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Como a nota do Enem é calculada? Veja um guia simplificado

Saiba como é feito o cálculo e como funciona a famosa Teoria da Resposta ao Item (TRI)

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Você já se perguntou como funciona a nota do Enem? Ou como a nota do Enem é calculada? É que muita gente confunde o número de acertos na prova com a nota final - mas não são a mesma coisa.

Essa confusão acontece porque o número de pontos que você fez no Enem não tem relação direta com a nota que vai obter no final. O cálculo da nota do Enem utiliza a Teoria de Resposta ao Item (TRI), que considera não apenas a quantidade de acertos, mas também a dificuldade das questões e a consistência das respostas.

Ela explica muitas das perguntas que surgem na cabeça dos estudantes quando conferem o resultado:

  • por que meu amigo tirou nota maior do que eu se acertamos a mesma quantidade de questões?
  • por que acertei mais questões esse ano e a minha nota foi menor que a do ano passado?
  • como é possível a nota máxima ser maior do que 1.000?

Para você não ter mais dúvidas sobre como funciona o cálculo da nota do Enem, reunimos todos os detalhes dessa etapa.

O que é a Teoria de Resposta ao Item (TRI)?

A TRI é uma metodologia que usa cálculos de estatística para chegar o mais perto possível de avaliar o conhecimento da pessoa que fez a prova.

Ela é completamente diferente do tipo de correção que temos numa prova de escola, por exemplo. Porém, a TRI é utilizada em todo o mundo, inclusive em outras avaliações de alto prestígio. Entre elas, está o TOEFL (a prova internacional de proficiência na língua inglesa) e o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa).

Esse método garante uma avaliação mais precisa do conhecimento do aluno, diferenciando quem foi só "no chute" e quem possui conhecimento efetivo sobre o assunto. Portanto, ao realizar o exame, a consistência nas respostas é tão importante quanto a quantidade de acertos.

Como funciona o cálculo da nota do Enem?

Sob a perspectiva da TRI, dá para dizer que, em linhas gerais, a prova do Enem é um instrumento de medida do conhecimento do estudante.

Se você quer medir a altura de uma pessoa, o instrumento pode ser uma fita métrica, e os padrões de medida são o metro e o centímetro, certo? Assim, com uma fita métrica (o instrumento), você consegue dizer que determinada pessoa tem 1 metro e 72 centímetros de altura, por exemplo.

Agora, se o Enem é um instrumento para medir o conhecimento de alguém, como uma régua, é preciso usar um padrão para “ler” esse conhecimento que foi medido. A TRI gera esse padrão.

Essa escala é, em termos gerais, uma “régua” na qual as questões se distribuem, considerando seu nível de dificuldade. Assim, as questões mais fáceis estão em uma posição de menor valor; as médias, em uma posição de valor médio; e as difíceis, em uma posição de valor mais alto. 

Os três parâmetros da TRI no Enem

A escala considera três parâmetros, veja:

  • Discriminação

O parâmetro de discriminação serve para diferenciar os estudantes que dominam dos que não dominam a habilidade avaliada em cada questão.

  • Dificuldade

O parâmetro de dificuldade é o que associa a dificuldade da questão ao valor dela. Quanto mais difícil a questão, maior é o seu valor dentro da escala. Mas cuidado! Aqui não estamos falando de peso em questão, e sim de valor na escala – questões mais baixas em posições mais baixas da “régua” e assim por diante.

  • Acerto casual

O parâmetro de acerto casual é o do "chutômetro". Ele mostra a probabilidade de um estudante acertar uma questão no chute, mesmo sem ter domínio da habilidade avaliada nessa questão.

Cada questão que compõe a prova do Enem já tem seus três parâmetros definidos e, por consequência, suas posição na “régua” da escala de proficiência.

Após a prova, os erros e acertos de cada estudante são medidos dentro dessa mesma régua. Ou seja, avalia-se cada estudante individualmente com base unicamente em seu desempenho.

Por isso, não faz sentido comparar a sua nota com a de outros candidatos, mesmo que o número de acertos seja igual. Afinal, cada questão tem seus próprios parâmetros e cada estudante teve desempenhos diferentes.

A atribuição das notas do Enem

Antes de qualquer coisa, vale destacar que a prova de cada área do conhecimento estabelece sua própria régua, por isso, não é possível comparar as notas de cada uma.

Com a avaliação individual do desempenho de cada estudante, as classificações de todos os candidatos são inseridas na régua de proficiência de cada prova. Veja um esquema que pode ajudar a visualizar melhor como isso fica na prática:

Ilustração da escala de proficiência do Enem

Cada área terá sua própria nota máxima e nota mínima a cada ano, e a quantidade de acertos pode representar notas maiores ou menores.

Essa variação se dá justamente porque a composição da prova (que considera dificuldade das questões, parâmetros atribuídos a cada uma, etc.) muda, o que modifica a régua.

A régua não tem limitação (como mínimo de 0 e máximo de 1.000), portanto, pode acontecer de ultrapassar a nota 1.000 quando a prova for composta por questões mais difíceis.

Como o Enem define as questões fáceis, médias ou difíceis?

Mas como o Enem sabe quais questões são as fáceis, quais são as médias e quais são as difíceis?

Essa definição é feita em duas partes.

  • A primeira parte é mais prática:

Questões são previamente classificadas nessa escala de fáceis, médias e difíceis após passarem por provas de teste (chamadas pré-teste) em exames aplicados em todo o país, todos os anos, de forma controlada.

A classificação acontece com base na média de acertos dos estudantes. Dessa forma, as que têm menos acertos são mais difíceis; as que têm alta taxa de acertos são mais fáceis, e assim por diante.

As questões elaboradas passam por várias etapas de teste e, uma vez aprovadas, compõem um gigantesco banco de questões, no qual as provas se baseiam todos os anos.

  • A segunda parte diz respeito às questões em si:

Cada prova, como um todo, avalia um conjunto de habilidades que partem das mais simples às mais complexas. Ou seja, existe um pressuposto que o estudante só consegue dominar uma habilidade mais complexa se antes dominar as habilidades menos complexas. Cada questão é formulada para avaliar uma habilidade desse tipo.

É com base nesses raciocínios que se estabelece a régua de acertos de cada prova. Considera-se que uma questão que mede uma habilidade menos complexa tem menos valor na régua, e uma que mede uma habilidade mais difícil tem maior valor. Veja o esquema para entender melhor:

Mapa de itens de matemática e suas tecnologias para explicar a dificuldade das questões

No esquema acima, podemos ver que a habilidade marcada no valor mais baixo da régua é mais simples do que a que está no no valor mais alto.

Como calcular a nota do Enem a partir do meu número de acertos?

A TRI é um cálculo bastante complexo, que leva em conta parâmetros estatísticos e uma série de modelos matemáticos que não podem ser reproduzidos sem as informações prévias sobre as questões - informações que só o Inep tem.

Porém, também não é impossível ter ideia da própria nota (ou, pelo menos, do próprio desempenho) a partir do número de acertos.

Porém, é possível que dois candidatos com a mesma quantidade de acertos acabem com notas diferentes. Isso acontece pois cada estudante tem uma avaliação individual e cada questão tem seus próprios parâmetros.

A diferença entre as notas de cada um, no entanto, nunca será tão grande. Então, não se apegue demais a isso na hora de tentar prever seu desempenho.

É certo que não dá para saber quais vão ser as variações da régua de cada prova a cada ano, nem quais serão as notas máximas e mínimas. Mas o Enem continua sendo uma prova em que os acertos valem bastante, assim como todas as outras provas!

Assim, se você acertou muitas questões, é bem possível que o resultado na nota final será muito bom – pode ficar tranquilo.

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Ana Lourenço

Jornalista colaboradora do Aprova Total. Trabalha na área de educação há 10 anos e hoje coordena equipes editoriais da área de Linguagens na educação básica. Como repórter, passou por Editora Abril, Quero Bolsa, SOMOS Educação, Instituto FHC, entre outros.

Ver mais artigos de Ana Lourenço >

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