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Dia Internacional da Mulher: repertórios sobre a data e conquistas para celebrar

Conhecer marcos importantes da história das mulheres e refletir sobre a sua luta por direitos é essencial para superar desigualdades no Brasil e no mundo

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Desde meados dos anos 1970, celebramos o Dia Internacional da Mulher no dia 8 de março, data que se tornou um marco histórico na luta pelos direitos das mulheres.

No livro A burst of light: essays (1988), que foi publicado no Brasil com o título Explosão de luz: escritos (2019), a escritora e pesquisadora pioneira nos estudos sobre feminismo negro, Audre Lorde, diz: "Não sou livre enquanto outra mulher não for livre, mesmo que suas correntes sejam diferentes das minhas".

É partindo dessa ideia e da importância da busca contínua por uma sociedade igualitária, que exploraremos os diversos repertórios culturais em torno do Dia Internacional da Mulher. Destacamos as ações de personagens que se tornaram símbolos em diversas áreas, como educação, economia e saúde, além de abordar conquistas, retrocessos e a presença do tema nos vestibulares.

Contexto histórico

As raízes históricas do Dia Internacional da Mulher remetem a movimentos operários e de luta por direitos das mulheres no final do século 19 e início do século 20. Nesse período, as mulheres trabalhavam de maneira precária, com jornadas longas, salários baixos e ausência de direitos.

Impulsionadas por essa situação, trabalhadoras começaram a se organizar em sindicatos e movimentos trabalhistas para exigir garantias básicas dentro e fora das fábricas.

Um dos primeiros episódios nesse contexto é uma passeata de mulheres que ocorreu em 26 de fevereiro de 1909, nos Estados Unidos, em Nova York. Naquele dia, 15 mil operárias marcharam nas ruas da cidade por melhores condições de trabalho.

Por que celebramos o dia 8 de março?

A data que celebra o Dia Internacional da Mulher tem relação, principalmente, com um evento que ficou conhecido como Pão e Paz.

Em 8 de março de 1917, durante a Primeira Guerra Mundial e no contexto da Revolução Russa, milhares de trabalhadoras protestaram nas ruas de Petrogrado (atual São Petersburgo). O nome Pão e Paz simbolizava não apenas a necessidade de alimentos básicos, mas a luta por uma vida digna e com participação feminina na política.

As condições sociais da época eram precárias e, após quatro dias de paralisação de cidadãos russos, o czar Nicolau II foi forçado a abdicar; com isso, o governo provisório concedeu às mulheres o direito ao voto.

Vale dizer que, em 1911, alguns países celebraram o Dia Internacional da Mulher em 19 de março, como sugestão de Clara Zetkin, ativista dos direitos das mulheres. Um ano antes, na II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, em Copenhague (Dinamarca), a proposta foi aprovada por unanimidade.

A data coincidia com o início de uma greve pioneira liderada por trabalhadoras têxteis em Nova York, lá em 1857.

Incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist

Em março de 1911, um incêndio destruiu a fábrica Triangle Shirtwaist, que ficava em Nova York, causando a morte de centenas de trabalhadores (125 mulheres e 21 homens).

Apesar de ter se tornado um dos símbolos da luta das mulheres, por causa do consequente fortalecimento do Sindicato Internacional de Trabalhadores na Confecção de Roupas de Senhoras (em iglês, ILGWU), não há uma relação direta entre o incêndio e o 8 de março.

Pesquisadoras do assunto, como a socióloga brasileira Eva Blay, explicam que a tragédia em Triangle Shirtwaist está no imaginário social e no contexto da pauta, mas a instituição de um Dia Internacional da Mulher já era uma discussão anterior ao incêndio.

Qual a relação da ONU com o Dia Internacional da Mulher?

A Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu 1975 como o Ano Internacional da Mulher. Mais tarde, em 1977, a Assembleia Geral da ONU proclamou o 8 de março como Dia das Nações Unidas pelos Direitos das Mulheres e da Paz Internacional.

Desse momento em diante, a ONU passou a promover atividades e campanhas em todo o mundo para destacar pautas relacionadas aos direitos das mulheres.

Em 1979, nasceu a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres, cuja sigla em inglês é CEDAW. A partir da convenção, originou-se um documento conhecido como Carta dos Direitos Humanos das Mulheres, que determinou como principal objetivo atingir a igualdade de gênero.

Anos mais tarde, em 1995, aconteceu a Conferência Mundial sobre a Mulher em Pequim, um marco para discutir a participação feminina na sociedade e maneiras de garantir seus direitos.

O momento resultou na Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, que estabeleceram metas e estratégias para lidar com 12 áreas críticas de preocupação - como pobreza, educação, saúde, violência de gênero, participação política e direitos humanos das mulheres.

Desde então, essa agenda global orienta governos e organizações da sociedade civil na execução de medidas concretas para o empoderamento feminino.

Dia Internacional da Mulher no Brasil

Assim como em outros lugares do mundo, a data no Brasil é uma oportunidade para celebrar as conquistas femininas ao longo da história.

Em se tratando de marcos legais, podemos destacar a Lei do Patrimônio do Estatuto da Mulher Casada (1962), que permitiu às mulheres administrarem seus bens sem a necessidade de autorização do marido. 50 anos mais tarde, em 2013, houve a promulgação da Lei do Trabalho Doméstico, que garantiu direitos trabalhistas às domésticas.

Aprovação da PEC das domésticas em 2013, que estende todos os direitos dos demais trabalhadores regidos pela CLT (Imagem: José Cruz/Agência Brasil)
Aprovação da PEC das domésticas em 2013, que estende todos os direitos dos demais trabalhadores regidos pela CLT (Imagem: Reprodução José Cruz/Agência Brasil)

Além disso, é importante lembrar as personagens que estiveram à frente da luta de mulheres no Brasil:

  • Anísia da Silva (1845-1922), fundou o primeiro Instituto de Educação Feminina, em 1870, no Rio de Janeiro;
  • Eurycléa do Monte Carmelo (1865-?), médica pioneira no Brasil, se formou em Medicina em 1887;
  • Pagu (1910-1962), foi uma das líderes do movimento modernista brasileiro e se envolveu ativamente na luta política no país;
  • Margarida Maria Alves (1933-1983), líder sindical que se dedicou aos direitos dos trabalhadores rurais e foi assassinada por fazendeiros;
  • Luiza Erundina (1934-), a primeira mulher eleita prefeita de São Paulo, em 1988;
  • Dilma Roussef (1947-), primeira mulher a ocupar o cargo de Presidente da República no país, eleita em 2010 e reeleita em 2014.

Podemos citar ainda a professora e indigenista Leolinda Daltro (1859-1935), que fundou o Partido Republicano Feminino em 1910 e organizou manifestações pelo voto feminino no país, antes mesmo de Bertha Lutz.

Já no campo da educação, Nísia Floresta (1810-1885) defendeu a igualdade de gênero e a presença das meninas nas escolas.

Manifestações pela luta dos direitos das mulheres no Brasil

Muitos atos relacionados costumam acontecer em pontos diferentes do país, principalmente durante o mês de março. Alguns exemplos dessas manifestações são:

Marcha das margaridas: acontece a cada quatro anos em Brasília, é uma mobilização de mulheres do campo, da floresta e das águas, que reivindica combate à violência, igualdade de gênero e acesso à terra.

Marcha das vadias: o movimento surgiu em 2011, em resposta a um caso de violência sexual no Canadá, e se espalhou por diversas cidades brasileiras. A marcha costuma acontecer todo ano e o objetivo é combater a cultura do estupro.

#Elenão: a campanha surgiu em 2018, durante as eleições presidenciais, e mobilizou milhares de mulheres em todo o país contra Jair Bolsonaro. Apesar de a mobilização ter sido maior naquele ano, outros encontros aconteceram em protesto à misoginia, ao machismo e à violência de gênero.

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Qual a importância do Dia Internacional da Mulher?

Ao longo da história, testemunhamos muitos avanços em relação aos direitos das mulheres. No entanto, as desigualdades persistem em várias esferas, seja na educação, no mercado de trabalho, na ciência, na política e muito mais.

A inglesa Virgínia Woolf diz que "ao longo da maior parte da história, anônimo era uma mulher". Essa é uma referência ao modo como as (poucas) escritoras do passado assinavam seus textos porque, durante séculos, a escrita não estava ao alcance das mulheres.

Aliás, a lista de proibições para elas já foi longa: ter um cartão de crédito, integrar juris populares, usar pílulas anticoncepcionais, jogar futebol, escolher seus próprios relacionamentos amorosos, fumar em público e outras tantas atividades que hoje consideramos triviais.

Em um cenário no qual se luta muito para conseguir o mínimo, celebrar diretos assegurados e reconhecidos se torna essencial.

5 conquistas históricas para celebrar no Dia Internacional da Mulher

Anos de apagamento e exclusão das mulheres, contra os quais luta o feminismo, se refletem em baixa representatividade política, desigualdade salarial, violência física e psicológica, tripla jornada (trabalho fora de casa, maternidade e cuidados domésticos) e muito mais.

Dessa forma, no Brasil e no mundo, o movimento feminista, desde sua origem, esteve diretamente ligado a avanços concretos e desempenha uma busca constante pela superação da desigualdade de gênero.

importância movimento feminista dia da mulher
A cor roxa é frequentemente associada ao Dia Internacional da Mulher. O significado é "justiça e dignidade" e tem origem na União Social e Política das Mulheres, organização inglesa que lutou pelo sufrágio feminino no Reino Unido (Imagem: Adobe Stock)

Para reforçar a importância da celebração do Dia Internacional da Mulher, compartilhamos com você cinco conquistas que mudaram a vida e a autonomia de mulheres.

Conhecer esses marcos, especialmente os brasileiros, é indispensável para desenvolver repertório sobre o papel social que elas exercem:

1. Constituição Federal brasileira permite que as mulheres votem (1932)

A principal articuladora da conquista do direito ao voto em 1932 foi Bertha Lutz. Ela era bióloga, educadora e foi uma das idealizadoras do Partido Republicano Feminino. Junto com a professora Maria Lacerda de Moura, a diplomata fundou a Liga para a Emancipação Internacional da Mulher. O grupo de estudos lutava pela igualdade política das mulheres.

2. Comercialização da pílula anticoncepcional e liberdade sexual (1960)

Margaret Sanger dedicou parte de sua vida ao ativismo sobre o controle de natalidade. Enfermeira e sexóloga, ela fez campanhas para que cientistas desenvolvessem a pílula anticoncepcional, defendendo que mulheres fossem livres sexual e socialmente.

A pílula chegou ao mercado em internacional em 1960, enquanto aqui no Brasil ficou disponível a partir de 1962.

Apesar desse reconhecimento, Sanger é criticada pela relação com grupos de visão eugenista - que acreditam na superioridade genética e se apoiam em teorias racistas.

3. Surgimento da primeira delegacia da mulher (1985)

Um mapeamento feito pelo Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, da Unicamp, mostra que as delegacias das mulheres surgiram em resposta às demandas feministas de meados dos anos 1980. Nesse período de transição, do governo militar para o civil, e de redemocratização do Estado, muitas oportunidades de participação política surgiram.

Em São Paulo, por exemplo, o governador Franco Montoro tinha uma boa relação com o movimento de mulheres - que já vinha denunciando casos de violência doméstica.

Assim, o governo Montoro inaugurou as instituições de atendimento às mulheres em situação de violência no país. Em 1983, fundou o Centro de Orientação Jurídica e Encaminhamento à Mulher (COJE) e, em agosto de 1985, a primeira delegacia da mulher do Brasil.

4. Criação da Lei Maria da Penha (2006)

Em 1983, a farmacêutica bioquímica Maria da Penha foi vítima de dupla tentativa de feminicídio por parte de seu marido na época. Duas décadas mais tarde, após travar uma luta contra o Poder Judiciário, ela celebrou a criação da Lei Maria da Penha (nº 11.340), pioneira ao reconhecer e criar mecanismos para combater a violência doméstica.

Maria da Penha, em 2010, ao receber premiação pelas boas práticas na aplicação, divulgação e implementação da lei que leva seu nome
Maria da Penha, em 2010, ao receber premiação pelas boas práticas na aplicação, divulgação e implementação da lei que leva seu nome (Imagem: Reprodução Renato Araújo/Agência Brasil)

Então, considerando as recomendações da Corte Internacional dos Direitos Humanos (CIDH), de reparar Maria tanto material quanto simbolicamente, o Estado do Ceará pagou a ela uma indenização e o Governo Federal batizou a lei com o seu nome.

5. Criação da Lei do Feminicídio (2015)

A Lei do Feminicídio (nº 13.104) trata do assassinato de mulheres por serem mulheres. Ela considera feminicídio o crime que envolve violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher da vítima. Mas por que uma essa lei é tão importante?

No Brasil, uma mulher morre por ser mulher a cada dia. Esse dado é resultado de um monitoramento feito pela Rede de Observatórios da Segurança durante o ano de 2022. Além disso, companheiros e ex-companheiros das vítimas são responsáveis pelo crime em 75% dos casos, nos quais as principais motivações são brigas e términos de relacionamento.

Repertórios sobre o Dia Internacional da Mulher

A lista de repertórios sobre o Dia Internacional da Mulher, seja para incluir em debates ou em uma redação sobre o tema, é extensa.

É possível citar dados sobre mulheres que vivem diferentes realidades no mundo, além de resgatar produções culturais, como filmes, séries e livros, a respeito do assunto.

Dados mundiais

  • Cerca de 132 milhões de meninas em todo o mundo estão fora da escola, diz a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO);
  • O retorno do Talibã ao poder no Afeganistão resultou, por exemplo, em meninas banidas das escolas e na dissolução do Ministério para Assuntos da Mulher no país em 2021;
  • A lacuna salarial de gênero global é de cerca de 20%, o que significa que as mulheres ganham em média 20% menos do que os homens no mundo, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT);
  • Mulheres e meninas na guerra da Ucrânia representam 90% das pessoas deslocadas pelo conflito. Segundo Sima Bahous, diretora-geral da ONU Mulheres, elas estão “expostas a riscos relacionados ao gênero, como tráfico humano, violência sexual e acesso impedido a serviços e bens essenciais";
  • As mulheres representam apenas 24,9% dos parlamentares em todo o mundo, de acordo com a União Interparlamentar;
  • Os impactos da pandemia de Covid-19, segundo relatório divulgado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), foram maiores entre as mulheres das Américas. Ainda estão sob ameaça seu desenvolvimento e bem-estar, contribuindo para o aumento da desigualdade de gênero na saúde;
  • Globalmente, 1 em cada 3 mulheres já sofreu violência física ou sexual, principalmente por parte de um parceiro íntimo, de acordo com a ONU Mulheres;
  • Desdobramentos recentes do conflito entre Hamas e Israel colocou meninas e mulheres palestinas no centro de relatos sobre execução, tortura e violência sexual praticadas por soldados do exército israelense;
  • Apenas 22% dos países têm uma mulher como chefe de Estado ou de governo, diz a ONU Mulheres;
  • Cerca de 830 mulheres morrem todos os dias devido a complicações relacionadas à gravidez e ao parto, sendo a maioria dessas mortes evitáveis, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Produções culturais

      Confira sugestões de obras que ajudam a refletir sobre a participação feminina na sociedade e a luta por igualdade:

      Livros

      • O segundo sexo (1949), Simone de Beauvoir
      • Quarto de despejo: diário de uma favelada (1960), Carolina Maria de Jesus
      • Mulheres, raça e classe (1981), Angela Davis
      • A cor púrpura (1982), Alice Walker
      • O conto da Aia (1985), Margaret Atwood
      • Sejamos todos feministas (2014), Chimamanda Ngozi Adichie

      Filmes

      • A Hora da Estrela (1985)
      • Luzia Homem (1987)
      • Central do Brasil (1998)
      • Estrelas além do tempo (2016)
      • As sufragistas (2015)
      • Que horas ela volta? (2015)

      Quadrinhos

      • Persepolis (2000), Marjane Satrapi
      • Aya de Yopougon (2005), Marguerite Abouet e Clément Oubrerie
      • Marzi: A Memoir (2011), Marzena Sowa e Sylvain Savoia:
      • Jane, o vagabundo (2014), Gabby Schulz
      • Lady Killer (2015), Joëlle Jones e Jamie S. Rich
      • Os diários de Amora (2019), Mariko Tamaki e Rosemary Valero-O'Connel

      Séries

      • Amor e revolução (2011)
      • Orange is the New Black (2013)
      • Segredos de Justiça (2014)
      • O conto da Aia (2017)
      • The Marvelous Mrs. Maisel (2017)
      • Anne with an E (2017)

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      Como os diretos das mulheres aparecem no Enem e nos vestibulares?

      Veja alguns exemplos de questões que abordaram os direitos das mulheres, sua representação na sociedade e discussões sobre raça e gênero, todas fomentando a importância do Dia Internacional da Mulher e pautas relacionadas.

      Exemplo 1

      (Enem 2016) Texto I

      Propaganda histórica com mulher vestida de astronauta segurando um produto de limpeza

      Texto II

      Metade da nova equipe da NASA é composta por mulheres

      Até hoje, cerca de 350 astronautas americanos já estiveram no espaço, enquanto as mulheres não chegam a ser um terço desse número. Após o anúncio da turma composta 50% por mulheres, alguns internautas escreveram comentários machistas e desrespeitosos sobre a escolha nas redes sociais.

      Disponível em: https://catracalivre.com.br. Acesso em: 10 mar. 2016.

      A comparação entre o anúncio publicitário de 1968 e a repercussão da notícia de 2016 mostra a

      a) elitização da carreira científica.

      b) qualificação da atividade doméstica.

      c) ambição de indústrias patrocinadoras.

      d) manutenção de estereótipos de gênero.

      e) equiparação de papéis nas relações familiares.

      Resposta: [D]
      O texto I mostra o estereótipo de que os afazeres domésticos são destinados somente às mulheres, já o texto II mantém esse discurso quando revela a persistência do preconceito contra a mulher ocupando espaços de relevância na sociedade.

      Exemplo 2

      (Uece 2022) O discurso do feminismo feito de forma generalista é excludente (RIBEIRO, 2014). Essa exclusão ocorre, porque as opressões atingem de formas diferentes as diferentes mulheres em todo o mundo. Segundo a autora, deve-se refletir sobre os pluralismos, as contradições e as diferenças dentro do feminismo e, ainda, discutir as lutas feministas considerando as perspectivas étnico-raciais e de classe: por exemplo, uma mulher branca e de classe média não vive os mesmos problemas que uma mulher negra e pobre na sociedade brasileira. 

      RIBEIRO, Djamila. “As diversas ondas do feminismo acadêmico”. [2014] In: Carta Capital. Escritório Feminista. Disponível em: https://www.geledes.org.br/diversas- ondas-feminismo-acadêmico/; acesso em: 20/04/2022. 

      Considerando o exposto, assinale a afirmação verdadeira sobre o feminismo. 

      a) O feminismo generalista coloca a mulher negra e de classe baixa como as agentes centrais na história da luta pelos direitos de todas as mulheres.

      b) De modo geral, o movimento feminista aponta as mulheres negras e indígenas como as principais responsáveis por revolucionar todas as formas de opressão.

      c) As concepções universalistas sobre o feminino devem ser desconstruídas, porque são diversas as experiências vivenciadas pelas mulheres.

      d) O movimento feminista universal considerou historicamente as sobreposições das desigualdades de gênero, raça e classe que atingem todas as mulheres.

      Resposta: [C]
      A concepção de um feminismo universalista reforça as opressões de gênero, pois há mulheres que não estão dentro da caixa do que é considerado “feminino”. Dessa forma, é necessário levar em conta vivências e recortes diversos para superar as desigualdades de gênero. 

      Exemplo 3

      (Enem 2015) Ninguém nasce mulher; torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino.

      BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.

      Na década de 1960, a proposição de Simone de Beauvoir contribuiu para estruturar um movimento social que teve como marca o(a) 

      a) ação do Poder Judiciário para criminalizar a violência sexual.

      b) pressão do Poder Legislativo para impedir a dupla jornada de trabalho.

      c) organização de protestos públicos para garantir a igualdade de gênero.

      d) oposição de grupos religiosos para impedir os casamentos homoafetivos.

      e) estabelecimento de políticas governamentais para promover ações afirmativas.

      Resposta: [C]
      Na década de 60, a segunda onda do feminismo, da qual a autora fez parte, inspirava principalmente protestos públicos em prol da igualdade de gênero. 

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      Carol Firmino

      Jornalista, mestra e doutora em Comunicação pela Unesp. É editora no blog do Aprova Total e está sempre antenada ao universo da educação, com foco no Enem e na preparação para os grandes vestibulares do país. Tem passagens por veículos como Nova Escola, B9, UOL e Época Negócios.

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      Jornalista, mestra e doutora em Comunicação pela Unesp. É editora no blog do Aprova Total e está sempre antenada ao universo da educação, com foco no Enem e na preparação para os grandes vestibulares do país. Tem passagens por veículos como Nova Escola, B9, UOL e Época Negócios.

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