Filosofia helenística: conheça as principais escolas do período
Entenda o epicurismo, o estoicismo, o ceticismo e outros pensamentos da época; veja também como resolver questões sobre o assunto que podem cair no Enem e outros vestibulares
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Na história da humanidade, existe um período marcado pela filosofia helenística, cujas características são a preocupação filosófica com o sentido da vida e a felicidade do indivíduo inserido em um mundo incerto. Neste artigo, vamos entender o contexto histórico dos filósofos dessa época e as características e diferenças entre as escolas helenísticas.
NAVEGUE PELOS CONTEÚDOS
Contexto histórico do surgimento das filosofias helenísticas
As filosofias helenísticas emergiram no contexto de decadência das polis gregas, com as conquistas de "Alexandre, o Grande" durante o século 4 a.C. Esse momento foi marcado por uma série de eventos e mudanças que moldaram o pensamento filosófico da época, com características de escolas filosóficas que surgiram e floresceram nas cidades gregas, especialmente em Atenas e Alexandria.
Após a morte de Alexandre, seu vasto império foi dividido entre os generais, formando os reinos helenísticos. Essa fragmentação política e cultural impactou profundamente na filosofia, uma vez que os filósofos gregos passaram a viver em diversas regiões sob diferentes governantes.
Nesse contexto de incertezas, as preocupações filosóficas mudaram. Os filósofos helenísticos se afastaram das questões metafísicas e cosmológicas que os filósofos pré-socráticos abordavam e pela escola platônica de pensamento. Em vez disso, eles se concentraram em questões práticas relacionadas à ética, à felicidade e ao modo de vida.
Características das filosofias helenísticas
Com as mudanças políticas que o Império de Alexandre causou, o pensamento filosófico passa por uma transformação: o foco deixa de ser a cidade e a política para centrar-se na vida feliz dos indivíduos.
Nesse sentido, as filosofias helenísticas estavam preocupadas com questões práticas, como a busca pela felicidade, pela ética e pela maneira de viver uma boa vida em um mundo incerto e tumultuado. Elas procuravam oferecer orientação para os indivíduos em um contexto de instabilidade política e social.
As filosofias helenísticas são caracterizadas por diferentes escolas. Muitas delas, como o estoicismo e o epicurismo, pregavam a busca da ataraxia, que era uma forma de tranquilidade interior. Acreditava-se que alcançar a ataraxia envolvia o controle das emoções, a superação dos desejos excessivos e a aceitação serena das circunstâncias da vida. Vamos, então, entender a distinção entre essas escolas?
Principais escolas de filosofia helenística e seus filósofos
O período helenístico testemunhou o surgimento de várias escolas filosóficas distintas, cada uma com suas próprias doutrinas e ensinamentos. Essa diversidade filosófica reflete a pluralidade de perspectivas que surgiram naquele momento.
O que marca a semelhança entre as escolas helenísticas é a preocupação com a felicidade individual, isto é, as filosofias helenísticas eram pragmáticas em sua abordagem, visando proporcionar orientações práticas para a vida diária.
Elas se concentravam na maneira como as pessoas poderiam alcançar uma vida feliz, muitas vezes rejeitando especulações teóricas abstratas em favor de conselhos práticos. A seguir, você vai aprender sobre cinco diferentes escolas filosóficas:
Epicurismo
O epicurismo é uma escola da filosofia helenística fundada por Epicuro no século 4 a.C. Essa filosofia se concentra na busca da felicidade e na minimização do sofrimento humano por meio da temperança (equilíbrio entre a falta e o excesso).
Epicuro acreditava que o caminho para a vida feliz era a busca do prazer moderado e a ausência da dor física e emocional.
Além disso, enfatizava a importância da amizade e argumentava que o medo de punições divinas ou de sofrimento após a morte era uma fonte de ansiedade.
(Imagem: Reprodução Wikimedia Commons)
Estoicismo
Zenão de Cítio fundou o estoicismo no século 3 a.C, concentrando-se na busca da virtude, da sabedoria e da serenidade em meio às adversidades da vida.
Uma das ideias centrais é a distinção entre coisas que estão sob nosso controle (ações, atitudes, escolhas) e que estão fora dele (eventos externos e comportamento de outras pessoas).
Os estoicos ensinavam que a chave para a felicidade residia em aceitar com serenidade as circunstâncias externas usando a apatia, não no sentido de indiferença emocional, mas como a capacidade de não ser afetado emocionalmente.
(Imagem: Reprodução Wikimedia Commons)
Escola cética
O ceticismo teve Pirro de Élis como um de seus proponentes mais notáveis. Essa filosofia se caracteriza pela ênfase na suspensão do julgamento e pela dúvida sistemática em relação a todas as crenças e opiniões.
Os céticos argumentam que, dada a incerteza inerente à percepção humana e à capacidade limitada de compreensão, não é possível ter conhecimento absoluto sobre o mundo.
Assim, todas as afirmações podem ser contestadas e não se deve afirmar que nada é verdadeiro ou falso.
(Imagem: Reprodução Wikimedia Commons)
Escola cínica
Diógenes de Sínope é um dos representantes mais famosos do cinismo.
Esta filosofia se caracteriza pela rejeição das convenções sociais, materiais e culturais em busca de uma vida simples e autêntica.
Os cínicos acreditavam que a verdadeira sabedoria estava em viver de acordo com a natureza, em um estado de autossuficiência. Enfatizavam a independência de desejos materiais e a indiferença aos confortos e prazeres mundanos.
(Imagem: Reprodução Wikimedia Commons)
Neoplatonismo
O neoplatonismo é uma corrente filosófica que se desenvolveu no século 3 da era comum e recebeu influência de Platão e de outras correntes, como o pensamento aristotélico e o estoicismo. Plotino é o principal filósofo neoplatônico.
A filosofia enfatizava a existência de um mundo transcendental, chamado Uno, do qual tudo em nossa realidade emanava; e um só Deus, que busca a ascensão espiritual e a união com o Uno. Esse pensamento influenciou diversos pensadores da filosofia medieval
(Imagem: Reprodução Wikimedia Commons)
Ecletismo
Diferentemente das outras escolas, o ecletismo se caracteriza pela adoção e combinação dos elementos de diferentes escolas de pensamento. Em vez de aderir rigidamente a uma única tradição filosófica, os ecléticos escolhem livremente ideias e doutrinas de várias para construir sua própria visão do mundo.
O ecletismo valoriza a flexibilidade intelectual e a busca pelo que é considerado o melhor em cada escola, à procura de uma síntese harmoniosa de diferentes perspectivas. Por exemplo: o neoplatonismo, que se trata de uma síntese do pensamento platônico com elementos de outras tradições, pode ser visto como uma forma de ecletismo.
Como a filosofia helenística cai no Enem e outros vestibulares
A filosofia helenística está presente nas questões de filosofia do Enem desde 2014. É comum que elas tragam o texto de algum pensador e peçam uma relação entre o trecho destacado e a essência da abordagem filosófica ali presente.
📢 IMPORTANTE
Entre as alternativas incorretas, é possível encontrar afirmações corretas sobre outras abordagens teóricas que não a tratada no texto. Por isso, é indispensável se ater às diferenças entre cada escola para evitar confundi-las.
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Vamos ao exemplos de exercícios sobre a filosofia helenística?
Exemplo 1
Enem PPL 2017
XI. Jamais, a respeito de coisa alguma, digas: “Eu a perdi”, mas sim: “eu a restituí”. O filho morreu? Foi restituído. A mulher morreu? Foi restituída. “A propriedade me foi subtraída”, então também foi restituída. “Mas quem a subtraiu é mau”. O que te importa por meio de quem aquele que te dá a pede de volta? Na medida em que ele der, faz uso do mesmo modo de quem cuida das coisas de outrem. Do mesmo modo como fazem os que se instalam em uma hospedaria.
EPICTETO. Encheirídion. In: DINUCCI, A. Introdução ao Manual de Epicteto. São Cristóvão: UFS, 2012 (adaptado).
A característica do estoicismo presente nessa citação do filósofo grego Epicteto é
a) explicar o mundo com números.
b) identificar a felicidade com o prazer.
c) aceitar os sofrimentos com serenidade.
d) questionar o saber científico com veemência.
e) considerar as convenções sociais com desprezo.
Resposta: [C]
O texto representa a concepção da doutrina filosófica do estoicismo de que o autodomínio e o controle das paixões, a partir de uma postura apática (com equilíbrio emocional em relação a tudo que não é passível de domínio pelo indivíduo) levaria a uma vida virtuosa e mais feliz. Essa aceitação passiva do sofrimento é a característica do estoicismo presente no texto.
Exemplo 2
Enem 2014
Alguns dos desejos são naturais e necessários; outros, naturais e não necessários; outros, nem naturais nem necessários, mas nascidos de vã opinião. Os desejos que não nos trazem dor se não satisfeitos não são necessários, mas o seu impulso pode ser facilmente desfeito, quando é difícil obter sua satisfação ou parecem geradores de dano.
EPICURO DE SAMOS. “Doutrinas principais”. In: SANSON, V. F. Textos de filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 1974.
No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem tem como fim
a) alcançar o prazer moderado e a felicidade.
b) valorizar os deveres e as obrigações sociais.
c) aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com resignação.
d) refletir sobre os valores e as normas dadas pela divindade.
e) defender a indiferença e a impossibilidade de se atingir o saber.
Resolução: [A]
A filosofia de Epicuro tem como um de seus princípios a moderação dos desejos e dos prazeres.
