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Dengue nos vestibulares: tudo o que você precisa saber

Entenda por que os casos de dengue aumentaram no país, como funcionam as vacinas e de que forma a doença aparece nas questões de processos seletivos

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A dengue é um problema público, que afeta milhares de brasileiros todos os anos. Segundo o Ministério da Saúde, os casos de dengue no Brasil aumentaram em 2023, com 301,8 mil ocorrências só nos primeiros meses do ano. Se compararmos com o mesmo período em 2022, houve um aumento de quase 50%!

E como era de se esperar, chegamos em 2024 com 3 milhões de casos no Brasil, 1.200 óbitos e uma estimativa de aumento de 16% para este ano. Tamanha é a sua importância e impacto na sociedade que, com frequência, o tema aparece no Enem e em vestibulares. 🦟

A seguir, vamos entender melhor a situação da dengue no país, como a doença chegou ao Brasil, quais são os métodos de prevenção e como o assunto pode aparecer nos processos seletivos. Vamos lá?

Casos de dengue no Brasil

A dengue é causada por arbovírus e tem como vetor o mosquito da espécie Aedes aegypti. No Brasil, existem quatro subtipos do vírus da doença, que foram introduzidos em momentos diferentes no país. Isso significa que é possível se contaminar mais de uma vez.

Esse processo pode trazer complicações, conhecidas por dengue hemorrágica. Lembrando ainda que o Aedes aegypti serve de vetor para outras doenças, como Febre Amarela e Chikungunya.

Os principais sintomas de dengue são febre alta, que pode se associar à dor muscular e nas articulações, enjoos e vômitos, dor de cabeça ou atrás dos olhos e vermelhidão pelo corpo. Vale a pena ressaltar que não existe cura para a doença e que o tratamento consiste em manter-se muito hidratado. Dessa maneira, o próprio corpo consegue eliminar o vírus.

Sobre o aumento de casos de dengue

Diversas campanhas acontecem todos os anos para tentar minimizar o número de vetores, que utilizam locais com água parada para se reproduzir. Além disso, sabe-se que a transmissão acontece a partir das fêmeas do Aedes aegypti, que necessitam do sangue para a produção dos ovos.

A fêmea do mosquito deposita seus ovos nas bordas dos recipientes com água limpa e parada
A fêmea do mosquito deposita seus ovos nas bordas dos recipientes com água limpa e parada (Imagem: Adobe Stock)

Porém, segundo especialistas, esse aumento de casos em 2023 tem a ver com as mudanças climáticas. Isso porque, em muitas regiões do Brasil, houve um aumento considerável de chuvas. Essa informação corrobora com os dados apresentados pelos boletins meteorológicos do governo federal no início deste ano. Em Minas Gerais e Espírito Santo, por exemplo, as chuvas aumentaram muito e os casos de dengue cresceram consideravelmente.

Outra hipótese é a de que o pico dos casos tenha apenas adiantado. Especialistas consideram a dengue uma doença sazonal, que começa com mais força no início do verão e vai até o mês de maio.

Além disso, uma das medidas profiláticas para combater a dengue teve sua ação comprometida desde 2022. Estamos falando da nebulização espacial, conhecida como fumacê, cujo composto estava em falta. O fumacê consiste na passagem de um carro, ou de agentes de saúde, que espalham inseticidas para diminuir a incidência de mosquitos onde os números de casos estão maiores.

Fumacê é uma estratégia do governo para controlar as populações de mosquitos da dengue
Fumacê é uma estratégia do governo para controlar as populações de mosquitos da dengue (Imagem: Adobe Stock)

O atual governo federal declarou que os estoques das substâncias que compõem o fumacê estavam zerados no início de 2023 e que a entrega dos novos produtos estão demorando. Por outro lado, deve começar a utilizar outros tipos de inseticidas, como o Fludora Co-Max (Flupiradifurone + Transflutrina), para evitar depender de apenas um fornecedor.

Vacina da dengue

Existe uma vacina contra a dengue chamada Dengvaxia, mas ela é indicada somente para quem já foi contaminado uma vez. Assim, evitam-se complicações caso a pessoa se infecte por outro subtipo do vírus.

A novidade é a Qdenga. Ela foi desenvolvida pela empresa japonesa Takeda Pharma, e se mostrou eficaz em um estudo realizado na Indonésia. Houve uma redução de 77% no número de casos e de 86% nas internações. 

A dose da vacina da dengue já aprovada no Brasil, a Dengvaxia, vai custar entre R$ 132,76 e R$ 138,53
A dose da vacina da dengue já aprovada no Brasil, a Dengvaxia, vai custar entre R$ 132,76 e R$ 138,53

Essa vacina é de vírus atenuado, feita com o subtipo Denv-2 da dengue, no qual foram acrescentados DNA dos outros três subtipos. Ela protege mais contra o vírus Denv-1 e Denv-2 e menos contra o Denv-3 e Denv-4, e reduz a possibilidade de desenvolver a dengue hemorrágica.

A Qdenga já foi incorporada ao calendário de vacinação no país e somos o primeiro lugar do mundo a oferecer a vacina gratuitamente (pelo Sistema Único de Saúde), já que temos uma alta incidência da doença.

Porém, apenas cidades com mais de 100 mil habitantes e pessoas de 10 a 14 anos, que é o grupo etário mais afetado, receberão as duas doses (uma agora + um reforço após 3 meses). 

Segue em desenvolvimento, também, uma vacina do Instituto Butantã, que deve ter sua fase de testes finalizada até novembro de 2024.

Como a dengue surgiu?

Você já entendeu quem é o causador da dengue, mas você sabe como a doença surgiu e se espalhou pelo mundo?

Há 14 mil anos, flavivírus - um gênero de vírus RNA - começou a ser transmitido por carrapatos e mosquitos, circulando entre os primatas de diversas formas. Entre elas, as arboviroses (doenças causadas por arbovírus, como o da dengue, zika e febre amarela).

Com a evolução da espécie e o surgimento da agricultura, os aglomerados de pessoas começaram a se formar. Antes nômade, o Homo sapiens passou a viver em cidades. Devido a essa concentração e ao desmatamento, houve um maior contanto entre humanos, mosquitos e vírus, dando origem à várias doenças.

Como a dengue chegou ao Brasil?

Durante muito tempo, a dengue foi um problema isolado no Sudeste Asiático. Mas, com a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), soldados americanos e japoneses, que lutaram nessa região, foram contaminados. Após o conflito, boa parte do território ficou destruída, com entulho e água parada - e você sabe que o mosquito da dengue adora esses locais, certo?

Com um aumento da quantidade de vetores e de pessoas infectadas circulando pelo mundo, os mosquitos e os vírus viajaram para vários locais. Do Sudeste Asiático à Índia, leste da África e, enfim, Américas e Caribe, chegando ao Brasil em 1982, data que marca nossa primeira grande epidemia (documentada clinicamente) de dengue.

Diferente do vírus, o Aedes aegypti chegou ao Brasil com as Grandes Navegações e o tráfico de escravos, ainda no século 19. Inclusive foi responsável por surtos de Febre Amarela décadas antes da dengue desembarcar aqui.

Medidas protetivas

Conforme explicamos, o mosquito depende de água parada para sua reprodução. Então, para atrapalhar o seu ciclo de vida e diminuir o número de vetores, algumas medidas são importantes, como:

  • evitar deixar no quintal materiais que acumulam água, como pneus, embalagens, potes, etc. Descarte esses itens em centros de reciclagem;
  • encher os pratinhos ou vasos de planta com areia até a borda, evitando que ali acumule água. Se for guardar garrafas (de vidro ou de plástico), as mantenha viradas com a boca para baixo;
  • evitar o acúmulo de água em calhas, lajes e outros, executando uma limpeza frequente nesses locais;
  • conservar as caixas d'água vedadas ou com rede que impeça a entrada de mosquitos;
  • lavar e trocar a água dos bebedouros de aves e animais uma vez por semana;
  • manter a água da piscina tratada com cloro e limpa;
  • não jogar lixo em terrenos baldios, construções e praças. Acione a limpeza urbana quando necessário.

Quer saber mais sobre a história da dengue e como pode aparecer no Enem e nos vestibulares? Assista ao terceiro episódio do Jubilut Cast:

Como a dengue aparece nos vestibulares e no Enem

A dengue é um assunto em alta e aparece de maneira recorrente no Enem e em vestibulares.

As provas podem cobrar conhecimentos sobre os tipos de vírus existentes, meios de transmissão, relações ecológicas (entre vetor e vírus) e inclusive a criação de organismos geneticamente modificados para conter o avanço da doença.

E por ser um problema de saúde pública, é possível ver questões sobre métodos de prevenção. Assim, é bom ter o assunto fresquinho na cabeça e acompanhar as notícias, viu? A seguir, mostramos alguns exemplos de questões que já apareceram em processos seletivos.

Exemplo 1

(ENEM 2011) Durante as estações chuvosas, aumentam no Brasil as campanhas de prevenção à dengue, que têm como objetivo a redução da proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue. Que proposta preventiva poderia ser efetivada para diminuir a reprodução desse mosquito?

a) Colocação de telas nas portas e janelas, pois o mosquito necessita de ambientes cobertos e fechados para a sua reprodução.

b) Substituição das casas de barro por casas de alvenaria, haja vista que o mosquito se reproduz na parede das casas de barro.

c) Remoção dos recipientes que possam acumular água, porque as larvas do mosquito se desenvolvem nesse meio.

d) Higienização adequada de alimentos, visto que as larvas do mosquito se desenvolvem nesse tipo de substrato.

e) Colocação de filtros de água nas casas, visto que a reprodução do mosquito acontece em águas contaminadas.

Resposta: [C]
Os mosquitos transmissores põem seus ovos na água e as larvas se desenvolvem nesse meio. Uma proposta para prevenir o aumento dessas doenças é evitar estruturas com água parada onde seus insetos proliferam.

Exemplo 2

(UNESP 2016) Considere as seguintes manchetes, noticiadas por diferentes meios de comunicação no primeiro semestre de 2015:

Brasil pode ser o primeiro país a ter vacina contra a dengue.
Mosquito da dengue é o mesmo que transmite a febre Chikungunya.

Sobre a relação existente entre esses dois temas, vacina contra dengue e febre Chikungunya, é correto afirmar que a vacina:

a) diminuirá o número de casos de dengue, mas poderá contribuir para o aumento do número de pessoas com febre chikungunya.

b) fará diminuir o tamanho das populações de Aedes aegypti, diminuindo o número de casos de dengue e o número de casos de febre Chikungunya.

c) tornará as pessoas imunes a ambas as doenças, mas a presença de mosquitos Aedes aegypti no ambiente continuará alta.

d) tornará as pessoas imunes ao mosquito Aedes aegypti, mas não imunes aos agentes etiológicos da dengue e da febre chikungunya.

e) protegerá contra a febre Chikungunya apenas nos casos em que o Aedes aegypti for portador de ambos os agentes etiológicos.

Resposta: [A]
A vacinação contra a dengue poderá contribuir para o aumento do número de casos de febre Chikungunya, devido ao afrouxamento das medidas preventivas contra a proliferação do mosquito vetor, as fêmeas do Aedes aegypti.

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Colaborou nesta publicação: Flávio Lima Garcia

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Érica Travain

Jornalista e colaboradora do Aprova Total, com 10 anos de experiência na redação de textos para revistas, sites e blogs sobre educação, saúde, comportamento e tecnologia.

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