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Entenda como funciona a nota do Enem

Saiba como é feito o cálculo e como funciona a famosa Teoria da Resposta ao Item (TRI)

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Você sabe como funciona a nota do Enem e como ela é calculada? Muita gente costuma confundir o número de acertos que teve nas provas com a nota final do exame, mas não é bem assim.

Neste post, vamos te explicar que o número de pontos que você fez no Enem não tem relação direta com a nota que vai obter. Isso porque o cálculo da nota utiliza sofisticados modelos matemáticos, como a Teoria da Resposta ao Item (TRI).

Ela explica muitas das perguntas que pipocam na cabeça dos estudantes quando recebem o resultado do Enem: “Por que meu amigo tirou nota maior do que eu se acertamos a mesma quantidade de questões?". "Por que acertei mais questões esse ano e a minha nota foi menor que a do ano passado?". "Como é possível a nota máxima ser maior do que 1.000?". Todas essas dúvidas aparecem sempre! Essa última, inclusive, deixou muita gente perdida depois do Enem 2015, quando 13 estudantes tiraram 1.008,3 em Matemática.

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Como a nota do Enem é calculada

A TRI é uma metodologia que usa muita estatística para chegar o mais perto possível de avaliar o conhecimento da pessoa que fez a prova.

Ela é completamente diferente do tipo de correção que temos numa prova de escola, por exemplo. Porém, a TRI é utilizada em todo o mundo, inclusive em outras avaliações de alto prestígio. Entre elas, está o TOEFL (a prova internacional de proficiência na língua inglesa) e o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). Em outras palavras: pode confiar! 

Entendendo a TRI

Bom, mas vamos lá: como funciona a TRI?

Sob a perspectiva da TRI, dá para dizer que, em linhas gerais, a prova do Enem funciona como um instrumento de medida do conhecimento do estudante.

Se você quer medir a altura de uma pessoa, o instrumento pode ser uma fita métrica, e os padrões de medida são o metro e o centímetro, certo? Assim, com uma fita métrica (o instrumento), você consegue dizer que determinada pessoa tem 1 metro e 72 centímetros de altura, por exemplo.

Agora, se o Enem é o instrumento para medir o conhecimento de alguém, como uma régua, é preciso usar um padrão para “ler” esse conhecimento que foi medido. A TRI gera esse padrão (como o metro ou o centímetro): é a escala de proficiência.

De forma geral, essa é a escala em que os erros e acertos de cada aluno se encaixam e geram sua nota final.

A escala é, em termos gerais, uma “régua” na qual as questões se distribuem, considerando seu nível de dificuldade. Assim, as questões mais fáceis estão em uma posição de menor valor; as médias, em uma posição de valor médio; e as difíceis em uma posição de valor mais alto. 

A escala considera 3 parâmetros:

Parâmetro de discriminação

Esse parâmetro serve para diferenciar os estudantes que dominam dos que não dominam a habilidade avaliada em cada questão.

Parâmetro de dificuldade

O segundo parâmetro é o que associa a dificuldade da questão ao valor dela. Quanto mais difícil a questão, maior é o seu valor dentro da escala. Mas cuidado! Aqui não estamos falando de peso em questão, e sim de valor na escala – questões mais baixas em posições mais baixas da “régua” e assim por diante.

Parâmetro de acerto casual

O último parâmetro é o do "chutômetro". Ele mostra a probabilidade de um estudante acertar uma questão no chute, mesmo sem ter domínio da habilidade avaliada nessa questão.

Cada questão que compõe a prova do Enem já tem seus três parâmetros definidos e, por consequência, suas posição na “régua” da escala de proficiência.

Após a prova, os erros e acertos de cada estudante são medidos dentro dessa mesma régua. Ou seja, cada estudante é avaliado individualmente com base unicamente em seu desempenho. Então, não faz muito sentido comparar a sua nota com a de outros candidatos, mesmo que o número de acertos seja igual! Afinal, cada questão tem seus próprios parâmetros e cada estudante acertou ou errou questões diferentes.

A atribuição das notas do Enem

Antes de qualquer coisa, vale destacar que a prova de cada área do conhecimento estabelece sua própria régua, por isso, não é possível comparar as notas de cada uma.

Com a avaliação individual do desempenho de cada estudante, as classificações de todos os candidatos são inseridas na régua de proficiência de cada prova. Aqui vai um esquema que pode ajudar a visualizar melhor como isso fica na prática:

Cada área terá sua própria nota máxima e nota mínima a cada ano, e a quantidade de acertos pode representar notas maiores ou menores.

Essa variação se dá justamente porque a composição da prova (que considera dificuldade das questões, parâmetros atribuídos a cada uma etc.) muda, o que modifica a régua.

A régua não tem limitação (como mínimo de 0 e máximo de 1.000), portanto, pode acontecer de ultrapassar a nota 1.000 quando a prova for composta por questões mais difíceis.

Como o Enem define quais são as questões fáceis, médias ou difíceis?

Você deve estar se perguntando: mas como o Enem sabe quais questões são fáceis, quais são médias e quais são difíceis?

Vamos dividir a resposta em duas partes.

A primeira parte é mais prática
Questões são previamente classificadas nessa escala de fáceis, médias e difíceis após passarem por provas de teste (chamadas pré-teste) em exames aplicados em todo o país, todos os anos, de forma controlada.

A classificação acontece com base na média de acertos dos estudantes. Dessa forma, as que têm menos acertos são mais difíceis; as que têm alta taxa de acertos são mais fáceis, e assim por diante.

As questões elaboradas passam por várias etapas de teste e, uma vez aprovadas, compõem um gigantesco banco de questões. Ele é sempre atualizado, e é dali que o Inep retira os itens que estruturam as provas todos os anos.

A segunda parte diz respeito às questões em si

Cada prova, como um todo, avalia um conjunto de habilidades que partem das mais simples às mais complexas. Ou seja, parte do pressuposto que um estudante só consegue dominar uma habilidade mais complexa se antes dominar as habilidades menos complexas. Cada questão é formulada para avaliar uma habilidade desse tipo.

É com base nesses raciocínios que se estabelece a régua de acertos de cada prova. Considera-se que uma questão que mede uma habilidade menos complexa tem menos valor na régua, e uma que mede uma habilidade mais difícil tem maior valor. Veja o esquema para entender melhor:

No esquema acima, dá para ver que a habilidade marcada no valor mais baixo da régua é mais simples do que a habilidade marcada no valor mais alto.

Como calcular a minha nota do Enem a partir do meu número de acertos?

A resposta mais simples a essa pergunta é dizer que um estudante, em casa, não consegue fazer o cálculo exato da nota a partir do número de acertos.

A TRI é um cálculo bastante complexo, que leva em conta parâmetros estatísticos e uma série de modelos matemáticos que não podem ser reproduzidos sem as informações prévias sobre as questões - informações essas que só o Inep tem.

Porém, também não dá para dizer que é impossível ter ideia da própria nota (ou, pelo menos, do próprio desempenho) a partir da quantidade de acertos.

É certo que não dá para saber quais vão ser as variações da régua de cada prova a cada ano nem quais serão as notas máximas e mínima. Mas o Enem continua sendo uma prova em que os acertos valem bastante, assim como todas as outras provas.

Assim, se você acertou muitas questões em uma prova do Enem, é óbvio que não se dará mal na nota final – pode ficar tranquilo.

É possível que dois candidatos com a mesma quantidade de acertos acabem com notas diferentes. Isso acontece pois cada estudante tem uma avaliação individual e cada questão tem seus próprios parâmetros. Porém, a diferença entre as notas de cada um nunca será tão grande. Portanto, não se apegue tanto a isso na hora de tentar prever seu desempenho.

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Ana Lourenço

Jornalista colaboradora do Aprova Total. Trabalha na área de educação há 10 anos e hoje coordena equipes editoriais da área de Linguagens na educação básica. Como repórter, passou por Editora Abril, Quero Bolsa, SOMOS Educação, Instituto FHC, entre outros.

Ver mais artigos de Ana Lourenço >

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