Ciclo da água: o que é, como acontece e resumo completo

A água é essencial para o bem-estar e equilíbrio da Terra, e manter-se hidratado é fundamental para a saúde e o funcionamento adequado do organismo, mas, afinal, de onde ela vem e como funciona o ciclo da água? É sobre isso que vamos falar neste post!

Além de cobrir cerca de 70% da superfície da Terra, a água é o composto inorgânico mais abundante nas células dos seres vivos, representando a maior parte do volume intracelular e desempenhando papéis vitais em funções celulares, como meio de transporte para nutrientes e resíduos.

Na biosfera, a água é um dos fatores abióticos mais importantes na formação e desenvolvimento dos ecossistemas - com a diferença entre alguns sendo justamente a disponibilidade hídrica -, além de participar da regulação térmica e manutenção climática do planeta.

Quer entender mais sobre como o ciclo da água funciona na natureza? Vem com a gente!

O que é o ciclo da água?

O ciclo da água ou ciclo hidrológico é um dos principais ciclos biogeoquímicos, sendo um processo contínuo de movimentação da água entre as esferas do planeta terra (atmosfera, a superfície terrestre, corpos d'água e seres vivos).

Esse fenômeno essencial, que mantém o equilíbrio hídrico no planeta, ocorre de forma cíclica e se divide em diferente etapas.

Etapas do ciclo biogeoquímico da água

A ilustração acima descreve como ocorrem as etapas do ciclo biogeoquímico da água na natureza. Confira as características de cada uma.

1. Evaporação ou transpiração

Também chamada de evapotranspiração, a evaporação ou transpiração é a passagem da água em estado gasoso para a atmosfera.

A evaporação acontece quando a água sai da superfície terrestre ou de corpos d'água (quaisquer acúmulos de água, como lagos, mares e outros). Porém, quando sai de organismos vivos, é chamada de transpiração. Este processo é mediado principalmente pela absorção de energia solar.

2. Condensação

Você já deve ter ouvido falar sobre a condensação na disciplina de Física. No caso do ciclo hidrológico, refere-se ao resfriamento do vapor d’água atmosférico, formando nuvens.

3. Precipitação

É a queda do vapor d’água condensado nas nuvens de volta para a superfície do planeta, ou seja, é a liberação da umidade da atmosfera em forma de chuva, neve, granizo ou outros tipos de precipitação. Esse fenômeno ocorre quando as gotículas de água nas nuvens se combinam e se tornam pesadas demais para permanecerem suspensas, caindo em direção à superfície terrestre.

A precipitação é vital para o abastecimento de água doce, alimentando rios, lagos e aquíferos, além de desempenhar um papel essencial na manutenção dos ecossistemas e na regulação do clima.

4. Escoamento

Após a precipitação, parte da água se acumula em rios, córregos e lagos, formando o escoamento superficial. Esse processo é vital para a recarga de aquíferos e a continuação do fluxo de água nos ecossistemas.

O escoamento também desempenha um papel crucial no transporte de nutrientes e sedimentos, influenciando a forma da paisagem e a dinâmica dos ecossistemas aquáticos.

5. Infiltração

A parte da água que não escoa superficialmente é absorvida pelo solo, movendo-se verticalmente em direção às camadas mais profundas. Esse processo desempenha um papel importante na formação e abastecimento de aquíferos, na nutrição das raízes das plantas e na regulação do fluxo de água subterrânea.

A taxa de infiltração sofre influência da composição e da permeabilidade do solo, sua cobertura vegetal e as condições climáticas.

6. Absorção

Apesar de não aparecer na ilustração, a absorção representa toda a água que não escoa e nem infiltra, e acaba por ser absorvida pelos seres vivos, integrando sistemas biológicos e participando de processos metabólicos, onde eventualmente será perdida de volta para o meio.

Ao fim, toda água escoada, infiltrada e absorvida retorna para a atmosfera em algum momento através da evapotranspiração, dando continuidade ao ciclo.

🌧️ Quando falamos do ciclo da água na natureza considerando apenas os processos físicos que não envolvem organismos vivos, chamamos ele de ciclo da água curto ou pequeno ciclo da água. Porém, quando incluem seres vivos, chamamos de ciclo da água longo ou grande ciclo da água.

Outras etapas importantes do ciclo da água

Em menor escala, há eventos secundários que mobilizam água entre uma etapa e outra do ciclo, como o degelo de geleiras. Esse processo desempenha um papel significativo no ciclo hidrológico, especialmente nas regiões polares e de altas montanhas.

Quando as geleiras derretem devido ao aumento das temperaturas, a água resultante afeta diferentes aspectos do ciclo. O líquido resultante - água doce e fria - pode alimentar rios e lagos, aumentar o fluxo de água em rios glaciares e, eventualmente, chegar aos oceanos.

Esse aporte de água é crucial para manter o equilíbrio hídrico global, influenciando os padrões de precipitação, a circulação oceânica e a disponibilidade de água em diversas partes do planeta. O degelo das geleiras, muitas vezes, é uma resposta visível às mudanças climáticas e tem implicações significativas nos ecossistemas terrestres e aquáticos.

E sabe aquela fumacinha que sai da nossa boca em dias gelados? 🥶 É o vapor d'água eliminado durante a respiração e que, em dias mais frios, resfria e condensa em contato com o ar atmosférico! Além da transpiração, outros processos fisiológicos e metabólicos liberam água, como a respiração, decomposição e excreção.

Qualquer fenômeno que interfira no fluxo de água para a atmosfera, hidrosfera, litosfera ou biosfera, acaba participando do ciclo da água.

Interferência humana no ciclo da água

A atividade humana impacta significativamente o ciclo da água, podendo afetar a qualidade e quantidade da água disponível, comprometendo ecossistemas e recursos hídricos. Alguns exemplos de impactos antrópicos são:

Desmatamento

Áreas desmatadas têm menos cobertura vegetal para interceptar e absorver a água da chuva. Isso leva à diminuição na infiltração da água no solo, aumentando o escoamento superficial e, potencialmente, causando enchentes.

Além disso, a remoção de árvores diminui a taxa de transpiração, processo no qual as plantas liberam vapor d'água para a atmosfera, afetando os padrões de chuva locais e regionais.

Urbanização desenfreada

A urbanização desenfreada frequentemente leva à impermeabilização do solo, com a construção de estruturas como edifícios e estradas, reduzindo a capacidade de infiltração da água, aumentando o escoamento superficial e o risco de enchentes.

O aumento na demanda por água para uso doméstico, industrial e comercial também pode levar à exploração insustentável de recursos hídricos locais, além do despejo inadequado de poluentes provenientes de áreas urbanas em rios e corpos d'água.

Poluição e desperdício de água

A poluição e o desperdício de água podem estar atrelados à urbanização desenfreada, mas também ocorrem de forma independente. Tanto o despejo inadvertido de poluentes quanto a má gestão de recursos hídricos alteram a dinâmica local e prejudicam a disponibilidade de água na região (especialmente água potável).

Uma das principais atividades antrópicas dentro dessa discussão é a agropecuária, a qual movimenta uma imensa demanda hídrica, sendo tópico de discussão importante quando se fala de sustentabilidade e impactos ambientais.

Fora isso, a construção de barragens e hidrelétricas, a poluição térmica causada pelo despejo inadequado da água de arrefecimento de reatores nucleares, a contaminação por petróleo (impermeabilizando a superfície da água e causando inibição fótica) e a acidificação dos oceanos atrelada diretamente ao aquecimento global e ao desmatamento são outras atividades que interferem no equilíbrio hídrico.

Importância do ciclo da água

O funcionamento saudável do ciclo hidrológico permite a reciclagem constante deste recurso indispensável e também regula o clima, sustenta a biodiversidade e fornece água potável, o que torna a água vital para a manutenção da vida e dos ecossistemas.

Dentre os fenômenos climáticos envolvidos com o ciclo da água podemos citar o El Niño e as monções. Outro exemplo são os rios voadores da Amazônia! A vegetação da floresta absorve a água presente no solo com suas raízes e a lança na atmosfera naturalmente por processos de transpiração, em um verdadeiro fenômeno de bombeamento de água.

Essas grandes massas de umidade são deslocadas pelo vento e redirecionadas pela cordilheira dos Andes. Elas chegam até o sul do país como rios aéreos de dimensões continentais que regulam o regime de chuvas nas regiões centro-oeste, sudeste e sul.

Não podemos deixar de comentar que, de toda a água do planeta, cerca de 97% é salgada, 2% encontra-se congelada e cerca de 1% é água doce em estado líquido presente em rios e lagos! Sendo justamente o ciclo da água o responsável por manter o abastecimento desses corpos d’água. Por isso a importância de cuidar desse bem tão valioso!

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Resumo: ciclo da água

Veja os principais pontos sobre o assunto:

• O ciclo da água é um ciclo biogeoquímico muito importante para o planeta;
• O ciclo hidrológico é responsável pela mobilização da água na natureza e a transição entre seus estados físicos;
• Possui diversas etapas, sendo as principais: evapotranspiração, condensação, precipitação, escoamento, infiltração e absorção. As etapas secundárias são o degelo e os processos fisiológicos/metabólicos;
• As etapas do ciclo da água são interconectadas e ocorrem de forma sequencial e cíclica.
• É um processo essencial para o equilíbrio do planeta, pois participa da regulação do clima, do regime de chuvas e do abastecimento de corpos d’água;
• Interferências no ciclo impactam diretamente na vida como conhecemos. Alguns exemplos são desperdício, desmatamento, poluição e urbanização desenfreada;
• O ciclo da água é chamado de curto ou pequeno quando os processos físicos não envolvem organismos vivos;
• O ciclo da água é chamado de longo ou grande quando os processos incluem seres vivos.

Como o ciclo da água cai no Enem e outros vestibulares?

No Enem, o ciclo da água aparece de uma forma crítica e contextualizada, focando na identificação das relações entre o ciclo e impactos ambientais, no equilíbrio de ecossistemas, no consumo responsável e na sustentabilidade, em vez de cobrar nomes de etapas específicas.

Outros vestibulares podem cobrar do aluno o entendimento da água como recurso limitado e de alto valor econômico (especialmente água potável), as relações com outros ciclos biogeoquímicos ou até mesmo uma análise mais conteudista envolvendo aspectos mais específicos dos ciclos.

Seja como foco principal ou gancho interdisciplinar, o ciclo hidrológico é um tema forte dentro de pautas ambientais e climáticas, então é sempre bom dar aquela refrescada no assunto. 😉

Exemplo 1

(Enem PPL 2022) As usinas nucleares utilizam o princípio da fissão nuclear para gerar energia elétrica. Dentro do reator, nêutrons colidem com átomos de urânio, que se dividem em dois novos átomos, liberando de dois a três nêutrons do núcleo, em uma reação em cadeia. Esse processo libera muito calor, que é utilizado para gerar energia. Porém, é necessário um sistema de arrefecimento para evitar uma explosão. Para isso, a água captada de fontes naturais circula em um sistema fechado e depois volta para o meio ambiente.

Caso esse sistema não ocorra de maneira adequada, será gerado um impacto negativo porque
a) produzirá gases tóxicos.
b) diminuirá a reserva hídrica local.
c) aquecerá os ecossistemas aquáticos.
d) aumentará a disponibilidade de nutrientes.
e) permitirá a contaminação por microrganismos.

Resposta: [C]
Essa é uma questão clássica envolvendo poluição térmica e a interferência humana no ciclo da água, a qual cobra do aluno a noção de que a água utilizada para resfriar reatores nucleares não entra em contato direto com a radiação em si, apenas resfria alguns componentes dentro da usina, logo o problema relacionado ao despejo inadequado desta água é o retorno de uma água mais quente para o meio ambiente, esquentando os corpos d’água onde for despejada e prejudicando o equilíbrio dos ecossistemas aquáticos.

Exemplo 2

(Enem PPL 2021) A Floresta Amazônica é uma “bomba” que suga água do ar vindo do oceano Atlântico e do solo, e a faz circular pela América do Sul, causando, em regiões distantes, as chuvas pelas quais os paulistas desejavam em 2014.

GUIMARÃES, M. Dança da chuva: a escassez de água que alarma o país tem relação íntima com as florestas. Pesquisa Fapesp, n. 226, dez. 2014 (adaptado).

O desmatamento compromete essa função da floresta, pois sem árvores
a) diminui o total de água armazenada nos caules.
b) diminui o volume de solos ocupados por raiz.
c) diminui a superfície total de transpiração.
d) aumenta a evaporação de rios e lagos.
e) aumenta o assoreamento dos rios.

Resposta: [C]
A questão cobra do aluno a relação do ciclo da água com o desmatamento e que a etapa deste ciclo envolvida na formação dos rios voadores é a transpiração, realizada pela cobertura vegetal da floresta. Aqui o tema “rios voadores” é usado como gancho para a abordagem do conteúdo.

Exemplo 3

(Enem 2020) Em 2011, uma falha no processo de perfuração realizado por uma empresa petrolífera ocasionou derramamento de petróleo na bacia hidrográfica de Campos, no Rio de Janeiro.

Os impactos decorrentes desse derramamento ocorrem porque os componentes do petróleo

a) reagem com a água do mar e sofrem degradação, gerando compostos com elevada toxicidade.
b) acidificam o meio, promovendo o desgaste das conchas calcárias de moluscos e a morte de corais.
c) dissolvem-se na água, causando a mortandade dos seres marinhos por ingestão da água contaminada.
d) têm caráter hidrofóbico e baixa densidade, impedindo as trocas gasosas entre o meio aquático e a atmosfera.
e) têm cadeia pequena e elevada volatilidade, contaminando a atmosfera local e regional em função dos ventos nas orlas marítimas.

Resposta: [D]
Questão clássica de impactos ambientais envolvendo derramamento de petróleo e poluição da água. Nessa questão o ciclo da água é cobrado de forma indireta e mais abrangente, onde espera-se do aluno o conhecimento de que a lâmina de petróleo que se forma na superfície da água - devido ao seu caráter hidrofóbico e baixa densidade -, a impermeabiliza e impede a passagem de gases como oxigênio e gás carbônico entre o ar e a água, além de bloquearem a passagem de luz, afetando a taxa de fotossíntese.

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