Fases da globalização: entenda os períodos e seus impactos

A globalização é um dos fenômenos mais discutidos da contemporaneidade, sendo um processo de crescente interconexão entre os países. Essa integração — que envolve aspectos econômicos, culturais e políticos — transformou a forma como as sociedades interagem e evoluiu ao longo do tempo em diferentes fases da globalização, cada uma com suas próprias características e impactos globais.

Entender essas fases é essencial para analisar como o mundo chegou ao nível atual de conectividade e dependência mútua. Neste conteúdo, você vai conhecer as principais fases da globalização, seus marcos históricos e como cada etapa influenciou as relações internacionais, a economia mundial e o nosso cotidiano.

O que é globalização? Definição e conceitos principais

A globalização é um processo de integração entre as nações que ocorre em várias dimensões: econômica, política, social e cultural. Ela tem como principal marca a intensificação dos fluxos de bens, serviços, capitais, pessoas e informações em escala mundial.

No campo econômico, a globalização se manifesta na expansão do comércio internacional, na circulação de investimentos e na formação de mercados cada vez mais interconectados. Já no aspecto político, destaca-se pela criação de instituições multilaterais e pelo fortalecimento da cooperação entre os estados.

Culturalmente, esse processo contribui para a disseminação de valores, hábitos e conhecimentos entre diferentes regiões do mundo. Essa troca favorece tanto a diversidade cultural quanto a homogeneização de comportamentos, costumes e formas de consumo.

As fases da globalização

O processo de globalização não aconteceu de forma instantânea, mas se desenvolveu ao longo da história em diferentes etapas, cada uma com características específicas.

As fases da globalização refletem os momentos em que o mundo experimentou avanços significativos na integração econômica, política e cultural entre os países. Veja a seguir como essas fases se organizaram historicamente:

Primeira fase da globalização (séculos 15 a 18)

A primeira fase da globalização teve início com as Grandes Navegações, marcando o período entre os séculos 15 e 18. As potências europeias, como Portugal e Espanha, expandiram suas fronteiras marítimas em busca de rotas comerciais, especiarias, metais preciosos e novos territórios. Esse movimento deu origem ao colonialismo europeu, ao comércio transatlântico e à formação dos primeiros impérios coloniais.

Apesar de limitada às grandes potências e às colônias exploradas, essa etapa foi essencial para o início da interligação econômica entre os continentes, ainda que de forma desigual e baseada na exploração de povos colonizados.

Segunda fase da globalização (final do século 19 ao início do século 20)

A segunda fase da globalização ocorreu entre o fim do século 19 e o início do século 20, impulsionada pela Segunda Revolução Industrial e pelo avanço dos meios de transporte e comunicação, como os trens, navios a vapor e o telégrafo.

As inovações tecnológicas facilitaram o escoamento de produtos manufaturados e a importação de matérias-primas, intensificando a interdependência entre economias.

Esse período também foi marcado pelo avanço do imperialismo europeu, com países industrializados dominando economicamente e politicamente regiões da África, Ásia e América Latina.

Terceira fase da globalização (pós-Segunda Guerra Mundial)

Após a Segunda Guerra Mundial, a terceira fase da globalização consolidou-se com a criação de instituições multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e a Organização das Nações Unidas (ONU). O objetivo era promover a reconstrução econômica, especialmente da Europa e do Japão, e evitar novos conflitos globais.

Esse contexto favoreceu uma maior integração econômica e política, com destaque para o crescimento dos Estados Unidos como potência hegemônica. Embora o mundo estivesse dividido entre os blocos capitalista e socialista durante a Guerra Fria, a interdependência global continuou a se expandir.

Quarta fase da globalização (anos 1980 em diante)

A quarta fase da globalização teve início nos anos 1980, ganhando força nas décadas seguintes. O avanço das tecnologias da informação e da comunicação, especialmente com o surgimento da internet, mudou radicalmente a dinâmica global. A mobilidade de capitais, a desregulamentação dos mercados e o fortalecimento do neoliberalismo permitiram a formação de uma economia global altamente integrada.

Empresas transnacionais expandiram suas operações e passaram a organizar suas cadeias produtivas de forma global, conectando diferentes regiões do mundo. Além disso, a queda do bloco soviético e a abertura econômica de países emergentes reforçaram ainda mais a lógica da globalização contemporânea.

👉 Leia também:

Geografia no Enem 2025: assuntos que mais caem na prova

Tigres Asiáticos: conheça os países que são potências industriais

Impactos da globalização

A globalização provoca efeitos profundos em diversas áreas da vida social, econômica e política. Esses impactos podem ser positivos ou negativos, dependendo do contexto e da forma como cada país se insere nesse processo.

Destacamos a seguir os principais impactos da globalização em diferentes dimensões:

Impactos econômicos

No campo econômico, a globalização promoveu o aumento do comércio internacional, a intensificação dos fluxos de capitais e a expansão das corporações transnacionais, que passaram a operar em escala global. Países desenvolvidos e em desenvolvimento integraram-se mais profundamente às dinâmicas econômicas globais, participando de cadeias produtivas internacionais.

Entre os efeitos positivos, destacam-se o crescimento econômico, a diversificação de mercados e o acesso facilitado a bens e tecnologias. Por outro lado, a concorrência com grandes empresas estrangeiras afetou negativamente muitas economias locais, levando à desindustrialização, perda de empregos e aumento da dependência externa em algumas regiões.

Impactos culturais

A globalização cultural intensificou o intercâmbio de valores, práticas, produtos e expressões artísticas entre diferentes países. A circulação global de músicas, filmes, modas e hábitos alimentares contribuiu para a ampliação da diversidade e para o contato entre culturas antes distantes.

No entanto, esse processo também gerou críticas à chamada homogeneização cultural, marcada pela predominância de valores ocidentais, especialmente norte-americanos, e pelo enfraquecimento de tradições locais e identidades culturais regionais.

Em muitos casos, a cultura globalizada tende a se sobrepor às manifestações culturais originárias, provocando a perda de elementos simbólicos e linguísticos.

Impactos políticos

Politicamente, a globalização impulsionou a criação de organizações internacionais e blocos econômicos, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), a União Europeia (UE) e o Mercosul, que buscam promover a cooperação e a integração entre os países.

Essa nova lógica de governança global ampliou os espaços de negociação e atuação conjunta, mas também trouxe desafios. Muitas vezes, surgem conflitos em torno da soberania nacional, com estados enfrentando dificuldades para tomar decisões autônomas diante de pressões externas, acordos multilaterais e agendas econômicas globais.

Desafios e críticas à globalização

Apesar dos avanços promovidos pela globalização em áreas como economia, tecnologia e cultura, o processo também gerou diversos desafios e críticas. Seus efeitos não foram distribuídos de forma igualitária e, em muitos contextos, acabaram agravando problemas históricos ou criando novas tensões sociais e ambientais.

Desigualdade e exclusão social

Um dos principais pontos de crítica à globalização é o aumento das desigualdades sociais e econômicas. Embora tenha gerado crescimento em várias regiões, os benefícios desse processo foram, em grande parte, concentrados em países desenvolvidos e nas camadas mais privilegiadas da população.

Por outro lado, muitos países em desenvolvimento, especialmente aqueles com baixa inserção no mercado global, continuaram enfrentando pobreza, desemprego e vulnerabilidade social.

Em contextos urbanos e periféricos, a globalização intensificou a marginalização de grupos sociais, ao mesmo tempo em que promoveu padrões de consumo inacessíveis para grande parte da população.

Sustentabilidade ambiental

Outro grande desafio está relacionado aos impactos ambientais da globalização. A ampliação do comércio internacional e a busca incessante por crescimento econômico estimularam a exploração intensiva de recursos naturais, a expansão da industrialização e o aumento das emissões de gases de efeito estufa.

Esse cenário contribui para o aquecimento global, a degradação de ecossistemas e a perda de biodiversidade. Além disso, levanta um dilema central: como equilibrar desenvolvimento econômico e preservação ambiental em um mundo altamente conectado e competitivo? A discussão sobre sustentabilidade na era globalizada tornou-se uma das pautas mais urgentes do século 21.

Resumo: fases da globalização

A globalização pode ser dividida em quatro fases principais, cada uma marcada por transformações significativas nas relações econômicas, políticas e culturais entre os países:

• A primeira fase teve início com as Grandes Navegações (séculos 15 a 18), quando as potências europeias expandiram seus domínios coloniais e iniciaram o comércio transoceânico, conectando diferentes partes do mundo pela primeira vez.
• A segunda fase, no final do século 19 e início do século 20, foi impulsionada pela Revolução Industrial, que acelerou o crescimento do comércio internacional, da produção em massa e da interdependência econômica entre as nações.
• A terceira fase ocorreu no período pós-Segunda Guerra Mundial, marcada pela criação de instituições multilaterais, como o FMI e a ONU, e pelo fortalecimento do comércio, dos investimentos e da cooperação internacional.
• Por fim, a quarta fase, iniciada nos anos 1980 com a Revolução Digital, ampliou a conectividade global por meio da internet, das tecnologias de informação e da mobilidade de capitais. Essa etapa intensificou a integração econômica e cultural, mas também gerou novos desafios, como o aumento da desigualdade social e as preocupações ambientais.

Como as fases da globalização caem no Enem e nos vestibulares?

Veja a seguir alguns exemplos de questões sobre as fases da globalização:

Exemplo 1

(Enem 2023)  Concorrer e competir não são a mesma coisa. A concorrência pode até ser saudável sempre que a batalha entre agentes, para melhor empreender uma tarefa e obter melhores resultados finais, exige o respeito a certas regras de convivência preestabelecidas ou não. Já a competitividade se funda na invenção de novas armas de luta, num exercício em que a única regra é a conquista da melhor posição. A competitividade é uma espécie de guerra em que tudo vale e, desse modo, sua prática provoca um afrouxamento dos valores morais e um convite ao exercício da violência.

SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único a consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2006.

De acordo com a diferenciação feita pelo autor, que prática econômica é considerada moralmente condenável? 

a) Adoção do dumping comercial.
b) Fusão da função administrativa.     
c) Criação de holding empresarial.     
d) Limitação do mercado monopolista.    
e) Modernização da produção industrial.       

Resposta: [A]
O dumping é uma prática na qual os bens são vendidos a preços abaixo do mercado, eliminando assim a concorrência

Exemplo 2

(Fuvest 2020) É de grande relevância aqui o fato de que uma grande proporção do trânsito de internet do mundo passa pelos Estados Unidos (...). Isso significa que uma NSA (a agência de segurança nacional dos EUA) poderia acessar uma quantidade alarmante de ligações telefônicas simplesmente escolhendo as instalações específicas. O que é ainda mais inacreditável: essas instalações não passam de alguns prédios, conhecidos como “hotéis de telecomunicação”, que alojaram os principais centros de conexão de internet e telefonia do planeta todo.

A respeito da configuração espacial e geopolítica retratada no trecho e no mapa, é possível afirmar que

a) essa é a razão do grande déficit econômico dos Estados Unidos atualmente, uma vez que a maior parte dos negócios e transações são feitas pela internet.    
b) essa situação explica o fato de que os Estados Unidos tenham, atualmente, a maior dívida pública do planeta, já que os custos com o tratamento de dados são muito altos.   
c) em um mundo cada vez mais dependente dos fluxos imateriais de informação, a presença de objetos técnicos fixos torna-se irrelevante para a posição geopolítica dos Estados Unidos.   
d) o mapa representa, por meio do “trânsito de internet” e do fluxo de “ligações telefônicas”, uma globalização que integrou completamente tanto os norte‐americanos quanto as populações da África.
e) a presença de fixos, como algumas instalações de armazenagem e conexão, influencia a orientação de fluxos e dá aos EUA uma posição de destaque no contexto geopolítico.

Resposta: [E]
A internet surgiu nos Estados Unidos durante a Guerra Fria com fins militares e, mais tarde, foi adaptada para uso civil e comercial. O apoio do Estado e das universidades foi essencial para o sucesso do setor privado, consolidando o país como líder tecnológico. A concentração de grandes empresas de tecnologia e infraestrutura digital nos EUA confere ao país um forte poder econômico e geopolítico. Casos de espionagem revelados nos últimos anos geraram pressão internacional por uma regulação global da internet.