Conheça 10 mulheres pioneiras na ciência
Hoje, muitas pesquisadoras já conquistaram seu espaço, mas nem sempre foi assim; entenda o desafio da visibilidade feminina no meio científico
Acessibilidade
O Dia internacional das meninas e mulheres nas ciências, comemorado em 11 de fevereiro, foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015. A data é uma oportunidade para refletir sobre o tema e promover a inclusão de mulheres no ambiente científico, tornando a sociedade mais diversa, equilibrada e justa.
Esse pensamento, inclusive, está presente na Agenda 2030, plano de ação desenvolvido pela ONU para as pessoas, o planeta e a prosperidade, que vê a igualdade de gênero como peça fundamental para o progresso.
Por isso, a celebração é uma forma de lembrar conquistas e avanços de personalidades femininas em suas áreas de estudo. Afinal, no mercado de trabalho, na educação, no esporte e nos espaços de lazer, as mulheres sempre correram atrás - e as mulheres da Ciência também lutaram por reconhecimento!
Assim, é essencial mostrar que, embora seja uma estrada difícil, percorrê-la não é impossível. As mulheres que vamos apresentar aqui conseguiram e você pode se inspirar nelas!
NAVEGUE PELOS CONTEÚDOS
Mulheres da ciência que mudaram a história
Quando se pensa em cientistas, geralmente, as mulheres não são as primeiras a serem lembradas. Albert Einstein, Isaac Newton, Galileu Galilei? De fato, eles mudaram a história da humanidade. Mas muitas mulheres da ciência tiveram participação expressiva nesse campo, com descobertas únicas em várias áreas do conhecimento. Conheça algumas delas!
1. Nise da Silveira (1905 - 1999)
Nise da Silveira começou a cursar Medicina na Bahia aos 21 anos e dedicou toda a sua vida à psiquiatria. Ela ficou conhecida por ser contra tratamentos agressivos, como eletrochoques, confinamento e lobotomia. Além disso, foi a pioneira nas pesquisas das relações emocionais entre pacientes e animais.
Em reconhecimento ao seu trabalho, Nise recebeu diversos títulos e premiações e, em 2015, foi incluída na lista de grandes mulheres que marcaram a história do Rio de Janeiro.
(Imagem: Reprodução/Arquivo Nacional)
2. Marie Curie (1867 – 1934)
A "mãe da Física Moderna", Marie Curie, é mundialmente conhecida por ser pioneira em pesquisas sobre radioatividade. Ela também descobriu os elementos polônio e rádio, conseguindo isolar seus isótopos. Marie foi a primeira mulher a ganhar um Nobel e a primeira a ser laureada duas vezes com o prêmio: em Química, no ano de 1903, e em Física, no ano de 1911. A cientista foi também a primeira mulher a se tornar professora na Universidade de Paris.
(Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons)
3. Rosalind Franklin (1920 – 1958)
Apesar de Watson e Crick receberem os créditos pela descoberta da estrutura do DNA, foi a partir do trabalho de Rosalind Franklin que isso se tornou possível.
Doutora em Física e Química, a pesquisadora dominava as técnicas de cristalografia de raios X e conseguiu criar imagens de raios X do DNA. Entretanto, jamais foi premiada. Ela morreu de câncer de ovário, provavelmente devido à exposição à radiação.
(Imagem: Reprodução/Jewish Chronicle Archive/Heritage Images)
4. Bertha Lutz (1894 – 1976)
Bertha foi uma das maiores biólogas da história do país. Zoóloga, formou-se em ciências naturais na Universidade de Paris e se especializou no estudo de anfíbios. Em 1909, assumiu um cargo público no Rio de Janeiro, o que era vedado às mulheres na época.
Em 1945, participou da Conferência de São Francisco, que deu origem à Organização das Nações Unidas (ONU). Além disso, Bertha foi a principal líder na luta pelos direitos políticos das mulheres no Brasil.
(Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons)
5. Virginia Apgar (1909 – 1974)
Virginia se formou em Medicina na cidade de Nova York, com 24 anos, quando já possuía diploma de Zoologia. Aos 28 anos, tornou-se a primeira professora de anestesia e chefe desse serviço no Columbia Presbyterian Hospital.
Foi a responsável pela criação da Escala Apgar, que avalia os recém-nascidos nos seus primeiros momentos de vida. Com isso, conseguiu diminuir drasticamente as taxas de mortalidade infantil. Até hoje, utilizam seu método na rotina de atendimentos dos bebês.
(Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons)
6. Gertrude Elion (1918 – 1999)
Bioquímica e farmacologista, Gertrude foi especialista no tratamento de doenças como leucemia e gota. Além disso, desenvolveu medicamentos para prevenir a rejeição em transplantes renais.
Em parceria com mais dois pesquisadores, seu trabalho foi fundamental para o desenvolvimento de fármacos contra a AIDS. Como resultado, eles ganharam o Prêmio Nobel de Medicina em 1988.
(Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons)
7. Johanna Dõbereiner (1924 – 2000)
A agrônoma Johanna foi responsável por uma revolução na agricultura brasileira. Em 1951, ela veio ao Brasil e iniciou um programa de pesquisas sobre fixação biológica do nitrogênio em leguminosas tropicais.
Seu trabalho foi útil ao programa brasileiro de melhoramento da soja, em 1964. Em 1997, foi indicada ao Nobel de Química.
(Imagem: Reprodução/Embrapa)
8. Mary Anning (1799 – 1947)
Mary Anning é uma das maiores paleontólogas do mundo. No século XIX, a pesquisadora e sua família coletavam fósseis para complementar a renda. Mesmo sem ter uma educação formal, foi ela quem descobriu o primeiro fóssil de ictiossauro, quando tinha apenas 12 anos.
Suas contribuições foram fundamentais para mudanças no pensamento sobre a vida pré-histórica e da Terra. Os fósseis coletados por Mary, hoje, estão expostos no Museu de História Natural, em Londres.
(Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons)
9. Patricia Bath (1942 – 2019)
Entre as mulheres da ciência, Patricia teve que ultrapassar dois obstáculos para vencer: o primeiro como mulher e o segundo como mulher negra em uma faculdade de Medicina.
Ela começou a trabalhar com oftalmologia e deu atenção especial às comunidades pobres, de onde vinha a maioria das pessoas com problemas de visão. Dessa forma, desenvolveu tratamentos para catarata e conquistou o cargo de primeira professora de oftalmologia na Universidade da Califórnia.
(Imagem: Reprodução/Arquivo Pessoal)
10. Katherine Johnson (1918 – 2020)
Você já assistiu ao filme “Estrelas Além do Tempo”? A história de Katherine inspirou a obra! Ela não só trabalhou 33 anos na NASA, como também quebrou diversas barreiras impostas às mulheres dentro da agência. Começou como computador humano (pessoa que faz cálculos), depois, passou a integrar projetos maiores.
Sua persistência fez com que fosse promovida a líder de cálculos de trajetória e incluída em equipes de missões para a Lua e Marte.
(Imagem: Reprodução/NASA/Wikimedia Commons)
Participação de mulheres na ciência
Um dos fenômenos que explica a discrepância entre a participação feminina e a masculina nas ciências é o efeito tesoura. O termo indica como mulheres são expulsas do campo científico e têm essa relação continuamente limitada ao longo da vida.
Isso se deve a fatores como falta de apoio e encorajamento às alunas para se dedicarem aos estudos de ciências exatas. O resultado dessa discriminação de gênero é o aumento das barreiras de acesso às oportunidades de formação e de carreira na área da pesquisa.
De acordo com os dados do Censo da Educação Superior de 2022, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ainda há uma disparidade em relação aos concluintes de graduações.
Por exemplo, na área da Educação, 78,3% dos concluintes são mulheres, enquanto 21,7 são homens. Já em Computação e Tecnologias da Informação e Comunicação, 15,3% são mulheres e 84,7% são homens. Algo parecido acontece com Engenharia, produção e construção, onde 35,1% dos concluintes são mulheres e 64,9% são homens.
Para que cada vez mais mulheres consigam ingressar nessas carreiras, é importante não só conscientização social sobre essas diferenças, mas políticas públicas que evitem a evasão feminina no Ensino Básico e Superior, fomentem um ambiente de apoio e inclusão e ofereçam apoio financeiro para viabilizar o desenvolvimento profissional de meninas e mulheres nas ciências.
👉 Leia também:
Dia da mulher negra: discutindo identidade e resistência
Feminismo e questões de gênero: leia um resumo completo
Como a dupla jornada afeta as mulheres?
O que tem sido feito para garantir uma maior participação das mulheres na ciência? Segundo a Agência Bori, cuja missão é promover uma mudança na cultura científica do Brasil, nos últimos anos, uma série de alterações na legislação têm tentado ampliar a promoção desse acesso.
Isso obriga o Estado a oferecer políticas que permitam a todos os brasileiros usufruir do direito de integrar os espaços de desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação. Por outro lado, é necessário questionar como as mulheres têm aproveitado essas mudanças, considerando a situação desigual das pesquisadoras que produzem ciência no Brasil.
Afinal, a permanente cobrança pela execução do trabalho doméstico - a conhecida dupla jornada - também afeta a produtividade científica e o ingresso das mulheres no Ensino Superior. Inclusive, o tema da redação do Enem de 2023, sobre os desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher, ampliou a discussão sobre o assunto.
Dessa maneira, entender o papel e conhecer as histórias de mulheres na ciência é importante não só para a construção de repertório sociocultural para os vestibulares, mas também para servir de inspiração na vida acadêmica.