas não se deixe enganar!

⚠️ A maior parte da população do mundo vive em regiões tropicais e os mais pobres vão enfrentar os maiores riscos.

Crianças, mulheres, idosos, pessoas de baixa renda, aqueles com sistema imunológico frágil e com doenças crônicas são as que mais vão sofrer com as mudanças no acesso aos alimentos, e com as ondas de calor.

A exposição ao calor excessivo causa sintomas graves, como a exaustão pelo calor e a insolação. O calor também pode causar desidratação grave, acidentes vasculares cerebrais agudos e ainda contribuir para formação de coágulos sanguíneos.

Assim, não dá para negar: a crise climática já está aí! E se não agirmos imediatamente, vamos ser condenados a ter que tomar medidas desesperadas.

O "lado bom" disso tudo é que, há décadas, milhares de pessoas pelo mundo todo estão pensando em maneiras de resolver esses problemas. E você é uma delas, principalmente quando estuda o tema para o Enem e os vestibulares!

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Paulo Jubilut

CEO do Aprova Total. É conhecido como "Professor Jubilut” por seu canal no YouTube, que conta com mais de 3 milhões de inscritos, o que faz dele o maior influenciador de Biologia do Brasil.

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