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Tipos de indústrias: quais são, características e exemplos

Indústrias são responsáveis pela produção de bens a partir de matérias-primas. Confira quais são as principais classificações e como ocorreu o processo de industrialização do Brasil

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No mundo, existem diversos tipos de indústrias. Em termos gerais, elas são responsáveis por transformar matérias-primas em produtos acabados, prontos para o consumo. E é comum que se estabeleçam em áreas que oferecem acesso à mão de obra, matérias-primas, energia, transporte e um mercado consumidor, garantindo assim a venda dos produtos que fabricam.

E por ter uma papel tão importante na economia de muitos países, integram o currículo do Ensino Fundamental e Médio, principalmente da disciplina de Geografia. Por conta disso, o assunto costuma estar presente em provas como o Enem e vestibulares, que avaliam os conhecimentos dos alunos.

Para auxiliar seus estudos, a seguir, apresentamos os principais tipos de indústrias, a história industrial brasileira, e os impactos ambientais, sociais e econômicos desse setor. Confira!

Classificação das indústrias

A classificação das indústrias é baseada no tipo de produção que elas realizam. Nesse sentido, temos três tipos de indústrias: indústrias de base, indústrias de bens intermediários e indústrias de bens de consumo.

Indústrias de base ou pesada

As indústrias de base, também conhecidas como indústrias de bens de produção, são responsáveis por transformar matérias-primas brutas, extraídas diretamente da natureza, em matérias-primas processadas.

Essas indústrias são responsáveis por fornecer materiais essenciais, como aço, cimento e energia, que são utilizados em diversas áreas, desde a construção civil até a fabricação de bens de consumo.

Por sua natureza, as indústrias de base são geralmente de grande porte e requerem significativos investimentos em infraestrutura e tecnologia. Além disso, elas são estratégicas para o desenvolvimento industrial de uma nação, pois sustentam a produção em outros setores, criando uma cadeia produtiva robusta e integrada.

Esses materiais processados são utilizados por outros tipos de indústrias em suas próprias produções. Assim, a indústria de base fabrica tanto equipamentos quanto matérias-primas que servem de insumo para outros setores industriais.

Indústrias de bens intermediários

As indústrias de bens intermediários ocupam uma posição importante na cadeia produtiva, atuando como uma ponte entre as indústrias de base e as indústrias de bens de consumo.

Elas são responsáveis por transformar os materiais processados fornecidos pelas indústrias de base em produtos semiprontos ou componentes que serão utilizados em fases posteriores da produção industrial.

Por exemplo, uma indústria de bens intermediários pode produzir partes de automóveis, como motores ou componentes eletrônicos, que serão montados em veículos nas indústrias automotivas. Outro exemplo inclui a produção de tecidos para a fabricação de roupas.

Essas indústrias são vitais para a eficiência e continuidade da produção industrial, pois garantem que as indústrias finais tenham os insumos necessários para criar produtos acabados que chegarão ao consumidor.

Além disso, a qualidade e inovação nesses bens intermediários impactam diretamente a competitividade e o valor dos produtos finais no mercado.

Indústrias de bens de consumo

As indústrias de bens de consumo são responsáveis pela produção de produtos que chegam diretamente às mãos dos consumidores finais.

Diferente dos outros tipos de indústrias, as de bens de consumo fabricam itens destinados ao uso diário das pessoas, como alimentos, roupas, eletrodomésticos, móveis e produtos eletrônicos.

Essas indústrias atendem à demanda do mercado e influenciam diretamente o estilo de vida e os padrões de consumo da sociedade. Além disso, têm como características a diversidade e a inovação, adaptando-se rapidamente às mudanças nas preferências dos consumidores e introduzindo novos produtos para atender às necessidades emergentes.

A proximidade com o consumidor final também exige que essas indústrias tenham uma forte presença de marketing e distribuição, garantindo que seus produtos estejam disponíveis nos mercados e prontos para atender às expectativas de qualidade, preço e conveniência dos consumidores.

Para os bens de consumo, existem duas categorias principais: bens duráveis e bens não duráveis, de acordo com a sua vida útil e o tempo de uso pelos consumidores.

  • Bens duráveis são aqueles que têm uma vida útil prolongada e podem ser utilizados por um longo período antes de precisarem ser substituídos. Exemplos comuns de bens duráveis incluem automóveis, eletrodomésticos, móveis e equipamentos eletrônicos.

Devido à sua longevidade, a compra desses itens costuma representar um investimento maior para os consumidores e sua aquisição é menos frequente.

  • Bens não duráveis são aqueles consumidos rapidamente ou que têm uma vida útil curta. Eles incluem produtos como alimentos, bebidas, produtos de higiene, roupas e combustíveis.

👉 Leia também: Qual a relação entre a sociedade do consumo e as mudanças climáticas?

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Impactos econômicos e ambientais das indústrias

As indústrias desempenham um papel central no desenvolvimento econômico, mas também trazem consigo impactos significativos.

Economicamente, são motores de crescimento, gerando empregos, estimulando a inovação e aumentando a produtividade. As indústrias possibilitam o surgimento de novos produtos e serviços, fortalecem as exportações e contribuem significativamente para o Produto Interno Bruto (PIB) de uma nação.

Mas o avanço industrial também acompanha desafios ambientais. A produção industrial é uma das principais fontes de poluição, contribuindo para a emissão de gases de efeito estufa, que intensificam as mudanças climáticas. Junto disso, a indústria pode causar contaminação de solos e corpos d'água devido ao descarte inadequado de resíduos químicos e industriais.

A exploração excessiva de recursos naturais, como água, minerais e florestas, também é uma consequência direta da expansão industrial, o que pode levar à degradação ambiental e à perda de biodiversidade.

Outro impacto ambiental significativo é a geração de resíduos sólidos e poluição atmosférica, que afetam a saúde pública, especialmente em áreas urbanas e industrializadas.

Diante desses desafios, é crucial que as indústrias adotem práticas sustentáveis e invistam em tecnologias que minimizem seus impactos ambientais. A implementação de processos mais eficientes, a reciclagem de materiais e o uso de fontes de energia renováveis são algumas das medidas que podem ajudar a mitigar os efeitos negativos da industrialização.

Além disso, a regulação governamental e a conscientização dos consumidores desempenham um papel vital na promoção de um desenvolvimento industrial mais equilibrado e sustentável.

Evolução das indústrias no Brasil

A evolução das indústrias no Brasil é marcada por transformações significativas ao longo dos séculos, refletindo o desenvolvimento econômico e social do país.

O processo de industrialização brasileiro começou de forma tímida no final do século 19, mas ganhou impulso no século 20, especialmente após a Primeira Guerra Mundial.

Inicialmente, o Brasil possuía uma economia baseada na agricultura e na exportação de produtos primários, como café, açúcar e algodão. A falta de infraestrutura e a dependência de importações limitavam o crescimento industrial.

No entanto, com a crise de 1929 e a queda das exportações, o país começou a investir mais na produção interna, incentivando a substituição de importações por produtos fabricados no Brasil.

O período entre 1930 e 1950 foi crucial para a industrialização brasileira, especialmente durante o governo de Getúlio Vargas, que promoveu políticas de incentivo à indústria, como a criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e da Petrobras.

Essas iniciativas marcaram o início da industrialização pesada no país, com a instalação de indústrias de base, como siderurgia, metalurgia e petroquímica.

Getúlio Vargas em audiência com Juracy Montenegro Magalhães, primeiro presidente da Petrobras
Getúlio Vargas em audiência com Juracy Montenegro Magalhães, primeiro presidente da Petrobras (Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons/Acervo Arquivo Nacional)

Nos anos 1950 e 1960, o Brasil passou por uma fase de crescimento acelerado. Durante o governo de Juscelino Kubitschek, o país adotou o Plano de Metas, que visava modernizar a economia e diversificar a base industrial.

Foi nesse período que a indústria automobilística começou a se consolidar, com a instalação de grandes montadoras estrangeiras no Brasil, como a Volkswagen e a Ford.

A partir dos anos 1970, o Brasil se tornou uma das maiores economias industriais da América Latina, com um setor manufatureiro diversificado, abrangendo desde a produção de bens de consumo até indústrias de alta tecnologia.

No entanto, a industrialização também trouxe desafios, como a necessidade de modernizar a infraestrutura e enfrentar a concorrência internacional.

Industrialização atual

Nas décadas seguintes, a indústria brasileira passou por momentos de crise e recuperação, influenciados por fatores como a globalização, a abertura econômica e as crises financeiras internacionais.

Apesar dos desafios, o setor industrial continua sendo um pilar importante da economia brasileira, contribuindo significativamente para o PIB e gerando milhões de empregos.

Nos últimos anos, a indústria brasileira tem buscado se adaptar às novas exigências do mercado global, investindo em tecnologia, inovação e sustentabilidade. A digitalização e a automação industrial, conhecidas como Indústria 4.0, estão começando a ganhar espaço, com empresas adotando processos mais eficientes e competitivos.

🏭 A evolução das indústrias no Brasil reflete a trajetória de um país que passou de uma economia agrária para uma nação industrializada e que continua a se reinventar para enfrentar os desafios do século 21.

Resumo: tipos de indústrias

  • As indústrias são essenciais para a economia, transformando matérias-primas em produtos acabados;
  • Existem três tipos de indústrias:
    • de base, que processam matérias-primas brutas;
    • de bens intermediários, que produzem componentes para outros setores;
    • de bens de consumo, que fabricam produtos destinados ao consumidor final.
  • No Brasil, a industrialização começou lentamente no final do século 19 e ganhou força no século 20, com marcos importantes, como o governo de Getúlio Vargas;
  • Apesar de enfrentar crises e desafios, o setor industrial brasileiro continua sendo um pilar importante da economia e, atualmente, busca se adaptar às novas exigências globais por meio de tecnologia, inovação e sustentabilidade, refletindo a transição do país de uma economia agrária para uma nação industrializada;
  • As indústrias enfrentam desafios ambientais significativos, como poluição e esgotamento de recursos naturais, tornando necessária a adoção de práticas mais sustentáveis.

Como os tipos de indústrias caem no Enem e vestibulares

O Enem e vestibulares tradicionais costumam dar mais foco para o espaço industrial globalizado. Ou seja, para a integração de diferentes regiões do mundo nas cadeias de produção, distribuição e consumo, onde empresas e indústrias operam de forma interligada em escala global.

E para entender melhor como esse assunto aparece em processos seletivos, vamos analisar algumas questões que já surgiram nas provas.

O Enem de 2021, por exemplo, abordou a limitada participação da indústria brasileira nas novas tecnologias baseadas em microeletrônica, que são fundamentais para aumentar a produtividade.

A pergunta destacou que o crescimento econômico do Brasil, há décadas, tem sido impulsionado principalmente por setores ligados a commodities agroindustriais e pela indústria tradicional, que segue o antigo modelo de produção fordista.

Assim como no Enem, em vestibulares tradicionais, como o da UECE, as indústrias também aparecem imersas no contexto de inovações tecnológicas. Vamos ver os exemplos a seguir.

Exemplo de questão sobre tipos de indústrias no Enem

(Enem 2021) Constatou-se uma ínfima inserção da indústria brasileira nas novas tecnologias ancoradas na microeletrônica, capazes de acarretar elevação da produtividade nacional de forma sustentada. Os motores do crescimento nacional, há décadas, são os grupos relacionados a commodities agroindustriais e à indústria representativa do antigo padrão fordista de produção, esta última também limitada pela baixa potencialidade futura de desencadear inovações tecnológicas capazes de proporcionar elevação sustentada da produtividade.

ARENO, M. A industrialização do Brasil ante a nova divisão internacional do trabalho. Disponível em: www.ipea.gov.br. Acesso em: 16 jul. 2015 (adaptado).

Um efeito desse cenário para a sociedade brasileira tem sido o(a)

a) barateamento da cesta básica.

b) retorno à estatização econômica.

c) ampliação do poder de consumo.

d) subordinação aos fluxos globais.

e) incentivo à política de modernização.

Resposta: [D]
A ínfima inserção da indústria nacional nas novas tecnologias, a indústria representada pelo antigo padrão fordista e a base de crescimento por meio das commodities são características que indicam um processo de industrialização nacional obsoleto e defasado, o que coloca o país subordinado aos fluxos globais.

Exemplo de questão sobre tipos de indústrias no vestibular

(Uece 2016) Considerando a classificação industrial segundo a tecnologia, as indústrias ditas germinativas são aquelas que

a) acompanham a produção mundial.

b) empregam os maiores recursos em sua força de trabalho.

c) geram o aparecimento de outras indústrias.

d) utilizam muita tecnologia e pouca força de trabalho.

Resposta: [C]
As indústrias designadas como "germinativas" desempenham um papel significativo, pois têm o potencial de dar origem a outras empresas do mesmo setor ou estabelecer uma nova cadeia de produção que anteriormente não existia em um país ou região. Esse cenário é frequentemente observado em empresas de tecnologia.

TEMAS:

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João Santana

Estagiário de Geografia no Aprova Total. Graduando em Geografia pela UFSC.

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