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Por que não ouvimos mais falar do buraco na camada de ozônio?

Sem essa camada protetora, a radiação ultravioleta poderia ter consequências devastadoras para a vida na Terra. Mas essa história, até então, tomou um rumo positivo - e eu vou contar pra você

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Nos anos 80, os cientistas de todo o mundo estavam lutando para chamar a atenção do público para um problema ambiental grave que ameaçava a humanidade: o buraco na camada de ozônio e a destruição prevista até 2050. 

Os perigos associados a essa ameaça incluíam o aumento da incidência de câncer de pele e catarata em seres humanos, danos à produção agrícola, impactos na vida selvagem e sérios problemas na reprodução de organismos marinhos, incluindo o fitoplâncton, a base da cadeia alimentar oceânica.

Mas por que, depois de tanto alarde nos anos 80, hoje raramente ouvimos falar sobre o buraco na camada de ozônio? Vamos entender essa história juntos.

O que é a camada de ozônio?

A camada de ozônio é uma parte crucial da atmosfera da Terra, composta principalmente por ozônio, que se concentra entre 20 e 35 km de altitude. Ela age como um "escudo", que protege a vida no planeta, filtrando a radiação ultravioleta do tipo B, que representa uma ameaça à saúde de todos os seres vivos.

Sem essa camada protetora, a radiação ultravioleta poderia ter consequências devastadoras para a vida por aqui. No entanto, ela é surpreendentemente frágil. Além disso, em 1985, cientistas descobriram que estava sendo gradualmente destruída. O fenômeno começou com o notório "buraco na camada de ozônio" sobre a Antártida, onde 40% dela já havia sido dissipada.

Qual a causa do buraco na camada de ozônio?

O culpado por essa destruição era o cloro, que provinha dos clorofluorcarbonetos, ou CFCs, uma classe de compostos criados pela atividade humana. Os CFCs eram amplamente utilizados como propelentes em aerossóis, agentes refrigerantes e na produção de plásticos.

nuvens sobre a Terra
Uma única molécula de cloro pode destruir muitas moléculas de ozônio antes de ser removida da estratosfera (Imagem: Freepik)

Embora inofensivos na superfície da Terra, quando alcançavam a estratosfera, a radiação ultravioleta quebrava os CFCs, liberando cloro na atmosfera.

A substância, então, reagia com o ozônio, desencadeando uma reação em cadeia que destruía moléculas de ozônio em grande escala. Uma única molécula de CFC podia destruir até 100 mil moléculas de ozônio. Com os CFCs presentes em geladeiras, condicionadores de ar, desodorantes e até mesmo em materiais como o isopor, era evidente a necessidade de uma mudança drástica para evitar a perda iminente da camada de ozônio.

O que podemos fazer para proteger a camada de ozônio?

Diante dessa realidade, a pergunta sobre o que fazer para proteger a camada de ozônio era iminente. Mas a história tomou um rumo positivo: a conscientização pública cresceu à medida que o problema chegava às manchetes de jornais, programas de TV e materiais escolares. O medo do câncer de pele tornou essa ameaça pessoal, o que pressionou os líderes mundiais a agirem rapidamente.

Em 1987, o mundo se uniu para criar o Protocolo de Montreal, um acordo histórico que proibia o uso de substâncias prejudiciais à camada de ozônio. Todos os países do planeta assinaram o acordo, fazendo dele o tratado ambiental de maior sucesso na história da humanidade.

Buraco na camada de ozônio - John Kerry, enquanto secretário dos EUA em 2016, negociando com outros líderes alterações no Protocolo de Montreal em uma reunião bilateral no Radisson Blu Hotel em Kigali, Ruanda
 John Kerry, enquanto secretário dos EUA em 2016, negociando com outros líderes alterações no Protocolo de Montreal em uma reunião bilateral no Radisson Blu Hotel em Kigali, Ruanda (Imagem: Flickr Commons/Departamento de Estado dos EUA)

Desde que o Protocolo de Montreal entrou em vigor, em 1º de janeiro de 1989, o uso de substâncias prejudiciais à camada de ozônio diminuiu drasticamente. Ao longo dos anos 1990 e início dos anos 2000, a produção e o consumo de CFCs praticamente acabaram.

Modelos matemáticos sugerem que, sem o Protocolo, os Estados Unidos teriam enfrentado centenas de milhões de casos de câncer de pele e um impacto devastador no meio ambiente.

Além disso, o Protocolo de Montreal também teve benefícios significativos no combate às mudanças climáticas, contribuindo para uma redução substancial das emissões de CO2.

Como está o buraco na camada de ozônio em 2023?

Hoje, mais de 30 anos após a assinatura do Protocolo de Montreal, o buraco na camada de ozônio parou de crescer e está gradualmente se recuperando.

Porém, uma nova preocupação surge com a ascensão dos hidrofluorcarbonetos, ou HFCs, que se tornaram substitutos dos CFCs. Embora não afetem a camada de ozônio, eles são gases de efeito estufa potentes e que contribuem para as mudanças climáticas.

Em 2016, o Protocolo de Montreal foi emendado para incluir os HFCs, e agora estamos nos esforçando para eliminar seu uso. A Emenda de Kigali, de 2016, promete conter o aquecimento global em até 0,5 graus Celsius até 2100.

É possível regenerar a camada de ozônio?

Os cientistas esperam que o buraco na camada de ozônio esteja completamente restaurado até 2065. Embora esse seja um processo lento devido à persistência das moléculas prejudiciais.

Depois de tudo o que você leu até aqui, podemos tirar uma lição, certo? A história da camada de ozônio nos ensina que quando o mundo se une e age rapidamente, é possível enfrentar desafios ambientais significativos. Ainda assim, as mudanças climáticas continuam sendo um problema que exige a mesma determinação e cooperação global.

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Paulo Jubilut

CEO do Aprova Total. É conhecido como "Professor Jubilut” por seu canal no YouTube, que conta com mais de 3 milhões de inscritos, o que faz dele o maior influenciador de Biologia do Brasil.

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