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Tipologia textual: tudo sobre os tipos de texto

A tipologia textual se concentra nas características estruturais de um texto. Aqui, reunimos as principais e mostramos como elas podem ser cobradas nos vestibulares

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Se você está encarando uma maratona vestibulares, é importante entender o que são os diferentes tipos de texto, suas características e a diferença entre tipo e gênero textual. Parece muita coisa? É nada! Neste artigo, vamos entender tudo sobre tipologia textual, sempre com exemplos para facilitar a compreensão.

Tipologia x gênero textual: quais as diferenças?

Antes de mergulharmos nos tipos de texto, é importante entender a diferença entre tipologia textual e gênero textual.

Enquanto a tipologia textual se concentra nas características estruturais e funcionais dos textos, o gênero textual refere-se à forma como o texto é organizado de acordo com seu propósito comunicativo. Além disso, os tipos textuais podem ser entendidos como uma sequência narrativa, já que um mesmo texto por envolver diferentes tipologias.

Por exemplo, um romance pode ter trechos narrativos e trechos descritivos.

Agora que esclarecemos essa distinção, vamos explorar os cinco principais tipos de texto, ok?

Tipologia narrativa (narração)

A tipologia narrativa é frequentemente utilizada para contar histórias e eventos, portanto, apresenta um narrador. Ela se caracteriza pela presença de uma sequência de acontecimentos, dos personagens e de uma linha temporal. Contos ou romances são exemplos de textos narrativos.

Tipos de narrador:

  • narrador-personagem (1ª pessoa, participa da história)
  • narrador-testemunha (1ª pessoa, não participa da história)
  • narrador-observador (3ª pessoa, apenas relata a história)
  • narrador-onisciente (3ª pessoa, sabe tudo o que se passa na história)

Características
Narrador
Sequência de eventos
Personagens
Linha temporal

Exemplo

“Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Mais tarde é que eu soube que o teatro era um eufemismo em ação. Meneses trazia amores com uma senhora, separada do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana”.


Missa do Galo (1893), Machado de Assis

Tipologia descritiva (descrição)

A tipologia descritiva é usada para retratar pessoas, lugares, objetos ou qualquer coisa que possa ser detalhadamente descrita. Ela envolve a criação de imagens vívidas na mente do leitor.

Características
Detalhes sensoriais
Uso de adjetivos
Retratação de características

Exemplo
"Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas atadas uma à outra, à moda do tempo, desciam-lhe pelas costas. Morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo".


Dom Casmurro (1899), Machado de Assis

Tipologia dissertativa (dissertação)

A tipologia dissertativa é utilizada para expor ideias, argumentos e opiniões de forma estruturada e lógica. É comum em artigos de opinião e nas próprias redações de vestibulares e Enem.

Características
Tese central
Argumentação
Estrutura lógica

Exemplo
"No debate sobre as mudanças climáticas, é crucial considerar as ações humanas que contribuem para o problema. A emissão descontrolada de gases poluentes tem impactos diretos no aquecimento global".

Tipologia expositiva (exposição)

A tipologia expositiva é voltada para a apresentação de informações de forma objetiva e clara, sem marcas de opinião. É comum em manuais, livros didáticos e textos informativos.

Características
Objetividade
Informações claras
Impessoalidade

Exemplo
"O ciclo da água é um processo natural que envolve a evaporação da água da superfície, sua condensação na atmosfera e a posterior precipitação, que recarrega rios e lagos".

Tipologia injuntiva (injunção)

A tipologia injuntiva é utilizada para dar instruções, ordens ou conselhos. É comum em receitas de culinária, propagandas e manuais de instruções. Em questões de vestibulares, o processo de injunção aparece, provavelmente, relacionado à função conativa ou apelativa da linguagem.

Características
Verbos no imperativo
Sequência de passos
Clareza nas instruções

Exemplo


"“(…) Pegue duas medidas de estupidez
Junte trinta e quatro partes de mentira
Coloque tudo numa forma
Untada previamente
Com promessas não cumpridas (…) "

Os anjos (1993), Legião Urbana

Resumo: tipos de texto

Vamos checar se você realmente entendeu as diferentes tipologias textuais?

  • Tipologia narrativa: o narrador apresenta uma sequência de acontecimentos com personagens em uma linha temporal.
  • Tipologia descritiva: descrição das características de pessoas, lugares, objetos, sentimentos.
  • Tipologia dissertativa: apresentação de ideias, argumentos e opiniões.
  • Tipologia expositiva: explicação objetiva de informações sem marcas de opinião.
  • Tipologia injuntiva: utilizada para dar instruções, ordens ou conselhos.
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Como as tipologias textuais caem no Enem e nos vestibulares

Nas provas em geral, a compreensão e a produção de textos de diferentes tipologias são habilidades essenciais. Portanto, é fundamental praticar a escrita dos mais variados formatos, além de estar pronto para as questões de leitura e interpretação de texto.

Tipologia textual no Enem

Para o Enem, é mais comum a cobrança dos gêneros textuais. Entretanto, atente-se ao fato de que tipos e gêneros andam juntos. Além disso, lembre-se de que um mesmo texto pode apresentar características de diferentes tipos textuais, por isso é tão importante saber as especificidades de cada um. A tipologia textual cobrada na redação, por exemplo, é a dissertativa!

Exemplo 1

Cores do Brasil

Ganhou nova versão, revista e ampliada, o livro lançado em 1988 pelo galerista Jacques Ardies, cuja proposta é ser publicação informativa sobre nomes do “movimento arte naïf do Brasil”, como define o autor. Trata-se de um caminho estético fundamental na arte brasileira, assegura Ardies. O termo em francês foi adotado por designar internacionalmente a produção que no Brasil é chamada de arte popular ou primitivismo, esclarece Ardies. O organizador do livro explica que a obra não tem a pretensão de ser um dicionário. “Falta muita gente. São muitos artistas”, observa. A nova edição veio da vontade de atualizar informações publicadas há 26 anos. Ela incluiu artistas em atividade atualmente e veteranos que ficaram de fora do primeiro livro. A arte naïf no Brasil 2 traz 79 autores de várias regiões do Brasil.

WALTER, S. Estado de Minas, 17 jan. 2015 (adaptado).

(Enem) O fragmento do texto jornalístico aborda o lançamento de um livro sobre arte naïf no Brasil. Na organização desse trecho predomina o uso da sequência

a) injuntiva, sugerida pelo destaque dado à fala do organizador do livro.

b) argumentativa, caracterizada pelo uso de adjetivos sobre o livro.

c) narrativa, construída pelo uso de discurso direto e indireto.

d) descritiva, formada com base em dados editoriais da obra.

e) expositiva, composta por informações sobre a arte naïf.

Resposta: [E]
O trecho se concentra em expor informações sobre o livro, sua proposta, o conceito de "arte naïf" e os motivos para a revisão e atualização do livro anterior, sem necessariamente incluir elementos de narrativa, descrição, argumentação ou injunção. Portanto, a organização é principalmente expositiva.

Tipologia textual no vestibular

A diferença em relação ao Enem é que as distinções entre as tipologias podem ser cobradas de maneira mais objetiva. Para a prova de redação, dependerá da banca! Veja na prática com uma questão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Exemplo 2

As primeiras lições que recebi de aeronáutica foram-me dadas por um grande visionário: Júlio Verne. De 1888, mais ou menos, a 1891, quando parti pela primeira vez para a Europa, li, com grande interesse, todos os livros desse grande vidente da locomoção aérea e submarina.

Estava eu em Paris quando, na véspera de partir para o Brasil, fui, com meu pai, visitar uma exposição de máquinas no desaparecido Palácio da Indústria. Qual não foi o meu espanto quando vi, pela primeira vez, um motor a petróleo, da força de um cavalo, muito compacto, e leve, em comparação aos que eu conhecia, e… funcionando! Parei diante dele como que pregado pelo destino. Estava completamente fascinado. Meu pai, distraído, continuou a andar até que, depois de alguns passos, dando pela minha falta, voltou, perguntando-me o que havia. Contei-lhe a minha admiração de ver funcionar aquele motor, e ele me respondeu: “Por hoje basta”. Aproveitando-me dessas palavras, pedi-lhe licença para fazer meus estudos em Paris. Continuamos o passeio, e meu pai, como distraído, não me respondeu. Nessa mesma noite, no jantar de despedida, reunida a família, meu pai anunciou que pretendia fazer-me voltar a Paris para acabar meus estudos. Nessa mesma noite corri vários livreiros; comprei todos os livros que encontrei sobre balões e viagens aéreas.

Diante do motor a petróleo, tinha sentido a possibilidade de tornar reais as fantasias de Júlio Verne. Ao motor a petróleo devi, mais tarde, todo o meu êxito. Tive a felicidade de ser o primeiro a empregá-lo nos ares.

Uma manhã, em São Paulo, com grande surpresa minha, convidou-me meu pai a ir à cidade e, dirigindo-se a um cartório de tabelião, mandou lavrar escritura de minha emancipação. Tinha eu dezoito anos. De volta à casa, chamou-me ao escritório e disse-me: “Já lhe dei hoje a liberdade; aqui está mais este capital”, e entregou-me títulos no valor de muitas centenas de contos. “Tenho ainda alguns anos de vida; quero ver como você se conduz; vai para Paris, o lugar mais perigoso para um rapaz. Vamos ver se você se faz um adulto; prefiro que não se faça doutor; em Paris, você procurará um especialista em física, química, mecânica, eletricidade, etc., estude essas matérias e não esqueça que o futuro do mundo está na mecânica”.

Adaptado de DUMONT, Santos. O que eu vi, o que nós veremos. Rio de Janeiro: Hedra, 2016. Organização de Marcos Villares.


(UFRGS) Assinale a alternativa que está de acordo com os modos de organização da composição do texto.
a) Predomina o caráter argumentativo, porque o autor quer provar ao leitor a importância da sua invenção.
b) Há mistura de exposição com descrição, verificada pela presença de verbos no presente e no passado.
c) Há mistura de narração com descrições, porque o autor relata ações passadas com caracterização de objetos.
d) Há mistura de narração e diálogos, porque o autor movimenta-se entre o passado dos acontecimentos e o presente em que escreve.
e) Predomina a exposição, porque o autor apresenta fatos que podem ser generalizados e universalizados para os leitores.

Resposta: [C]
O texto combina narração, já que o autor relata eventos passados em sua vida, juntamente com descrições, especialmente quando descreve objetos e situações que encontra, como o motor a petróleo e os títulos de valor.

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Kimberli Sabino Ariotti

Analista Pedagógica de Linguagens do Aprova Total. Licenciada em Letras pela UFSC e Mestre em Linguística pela mesma instituição.

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