Sociologia no Enem: 5 assuntos para focar em 2024
Descubra quais são os temas que você precisa estudar para se preparar para o exame e veja dicas de como mandar bem nas questões!
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A prova de Sociologia no Enem segue o padrão de anos anteriores, com foco em movimentos sociais e manifestações culturais no Brasil.
As questões não costumam cobrar conteúdos específicos, mas análises sociológicas e interpretativas sobre problemas sociais apresentados nos enunciados.
Agora, com essa informação em mente, você deve estar se perguntando: o que estudar? Então, não deixe de conferir os 5 assuntos que mais aparecem nas questões de Sociologia no Enem:
- Movimentos Sociais.
- Estado e Cidadania.
- Cultura e Sociedade.
- Sociologia Brasileira.
- Sociologia Contemporânea.
Vamos conhecer a fundo como eles aparecem nas provas? Vem com a gente!
NAVEGUE PELOS CONTEÚDOS
Sociologia no Enem: quais temas mais aparecem?
O time do Aprova Total analisou as provas do Enem dos últimos oito anos (de 2016 a 2023) para descobrir quais assuntos de Sociologia aparecem mais vezes no exame. Como resultado, temos o gráfico abaixo:
Cultura e política são temas tradicionalmente abordados pela Sociologia, e não seria diferente no Enem.
Entre os mais recorrentes estão: Movimentos Sociais (18,5%), Estado e Cidadania (16%), Cultura e Sociedade (16%), Sociologia Brasileira (16%) e Sociologia Contemporânea (9,9%).
Assuntos de Sociologia que mais caem no Enem
Vamos analisar os assuntos de Sociologia um por um e descobrir o que é preciso estudar para o Enem 2024?
1. Movimentos Sociais no Enem
Historicamente, os movimentos sociais tiveram participação na conquista de inúmeros direitos para a sociedade.
O movimento feminista guiou a luta pelo sufrágio feminino, garantindo que as mulheres pudessem votar; já o movimento negro esteve à frente dos esforços pelas leis que criminalizam o racismo, pela lei de cotas nas universidades públicas e pela obrigatoriedade de incluir no currículo oficial das escolas o estudo da história e da cultura afro-brasileira.
No Enem, as questões geralmente pedem para relacionar a trajetória desses movimentos a aspectos da atualidade. Por exemplo, como as reivindicações de operárias durante a Revolução Industrial se refletem nos direitos trabalhistas das mulheres hoje?
💡 O movimento negro e o feminista são os que mais aparecem em questões do exame.
Exemplo de questão sobre Movimentos Sociais
(Enem 2022) Eu estava pagando o sapateiro e conversando com um preto que estava lendo um jornal. Ele estava revoltado com um guarda civil que espancou um preto e amarrou numa árvore. O guarda civil é branco. E há certos brancos que transforma o preto em bode expiatório. Quem sabe se guarda civil ignora que já foi extinta a escravidão e ainda estamos em regime de chibata?
JESUS, C. M. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014.
O texto que guarda a grafia original da autora, expõe uma característica da sociedade brasileira, que é o(a):
a) racismo estrutural.
b) desemprego latente.
c) concentração de renda.
d) exclusão informacional.
e) precariedade da educação.
Resposta: [A]
O texto de Carolina Maria de Jesus no livro "Quarto de despejo" ilustra claramente uma cena de violência racial. Este incidente destaca a persistência de práticas discriminatórias e abusivas contra negros, mesmo após a abolição formal da escravidão, refletindo o racismo estrutural que continua a impregnar a sociedade brasileira. Esta cena realça como a discriminação racial está enraizada e institucionalizada, afetando as interações cotidianas e o tratamento das pessoas com base na cor de sua pele.
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2. Estado e Cidadania no Enem
Estado e cidadania são temas bastante amplos. Porém, há alguns tópicos que não podem ficar de fora dos seus estudos, como a formação do Estado moderno, o conceito de cidadania (como foi construída e os direitos dos cidadãos), além da relação entre Estado e poder.
Nas questões que tratam desses assuntos, é comum aparecerem discussões sobre o Brasil. É importante saber, por exemplo, como funcionam os Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e suas atribuições, além de saber o que se destaca na Constituição (entendendo quais são os direitos e deveres dos cidadãos e do Estado).
Exemplo de questão sobre Estado e Cidadania
(Enem 2022) Nascidas no Líbano, as duas irmãs não puderam ser registradas no país, porque lá é exigido que os nascidos sejam filhos de pais e mães libaneses. Seus pais, de nacionalidade síria, também não puderam registrá-las no país de origem. Na Síria, crianças só são registradas por pais oficialmente casados, o que não era o caso deles.
Disponível em: https://agenciabrasi.ebc.com.br. Acesso em: 7 nov. 2021.
Em situações como a apresentada no texto, as pessoas ao nascerem já se encontram na condição sociopolítica de:
a) exiladas.
b) apátridas.
c) foragidas.
d) refugiadas.
e) clandestinas.
Resposta: [B]
O texto descreve a situação de duas irmãs nascidas no Líbano de pais sírios não casados oficialmente, que não conseguem registro em nenhum dos dois países devido a restrições legais específicas. Esse cenário resulta na condição de apátridas, ou seja, indivíduos que não são reconhecidos como cidadãos por nenhum estado. Este status dificulta o acesso a direitos básicos e serviços, refletindo um desafio significativo para muitas pessoas em contextos de deslocamento e migração.
3. Cultura e Sociedade no Enem
Patrimônio material e imaterial, etnocentrismo, indústria cultural, diversidade, relativismo, determinismo e estruturalismo cultural são alguns dos assuntos que aparecem no contexto desse grande tema.
No Enem, dois deles são mais frequentes: patrimônio material e imaterial, e indústria cultural. Nesse caso, vale ter os conceitos na ponta da língua. Por mais que as questões pareçam interpretativas, isso pode fazer a diferença:
- Patrimônio material: pode ser definido como o conjunto de objetos construídos ou alterados por seres humanos e que representam uma época ou cultura;
- Patrimônio imaterial: diz respeito aos “modos de fazer”, ou seja, enquanto uma estátua é classificada como patrimônio material (palpável e construída pelos seres humanos), a feijoada é um patrimônio imaterial, pois, apesar de palpável, está no contexto dos “modos de fazer”;
- Indústria cultural: é um conceito apresentado por Adorno e Horkheimer em A Dialética do Esclarecimento (1947). A partir dele, entendemos que uma cultura massificada e padronizada cujo objetivo é lucrar, transforma os objetos da cultura em “produtos culturais”.
Exemplo de questão sobre Cultura e Sociedade
(Enem 2023) Os vapores cruzavam os mares transportando pessoas, mercadorias e ideias, e ainda carregavam a mala postal, repleta de mensagens. Múltiplas histórias escritas atravessavam o oceano buscando por notícias de filhos e pais, irmãos, maridos e esposas, noivos e noivas. As missivas traziam boas e más novas, comunicavam alegremente nascimentos e casamentos, também doenças e mortes; enviavam declarações de amor e fidelidade, fotos de família; encaminhavam conselhos de velhos, pedidos de ajuda e de dinheiro; expediam cartas bancárias e de chamada. Essa literatura epistolar possibilitava a transmissão e reconstrução das tradições. Os deslocamentos tornaram-se um dos mais potentes produtores de escritura ao longo da história.
TRUZZI, O.: MATOS, I. Saudades: sensibilidades no epistolário de e/imigrantes portugueses (Portugal-Brasil 1890-1930). Rev. Bras. Hist. n. 70, jul.-dez. 2015.
Conforme o texto, as correspondências trocadas entre imigrantes no Brasil com os seus países de procedência constituíam um dispositivo tecnológico que possibilitava o(a):
a) disputa ideológica entre a comunidade de estrangeiros a de nativos.
b) circularidade cultural entre a sociedade de partida e a de acolhimento.
c) controle doutrinário das narrativas do cotidiano de origem e de destino.
d) fiscalização política dos fluxos de populações do Novo e do Velho Mundo.
e) monitoramento social dos grupos de trabalhadores da cidade e do campo.
Resposta: [B]
O texto ilustra como as correspondências entre imigrantes e seus familiares nos países de origem atuavam como uma ponte cultural. Essas cartas não apenas trocavam informações pessoais e notícias, mas também serviam como meio de preservação e reconstrução de tradições culturais. Por meio dessa literatura epistolar, as identidades e culturas eram mantidas e transmitidas, permitindo uma continuidade e interação cultural dinâmica entre os mundos antigo e novo.
4. Sociologia Brasileira no Enem
O assunto que mais aparece no Enem quando se trata de Sociologia Brasileira são as manifestações culturais do país.
As questões costumam ser de caráter interpretativo, o que significa que não é necessário entender tudo sobre as diferentes culturas de cada região. Basta compreender os principais conceitos de cultura e sociedade (vistos acima), e relacioná-los com essas manifestações no Brasil.
No sentido da construção de um pensamento social do país, há sociólogos que viveram durante o século 20 e escreveram sobre diferentes temas, como miscigenação, racismo sofrido pelos descendentes de povos escravizados, formação da identidade nacional e reflexões sobre a colonização.
Os nomes que aparecem com mais frequência na prova são Florestan Fernandes, Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Lélia Gonzalez.
Exemplo de questão sobre Sociologia Brasileira
(Enem 2021) Numa sociedade em transição, a marcha da mudança, em diferentes graus, está impressa em todos os aspectos da ordem social, especialmente no jogo político, que nessas sociedades sempre apresenta padrões característicos de ambivalência, cujas raízes sociais se encontram na coexistência de dois padrões de estrutura social: o padrão tradicional, em declínio, e o novo, emergente, em expansão. Em tais situações, é possível encontrar, simultaneamente, apoio para uma orientação política ou para outra que seja exatamente o seu oposto. O padrão ambivalente do processo político, nas sociedades em desenvolvimento, é o que explica um dos seus traços mais salientes, e que consiste na tendência ao adiamento das grandes decisões. Resulta daí que a inércia política ou a convulsão política podem se suceder uma à outra em períodos surpreendentemente curtos.
PINTO, L A. C. Sociologia e desenvolvimento. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975 (adaptado).
De acordo com a perspectiva apresentada, central no pensamento social brasileiro dos anos 1950 e 1960, o desenvolvimento do país foi marcado por:
a) radicalidade nas agendas de reforma das elites dirigentes.
b) anomalias na execução dos planos econômicos ortodoxos.
c) descompassos na construção de quadros institucionais modernos.
d) ilegitimidade na atuação dos movimentos de representação classista.
e) vagarosidade na dinâmica de aperfeiçoamento dos programas partidários.
Resposta: [C]
De acordo com o texto de Luiz de Aguiar Costa Pinto, o desenvolvimento do Brasil nas décadas de 1950 e 1960 foi caracterizado por um processo de transição marcado por ambivalência política. Essa ambivalência reflete a coexistência de estruturas sociais tradicionais em declínio e novas estruturas em ascensão, o que frequentemente levou a atrasos e inconsistências na construção de instituições modernas e eficazes, resultando em períodos alternados de inércia e convulsão política.
5. Sociologia Contemporânea no Enem
Aqui, destacam-se alguns pensadores que abordam temas relevantes para a compreensão da sociedade atual. Entre eles, podemos citar Norbert Elias, Pierre Bourdieu, Anthony Giddens, Michel Foucault, Jürgen Habermas e Zygmunt Bauman.
É importante ressaltar que esses autores têm sido cada vez mais abordados em questões de Sociologia no Enem, pois suas reflexões se relacionam diretamente com o nosso cotidiano. Suas teorias aparecem nas perguntas que exigem análise crítica e reflexiva sobre temas da atualidade.
Alguns exemplos são globalização, multiculturalismo, identidade, consumo, tecnologia, violência, meio ambiente e poder.
🫂 Essa tendência demonstra a importância da Sociologia Contemporânea e das reflexões sobre a pós-modernidade, fundamentais para a compreensão das transformações sociais e culturais da contemporaneidade.
Exemplo de questão sobre Sociologia Contemporânea
(Enem 2022) São vários os fatores, internos e externos, que influenciam os hábitos das pessoas no acesso à internet, assim como nas práticas culturais realizadas na rede. A utilização das tecnologias de informação e comunicação está diretamente relacionada aos aspectos como: conhecimento de seu uso, acesso à linguagem letrada, nível de instrução, escolaridade, letramento digital, etc. Os que detêm tais recursos (os mais escolarizados) são os que mais acessam a rede e também os que possuem maior índice de acumulatividade das práticas. A análise dos dados nos possibilita dizer que a falta de acesso à rede repete as mesmas adversidades e exclusões já verificadas na sociedade brasileira no que se refere a analfabetos, menos escolarizados, negros, população indígena e desempregados. Isso significa dizer que a internet, se não produz diretamente a exclusão, certamente a reproduz, tendo em vista que os que mais a acessam são justamente os mais jovens, escolarizados, remunerados, trabalha dores qualificados, homens e brancos.
SILVA, F. A. B.; ZIVIANE, P.; GHEZZI, D. R. As tecnologias digitais e seus usos. Brasília; Rio de Janeiro: Ipea, 2019 (adaptado).
Ao analisarem a correlação entre os hábitos e o perfil socioeconômico dos usuários da internet no Brasil, os pesquisadores:
a) apontam o desenvolvimento econômico como solução para ampliar o uso da rede.
b) questionam a crença de que o acesso à informação é igualitário e democrático.
c) afirmam que o uso comercial da rede é a causa da exclusão de minorias.
d) refutam o vínculo entre níveis de escolaridade dificuldade de acesso.
e) condicionam a expansão da rede à elaboração de políticas inclusivas.
Resposta: [B]
A resposta correta [B], destaca que os pesquisadores questionam a crença de que o acesso à internet é igualitário e democrático. O estudo mencionado aponta que o uso da internet no Brasil é fortemente influenciado por fatores socioeconômicos, tais como nível de escolaridade e letramento digital, perpetuando desigualdades existentes na sociedade. Assim, aqueles com maior acesso educacional e recursos são também os que mais utilizam a rede, enquanto grupos marginalizados continuam enfrentando exclusão digital.
Colaborou neste post: Giulia Silveste Rocha e Denner Vieira