Como as leituras da Fuvest ajudam no repertório da redação?
Os personagens e as histórias que eles vivem podem servir de inspiração e deixar o seu texto cheio de referências interessantes e legitimadas
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Olá, vestibulander! Se você está se preparando para os vestibulares, com certeza, já conferiu as listas de obras obrigatórias. Deve ter percebido, então, quantas leituras interessantes e recheadas de possibilidades estão sendo cobradas. Neste post, vamos entender como alguns livros da Fuvest 2024 podem auxiliar a construir uma argumentação e um repertório legitimado na redação.
NAVEGUE PELOS CONTEÚDOS
Livros da Fuvest 2024
Aliás, entre os critérios de correção da redação da Fuvest está "o desenvolvimento do tema e a organização do texto dissertativo-argumentativo". Para garantir uma boa nota, é importante usar referências intelectuais externas e de caráter intertextual, a fim de construir analogias, comparações ou paralelos que sustentem os argumentos.
Veja como os livros da Fuvest 2024 podem ajudar, seja por meio dos personagens ou das histórias que agregam a qualquer repertório.
Quincas Borba (Machado de Assis, 1981)
O livro conta a história de Rubião, professor de Matemática que recebe uma grande herança de seu amigo Quincas Borba. O filósofo acredita no "humanitismo", que prega a sobrevivência dos mais aptos. Essa crença herdada de Quincas leva Rubião a adotar comportamentos extravagantes e a se envolver em situações cômicas e trágicas.
Por meio do personagem, o autor faz uma sátira à sociedade brasileira da época, especialmente à elite intelectual e política. Ele critica a ilusão da riqueza e do poder, refletindo sobre a natureza humana e a busca pela felicidade.
Como usar o livro na redação?
Seguindo o lema "ao vencedor, as batatas", Rubião valoriza o dinheiro e a fortuna, e é isso que o guia nas relações que constrói com as demais personagens. Em resumo, elas se apoiam em valores amorais, ganância e corrupção.
O romance, portanto, pode ser estar presente em redações sobre ética, corrupção, valorização de bens materiais, desigualdade social, individualismo e mais. Veja um exemplo de introdução que utiliza o livro para abordar a desigualdade social:
Na obra Quincas Borba, o leitor é apresentado a Rubião, professor que recebe uma herança e, a partir daí, tem o dinheiro como foco de sua vida e de suas relações, vivendo em uma sociedade que valoriza mais os bens materiais do que as relações sociais. Comparando a obra à realidade brasileira atual, percebe-se que a desigualdade econômica e social existe, assim como no romance de Machado de Assis, e deve ser combatida em busca de um mundo menos desigual.
Angústia (Graciliano Ramos, 1936)
Conhecemos a história de Luís da Silva, funcionário público que mora em uma pensão e demonstra completa insatisfação diante das frustrações que carrega consigo. Sua vida muda quando ele se apaixona por Marina, mas as coisas desandam assim que ele descobre uma traição da amada.
Luís começa a agir de maneira estranha, afastando as pessoas ao seu redor e se isolando cada vez mais. O livro tem narração em primeira pessoa e mostra o que se passa na cabeça do personagem, como ele vê o mundo e lida com seus sentimentos. É uma obra que trata dos temas solidão, amor, angústia e desespero.
Como usar o livro na redação?
A obra pode ser utilizada em temas que abordam saúde mental em geral, visto que Luís demonstra ter visões e pensamentos confusos e perturbadores, o que o leva a procurar um psiquiatra. O nome da obra, inclusive, remete a isso (angústia é um estado mental de perturbação emocional).
Nós matamos o cão tinhoso! (Luís Bernardo Honwana, 1964)
Esta coletânea de contos traz histórias que retratam a vida na então colônia portuguesa de Moçambique. Aborda temas como pobreza, discriminação racial e relações entre colonizadores e colonizados. Um dos contos mais conhecidos é o que dá título à obra.
Ele narra a ocasião em que crianças matam um cão abandonado e doente na esperança de se livrarem da doença que ameaça a aldeia. O cão Tinhoso é o protagonista e se torna uma metáfora para as pessoas negras que foram exploradas e maltratadas.
Como usar o livro na redação?
É possível citar a obra em redações de temas variados, entre eles a violência - animal ou urbana. Além disso, ela se encaixa em texto que precisar abordar empatia ou compaixão, que tendem a aparecer nas propostas da Fuvest). Por fim, os contos deste livro podem ser citados ao tratar de racismo, exclusão social e descolonização.
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Campo geral (Guimarães Rosa, 1964) e Dois irmãos (Milton Hatoum, 2000)
O romance de Guimarães Rosa conta a história de Miguilim, garoto de oito anos que vive com sua família em uma área remota do interior do Brasil. Seguimos a vida diária do menino, seus relacionamentos com a família e as crenças e tradições supersticiosas da comunidade rural. Ao longo da história, ele enfrenta vários desafios, incluindo doenças, conflitos familiares e a morte de pessoas próximas. A obra mostra a vida no campo e a resiliência diante das adversidades.
A história escrita por Milton Hatoum tem algumas semelhanças com o romance de Rosa. Ela se passa em Manaus, na década de 60, e retrata a saga da família de imigrantes libaneses: Zana, Halim e seus filhos gêmeos, Omar e Yaqub. A relação conturbada entre os dois é o tema central da trama, que explora ainda questões como identidade, amor, inveja e vingança. O livro é ambientado em um período histórico importante da cidade, marcado por modernização e transformações sociais.
Como usar os livros na redação?
As duas obras presentes na lista de livros da Fuvest 2024 se aproximam no que diz respeito à construção de personagens complexos e à exploração de temas como família, identidade e conflitos internos. Elas apresentam sujeitos com profundas angústias existenciais e que se moldam a partir de suas relações familiares.
Em Campo geral, por exemplo, o protagonista é um menino que busca compreender a morte e a vida a partir da relação com o avô misterioso e enigmático. Desenvolve também profundos laços de amizade com os irmãos, além de alguns conflitos. Em Dois irmãos, a história se concentra na relação conturbada entre os gêmeos Yaqub e Omar, que têm personalidades opostas e se confrontam constantemente.
Para além de suas semelhanças, o primeiro ainda pode ser uma referência em temas que abordam a zona rural, enquanto o outro contribui ao falar sobre o Amazonas ou migração.
Romanceiro da Inconfidência (Cecília Meireles, 1953)
Por meio de poemas, a obra retrata o período da Inconfidência Mineira, discorrendo sobre diversos personagens envolvidos no movimento, como Tiradentes, Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa.
Com uma abordagem poética e cheia de emoção, nota-se uma visão crítica da sociedade e do poder. A autora reflete sobre os valores da liberdade, da justiça e a importância de lutar por esses ideais.
Como usar os livros na redação?
Como a Conjuração Mineira é um movimento de cidadania e de participação política, é interessante usar a obra para discutir o envolvimento da sociedade civil na construção de um país mais justo e democrático.
Gostou das dicas? Agora você já sabe que as obras literárias obrigatórias (sejam os livros da Fuvest 2024 ou de outros vestibulares) servem como fonte de repertório e argumentação, tornando-se uma excelente estratégia para obter boas notas na redação.
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