Ciências Humanas História

Grécia Antiga: veja um resumo da civilização que moldou o mundo

Conheça os principais aspectos históricos e culturais da Grécia Antiga e garanta uma revisão eficiente sobre o assunto

Acessibilidade

São inúmeras as contribuições gregas para o mundo. Assim, nada melhor do que um resumo sobre a Grécia Antiga para abordar os tópicos que aparecem com mais frequência no Enem e nos vestibulares, não é mesmo? Assim, você economiza tempo de estudo até as provas!

Primeiramente, é preciso saber que a Grécia Antiga é considerada o berço da civilização ocidental tal como a conhecemos. Suas contribuições para a cultura, política, e ciência serviram de base para sistemas culturais, políticos e filosóficos de civilizações que seguiram.

A sociedade e cultura da Grécia Antiga oferecem uma janela para entender uma das raízes das civilizações ocidentais. Ao adentrar a política e governo na Grécia Antiga, revela-se a gênese da política ocidental contemporânea, incluindo o desenvolvimento da democracia.

As contribuições da Grécia Antiga para o mundo moderno, como no campo da filosofia, medicina e esportes, continuam a influenciar profundamente nossa sociedade atual. A seguir, vamos entender melhor quais são essas influências.

Períodos históricos da Grécia Antiga

Podemos dividir a História da Grécia Antiga em cinco períodos, de acordo com as transformações econômicas, sociais e políticas:

  • Pré-Homérico (séculos 20 - 12 a.C.): nesta fase, a chamada Península Balcânica começa receber o influxo de vários povos indo-europeus. Esses povos são consideradas, junto às civilizações micênica e minoica, que já existiam na região, a base do povo grego. São elas: Aqueus, Jônios, Eólios e Dórios.
  • Homérico (século 12 a.C. - século 8 a.C.): caracterizado pelo declínio das civilizações micênica e minoica. Esta fase tem este nome devido às obras fundamentais da cultura grega, que eram narradas pelo poeta Homero: a Ilíada e a Odisseia.
  • Arcaico (séculos 8 - 6 a.C.): nesta fase ocorreu a formação das pólis gregas, que eram as cidades-estados.
  • Clássico (séculos 5 - 4 a.C.): foi a fase de auge da civilização grega.
  • Helenístico (séculos 4 - 3 a.C.): fase de domínio do Império Macedônico sobre a Grécia. 

Entre esses, os períodos com maior significância histórica são os três últimos, períodos em que a Grécia experienciou a formação de suas principais estruturas políticas e sociais, o seu apogeu e o seu declínio.

Período Arcaico

O Período Arcaico foi uma fase de renascimento cultural, econômico e político. As cidades-estados, chamadas de pólis, se consolidaram, e houve uma expansão populacional e territorial, resultando na colonização de novas áreas no Mediterrâneo e no Mar Negro.

Foi um período de intensas mudanças sociais, com o surgimento de novas classes sociais e a introdução da escrita alfabética.

Os gregos desenvolveram instituições políticas como a oligarquia e a tirania, e começaram a estabelecer a base da democracia, especialmente em Atenas. A religião, a arte e a literatura também floresceram, com a construção de templos e a composição de obras líricas e poéticas.

Período Clássico

O Período Clássico é visto como a era dourada da Grécia Antiga, caracterizada pelo auge cultural e político. Atenas, sob a liderança de Péricles, tornou-se o centro cultural e intelectual do mundo grego, desenvolvendo a democracia direta.

A filosofia, a arte, a ciência e o teatro alcançaram seu auge com a obra de Sócrates, Platão, Aristóteles, Fídias e Eurípides.

Este período também foi marcado pelas Guerras Médicas contra os persas e, posteriormente, pela Guerra do Peloponeso entre Atenas e Esparta.

Após a derrota de Atenas na Guerra do Peloponeso, a Grécia entrou em um período de instabilidade que culminou com a invasão e domínio da Grécia pelo Império Macedônico de Felipe II e, posteriormente, Alexandre, o Grande. A invasão macedônica representou o fim do período Clássico e o início do período Helenístico.

Período Helenístico

Foi a fase de domínio do Império Macedônico sobre as cidades-estados gregas. Esse domínio levou as organizações sociais e políticas da Grécia Antiga ao fim, mas os macedônios preservaram a cultura grega.

Os macedônios eram um povo aparentado aos gregos e habitavam uma região ao norte da Grécia continental. Lá, eles constituíram um reino no século 7 a.C. Todavia, os outros gregos não os consideravam como iguais, inclusive, chamavam os macedônios de bárbaros - ou seja, povos não gregos.

Os macedônios, comandados por Alexandre o Grande, levaram a cultura grega para a Ásia, o Oriente Médio e o norte da África. A mistura da cultura greco-macedônica com as culturas afro-asiáticas e semitas levou o nome de cultura helenística.

👉 Leia também: História no Enem: quais assuntos mais caem na prova?

banner

Sociedade e cultura da Grécia Antiga

A sociedade da Grécia Antiga era complexa e variava significativamente de uma cidade-estado para outra, com Atenas e Esparta entre as mais conhecidas por suas estruturas sociais distintas.

Apesar das diferenças entre as cidades-estados, elas eram unidas pela cultura helênica, ou grega. Também dividiam a mesma origem mitológica, o mesmo idioma e o mesmo sistema de crenças.

Organização social

Para entender melhor a organização social, vamos analisar as divisões das sociedades ateniense e espartana.

Sociedade ateniense

Em Atenas, a sociedade se dividia em:

  • Eupátridas: os “bem nascidos”, eram os parentes próximos dos patriarcas do período Pré-homérico e, devido a essa condição, haviam herdado muitas terras férteis disponíveis. Além de terras, os eupátridas também possuíam escravos.
  • Demiurgos: eram uma camada social intermediária. Eles eram livres e dedicavam-se às atividades urbanas, como artesanato e comércio.
  • Metecos: eram os estrangeiros que viviam nas cidades-estados gregas. Eles não possuíam os mesmos direitos dos eupátridas. Por exemplo, eles deviam pagar para viver e trabalhar nas cidades gregas, e não tinham autorização para participar da vida política. Todavia, cumpriam serviço militar como qualquer outro cidadão.
  • Escravos: os prisioneiros de guerra, bem como os endividados tornavam-se escravos.

Em determinado momento, a escravidão por dívidas foi abolida em Atenas, mas, no geral, era vista com bastante naturalidade pelos gregos.

Ao contrário da escravidão moderna, a escravidão no mundo Antigo não era racializada. Isso significa que as pessoas não eram escravizadas pelo critério da raça, como a escravidão explorada pelos europeus na América. Os escravizados no mundo antigo eram obtidos através de guerras ou por dívida.

Os cidadãos atenienses, exclusivamente homens livres nascidos em Atenas, detinham privilégios políticos e participavam ativamente das decisões cívicas, enquanto mulheres e escravos eram excluídos desses direitos.

🏛️ Os metecos, apesar de contribuírem economicamente, principalmente por meio do comércio e artesanato, não possuíam direitos políticos e eram proibidos de possuir terras.

Sociedade espartana

A sociedade espartana era altamente estratificada. As classes sociais não eram as mesmas de Atenas, e era muito difícil, senão impossível, ocorrer alguma espécie de mobilidade social. As classes pelas quais se dividia a sociedade espartana eram:

  • Esparciatas: eram os filhos de pai e mãe espartanos e os únicos habilitados a exercer os direitos políticos. Por sua vez, eles eram obrigados a ficar à disposição do Estado e receber a educação espartana. Por outro lado, os esparciatas recebiam e herdavam terras do Estado e eram proibidos de exercer o comércio.
  • Periecos: descendiam de povos conquistados e eram sujeitos a impostos. Ao contrário dos esparciatas, tinham autorização para exercer atividades comerciais e artesanais. Apesar de não receberem a mesma educação dos esparciatas, eram obrigados a ir à guerra junto com eles.
  • Hilotas: eram servos do Estado espartano e obrigados a trabalhar nas terras dos esparciatas cedendo 50% da sua colheita. De tempos em tempos, eles se revoltavam contra sua condição, o que trazia duras repressões da parte dos esparciatas como consequência.

Religião e mitologia

A religião na Grécia Antiga era profundamente integrada à vida cotidiana e política das cidades-estados.

Politeísta, a religião grega era centrada no culto a uma variedade de deuses olímpicos, como Zeus, Hera e Atena, que influenciavam desde as decisões políticas até as práticas agrícolas.

Representação dos doze deuses gregos olímpicos
Quadro de Nicolas-André Monsiau representando os 12 deuses olímpicos (Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons)

Festivais religiosos, como os Jogos Olímpicos, eram eventos significativos que reforçavam a unidade entre as diversas cidades-estados e celebravam os deuses com competições esportivas e oferendas.

Filosofia e Ciência

A filosofia na Grécia Antiga, iniciada no período Pré-socrático, evoluiu em cidades como Atenas, onde filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles questionavam sobre a ética, política e natureza humana.

Esses filósofos contribuíram para o desenvolvimento do pensamento ocidental, estabelecendo as bases para a ciência moderna e a filosofia política.

A busca pelo conhecimento e pela verdade era um valor central na cultura grega, refletindo-se na valorização da educação e no debate público como forma de governança.

Política e governo na Grécia Antiga

Antes de mergulharmos na política da Grécia Antiga, é importante saber que cada cidade-estado era independente e autônoma.

Democracia ateniense

Antes da formação da democracia, Atenas passou por várias formas de governo:

  • Monarquia: um rei exercia o governo com o auxílio de um conselho de aristocratas (areópago);
  • Oligarquia: a aristocracia ateniense toma o controle do governo, dando fim à Monarquia;
  • Tirania: uma forma de governo de exceção, imposto por uma figura autoritária. Na tirania grega, o governante detinha todos os poderes, mas devia representar os interesses do povo.

No final do século 6 a.C., Atenas vivia sob a tirania de Pisístrato e continuada por seus filhos, Hípias e Hiparco. Após a queda do último tirano, Hípias, Clístenes - um importante político da época - viu a oportunidade de continuar reformas políticas iniciadas por Sólon e reestruturar a política ateniense para evitar o retorno da tirania e fortalecer a participação dos cidadãos.

Clístenes introduziu a isonomia, promovendo igualdade entre os cidadãos, e o ostracismo, mecanismo jurídico para banir da cidade-estado aqueles que tentassem tomar o poder de forma autoritária. Também estabeleceu o Conselho dos Quinhentos, que representava os diversos demos e preparava as questões a serem discutidas na Assembleia.

Essas reformas não apenas eliminaram as bases da tirania, mas também lançaram os alicerces da democracia direta ateniense, permitindo que todos os cidadãos participassem ativamente na tomada de decisões políticas. 

A democracia ateniense caracterizava-se pela participação direta dos cidadãos livres nas decisões políticas através de instituições como a Ekklesia (Assembleia Popular) e a Boulé (Conselho dos Quinhentos). Ou seja, a democracia ateniense, diferentemente da democracia representativa contemporânea, era direta.

Apesar do nome, a democracia ateniense nunca foi um governo representativo da vontade da população, mas literalmente dos cidadãos. E cidadãos, neste caso, eram os homens atenienses, maiores de 21 anos e filhos de pai e mãe atenienses.

Esse seleto grupo era minoria dos habitantes de Atenas. Nem os escravizados, nem as mulheres e nem os estrangeiros eram considerados cidadãos.

Reunidos na Eclésia (Assembleia Popular), os cidadãos decidiam sobre política externa, a destituição de magistrados e a fiscalização daqueles que detinham o poder. Era uma forma de democracia direta, e os cidadãos que participavam das Assembleias não eram remunerados para isso. Somente durante a Guerra do Peloponeso que essa remuneração foi estabelecida.

Esparta e a oligarquia

Em contraste com Atenas, Esparta era governada por uma oligarquia militarista. O governo espartano possuía dois reis que lideravam as funções religiosas e militares e uma Gerúsia, um conselho de anciãos responsável pela formulação de leis.

Além disso, a Ápela, uma assembleia de cidadãos, deliberava sobre as leis propostas pela Gerúsia.

A sociedade espartana estava dividida entre os espartanos, que detinham privilégios políticos e militares, e os hilotas, servos que sustentavam a economia agrária espartana. A rigidez das estruturas sociais e a concentração de poder nas mãos de poucos caracterizavam a governança de Esparta.

👉 Leia também:

Três poderes no Brasil: o que faz o Legislativo, o Executivo e o Judiciário?

Entenda a história e o conceito de cidadania no Brasil

Contribuições da Grécia Antiga para o mundo moderno

Da política à filosofia, a Grécia Antiga deixou diversas contribuições para o mundo moderno. Vamos explorar as principais.

Literatura e teatro

A literatura grega, desde os poemas épicos de Homero, como a Ilíada e a Odisseia, até as tragédias de Eurípides e as comédias de Aristófanes, estabeleceu as bases dos gêneros literários que perduram até hoje.

Essas obras não apenas moldaram a literatura clássica, mas também influenciaram fortemente a cultura ocidental, perpetuando-se através dos séculos.

Os estilos literários e as estruturas dramáticas desenvolvidas na Grécia Antiga continuam a ser estudados e reverenciados, refletindo-se no teatro moderno.

Esportes e as Olimpíadas

Os Jogos Olímpicos, iniciados na Grécia Antiga em 776 a.C. em Olímpia, são um dos maiores legados esportivos da civilização grega. Essas competições eram parte de rituais religiosos em honra a Zeus e promoviam a paz entre as cidades-estados durante os jogos.

A tradição de realizar os jogos a cada quatro anos e a "paz olímpica" são práticas que foram adaptadas e são veneradas até hoje nas Olimpíadas modernas.

Além disso, modalidades como o pentatlo e o arremesso de disco têm suas raízes nesses antigos jogos olímpicos, demonstrando a longa influência da Grécia no esporte mundial.

Como a Grécia Antiga cai no Enem e vestibulares

A Grécia Antiga é frequentemente abordada no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e em diversos vestibulares.

No Enem, podem cair questões relacionadas às características políticas, sociais e culturais das cidades-estados, explorando temas como democracia, oligarquia e a vida cotidiana nessas sociedades.

Já nos vestibulares, podem cair questões mais conteudistas, perguntando sobre eventos históricos significativos, como a Guerra do Peloponeso. Também podem cair questões sobre a filosofia e a arte grega, e o legado cultural da Grécia para o mundo ocidental. Vamos conferir alguns exemplos!

Exemplo de questão sobre a Grécia Antiga no Enem

(Enem 2020) Na Grécia, o conceito de povo abrange tão somente aqueles indivíduos considerados cidadãos. Assim é possível perceber que o conceito de povo era muito restritivo. Mesmo tendo isso em conta, a forma democrática vivenciada e experimentada pelos gregos atenienses nos séculos IV e V a.C. pode ser caracterizada, fundamentalmente, como direta.

MANDUCO, A. Ciência política. São Paulo: Saraiva. 2011.

Naquele contexto, a emergência do sistema de governo mencionado no excerto promoveu o(a)

a) competição para a escolha de representantes.

b) campanha pela revitalização das oligarquias.

c) estabelecimento de mandatos temporários.

d) declínio da sociedade civil organizada.

e) participação no exercício do poder.

Resposta: [E]
Apesar das restrições de cidadania – apenas homens livres, maiores de 21 anos e atenienses natos eram considerados cidadãos em Atenas – e da existência de alguns poucos cargos eletivos, podemos considerar a democracia ateniense como sendo exercida de maneira direta, uma vez que as principais decisões da cidade-estado eram tomadas em conjunto na Ápela, pela chamada Assembleia Geral de Cidadãos.

Exemplo de questão sobre a Grécia Antiga no vestibular

(Fuvest 2023) “A Pólis apresenta-se como um universo homogêneo, sem hierarquia, sem planos diversos, sem diferenciação. (…) Segundo um ciclo regulamentado, a soberania passa de um grupo a outro, de um indivíduo a outro, de tal maneira que comandar e obedecer, em vez de se oporem como dois absolutos, tornam-se os dois termos inseparáveis de uma mesma relação reversível”.

VERNANT, Jean-Pierre. As Origens do Pensamento Grego. Rio de Janeiro: Difel, 2002.

Sobre a noção de pólis expressa no texto, é correto afirmar que ela pressupõe

a) uma concepção excludente do poder político.

b) uma oposição absoluta entre comando e obediência.

c) um modelo político de democracia representativa.

d) uma participação isonômica dos cidadãos.

e) uma ausência de soberania no espaço cívico.

Resposta: [D]
Na pólis grega, dentre aqueles considerados cidadãos, havia uma isonomia política e social, sem distinções.

🥇 Quer se preparar para o Enem e os vestibulares? No Aprova Total, você tem acesso a videoaulas, materiais didáticos, simulados, correções de redação e muito mais!

banner

TEMAS:

avatar
Bárbara Donini

Analista de História no Aprova Total. Licenciada (Udesc) e mestre (UFSC) em História, tem experiência na área de educação, no Ensino Fundamental e em curso pré-vestibular.

Ver mais artigos de Bárbara Donini >

Analista de História no Aprova Total. Licenciada (Udesc) e mestre (UFSC) em História, tem experiência na área de educação, no Ensino Fundamental e em curso pré-vestibular.

Ver mais artigos de Bárbara Donini >

Compartilhe essa publicação:
Aumente sua nota TRI estudando com provas anteriores do Enem!
Baixe já o aplicativo do

Veja Também

Assine a newsletter do Aprova Total

Você receberá apenas nossos conteúdos. Não enviaremos spam nem comercializaremos os seus dados.