Vida de Estudante

Por que a "geração deprimida" não quer mais estudar?

A depressão entre jovens é um fenômeno de várias causas, a começar pelo uso excessivo das redes sociais e de preocupações que os adolescentes do passado não vivenciavam, como os impactos das mudanças climáticas

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Olá, pessoal! Estou aqui para falar sobre um assunto importante: depressão na adolescência. Não sei se você sabe, mas, nos dias de hoje, 1 em cada 4 adolescentes em todo o mundo apresenta sintomas de depressão ou ansiedade. Ou seja, quando você estiver com um grupo com 4 amigos jovens, saiba que as chances de alguém nesse grupo não estar bem são grandes.

É muito nítido que a pandemia de Covid-19 fez um estrago na saúde mental dos jovens, porque ela trouxe muitos sentimentos negativos de uma só vez. Com o fechamento das instituições, quem estava na escola, ou na faculdade, perdeu as interações com os colegas e com adultos que dão apoio, como é o caso dos professores.

Mas calma, a culpa não é só da pandemia. Ela apenas colocou mais lenha na fogueira. As gerações mais novas já tinham o título de “gerações deprimidas” antes da pandemia acontecer. 

Você já parou pra pensar por que isso tá acorrendo? E como influencia no futuro dessa geração, no que diz respeito aos estudos e à carreira?

Aumento da depressão na adolescência

É comum ouvir por aí, principalmente dos mais velhos, que os jovens estão mais “fracos” quando são comparados com as gerações anteriores. Mas essa comparação não é justa, já que hoje a gente vive em um mundo totalmente diferente.

E é muito difícil dar um só motivo pra essa piora na saúde mental dos jovens e a consequente depressão na adolescência, porque esse é um fenômeno que tem várias causas. Podemos comentar alguns:

Uso excessivo das redes sociais

Existem várias evidências de que passar muito tempo nas redes aumenta os problemas de saúde mental. Uma das causas disso é a comparação constante com outras pessoas que foram “bem sucedidas” na vida, e mostram nas redes a sua riqueza ou uma aparência física dentro dos padrões de beleza.

Além disso, as redes sociais causam um excesso de estímulos no cérebro, bagunçando os neurotransmissores e fazendo com que o mundo real se torne chato. No vídeo a seguir, eu explico o que acontece na mente quando usamos o celular antes de dormir 👇

Falta de interações ao vivo

Outro grande problema é a falta de interações sociais. Mas interações sociais de verdade, pessoalmente, olho no olho. 90% da comunicação dos jovens hoje em dia é feita pelo celular, e isso pode ser um grande problema. 

As interações sociais são uma parte fundamental do bem-estar mental dos humanos. Quando as pessoas têm conexões significativas com outras pessoas, elas se sentem apoiadas, compreendidas e incluídas. Mas perder essas conexões é um gatilho para problemas de saúde mental.

Efeitos da crise econômica

Mais um agravante é que hoje existe muita gente no mundo. Em 2022, a população mundial ultrapassou os 8 bilhões. E com mais gente, você tem mais competição no dia a dia.

Se você fizesse uma faculdade nos anos 1970 ou 1980, você tinha altas chances de ter um emprego garantido e um bom salário. Na verdade, se você soubesse interpretar texto e fazer cálculos matemáticos básicos, você já estava muito bem.

Hoje, ter um diploma de faculdade nunca foi tão importante, mas também nunca foi tão insuficiente. O mercado de trabalho não tá mais absorvendo todos os jovens que terminam uma faculdade.

A recessão econômica no Brasil de 2015 em diante quase dobrou a taxa de desemprego juvenil, que hoje está na casa dos 23% para jovens entre 18 e 24 anos e 39% para adolescentes entre 14 e 17. 

As coisas estão mais caras, não é tão fácil comprar um carro ou uma casa como era no passado. Na verdade, a maioria dos jovens nem tem essa perspectiva. E essa falta de perspectiva é uma grande fonte de desmotivação.

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Eco-ansiedade

As novas gerações tendem a se preocupar mais com um cenário global, e não com o particular. Elas pensam mais além e se envolvem com pautas como justiça social, diversidade e alterações no clima.

Muitos acabam passando por eventos causados pelas mudanças climáticas, ou lendo previsões catastróficas que vão afetar a gente em poucos anos. Ao mesmo tempo, as ações por parte dos governos para barrar essas mudanças são escassas, o que causa muita preocupação.

Ativistas protestam por ações para frear as mudanças climáticas (depressão na adolescência)
Ativistas protestam por ações para frear as mudanças climáticas (Imagem: Adobe Stock)

Mas os jovens não só se preocupam, eles também procuram soluções. E, muitas vezes, sentem uma responsabilidade excessiva por situações que são globais e difíceis de resolver, o que resulta em ansiedade por esse futuro incerto.

Como a depressão na adolescência afeta a motivação?

Todas essas situações elevam muito as taxas de ansiedade e depressão. E isso impacta diretamente na motivação para estudar e seguir uma carreira.

Inclusive, a falta crônica de motivação é um dos sintomas mais comuns da depressão. As pessoas depressivas geralmente notam que as tarefas que antes eram fáceis de concluir tornam-se quase impossíveis.

Os principais neurotransmissores afetados nas pessoas com depressão são a dopamina, a norepinefrina e a serotonina. Mas o neurotransmissor mais intimamente ligado à motivação é a dopamina. 

Ele tem a função de criar sentimentos positivos associados ao reforço e à recompensa, que nos ajudam a ficar motivados para continuar com uma tarefa. Assim, os níveis reduzidos de dopamina podem contribuir para a depressão, e, consequentemente, para a falta de motivação.

Por que os jovens não querem mais estudar?

A falta de motivação pode ser uma dos motivos. Houve uma queda de 60% na procura de cursos superiores nas universidades federais brasileiras entre 2015 e 2021.

Não apenas essa busca diminuiu, como os jovens que estão dentro das universidades estão com dificuldades para terminar seus cursos. E isso pode ser explicado por uma saúde mental prejudicada.

1 em cada 4 adolescentes em todo o mundo apresenta sintomas de depressão ou ansiedad
1 em cada 4 adolescentes no mundo apresenta sintomas de depressão ou ansiedade (Imagem: Adobe Stock)

Em um estudo feito na Noruega, os estudantes que reportaram estar passando por problemas psicológicos severos eram 4 vezes mais propensos a estar indo mal nas disciplinas, e 2 vezes mais propensos a estarem atrasados no curso.

E tem muita gente passando por esses problemas. O Perfil Socioeconômico dos Universitários, uma pesquisa realizada pela Andifes em 2018, aponta que 8 em cada 10 alunos brasileiros relataram sentir ansiedade e sensação de desesperança. 

Outro estudo, realizado pela PUC do Rio Grande do Sul, indica que 36% dos jovens entrevistados fazem ou já fizeram tratamento psicológico, e outros 36% gostariam de fazer. E fazer um acompanhamento com psicólogos é uma das soluções para amenizar esse problema.

Não existe uma única resposta sobre como cuidar da saúde emocional e mental dos jovens.

O acolhimento para a depressão na adolescência deveria ser uma mistura de atendimento psicológico e de saúde, e se necessário, um aconselhamento profissional de estudos e carreira.

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Meu conselho é não desisitir

Caso você seja da geração Y ou Z e esteja se sentindo desmotivado, muita calma nessa hora. Eu gostaria de lembrar que o sucesso não acontece da noite para o dia. 

Não se preocupe se você ainda não sabe qual é o seu caminho ou se está lutando para encontrar motivação. Todo mundo passa por momentos de incerteza e dúvida, e isso é normal.

Lembre-se de que você é capaz de alcançar o que deseja, se estiver disposto a trabalhar duro e não desistir. Defina metas realistas e alcançáveis, quebrando-as em etapas menores para que possa atingi-las passo a passo.

Também é importante buscar mentores e inspiração em pessoas que já estão no caminho que você deseja seguir. Não tenha medo de pedir ajuda e conselhos para aqueles que já alcançaram o sucesso.

Além disso, procurar apoio de um especialista em saúde mental - como um psicólogo ou psiquiatra - pode ser necessário, e não há problema algum nisso.

Por fim, continue seguindo seus sonhos e objetivos, mesmo quando parecer difícil ou impossível!

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Paulo Jubilut

CEO do Aprova Total. É conhecido como "Professor Jubilut” por seu canal no YouTube, que conta com mais de 3 milhões de inscritos, o que faz dele o maior influenciador de Biologia do Brasil.

Ver mais artigos de Paulo Jubilut >

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