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Redação da Fuvest: semelhanças e diferenças com o Enem

O histórico é de propostas desafiadoras, exigindo que o(a) vestibulando(a) deixe a sua marca bastante clara no texto

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Redação Fuvest: só de ouvir essa expressão muitos estudantes já ficam ansiosos! Isso porque as propostas da redação da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), que organiza o vestibular da USP, costumam ser bastante desafiadoras, assim como o restante da prova.

Na redação da Fuvest, o posicionamento do candidato e a impressão da autoria no texto precisam estar muito presentes. Nesse sentido, embora solicite um texto dissertativo-argumentativo (assim como a redação do Enem) a proposta de tema, geralmente, é sobre algo mais subjetivo e não uma situação-problema para a qual é necessário sugerir uma solução

Dê só uma olhada nos títulos das propostas da Fuvest dos últimos cinco anos:
2017 – O homem saiu de sua menoridade?
2018 – Devem existir limites para a arte?
2019 – De que maneira o passado contribui para a compreensão do presente?
2020 – O papel da ciência no mundo contemporâneo
2022 – As diferentes faces do riso
2023 - Refugiados ambientais e vulnerabilidade social

Já dá para notar que se trata de uma abordagem diferente, não é? Por isso mesmo, ela costuma tirar o sono de muita gente que já está “viciada” em treinar o modelo do Enem. Mas sem desespero: além das características da redação da Fuvest, reunimos semelhanças e diferenças em relação ao Enem, a fim de que você tenha informações suficientes para fazer um ótimo texto! Partiu?

Entenda a redação da Fuvest

Reunimos semelhanças e diferenças da proposta da Fuvest em relação ao Enem (Imagem: Stock Adobe)

Tema subjetivo: o que é isso?

A subjetividade tem a ver com algo característico de um indivíduo, uma particularidade, algo mais pessoal. Assim, um tema subjetivo se relaciona a alguma coisa que “pertence ao sujeito pensante e a seu íntimo”. Porém, mesmo que a proposta de redação traga alguma temática subjetiva, o olhar do autor do texto precisa ser de quem observa o fenômeno de fora, ou seja, o assunto deverá ser tratado com objetividade.

Confundiu mais que ajudou? Vamos tentar facilitar com um exemplo: em 2019, os candidatos precisaram responder à questão: Devem existir limites para a arte? A partir da leitura da coletânea (falaremos dela mais adiante), era necessário delimitar a abordagem fazendo um recorte temático que poderia ir, por exemplo, por esses caminhos (listados abaixo), mostrando o que o candidato compreende como “limite”: 

  • a liberdade de expressão do artista; 
  • a definição do que é considerado arte; 
  • a função da arte na sociedade; entre outros.

Independentemente do caminho escolhido, não se tratava de uma análise sentimentalista do autor da redação com relação à arte, mas da exposição de uma opinião (que no mundo das redações costumamos chamar de tese). Ela é fundamentada em dados objetivos a respeito do tema (muito semelhante ao que chamamos de repertório sociocultural para o Enem). Isso caso a estratégia argumentativa escolhida pelo vestibulando seja a da citação, ou seja, recorrendo a elementos que mostrem o que ou quem já tratou disso anteriormente.

🤔 Vantagens e desvantagens de temas subjetivos

Um tema subjetivo é mais abrangente e abstrato, traz questões universais sobre as quais os seres humanos refletem ou podem vir a refletir.

A vantagem, nesse caso, é que o autor ou autora tem uma maior liberdade para escolher como vai se posicionar diante dele. Isso difere no Enem, em que os textos motivadores tendem a direcionar os participantes à pensamentos com uma posição bem definida e determinada pela banca da prova (por exemplo, afirmando alguma problemática e apresentando uma solução).

A desvantagem é que pode haver mais dificuldade de o candidato compreender sobre o que precisa escrever de fato, fugindo, dessa forma, do tema, isto é, “viajando na maionese” – e podendo zerar a prova de redação! Por isso, é necessário desenvolver muito bem a sua ter capacidade de interpretar textos.

No fundo, além de ver o desempenho escrito dos vestibulandos, a Fuvest quer colocar à prova a capacidade de interpretação textual de quem visa a uma vaga na USP, visto que essa é uma habilidade fundamental para quem pretende ingressar em um curso no Ensino Superior.

Uso da coletânea da Fuvest

Para entender sobre qual assunto você vai discorrer, sem correr risco de fugir do tema ou não tratar dele de forma completa, será preciso ler atentamente os textos da coletânea disponibilizada na prova. Ela poderá ser composta por textos verbais (trechos de artigos, notícias, verbetes, músicas, poemas etc.), não verbais (quadros, figuras) ou mistos (publicidades, gráficos, HQs entre outros).

Aqui, cabe mencionar que, ao contrário do Enem, desde que não haja cópia, evidentemente, você pode e deve relacionar os textos da coletânea entre si para desenvolver seus argumentos. É fundamental, portanto, que você separe um tempo da prova para ler com atenção e calma esses textos, marcar aquilo que mais gostou e tem a ver com o que pretende escrever para poder organizar seu projeto de texto. Também busque traçar paralelos entre eles para desenvolver sua argumentação.

A intenção dos avaliadores é verificar o que foi entendido desses textos e a capacidade de mobilizar os conhecimentos a fim de formar ideias coerentes e embasadas. E, falando de avaliação, você sabe quais critérios serão usados para dar nota à sua redação?

Critérios de avaliação da redação da Fuvest

A prova de redação da Fuvest vale 50 pontos, distribuídos em três critérios:

1. Desenvolvimento do tema e organização do texto dissertativo-argumentativo: 20 pontos

É aqui que os avaliadores identificam se o autor do texto compreendeu o tema proposto e se a estrutura dissertativa-argumentativa foi respeitada. Lembre-se de desenvolver de quatro a cinco parágrafos e já na introdução expor o tema e a sua opinião. A conclusão não demandará de você uma proposta de intervenção, então não fique preso a esse modelo. Seu texto precisa finalizar de forma coerente com aquilo que você desenvolveu de ideias ao longo dele. Um ponto importante é mostrar que você sabe se posicionar criticamente diante do tema, mostrando-o sob diversos ângulos.

2. Coerência dos argumentos e articulação das partes do texto: 15 pontos

Dito mais diretamente, são as nossas boas e velhas coesão e coerência. Será visto se houve uma conexão adequada das ideias (argumentos e opiniões) e se a superfície textual contempla o uso de conectivos adequados, sejam operadores argumentativos ou elementos de retomada, como os pronomes demonstrativos. Ainda com relação a esse critério, não esqueça de evitar o senso comum e mostrar que você tem conteúdo, que sabe colocar suas ideias de forma original!

3. Correção gramatical e adequação vocabular: 15 pontos

Nesse último critério avaliativo, busca-se identificar se o candidato ou candidata tem domínio da norma padrão escrita da Língua Portuguesa e se demonstra isso de modo claro, utilizando vocabulário pertinente ao gênero textual. Lembre-se que a adequação à norma padrão não se trata de usar “palavras difíceis” e termos quase desconhecidos da língua para parecer erudito, mas, sim, demonstrar um bom vocabulário, condizente com o estilo escolhido, respeitando as regras gramaticais. 

Na dúvida sobre o significado de um termo, não invente: vá pelo certo, que você irá bem! Escolha uma palavra mais comum, mesmo que não tão “bonita” ou “diferente”, e garanta que você vai expressar exatamente aquilo que quer! Porém, ter um amplo vocabulário é importante, então evite repetições quando possível com o uso de sinônimos ou outros recursos.

👨🏼‍💻 Confira o Guia prático do vestibular da Fuvest, com todas as informações que você precisa saber: como são as provas, a redação, concorrência, calendário e mais!

Título da redação da Fuvest

A Fuvest cobra que o candidato ou candidata coloque título na sua redação, diferentemente do Enem, em que é opcional – e normalmente se recomenda não o colocar. Quando a banca pede obrigatoriamente um título, significa que ele será avaliado, portanto, não pode ser qualquer título, tem que ser O TÍTULO!

E como chegar a um bom título para a redação, coerente com a sua argumentação e atrativo ao leitor? Podemos usar algumas estratégias. Por exemplo, escolher alguma citação da coletânea e usar metáforas, ironia ou mesmo mencionar direta ou indiretamente algo que você usou no repertório podem ser boas alternativas para elaborar um título. Evite coisas óbvias e sem graça, como, ao tratar sobre “as faces do riso”, escrever apenas “Rir” ou “O riso”. Vá além, coloque-se na posição do leitor e pense: com esse título, eu teria vontade de ler o texto? Aqui, é mais um momento importante para imprimir sua marca e dar um tom próprio à dissertação-argumentativa.

Atenção com o que pode zerar sua prova

A prova para tentar uma vaga na USP é muito disputada e temos certeza de que você não quer perder a oportunidade de conquistar o seu espaço nessa universidade. Então, tenha atenção às ações que podem levar à nota zero e passe longe delas:

  • deixar a folha de redação em branco;
  • fugir do tema e/ou gênero proposto;
  • escrever menos de 20 linhas (lembrando que o máximo são 30);
  • adicionar elementos verbais ou visuais não relacionados com o tema de redação (semelhante às famosas formas elementares de anulação do Enem).

Esperamos que com essas dicas você fique mais confiante para a prova. Temos certeza de que se sairá bem 🤓. Até a próxima!

☑️ Leia também:

Fuvest: saiba os assuntos mais cobrados na 1ª fase
2ª fase da Fuvest: o que esperar das provas
Como as leituras da Fuvest ajudam no repertório da redação?

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Cláudia Bechler

Colaboradora do Aprova Total. Bacharel e licenciada em Letras Português pela UFSC e mestre em Linguística pela mesma instituição.

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Colaboradora do Aprova Total. Bacharel e licenciada em Letras Português pela UFSC e mestre em Linguística pela mesma instituição.

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