Redação da Fuvest: como é, tipos de propostas e dicas de preparação
Saiba tudo sobre a prova de redação da Fuvest com a análise completa do Aprova Total e aumente suas chances de garantir uma vaga na universidade

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Muitos estudantes, ao ouvirem falar sobre a redação da Fuvest, imediatamente ficam ansiosos. Isso acontece porque as propostas da banca que organiza o vestibular da USP costumam ser bastante desafiadoras, assim como o restante da prova.
Na redação da Fuvest, o posicionamento do candidato e a impressão da autoria no texto precisam estar muito presentes. Assim, embora solicite um texto dissertativo-argumentativo (como a redação do Enem), a proposta de tema, geralmente, é mais subjetiva e não uma situação-problema para a qual é necessário sugerir soluções.
Se você quer entender mais sobre a estrutura da redação da Fuvest, chegou ao lugar certo! Neste post, explicamos os critérios de correção, apresentamos dicas para tirar uma nota alta e trazemos os temas que já apareceram em provas anteriores. Confira!
NAVEGUE PELOS CONTEÚDOS
Como é a redação da Fuvest?
A redação da Fuvest é aplicada na segunda fase do vestibular e é muito importante para a aprovação na Universidade de São Paulo (USP). Isso porque vale 50 pontos, o que corresponde à metade da pontuação do dia em que é aplicada. 👀 Sem contar que zerar a redação provoca a eliminação do candidato.
Agora, falando sobre temas, a proposta da Fuvest costuma ser uma oportunidade para que o estudante reflita sobre diferentes aspectos da sociedade.
A banca costuma trazer uma abordagem mais filosófica. Isso significa que os temas são, na maioria das vezes, mais subjetivos do que os do Enem, exigindo uma reflexão profunda e uma postura crítica clara por parte do candidato.
Na hora de fazer sua redação, não esqueça: o exame exige, obrigatoriamente, um título. Ele deve ter relação com a temática e com a discussão apresentada no texto.
Gênero textual exigido na redação da Fuvest
A redação da Fuvest segue o formato de uma dissertação, gênero textual que possui três partes fundamentais: introdução, desenvolvimento e conclusão.
O objetivo principal desse gênero é expor um ponto de vista e apresentar argumentos que o sustentem de forma coerente e estruturada. Assim, o candidato deve:
- na introdução, apresentar o tema e deixar claro o ponto de vista que será defendido ao longo do texto;
- no desenvolvimento, trazer argumentos sólidos e bem fundamentados, que utilizem informações e referências que reforcem a linha de raciocínio escolhida;
- retomar de forma sintética, na conclusão, as ideias discutidas.
💡 Diferentemente da redação do Enem, na Fuvest, é dispensável uma proposta de intervenção.
Dicas para uma redação de sucesso na Fuvest
Quer garantir uma boa pontuação? Então confira algumas dicas sobre a redação da Fuvest para arrasar na prova!
1. Estude o gênero dissertativo
Dominar o gênero dissertativo é muito importante para um bom desempenho na redação da Fuvest.
Isso significa que o candidato deve ser capaz de expressar um ponto de vista claro e escrever em prosa, relacionando de maneira lógica as informações ao longo do texto.
Além disso, é fundamental que os argumentos sejam coerentes e bem construídos para sustentar a tese defendida.
2. Não tente seguir o modelo do Enem
Embora o formato dissertativo-argumentativo seja utilizado tanto na Fuvest quanto no Enem, tentar replicar um mesmo modelo pode ser uma estratégia falha. Isso porque a banca da Fuvest consegue identificar textos que seguem um padrão genérico, o que pode prejudicar a avaliação.
Cada tema da Fuvest demanda uma organização própria, de acordo com o tema proposto, e é essencial evitar argumentos superficiais.
3. Traga apenas repertórios que fortaleçam a argumentação
O uso de repertórios (referências teóricas, históricas, filosóficas etc.) é uma estratégia válida, mas apenas quando eles servem para reforçar a argumentação do texto.
Na Fuvest, não é recomendado apresentar repertórios genéricos, que possam ser utilizados em qualquer tema. Além disso, o uso de filmes, séries, programas e comerciais pode também não ser bem visto.
Portanto, ao introduzir elementos externos no texto, certifique-se de que eles realmente contribuem para a construção de um raciocínio que faça diferença para o seu texto.
👉 Leia também: Repertório para a redação do Enem: dicas por eixos temáticos
4. Não se esqueça do título
Na redação da Fuvest, o título é obrigatório. Caso o candidato não coloque um título no texto, ele será gravemente penalizado, o que pode impactar significativamente a nota final.
Por isso, é importante elaborar um título que seja coerente com o conteúdo do texto e que, ao mesmo tempo, desperte o interesse do leitor.
Você pode usar figuras de linguagem, trabalhar com jogos de palavras, mencionar direta ou indiretamente algo que usou no repertório, entre outras soluções. Tome apenas cuidado com a relação entre o título e o texto: ela deve estar bem evidente.
5. Elabore um projeto de texto bem estruturado e faça um rascunho
Antes de começar a escrever, é essencial que o candidato tenha um planejamento claro do que será desenvolvido ao longo do texto.
Para isso, recomenda-se a elaboração de um projeto de texto e de um rascunho, que ajudarão a organizar as ideias, corrigir possíveis erros e garantir que o texto final esteja coeso e bem estruturado.

Critérios de avaliação da redação da Fuvest
A redação da Fuvest vale 50 pontos, distribuídos em três critérios principais. Durante a correção, dois avaliadores atribuem a pontuação de 1 a 5 para cada critério.
Se os corretores atribuírem pontos iguais, considera-se essa pontuação. Porém, se divergirem em 1 ponto em determinado critério, valerá a média das duas notas. Em outras palavras, se um corretor der a nota 5 e outro, a nota 4 para o primeiro critério, valerá a média: (4+5) ÷ 2, ou seja, 4,5.
Por outro lado, caso a diferença entre os corretores ultrapasse 1 ponto, a redação passará por uma terceira avaliação da banca.
Em seguida, em ambos os casos, os pontos atribuídos a cada aspecto são multiplicados pelos pesos, respectivamente, 4, 3 e 3. Assim, tem-se a nota ponderada da redação, entre 10 e 50 pontos.
A seguir, vamos entender mais a fundo cada um dos critérios.
Critério 1: desenvolvimento do tema e organização do texto dissertativo-argumentativo
- Pontuação máxima: 20 pontos
Neste critério, os avaliadores verificam se o candidato compreendeu corretamente o tema proposto e se respeitou a estrutura exigida no texto dissertativo-argumentativo.
É importante que o texto tenha quatro parágrafos e que, já na introdução, o candidato exponha claramente o tema e o ponto de vista.
A conclusão do texto não deve conter uma proposta de intervenção, como ocorre no Enem. Aqui, o foco é encerrar o texto de forma coerente com as ideias desenvolvidas ao longo da redação.
📝 Lembre-se de não trazer elementos novos na conclusão. Isso pode prejudicar a sua nota.
Critério 2: coerência dos argumentos e articulação das partes do texto
- Pontuação máxima: 15 pontos
Este critério avalia a coesão e a coerência do texto, verificando se há uma conexão lógica entre as ideias apresentadas e se os conectivos e pronomes utilizados auxiliam a fluidez do texto.
O candidato deve evitar senso comum e buscar trazer uma abordagem original para o tema.
Critério 3: correção gramatical e adequação vocabular
- Pontuação máxima: 15 pontos
Aqui, a norma culta da Língua Portuguesa é fundamental. Os avaliadores verificarão se o candidato domina as regras gramaticais e se utiliza um vocabulário adequado ao gênero textual.
Usar palavras muito rebuscadas ou desconhecidas não é necessário; o importante é garantir que o texto esteja claro, sem erros e com um vocabulário diversificado.
👉 Leia também: 25 dúvidas de ortografia respondidas para não se confundir mais
Tema de redação da Fuvest 2025
O tema de redação da Fuvest 2025 foi "As relações sociais por meio da solidariedade".
A proposta trouxe seis textos de apoio para os inscritos, entre eles um fragmento de Quincas Borba, de Machado de Assis, e um trecho da declaração do G20, encontro entre líderes mundiais que ocorreu no Rio de Janeiro em novembro de 2024.
Além disso, o candidato encontrou versos do cantor Cazuza, texto do filósofo Edgar Morin e excertos do livro Um Defeito de Cor, de Ana Maria Gonçalves, e Água Funda, de Ruth Guimarães - que constavam na lista de leituras obrigatórias do vestibular.
Propostas de redação da Fuvest dos últimos 5 anos
Uma boa forma de se familiarizar com esse modelo de texto é estudar os temas de redação da Fuvest que já apareceram em outras edições do exame.
No Acervo do Vestibular, você encontra as provas e gabaritos anteriores. Nesta seção, é possível ler mais informações sobre os textos fornecidos pela banca em cada proposta de redação.
A seguir, reunimos os temas de redação da Fuvest dos últimos cinco anos:
Fuvest 2024
"Educação básica e formação profissional: entre a multitarefa e a reflexão"
Na prova para ingresso em 2024, os candidatos deveriam argumentar sobre os métodos de ensino e a relação entre tarefas repetitivas e momentos de reflexão na formação educacional.
A proposta trouxe como primeiro texto um excerto da obra Sociedade do Cansaço de Byung-Chul Han, que discute os impactos do excesso de atividades na vida moderna. O segundo texto foi O Ócio Criativo, de Domenico de Masi, que aborda o papel do tempo livre na criatividade e no aprendizado. E o terceiro texto apresentou uma pesquisa da Faculdade de Educação da USP (FEUSP) sobre educação indígena no Brasil.
Os textos 4, 5 e 6 foram representações visuais que destacavam a relação entre ócio e produtividade, enquanto o texto 7 era um post do Instagram refletindo sobre a visão de sucesso que a sociedade atual promove.
👉 Leia também: Redação da Fuvest 2024 pede um olhar para a educação; veja análise
Fuvest 2023
"Refugiados ambientais e vulnerabilidade social"
O desafio da redação era discutir a vulnerabilidade enfrentada por refugiados ambientais.
O primeiro texto introduziu o tema com uma discussão sobre o êxodo de refugiados em razão de desastres ambientais. O segundo texto foi um relatório do Banco Mundial, que apresenta dados sobre a distribuição global de refugiados. Em seguida, o texto 3 exibiu uma imagem do livro Êxodos, de Sebastião Salgado, que retrata a migração de povos.
O quarto texto foi um trecho de Vidas Secas, de Graciliano Ramos, seguido de um texto jornalístico do El País (como quinto texto), que aborda os desafios dos refugiados. O sexto texto trouxe um excerto de Ideias para Adiar o Fim do Mundo, de Aílton Krenak, que discute a relação do homem com a natureza.
👉 Leia também: Redação da Fuvest 2023 traz o tema “Refugiados ambientais e vulnerabilidade social”
Fuvest 2022
"As diferentes faces do riso"
Os candidatos deveriam argumentar sobre o papel do riso em diferentes esferas da sociedade.
O primeiro texto, escrito por Marcelo Gleiser, tratou o riso como uma característica universal do ser humano. O segundo texto, do filósofo Henri Bergson, sugeria que o riso possui uma função social de correção de comportamentos. O terceiro texto foi um trecho da obra História do Riso e do Escárnio, que discutia o riso no contexto histórico.
O quarto texto, por sua vez, trouxe uma imagem de uma obra de Yue Minjun com um comentário, representando o riso como crítica social. O quinto incluiu a frase "rir é um ato de resistência", do ator brasileiro Paulo Gustavo.
Fuvest 2021
"O mundo contemporâneo está fora de ordem?"
A proposta pedia uma visão crítica sobre a ordem (ou desordem) do mundo atual.
O primeiro texto foi um excerto do ensaio A Nova Razão do Mundo, de Pierre Dardot e Christian Laval, que discute a lógica neoliberal. O segundo texto foi um poema de Carlos Drummond de Andrade, que fala sobre a desordem no mundo.
O terceiro texto foi a letra de uma música de Caetano Veloso, a qual critica a sociedade contemporânea. Por fim, o quarto texto foi um trecho de um discurso de Greta Thunberg, no qual a ativista climática acusava líderes mundiais de negligência em relação ao meio ambiente.
👉 Leia também: E se a redação for sobre meio ambiente? Veja sugestões de repertórios
Fuvest 2020
"O papel da ciência no mundo contemporâneo"
O tema teve o objetivo de discutir a relevância e o impacto da ciência no contexto atual da sociedade.
O primeiro texto foi uma tirinha de Luís Fernando Veríssimo, seguida de um texto de Oscar Sala sobre a relevância da ciência. O terceiro texto foi um poema de Gilberto Gol, que aborda a ciência de forma poética.

O quarto texto, de Carl Sagan, destaca a relação entre ciência e sociedade, enquanto o quinto texto foi um artigo jornalístico de Alicia Kowaltowski, que discute a importância da ciência na sociedade moderna.
Atenção ao que pode zerar sua nota
A prova para tentar uma vaga na USP é muito disputada e temos certeza de que você não quer perder a oportunidade de conquistar o seu espaço nessa universidade.
Assim, ao escrever a redação da Fuvest, é essencial prestar atenção às regras para evitar que a sua nota seja zerada. Redações em branco, que fujam do tema ou que não sigam o tipo textual exigido pela proposta serão desclassificadas.
Além disso, textos que contenham menos do que o limite mínimo de linhas especificado também são zerados. É importante lembrar que qualquer uso de elementos verbais ou visuais que não estejam relacionados ao tema da redação resultará em nota zero.
🚫 A anulação da redação implica automaticamente a desclassificação do candidato no processo seletivo. Portanto, siga rigorosamente as instruções e mantenha o foco no tema proposto.
Principais diferenças entre a redação da Fuvest e do Enem
Ambos os modelos de redação exigem do candidato habilidades de argumentação e domínio da norma culta da Língua Portuguesa. No entanto, a redação da Fuvest se diferencia em vários aspectos da proposta do Enem. São eles:
- Obrigatoriedade do título: na Fuvest, é obrigatório que a redação tenha título, enquanto no Enem isso não é exigido;
- Ausência de proposta de intervenção: a Fuvest não pede uma proposta de intervenção para resolver o problema apresentado, que é um dos critérios essenciais da redação do Enem;
- Temas abordados: no Enem, os temas discutem problemas da sociedade, enquanto a Fuvest costuma refletir sobre diversas questões sociais, com tópicos mais amplos;
- Uso de repertórios socioculturais: no Enem, o uso de repertório é obrigatório e pode ser mais generalista. Já na Fuvest, os repertórios só são válidos quando trazem uma informação relevante para o texto;
- Paráfrase da coletânea: no Enem, a paráfrase dos textos da coletânea é permitida, mas, na Fuvest, essa prática é mal vista e pode prejudicar a argumentação do candidato.
Quer mais dicas para ficar confiante para a prova? Confira o Guia completo do vestibular da Fuvest, com todas as informações que precisa saber: concorrência, cálculo da nota, leituras obrigatórias e muito mais!
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Colaborou nesta publicação: Cláudia Bechler