5 conquistas para celebrar no Dia Internacional da Mulher
Conhecer marcos importantes da história das mulheres e refletir sobre a sua luta por direitos é essencial para entender o papel social que elas exercem no Brasil e no mundo e superar desigualdades

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A data escolhida para celebrar o Dia Internacional da Mulher e a sua importância tem relação com eventos que aconteceram séculos atrás. Um deles é a grande passeata das mulheres, que ocorreu em 26 de fevereiro de 1909, nos Estados Unidos, em Nova York. Naquele dia, 15 mil operárias marcharam nas ruas da cidade por melhores condições de trabalho. Essa teria sido a primeira celebração do Dia Nacional da Mulher.
Anos mais tarde, outra ocasião, que ficou conhecida como Pão e Paz e aconteceu durante a Primeira Guerra Mundial, em 1917, reuniu milhares de trabalhadoras russas que protestavam contra a fome e queriam uma vida mais digna.
O protesto seguido de greve começou no dia 23 de fevereiro (pelo calendário juliano, utilizado na época), que corresponde a 8 de março no calendário gregoriano, presente na maioria dos países. Após quatro dias de paralisação, o czar Nicolau II foi forçado a abdicar, e o governo provisório ainda concedeu às mulheres o direito ao voto.
Apesar de a comemoração internacional ter sido oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU) apenas em 1975, alguns países celebraram, pela primeira vez, em 1911, como sugestão de Clara Zetkin, uma ativista defensora dos direitos das mulheres.
NAVEGUE PELOS CONTEÚDOS
Qual a importância do Dia Internacional da Mulher?
O dia 8 de março é feriado nacional em alguns países e, em outros, as comemorações duram todo o mês de março. Ainda assim, muita gente se pergunta qual é a importância do Dia Internacional da Mulher ou por que precisamos lembrá-lo.
Ao longo da história, testemunhamos avanços em relação aos direitos das mulheres. No entanto, as desigualdades em relação aos homens persistem em várias esferas, como na educação e no mercado de trabalho. Ainda há muitos desafios a serem superados e alguns retrocessos, como:
- o retorno do Talibã ao poder no Afeganistão, que resultou, por exemplo, em meninas banidas das escolas e na dissolução do Ministério para Assuntos da Mulher no país em 2021;
- os impactos da pandemia de Covid-19, que, segundo relatório divulgado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), foram maiores entre as mulheres das Américas. Ainda estão sob ameaça seu desenvolvimento e bem-estar, contribuindo para o aumento da desigualdade de gênero na saúde;
- as adversidades impostas a mulheres e meninas na guerra da Ucrânia, onde representam 90% das pessoas deslocadas pelo conflito. Segundo Sima Bahous, diretora-geral da ONU Mulheres, elas estão “expostas a riscos relacionados ao gênero, como tráfico humano, violência sexual e acesso impedido a serviços e bens essenciais".
A inglesa Virgínia Woolf tem uma frase que diz o seguinte: "Ao longo da maior parte da história, anônimo era uma mulher". Essa é uma referência ao modo como as (poucas) escritoras do passado assinavam seus textos, porque, durante séculos, a escrita representava um fruto proibido para as mulheres.
Aliás, a lista de proibições para elas já foi longa. Ter um cartão de crédito, integrar juris populares, usar pílulas anticoncepcionais, jogar futebol, escolher seus próprios relacionamentos amorosos, fumar em público e outras tantas atividades que hoje consideramos triviais.
Portanto, em um contexto no qual se luta muito para conseguir o mínimo, celebrar diretos assegurados e reconhecidos se torna essencial.
5 conquistas para celebrar no Dia Internacional da Mulher
Anos de apagamento e exclusão das mulheres, contra os quais luta o feminismo, se refletem em baixa representatividade política, desigualdade salarial, violência física e psicológica, tripla jornada (trabalho fora de casa, maternidade e cuidados domésticos) e muito mais.
Dessa forma, no Brasil e no mundo, o movimento feminista, desde sua origem, esteve diretamente ligado a avanços concretos e desempenha uma busca constante pela superação da desigualdade de gênero.

Para reforçar a importância da celebração do Dia Internacional da Mulher, compartilhamos com você 5 conquistas que mudaram a vida e a autonomia de mulheres. Conhecer esses marcos, especialmente os brasileiros, é indispensável para desenvolver repertório sobre o papel social que elas exercem:
1. Constituição Federal brasileira permite que as mulheres votem (1932)
A principal articuladora da conquista do direito ao voto em 1932 foi Bertha Lutz. Ela era bióloga, educadora e foi uma das idealizadoras do Partido Republicano Feminino. Junto com a professora Maria Lacerda de Moura, a diplomata fundou a Liga para a Emancipação Internacional da Mulher. O grupo de estudos lutava pela igualdade política das mulheres.
2. Comercialização da pílula anticoncepcional e liberdade sexual (1960)
Margaret Sanger dedicou parte de sua vida ao ativismo sobre o controle de natalidade. Enfermeira e sexóloga, ela fez campanhas para que cientistas desenvolvessem a pílula anticoncepcional, defendendo que mulheres fossem livres sexual e socialmente.
A pílula chegou ao mercado em internacional em 1960, enquanto aqui no Brasil ficou disponível a partir de 1962.
Apesar desse reconhecimento, Sanger é criticada pela relação com grupos de visão eugenista - que acreditam na superioridade genética e se apoiam em teorias racistas.
3. Surgimento da primeira delegacia da mulher (1985)
Um mapeamento feito pelo Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, da Unicamp, mostra que as delegacias das mulheres surgiram em resposta às demandas feministas de meados dos anos 1980. Nesse período de transição, do governo militar para o civil, e de redemocratização do Estado, muitas oportunidades de participação política surgiram.
Em São Paulo, por exemplo, o governador Franco Montoro tinha uma boa relação com o movimento de mulheres - que já vinha denunciando casos de violência doméstica.
Assim, o governo Montoro inaugurou as instituições de atendimento às mulheres em situação de violência no país. Em 1983, fundou o Centro de Orientação Jurídica e Encaminhamento à Mulher (COJE) e, em agosto de 1985, a primeira delegacia da mulher do Brasil.
4. Criação da Lei Maria da Penha (2006)
Em 1983, a farmacêutica bioquímica Maria da Penha foi vítima de dupla tentativa de feminicídio por parte de seu marido na época. Duas décadas mais tarde, após travar uma luta contra o Poder Judiciário, ela celebrou a criação da Lei Maria da Penha (11.340), pioneira ao reconhecer e criar mecanismos para combater a violência doméstica.
Então, considerando as recomendações da Corte Internacional dos Direitos Humanos (CIDH), de reparar Maria tanto material quanto simbolicamente, o Estado do Ceará pagou a ela uma indenização e o Governo Federal batizou a lei com o seu nome.
5. Criação da Lei do Feminicídio (2015)
A Lei do Feminicídio (13.104) trata do assassinato de mulheres por serem mulheres. Ela considera feminicídio o crime que envolve violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher da vítima. Mas por que uma essa lei é tão importante? No Brasil, uma mulher morre por ser mulher a cada dia.
Esse dado é resultado de um monitoramento feito pela Rede de Observatórios da Segurança durante 2022. Além disso, companheiros e ex-companheiros das vítimas são responsáveis pelo crime em 75% dos casos, nos quais as principais motivações são brigas e términos de relacionamento.
Como os diretos das mulheres podem aparecer no vestibular?
Veja alguns exemplos de questões que abordaram os direitos das mulheres, sua representação na sociedade e discussões sobre raça e gênero, todas fomentando a importância do Dia Internacional da Mulher e pautas relacionadas:
Exemplo 1 - Enem (2016)
Texto I

Texto II
Metade da nova equipe da NASA é composta por mulheres
Até hoje, cerca de 350 astronautas americanos já estiveram no espaço, enquanto as mulheres não chegam a ser um terço desse número. Após o anúncio da turma composta 50% por mulheres, alguns internautas escreveram comentários machistas e desrespeitosos sobre a escolha nas redes sociais.
Disponível em: https://catracalivre.com.br. Acesso em: 10 mar. 2016.
A comparação entre o anúncio publicitário de 1968 e a repercussão da notícia de 2016 mostra a
a) elitização da carreira científica.
b) qualificação da atividade doméstica.
c) ambição de indústrias patrocinadoras.
d) manutenção de estereótipos de gênero.
e) equiparação de papéis nas relações familiares.
Resposta: [D]
A alternativa [D] está correta. O texto I mostra o estereótipo de que os afazeres domésticos são destinados somente às mulheres, já o texto II mantém esse discurso quando revela a persistência do preconceito contra a mulher ocupando espaços de relevância na sociedade.
[A] está incorreta, pois os textos não abordam questões financeiras acerca dos serviços destacados. [B] está incorreta, porque a partir da leitura dos textos é possível notar a desvalorização do serviço da mulher e não uma qualificação dele. [C] está incorreta, pois o ponto central da questão não é o patrocínio de indústrias acerca do serviço da mulher e sim a questão de gênero. [E] está incorreta, já que as relações familiares não são abordadas na questão e, em um contexto geral, não ocorre a equiparação de papéis.
Exemplo 2 - Uece (2022)
O discurso do feminismo feito de forma generalista é excludente (RIBEIRO, 2014). Essa exclusão ocorre, porque as opressões atingem de formas diferentes as diferentes mulheres em todo o mundo. Segundo a autora, deve-se refletir sobre os pluralismos, as contradições e as diferenças dentro do feminismo e, ainda, discutir as lutas feministas considerando as perspectivas étnico-raciais e de classe: por exemplo, uma mulher branca e de classe média não vive os mesmos problemas que uma mulher negra e pobre na sociedade brasileira.
RIBEIRO, Djamila. “As diversas ondas do feminismo acadêmico”. [2014] In: Carta Capital. Escritório Feminista. Disponível em: https://www.geledes.org.br/diversas- ondas-feminismo-acadêmico/; acesso em: 20/04/2022.
Considerando o exposto, assinale a afirmação verdadeira sobre o feminismo.
a) O feminismo generalista coloca a mulher negra e de classe baixa como as agentes centrais na história da luta pelos direitos de todas as mulheres.
b) De modo geral, o movimento feminista aponta as mulheres negras e indígenas como as principais responsáveis por revolucionar todas as formas de opressão.
c) As concepções universalistas sobre o feminino devem ser desconstruídas, porque são diversas as experiências vivenciadas pelas mulheres.
d) O movimento feminista universal considerou historicamente as sobreposições das desigualdades de gênero, raça e classe que atingem todas as mulheres.
Resposta: [C]
A alternativa [C] está correta. A concepção de um feminismo universalista reforça as opressões de gênero, pois há mulheres que não estão dentro da caixa do que é considerado “feminino”. Dessa forma, é necessário levar em conta vivências e recortes diversos para superar as desigualdades de gênero.
[A] está incorreta, pois a maior crítica ao movimento feminista generalista é ignorar as especificidades de recortes para além do gênero, como raça e classe. [B] está incorreta, visto que o movimento feminista teve, por muitos anos, um protagonismo branco. Assim, pelas opressões de raça e classe sofridas, as mulheres negras, indígenas e pobres tiveram, historicamente, grande dificuldade em ter suas lutas e contribuições reconhecidas. [D] está incorreta, pois o movimento feminista universal não considera as intersecções de gênero, classe e raça na vida das mulheres.
Exemplo 3 - Enem (2015)
Ninguém nasce mulher; torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino.
BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
Na década de 1960, a proposição de Simone de Beauvoir contribuiu para estruturar um movimento social que teve como marca o(a)
a) ação do Poder Judiciário para criminalizar a violência sexual.
b) pressão do Poder Legislativo para impedir a dupla jornada de trabalho.
c) organização de protestos públicos para garantir a igualdade de gênero.
d) oposição de grupos religiosos para impedir os casamentos homoafetivos.
e) estabelecimento de políticas governamentais para promover ações afirmativas.
Resposta: [A]
A alternativa [C] está correta. Na década de 60, a segunda onda do feminismo, da qual a autora fez parte, inspirava principalmente protestos públicos em prol da igualdade de gênero.
[A] está incorreta, porque, apesar de a teoria de Simone de Beauvoir tocar neste ponto, não é isso que a proposição apresentada na questão traz como marco central. [B] está incorreta, pois a pressão do Poder Legislativo para impedir a dupla jornada de trabalho é pauta principal do movimento dos trabalhadores. [D] está incorreta, pois o movimento que a autora ajuda a estruturar é o movimento feminista, que diz respeito as mulheres e não tem como marco a oposição de grupos religiosos para impedir os casamentos homoafetivos. [E] está incorreta, já que essa é uma pauta de diversos movimentos sociais, mas não é o marco do movimento feminista.
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