Tigres Asiáticos: conheça os países que são potências industriais

Os Tigres Asiáticos representam um conjunto de países (e regiões) do leste asiático que, a partir da segunda metade do século 20, tiveram um rápido crescimento econômico.

Composto por Hong Kong, Singapura (ou Cingapura), Coreia do Sul e Taiwan, o grupo se destacou por se transformar em potências industriais em pouco tempo.

Neste artigo, vamos explorar características desses locais, suas trajetórias econômicas, particularidades e como se tornaram exemplos de sucesso para outras nações em desenvolvimento.

O que são os Tigres Asiáticos?

Nas décadas de 1960 e 1970, os Tigres Asiáticos adotaram políticas econômicas e industriais inovadoras, investiram em educação e tecnologia e se abriram ao comércio internacional.

A maneira como Hong Kong, Singapura, Coreia do Sul e Taiwan se desenvolveu fez com que esse modelo se expandisse para outros locais da região, o que resultou nos Novos Tigres Asiáticos (Malásia, Tailândia, Indonésia e Filipinas).

O crescimento dos Tigres Asiáticos tem relação com o forte investimento estatal em infraestrutura e educação para a mão de obra especializada. Esse esforço, aliado ao investimento externo, foi determinante para atrair indústrias que buscavam pessoas especializadas em uma terra livre de impostos e próxima à sua matriz.

Origem e ascensão dos Tigres Asiáticos

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o Japão estava derrotado e enfraquecido economicamente. O medo do revanchismo que fomentou a Alemanha após a Primeira Guerra se repetiu no Japão. Então, os Estados Unidos ajudaram os japoneses a reerguerem sua economia, com algumas condições, como a limitação do exército japonês.

O sucesso da reconstrução do Japão como uma forte economia foi essencial para que os Tigres Asiáticos se desenvolvessem, já que os principais investimentos estrangeiros a partir da década de 1960 partiram dos japoneses.

Esse investimento estrangeiro aliado aos esforços estatais criaram um terreno fértil para o desenvolvimento industrial, que começou com indústrias de bens de alto valor agregado e hoje se consolidou com produtos de alta tecnologia, voltados para o mercado externo.

Curiosidade: de onde veio o nome Tigres Asiáticos?

O termo foi escolhido pela similaridade entre o rápido desenvolvimento econômico desses países e a agilidade e a força do tigre, animal endêmico da região e culturalmente respeitado na Ásia.

A expressão destaca a transformação notável dessas economias em um curto período de tempo. Então, economistas e empresários do Japão e da China começaram a se referir a Hong Kong, Cingapura, Coreia do Sul e Taiwan dessa maneira. Não há um consenso sobre quando o nome surgiu, mas acredita-se que foi utilizado desde o início da ascensão econômica desses países.

Características econômicas dos Tigres Asiáticos

Os Tigres Asiáticos possuem algumas característica principais:

Crescimento econômico veloz a partir da década de 1960

Houve uma estável elevação do Produto Interno Bruto (PIB) nos 30 anos seguintes ao começo desta alavancada. Todos os países tiveram variações positivas de pelo menos 6% ao ano durante o período.

Atração de indústrias transnacionais

Elas encontraram solo fértil para seu desenvolvimento a partir de três elementos:

• ampliação da infraestrutura interna;
• qualificação profissional;
• e investimento externo (principalmente oriundo do Japão). 

Maior participação estatal

Nesse contexto, houve a ampliação da infraestrutura interna, com o fomento de instrumentos físicos necessários para a instalação das indústrias estrangeiras. Além disso, investiu-se em meios de transporte das mercadorias, como rodovias, portos, redes de energia, redes de comunicações e aeroportos e informação.

A especialização da mão de obra também veio da iniciativa pública, ao observar o sucesso de países vizinhos (China e Japão) na formação de funcionários qualificados. Houve investimento em escolas e treinamentos específicos para diversas áreas, assim como ocorreu entre os Tigres Asiáticos.

Zonas Econômicas Especiais (ZEE) ou Zonas de Processamento de Exportações (ZPE)

A exemplo da China, essas zonas de econômicas ou de processamento têm as mesmas finalidade e logística práticas, com áreas de isenções fiscais destinadas à instalação de indústrias estrangeiras e apoio ao mercado externo. A Coreia do Sul foi o único Tigre Asiático a não adotar as ZPEs.

Durante os primeiros anos do boom econômico dos Tigres Asiáticos as empresas produziam bens de alto valor agregado, como computadores, automóveis e eletrônicos. Conforme estes países consolidavam seu parque industrial, mais empresas de tecnologia chegavam, sendo elas, hoje, um grande braço da economia destes países.

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Quem são os Tigres Asiáticos? Conheça os integrantes

Cada um dos tigres asiáticos possui suas particularidades, apesar de semelhanças entre si:

Coreia do Sul

A Coreia do Sul faz fronteira terrestre apenas com a Coreia do Norte, e conta com uma economia em ascensão desde os anos 1960. O país alcançou a 10ª maior economia do mundo em 2021 (em termos de PIB e Paridade do Poder Aquisitivo (PPA).

Reconhecida como um dos países mais desenvolvidos do mundo pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI), destaca-se pelo avanço tecnológico.

Diferentemente dos outros Tigres Asiáticos, a Coreia do Sul resistiu à presença de empresas transnacionais em seu território. Assim, o desenvolvimento industrial foi baseado nos chaebols, redes de empresas fundamentadas em fortes laços familiares.

Exemplos: Hyundai, Daewoo, Samsung e Lucky Gold Star.

Em 1950, a Coreia do Norte invadiu a Coreia do Sul, e desencadeou a Guerra da Coreia. O Conselho de Segurança das Nações Unidas interveio contra a invasão liderada pelos Estados Unidos; enquanto a União Soviética e a China apoiaram a Coreia do Norte, enviando efetivos militares e provisões. A guerra resultou em grandes baixas de civis norte e sul-coreanos.

O armistício de 1953 dividiu a península ao longo da Zona Desmilitarizada da Coreia, traçada próxima à linha original de demarcação. Como não houve nenhum acordo de paz, tecnicamente, os dois países continuam em estado de guerra.

Na década de 1980, instituições transnacionais começaram a se estabelecer na Coreia do Sul, ainda associadas às empresas locais.

A partir da década de 1990 o estado sul-coreano começou a investir na indústria cultural, fomentando a música e a produção audiovisual no país. Ganhou notoriedade internacional a partir dos anos 2010, e recebeu prêmios como o Grammy, com o grupo Bangtan Boys (BTS), e o Oscar de Melhor Filme, com Parasita (2020), do diretor Bong Joon-ho.

Singapura

Singapura é uma cidade-estado situada no extremo sul da Península da Malásia, no Sudeste Asiático. A maioria da população é composta por descendentes de chineses, malaios e indianos, tendo quatro línguas oficiais: inglês, chinês, malaio e tâmil.

Cerca de 5 milhões de pessoas residem em Singapura, com apenas 2,91 milhões de nativos.

O Partido da Ação Popular (PAP) tem dominado a política de Singapura desde a independência em 1965 e o país se caracteriza como estável, focado no desenvolvimento econômico, social e tecnológico do país.

Por outro lado, uma das principais críticas ao governo é a abordagem rigorosa em relação aos direitos humanos e às liberdades individuais.

Taiwan

Taiwan é um estado insular com reconhecimento internacional limitado e jurisdição exclusiva sobre a ilha. Possui uma relação tensa com a China desde a Guerra Fria e conta com os Estados Unidos como um de seus principais aliados.

A parceria existe desde 1979, por meio da qual Taiwan recebe armamentos e treinamento militar.

Apesar da persistente tensão com os chineses, a Ilha Formosa sempre esteve em uma posição segura, devido à concentração global na produção de microchips.

Qualquer ataque à ilha teria implicações econômicas prejudiciais tanto para os EUA quanto para a China. A produção de microchips e componentes eletrônicos, que utiliza silício, é frequentemente mencionada como um "escudo de silício" de Taiwan.

Hong Kong

Hong Kong tornou-se uma Região Administrativa Especial (RAE) da China após a devolução britânica em 1997. O local ostenta um dos maiores PIBs per capita do mundo.

Mas, seguindo o princípio de "um país, dois sistemas", Hong Kong possui um sistema político distinto da China continental.

A constituição da cidade estabelece que Hong Kong deve desfrutar de um "alto grau de autonomia" em todas as áreas, exceto nas relações exteriores e na defesa militar.

A economia é predominantemente baseada em serviços, que se caracteriza por baixos níveis de impostos e comércio livre. Sua moeda, o dólar de Hong Kong, é a 8ª mais negociada globalmente, consolidando Hong Kong como um dos principais centros financeiros internacionais.

Novos Tigres Asiáticos: quais são e as novas perspectivas

O sucesso econômico dos Tigres Asiáticos fez com que outros países da região replicassem o modelo de atração de capital exterior. Tais locais desenvolveram sua economia rapidamente a partir da década de 1990, e foram chamados de Novos Tigres Asiáticos. São eles:

• Filipinas
• Indonésia
• Malásia
• Tailândia
• Vietnã

Os Novos Tigres Asiáticos receberam muitos investimentos dos primeiros Tigres Asiáticos, mas também contaram com a ajuda do Japão e dos EUA.

Diferente do primeiro grupo, as indústrias que se instalaram em Filipinas, Indonésia, Malásia, Tailândia e Vietnã não foram de produtos com alto valor agregado, nem de tecnologia de ponta. Priorizou-se indústrias mais tradicionais, como têxtil, calçados, brinquedos e outros produtos de baixo valor agregado.

Outro ponto que diferencia os Novos e os Tradicionais Tigres Asiáticos são as melhorias econômicas e sociais para a população: enquanto nos tradicionais é perceptível esse desenvolvimento da qualidade de vida, nos novos, a população não se beneficiou do crescimento econômico e industrial do seu país.

Importância dos Tigres Asiáticos

O sistema de plataformas de importação adotado pelos Tigres Asiáticos se tornou um modelo não só para os Novos Tigres, mas para o mundo inteiro, principalmente para os NPI (Novos Países Industrializados).

Hoje, os Tigres Asiáticos são peças fundamentais no mercado internacional, pois:

• é impensável produzir qualquer equipamento de alta tecnologia sem os microchips de Taiwan;
• Hong Kong é casa de um dos maiores mercados financeiros do mundo;
• é difícil encontrar lares sem eletrônicos ou eletrodomésticos produzidos em uma das chaebols sul-coreanas
• e o transporte de quase todas essas mercadorias passa pelos portos de Singapura.

Esses países têm papel importante no espaço global industrializado, mas ainda não são vistos como grandes potências mundiais. O motivo é que eles não possuem tanto dinheiro quanto Estados Unidos e China, por exemplo.

Resumo: Tigres Asiáticos

Confira um resumo dos ponto mais importantes que tratamos até aqui:

• Coreia do Sul, Hong Kong, Singapura e Taiwan representam os Tigres Asiáticos;

• Esses países tiveram um rápido crescimento econômico a partir da década de 1960;

• Entre os motivos para esse crescimento, estão investimentos dos governos em infraestrutura e educação, incentivos externos (principalmente do Japão) e a instalação de multinacionais exportadoras;

• O nome Tigres Asiáticos faz alusão ao tigre, animal característico do continente, que é rápido e agressivo, como foi a industrialização desses países;

• Os Novos Tigres Asiáticos (Filipinas, Indonésia, Malásia, Tailândia e Vietnã) não só adotaram o modelo econômico dos Tigres Asiáticos como receberam investimentos diretos desse grupo;

• Os países que compõe os Tigres Asiáticos são peça fundamental na globalização.

Como os Tigres Asiáticos caem no Enem e nos vestibulares?

Apesar de os Tigres Asiáticos (como menção literal) terem uma participação discreta no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), é comum lembrar desses países para contextualizar temas como a industrialização e a globalização.

Nos vestibulares em geral, o assunto já apareceu até como questão discursiva (Unicamp). Veja alguns exemplos de questões:

Exemplo 1

(Fuvest 2022) A escassez global de semicondutores continua a ter estranhas repercussões, sobretudo do ponto de vista geopolítico. Há um ano as indústrias lutam para se abastecer com chips eletrônicos que equipam aparelhos do dia a dia, de computadores a torradeiras, passando pelas máquinas de lavar e consoles de videogames. O episódio atual, no entanto, surge em um contexto marcado por um questionamento geral a respeito dos benefícios da globalização e do declínio da atividade industrial no Ocidente.

a) A produção de semicondutores está concentrada no sudeste asiático, nos países da 1ª e 2ª geração dos Tigres Asiáticos, tais como Taiwan, Coreia do Sul, Cingapura e Indonésia.

b) Nos últimos 20 anos, EUA e Europa vêm perdendo destaque na produção de semicondutores em decorrência da queda acentuada de investimentos em pesquisa e inovação.   

c) A crise da falta de semicondutores revela um dos efeitos negativos da globalização: a independência da cadeia produtiva em escala mundial, pouco suscetível a desequilíbrios de oferta e demanda.  

d) A Nova Divisão Internacional do Trabalho indica o predomínio geoeconômico dos países do sudeste asiático, principais produtores de semicondutores, que têm ampliado, através da China, sua participação nesse setor desde sua democratização.

e) A escassez de semicondutores é resultado de uma interrupção momentânea da produção, em especial no sudeste asiático, devido à falta de matéria-prima, que é o início da cadeia produtiva.   

Resposta: [A]
A crise desencadeada pela pandemia de Covid-19 em 2020 e 2021 afetou as cadeias produtivas globais, em especial no fornecimento de componentes para a indústria de alta tecnologia. Ficou claro o fenômeno da desindustrialização relativa em países ocidentais que têm relações econômicas com os países asiáticos.

No caso específico dos semicondutores, a produção se concentra nos Tigres Asiáticos de 1ª geração, como Coreia do Sul, Singapura e Taiwan, e nos de 2ª geração, como Indonésia, Malásia, Tailândia e Filipinas. Além disso, notou-se uma significativa dependência da importação de insumos para a produção de vacinas, provenientes principalmente da China e da Índia.

Exemplo 2

(UEA 2022) Pela primeira vez em 92 edições dos Oscars, o prêmio de Melhor Filme foi para uma produção estrangeira, não estadunidense, no caso, Parasita. Ocorre que o triunfo para conquistar o Oscar de 2020 é fruto de um caminho que vem sendo traçado e calculado minuciosamente pelo país há mais de duas décadas e tem no cinema apenas um de seus expoentes. Trata-se da Hallyu, um movimento que também se manifesta pelo K-Drama, seriados exibidos na televisão e na Internet, e na música.

(https://einvestidor.estadao.com.br, 29.05.2020. Adaptado.)

A estratégia apresentada no excerto pertence

a) a Cingapura, que busca expandir seu domínio mundial por meio do consumismo cultural.   

b) a Taiwan, que visa ampliar seu poder mundial por meio da massificação cultural.   

c) à China, que busca expandir na América do Sul o marxismo cultural.   

d) à Coreia do Sul, que busca expandir sua influência global por meio da indústria cultural.   

e) à Índia, que visa ampliar seu desenvolvimento a partir das produções de Bollywood.   

Resposta: [D]
Hallyu ou "onda coreana" é a exportação massiva da indústria cultural e pop da Coreia do Sul, expandindo sua hegemonia globalmente. As alternativas seguintes são incorretas, uma vez que a "onda cCoreana" não está relacionada a Singapura, Taiwan, China ou Índia.