Ciências da Natureza Física

O núcleo da Terra parou? Entenda o que está acontecendo e se isso pode cair no vestibular

Pesquisadores divulgaram descoberta peculiar: dados sugerem que, nos últimos anos, o núcleo do nosso planeta desacelerou em relação à superfície

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Nos últimos dias, diversas matérias inundaram a internet, alertando que o núcleo da Terra parou e começou a girar em sentido contrário. Muitas delas trataram o assunto de forma alarmante, associando-o a catástrofes e até mesmo a um sinal do fim dos tempos! 

De fato, um estudo recente sugere mudanças no interior do planeta. No entanto, não é motivo para pânico! Isso não fornece quaisquer evidências de que o fim do mundo começou.

Neste post, vamos entender esse fenômeno, saber mais sobre as camadas da Terra e como o tema pode ser abordado nos vestibulares.

Afinal, o núcleo da Terra parou?

O estudo foi publicado em janeiro deste ano na Nature Geoscience, segmento de geologia da Nature, uma das mais respeitadas revistas de artigos científicos do mundo.

Os pesquisadores apresentaram dados de ondas sísmicas das últimas décadas, demonstrando que, do início dos anos 70 até por volta de 2009, o núcleo interno da Terra rotacionava mais rapidamente do que o resto do planeta. De 2009 em diante, esse ritmo mudou: a partir daí, o núcleo interno passou a rotacionar mais devagar do que a superfície.

Núcleo interno da Terra
Núcleo interno da Terra (Imagem: Adobe Stock)

No artigo, os autores falaram de uma diferença relativa nas velocidades de rotação do núcleo interno e do resto do planeta. Não significa que ele tenha “invertido” o seu sentido de rotação, apenas que está girando mais devagar do que a superfície.

Referenciais

Compreender isso envolve uma noção de referenciais. Imagine, por exemplo, que você se encontra em um carro se movendo a uma velocidade constante em relação à rodovia. À sua frente, na pista ao lado, um carro segue no mesmo sentido, mas começa a desacelerar. Chegará um momento em que você ultrapassará o carro e, se olhar para trás, terá a impressão de que ele está se afastando, mesmo que ele ainda esteja se movendo para a frente. A ideia é semelhante quando pensamos em analisar a rotação relativa entre o núcleo interno e o resto da Terra.

Com base nos dados, os pesquisadores sugerem que essa mudança na velocidade relativa de rotação seja periódica, fazendo parte de um ciclo que dura aproximadamente sete décadas. O último período teria se iniciado no começo dos anos 1970.

Como sabemos o que acontece abaixo de nós?

Nós conhecemos muito pouco do interior da Terra, até porque não há como acessá-lo de maneira direta. Para estudar o interior do planeta, os cientistas analisam informações obtidas através de ondas sísmicas emitidas a partir de terremotos. A grosso modo, é como se fosse um exame de ultrassom.

exame de ultrassom ondas
A imagem de um sismógrafo, que mede ondas sísmicas, propagadas ao longo do planeta (Imagem: Adobe Stock)

Ainda há muito a descobrir sobre o que acontece abaixo de nossos pés, mas sabemos que o interior da Terra é dinâmico. Atividades vulcânicas, deriva continental e terremotos são exemplos de que o “organismo” do planeta é bastante ativo. 

Assim, as variações no núcleo da Terra, ao que tudo indica, fazem parte do “funcionamento” do mundo - e não de um indício do seu fim.

As camadas e os núcleos da Terra

A camada mais externa da Terra é a crosta. Abaixo dela, temos o manto e, por fim, o núcleo, que divide-se em dois segmentos: o núcleo externo (liquefeito, composto por ferro fundido e por outros metais) e o núcleo interno (sólido, feito predominantemente de ferro). É justamente o fato de o núcleo interno estar imerso no núcleo externo que o possibilita rotacionar em ritmos diferentes do resto do planeta. 

 camadas da Terra
Estas são as camadas da Terra (Imagem: Adobe Stock)

Os pesquisadores apontam a força gravitacional entre o núcleo e o manto e também a ação do campo magnético da Terra como possíveis causas dessas diferenças de rotação entre o núcleo e o resto do planeta.

Os dados obtidos pelos cientistas, no entanto, não nos permitem saber com exatidão as consequências da rotação do núcleo, pois é algo que requer mais pesquisas.

Isso pode cair no Enem e nos vestibulares?

Como o tema específico da rotação do núcleo ainda é muito recente e necessita ainda de diversas pesquisas, é improvável que ele dê as caras na sua prova. Contudo, esse assunto está relacionado a outros temas que têm maiores chances de cair no ENEM ou em algum vestibular.

A parte da rotação relativa entre o núcleo interno e o resto do planeta envolve a ideia de referencial e de movimento relativo, dois pontos cruciais da cinemática

Estudar o interior da Terra implica estudar seu campo magnético, que já apareceu no Enem em 2020. Na prova, era preciso saber que o campo geomagnético é responsável por nos proteger de partículas emitidas pelo Sol, o que também é responsável pelo fenômeno das auroras.

Além disso, entender o campo magnético da Terra nos ajuda a compreender a diferença entre os polos magnéticos e geográficos, além do funcionamento de bússolas, o que já caiu na Unesp, Unirio e FGV.

Por fim, as camadas da terra é um tema muito presente nas provas de geografia de diversos vestibulares. Já foi cobrado, por exemplo, por PUC-RS, UTFPR, UEPG, UEM, Acafe e UEG.

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Nicolas Castro Macuco

Analista pedagógico no Aprova Total. Licenciando em Física pela UFSC, trabalha com a disciplina para Enem e vestibulares desde 2018.

Ver mais artigos de Nicolas Castro Macuco >

Analista pedagógico no Aprova Total. Licenciando em Física pela UFSC, trabalha com a disciplina para Enem e vestibulares desde 2018.

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