Revolução Verde e a transformação na agricultura mundial

A Revolução Verde introduziu práticas modernas, sementes de alto rendimento e fertilizantes com o objetivo de aumentar a produção de alimentos. Com início a partir da década de 1940, ela contribuiu para o aumento da produtividade agrícola, o que aliviou a fome em várias partes do mundo, mas, em contrapartida, também gerou diversas críticas em razão das questões ambientais e socioeconômicas.

Ao longo deste artigo, vamos entender melhor esse cenário.

O que foi a Revolução Verde?

A Revolução Verde foi um movimento agrícola que ocorreu a partir da década de 1940, e teve como foco a introdução de tecnologias, como sementes de alto rendimento, fertilizantes e práticas agrícolas modernas.

O evento foi muito importante na história da agricultura, pois ajudou a aumentar a produção de alimentos, além de reduzir a fome e a pobreza no mundo. Podemos considerá-lo como uma resposta às crises de fome e escassez de alimentos que afetaram muitas regiões do planeta.

Por outro lado, segundo Octaviano (2010), no artigo Muito além da tecnologia: os impactos da Revolução Verde, esse movimento também pode ser conhecido por contribuir com o aumento da concentração fundiária e com a dependência de sementes. Isso afetou, principalmente, os pequenos produtores, que encontram dificuldades para se inserir nos novos modelos de produção.

Quais são suas origens?

Após a Segunda Guerra Mundial, houve um rápido crescimento populacional em muitos países em desenvolvimento. Assim, a demanda por alimentos e a pressão sobre os sistemas agrícolas existentes começou a aumentar.

Nesse contexto, então, surge a Revolução Verde, a partir dos esforços de pesquisa e desenvolvimento agrícola liderados por cientistas, organizações e governos, principalmente nos Estados Unidos e no México. 

A Revolução Verde se concentrou, inicialmente, no desenvolvimento de variedades de trigo, mas se expandiu para outras culturas e tecnologias agrícolas, transformando a produção de alimentos em muitos países em desenvolvimento.

Principais características da Revolução Verde

A Revolução Verde trouxe tecnologias avançadas, como sementes de alto rendimento, fertilizantes químicos e pesticidas, para aumentar a produtividade das colheitas, assim como maquinários mais eficientes, que foram introduzidos no processo produtivo. 

Qual foi o principal objetivo da Revolução Verde?

Podemos falar em alguns objetivos, que são:

• Aumentar a produção de alimentos: o foco estava especialmente nos cereais, pensando em combater a fome e a insegurança alimentar nos países em desenvolvimento.
• Reduzir a fome: com o aumento da produção agrícola, a Revolução Verde visava melhorar a disponibilidade de alimentos para atender às necessidades nutricionais da população.
• Melhorar a segurança alimentar: o aumento da produção de alimentos era fundamental para reduzir a dependência de importações e fortalecer a autossuficiência alimentar dos países.
• Combate à pobreza: a Revolução Verde desejava melhorar as condições de vida dos agricultores e reduzir a pobreza rural.
• Contribuição para o desenvolvimento econômico: o estímulo ao crescimento do setor agrícola auxiliaria no desenvolvimento da economia e resultaria em certa estabilidade econômica.

Vantagens e desvantagens

A Revolução Verde foi um sucesso em termos de aumento da produtividade agrícola. Nos países que adotaram essas tecnologias, a produção de alimentos aumentou significativamente, o que ajudou a reduzir a fome e a insegurança alimentar.

No entanto, a Revolução Verde também teve impactos ambientais negativos, como a poluição do solo e da água, a perda de biodiversidade e a dependência de insumos externos.

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Impactos da Revolução Verde

A Revolução Verde foi um movimento importante na história da agricultura, pois ajudou a aumentar a produção de alimentos e a reduzir a fome no mundo. No entanto, questões relacionadas ao meio ambiente e aos impactos sociais também precisam ser consideradas.

Com a modernização do trabalho rural, o desemprego no campo aumentou, pois algumas atividades manuais foram substituídas pelo uso de máquinas. O resultado foi um significativo êxodo rural para as grandes cidades, em busca de emprego e melhores condições de vida. 

Enquanto isso, no campo, predominava a concentração de terras e a implantação de sistemas agrários comerciais de produção de monocultura em latifúndios.

Uma das consequências da adoção de novas tecnologias é a dependência entre países desenvolvidos e em desenvolvimentos, pois os últimos não possuem uma indústria capaz de produzir tratores, fertilizantes, insumos químicos e pulverizadores.

Além disso, muitos impactos ambientais foram mais recorrentes, como o assoreamento de rios, a contaminação do lençol freático e de corpos hídricos por produtos tóxicos à vida, o corte e a queimada da vegetação natural e a poluição do solo.

Revolução Verde no Brasil

O Brasil foi um dos países do hemisfério Sul que passou por profundas transformações causadas pela Revolução Verde, principalmente durante os anos 1970, nas regiões do Norte e Centro-Oeste. 

O governo federal da época adotou uma política de expansão para o interior do Brasil, a chamada de fronteira agrícola. Essa expansão veio acompanhada da implantação de técnicas de modernização do campo. 

Em 1973 criou-se a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), um dos diversos órgãos federais que atendem a demanda do setor agropecuário. Hoje, o Brasil é destaque na produção e exportação de produtos agrícolas como: café, cana-de-açúcar, laranja e milho, além de ser o maior exportador de soja do mundo.

Muito disso se deve às modernizações do campo, às políticas diplomáticas, aos planos de desenvolvimento baseados na agroindústria e à ampliação do crédito para os produtores rurais. 

Mas, todo esse progresso trouxe algumas consequências negativas para o cenário nacional, entre elas o êxodo rural. A situação promoveu o crescimento desordenado das grandes cidades sem garantir condições básicas de saneamento e habitação. 

Do ponto de vista ambiental, a constante expansão das produções agrícolas sobre as áreas de vegetação nativa ameaça biomas importantes como a Mata Atlântica e o Cerrado. Atualmente, com o avanço da fronteira agrícola, a Floresta Amazônica se tornou um dos biomas mais devastados. 

Exercícios resolvidos

O espaço rural está no top 3 de Geografia no Enem e, nesse contexto, as transformações tecnológicas impulsionadas pela Revolução Verde, aparecem com frequência. A maneira como a vida mudou no campo e se adaptou às novas tecnologias é um dos aspectos mais lembrados pela prova. 

Nos vestibulares tradicionais, o tema também é recorrente. Veja exemplos de exercícios:

Exercício 1

(Enem 2016)  Participei de uma entrevista com o músico Renato Teixeira. Certa hora, alguém pediu para listar as diferenças entre a música sertaneja antiga e a atual. A resposta dele surpreendeu a todos: “Não há diferença alguma. A música caipira sempre foi a mesma. É uma música que espelha a vida do homem no campo, e a música não mente. O que mudou não foi a música, mas a vida no campo”. Faz todo sentido: a música caipira de raiz exalava uma solidão, um certo distanciamento do país “moderno”. Exigir o mesmo de uma música feita hoje, num interior conectado, globalizado e rico como o que temos, é impossível. Para o bem ou para o mal, a música reflete seu próprio tempo.

BARCINSKI. A. Mudou a música ou mudaram os caipiras? Folha de São Paulo, 4 jun. 2012 (adaptado).

A questão cultural indicada no texto ressalta o seguinte aspecto socioeconômico do atual campo brasileiro:

a) crescimento do sistema de produção extensiva.   

b) expansão de atividades das novas ruralidades.   

c) persistência de relações de trabalho compulsório.   

d) contenção da política de subsídios agrícolas.   

e) fortalecimento do modelo de organização cooperativa.   

Resposta: [B]
Nos últimos anos, ocorreram processos de modernização do interior do Brasil com o surgimento de pequenas e médias cidades médias no interior de São Paulo, Centro-Oeste e Sul, junto a uma forte urbanização da agropecuária. Além disso, houve expansão das redes de transportes, comunicações e informática nas zonas rurais. Esses processos resultaram em "novas ruralidades" e têm impacto na cultura e nos padrões de consumo, incluindo o declínio da música sertaneja "tradicional" e o avanço da música sertaneja "moderna" em formas como o "sertanejo universitário".

Exercício 2

(Fuvest 2018)  As primeiras práticas de agricultura datam de, aproximadamente, 10.000 anos. Neste período, ocorreram inúmeras transformações na sua base técnica, mas é, no decorrer da segunda metade do século XX, que a revolução agrícola contemporânea, fundada na elevada motorização-mecanização, na seleção de variedades de plantas e de raças de animais e na ampla utilização de corretores de pH dos solos, de fertilizantes, de ração animal e de insumos químicos para as plantas e para os animais domésticos, progrediu vigorosamente nos países desenvolvidos e em alguns setores limitados dos países subdesenvolvidos.

Marcel Mazoyer & Laurence Roudart. História das agriculturas no mundo: do neolítico à crise contemporânea, São Paulo: Unesp; Brasília: NEAD, 2010. Adaptado.

As transformações ocorridas na agricultura após meados do século XX foram reconhecidas como revolução verde, sobre a qual se pode afirmar:

a) sua concepção foi desenvolvida no Japão e nos Tigres Asiáticos após a II Guerra Mundial.   

b) contribuiu para a ampliação da diversificação das espécies e do controle das sementes pelos pequenos agricultores.   

c) seus parâmetros produtivos estavam fundados, desde sua origem, em preservar e proteger a biodiversidade nas áreas de cultivo.   

d) com sua expansão, na África e no sudeste Asiático, as populações rurais puderam alcançar padrões de consumo semelhantes aos das grandes metrópoles.   

e) foi baseada na inovação científica e está atrelada à grande produção de grãos em extensas áreas de monocultura.   

Resposta: [E]
A partir de meados do século 20, a Revolução Verde representou um conjunto de tecnologias que possibilitou o aumento da produtividade agrícola nos países desenvolvidos e, posteriormente, nos países em desenvolvimento. Consequentemente, várias nações se converteram em grandes produtores de alimentos para seus mercados internos e para a exportação, como é o caso dos Estados Unidos e do Brasil nas últimas décadas.