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Unicamp 2025: confira o resumo das obras obrigatórias para o vestibular

Conheça quais são os livros, contos e músicas cobrados neste processo seletivo, e veja análises e dicas para garantir uma boa nota nas provas

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O vestibular da Unicamp é um dos mais tradicionais do país e, anualmente, oferece cerca de 2,5 mil vagas. Se você está se preparando para este processo seletivo, é bom saber que as provas cobram dos candidatos a leitura obrigatória de diferentes gêneros literários, como prosa, poesia e música. Mas não se preocupe, pois elaboramos um resumo de livros da Unicamp completo para você estudar!

Nesta publicação, trazemos dicas sobre pontos importantes das obras para você se lembrar na hora da prova! Afinal, com o vestibular se aproximando, sabemos que ler todos esses livros pode ser uma tarefa desafiadora. Por isso, estamos aqui para tornar sua vida mais fácil nessa reta final.

Quais as obras obrigatórias do vestibular Unicamp 2025?

Para o vestibular da Unicamp de 2025, a Comissão de Vestibulares selecionou nove obras, nacionais e internacionais. Confira a lista de livros da Unicamp que você encontrará o resumo aqui:

  • Alice no país das maravilhas, Lewis Carroll;
  • A vida não é útil, Ailton Krenak;
  • Canções escolhidas, Cartola;
  • Casa Velha, Machado de Assis;
  • Morangos mofados (Contos escolhidos***), Caio Fernando Abreu;
  • Niketche – uma História de Poligamia, Paulina Chiziane;
  • Olhos d’água, Conceição Evaristo;
  • Prosas seguidas de odes mínimas, José Paulo Paes;
  • Vida e morte de M.J. Gonzaga de Sá, Lima Barreto.

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Resumo completo: livros da Unicamp

Confira abaixo um resumo dos livros da Unicamp, destacando as principais informações sobre o enredo, o contexto de produção e as análises possíveis.

Alice no país das maravilhas (1865) - Lewis Carroll

Alice no País das Maravilhas (1865), de Lewis Carroll, é um clássico da literatura infantojuvenil que utiliza o nonsense para desafiar a lógica e a razão.

A história acompanha Alice, uma garota que cai em um buraco de coelho e entra em um mundo fantástico, cheio de personagens peculiares como o Coelho Branco, a Rainha de Copas e o Gato de Cheshire.

A obra explora temas de identidade e alteridade (capacidade de enxergar/reconhecer as singularidades de outras pessoas), com Alice constantemente questionando quem ela é ao se deparar com situações e seres que desafiam suas noções prévias. O livro critica a pedagogia tradicional e os contos de fadas moralizantes, propondo uma visão mais complexa da infância.

A narrativa é bastante poética e cheia de figuras de linguagem, o que acaba gerando múltiplas interpretações.

Para o vestibular: foque na complexidade de Alice como personagem e em como ela é vista como uma invasora em um mundo delicado e feliz. Note a crítica de Carroll à lógica convencional e à autoridade, e como Alice questiona a realidade ao seu redor. Entenda a importância da alteridade na construção da identidade de Alice e como suas interações refletem a tensão entre inocência e brutalidade inconsciente.

A vida não é útil (2020) - Ailton Krenak

A Vida Não é Útil (2020), de Ailton Krenak, é uma reflexão sobre a relação humana com a Terra e a crise sistêmica que enfrentamos.

Krenak critica a obsessão da sociedade moderna com o trabalho, produção e consumo, que esgota os recursos do planeta e desconecta os humanos da natureza. O autor defende que a humanidade deve abandonar a noção de superioridade e reconhecer-se como parte do ecossistema, não como dominadora.

Dividido em cinco capítulos, o livro aborda temas como a ilusão do progresso, a alienação promovida pela tecnologia e a importância de viver em harmonia com a natureza. Krenak alerta para a necessidade de despertar nosso poder interior e reconsiderar nossos valores, destacando que a pandemia de Covid-19 é um aviso da Terra contra nosso modo insustentável de vida.

Para o vestibular: foque nas críticas de Krenak à obsessão pelo progresso e consumo, e na desconexão com a natureza. Lembre-se da sua defesa da visão indígena de interdependência com a Terra e como ele usa ironia para criticar a alienação moderna.

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Canções escolhidas - Cartola

Para o vestibular 2025, a Unicamp também selecionou 10 canções do músico Cartola. São elas:

  • Alvorada;
  • As rosas não falam;
  • Cordas de aço;
  • Disfarça e chora;
  • O inverno do meu tempo;
  • O mundo é um moinho;
  • Que é feito de você?;
  • Sala de recepção;
  • Silêncio em cipreste;
  • Sim. 

Essas canções retratam temas como a vida no morro, o lirismo amoroso e a passagem do tempo.

Cartola, conhecido por sua poesia lírica e romântica, explora a personificação em As rosas não falam e a metáfora em O mundo é um moinho.

A obra de Cartola, marcada por uma formação inicial sólida e influências românticas, mostra a complexidade das emoções humanas, destacando a luta contra a marginalização e o preconceito. Seu trabalho reflete a realidade social e cultural do Brasil.

Para o vestibular: observe o uso de figuras de linguagem, como a personificação e a metáfora, que enriquecem as letras. Identifique traços da sociabilidade brasileira, como o acolhimento e a resiliência, presentes nas canções do Cartola.

Casa Velha (1886) - Machado de Assis

Casa Velha (1886), de Machado de Assis, é um romance ambientado no Primeiro Reinado do Brasil que mistura elementos do romantismo e realismo.

Publicada inicialmente como folhetim, a trama gira em torno de um padre que, ao investigar documentos históricos na casa de uma viúva, se envolve nos dramas familiares, especialmente no relacionamento entre Félix, o filho da dona da casa, e Lalau, uma agregada.

O romance explora temas como a interferência da Igreja, a obsessão com a manutenção do status social e as tensões afetivas e morais da época.

Assim, Machado de Assis traça um retrato crítico da sociedade brasileira do século 19, destacando as convenções sociais e os conflitos de classe.

Para o vestibular: lembre-se da complexidade dos personagens e das relações sociais descritas por Machado. Atente-se à figura do padre como narrador, que se envolve nos dramas da família enquanto investiga documentos históricos. Note também a caracterização do padre como ingênuo, iludido por suas relações pessoais, especialmente em sua interação com Dona Antônia e seu papel na dinâmica familiar.

Morangos mofados (1982) - Caio Fernando Abreu    

Morangos Mofados (1982), de Caio Fernando Abreu, é uma coletânea de contos dividida em três partes: O Mofo, Os Morangos e Morangos Mofados:

  • O Mofo contém nove contos que abordam a repressão, opressão e degradação humana, refletindo a aflição da sociedade;
  • Os Morangos, com oito contos, oferece uma antítese ao apresentar esperança e desejo em meio à adversidade;
  • O conto homônimo Morangos Mofados sintetiza os temas da obra, mostrando a possibilidade de esperança mesmo em situações degradantes. 

A prosa de Abreu é poética, introspectiva e influenciada por Clarice Lispector e Virginia Woolf, utilizando técnicas como fluxo de consciência e monólogo interior.

Publicada durante a ditadura militar no Brasil, a obra destaca personagens marginalizados, como homossexuais e jovens reprimidos. Além disso, explora temas como existencialismo, incomunicabilidade, contracultura e homoerotismo.

Para o vestibular: a banca não cobrará todos os contos da obra! Você precisa se concentrar em apenas seis: Diálogo; Além do Ponto; Terça-Feira Gorda; Pêra, uva ou maçã?; O dia em que Júpiter encontrou Saturno; Aqueles dois

Niketche – uma História de Poligamia (2001) - Paulina Chiziane

Niketche: Uma História de Poligamia (2001), de Paulina Chiziane, é um romance que explora a condição feminina em Moçambique através da história de Rami, a protagonista, que descobre que seu marido Tony tem outras esposas.

A obra aborda a poligamia e o processo de emancipação feminina, destacando a diversidade cultural moçambicana e o impacto das tradições ancestrais.

Rami, inicialmente preparada para um casamento monogâmico, confronta a realidade da poligamia e se transforma ao interagir com as outras esposas e suas culturas. O título "Niketche" refere-se a uma dança sensual de iniciação sexual, simbolizando a descoberta e o empoderamento de Rami.

A narrativa incorpora a oralidade e os mitos locais, revelando a luta das mulheres por reconhecimento e direitos em uma sociedade patriarcal. Chiziane resgata a cultura moçambicana e destaca o papel das mulheres, marcando uma transição na literatura do país.

Para o vestibular: atente-se à análise da condição feminina em Moçambique e à crítica da poligamia através da trajetória da protagonista. Observe como a autora aborda a influência das tradições culturais e religiosas sobre os arranjos familiares e a emancipação feminina. Lembre-se também da crítica às mudanças de valores impostas pelas novas estruturas de poder.

Olhos d’água (2014) - Conceição Evaristo

Olhos d'Água (2014), de Conceição Evaristo, é uma coletânea de contos que retrata a vida de homens, mulheres e crianças afro-brasileiras. A obra é marcada pelo conceito de "escrevivência", em que a autora traz suas experiências e vivências em uma sociedade racista e machista.

A autora humaniza personagens marginalizados, explorando temas como pobreza, violência urbana, afeto e a luta pela sobrevivência. O conto Maria, por exemplo, descreve a vida de uma empregada doméstica durante seu trajeto pela cidade.

A obra também aborda a maternidade e a orixalidade, utilizando mitos das religiões de matriz africana. A linguagem poética e direta da autora nos mostra uma visão interna e autêntica das dificuldades e resistências da população negra no Brasil.

Para o vestibular: note como a autora utiliza eventos brutais para humanizar seus personagens e criticar a violência e os preconceitos da sociedade. A compreensão dessas dinâmicas e a identificação de trechos que refletem esses temas são essenciais para responder às questões de interpretação e análise da obra.

Prosas seguidas de odes mínimas (2023) - José Paulo Paes

Prosas Seguidas de Odes Mínimas, escrito por José Paulo Paes, é uma obra que exemplifica a habilidade do autor em usar a concisão para criar uma poesia profunda e cheia de significado. O livro é influenciado pelo modernismo, então apresenta um estilo mais dinâmico, que se caracteriza pela brevidade e pela falta de enfeites desnecessários.

Dividido em duas partes, a primeira, intitulada Prosas, contém poemas estruturados em parágrafos. Embora intitulada "prosas", esta seção inclui tanto poemas em prosa quanto em versos. A segunda parte, Odes Mínimas, apresenta poemas curtos que se iniciam com preposições e geralmente têm um tom irônico ou crítico.

Paes utiliza o humor e a ironia para explorar temas filosóficos e cotidianos, o que traz profundidade aos poemas. Um bom exemplo é a Ode Mínima à Televisão, que inicialmente parece elogiar a televisão, mas, em uma análise mais profunda, revela uma crítica ao seu caráter alienante.

Para o vestibular: atente-se aos temas tratados nas duas partes da obra: a primeira mais focada em uma reflexão do autor sobre pessoas e vivências passadas, e a segunda em uma análise do que está ao seu redor, trazendo um posicionamento mais crítico. Lembre-se também da ironia frequente, principalmente na segunda parte do livro.

👉 Leia também: Primeira geração modernista: características e autores

Vida e morte de M.J. Gonzaga de Sá (1919) - Lima Barreto

Publicado em 1919, Vida e Morte de M.J. Gonzaga de Sá é um romance de Lima Barreto que explora a crítica social e a identidade nacional.

Narrado por Augusto Machado, o livro apresenta Gonzaga de Sá como mentor ético e intelectual do narrador, construindo uma narrativa através de conversas que criticam as elites brasileiras.

Gonzaga critica a elite imigrante que tenta se passar por europeia e está desconectada das raízes e do povo brasileiro. A obra aborda temas como a política de branqueamento e as teorias raciais que influenciaram as políticas públicas do Brasil.

Destacamos aqui a viagem ao subúrbio para o velório de um amigo pobre, onde a ironia e a acidez do autor ficam evidentes, especialmente no episódio do trem, criticando o racismo e a ignorância da elite.

O romance mostra uma grande insatisfação de Barreto com a sociedade brasileira de sua época e seu modelo de civilização.

Para o vestibular: lembre-se da crítica social de Lima Barreto à elite brasileira desconectada do povo e da história nacional. É importante levar em conta também que a obra é construída em forma de diário e tem caráter autobiográfico.

Exemplos de questões sobre os livros obrigatórios Unicamp 2025

Para resolver as questões específicas de obras da Unicamp, você precisa estar preparado para identificar detalhes da narrativa. Por isso, é tão importante a leitura da obra na íntegra ou um bom conhecimento do enredo e dos personagens.

Também é comum que seja cobrada uma relação entre a obra e o mundo real, como notícias e reportagens. Confira dois exemplos a seguir!

Exemplo 1

(Unicamp 2024) Leia o trecho da reportagem:

“Mulher espancada após boatos em rede social morre no Guarujá, SP

(...)

A dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, morreu na manhã desta segunda-feira (5), dois dias após ter sido espancada por dezenas de moradores do Guarujá, no litoral de São Paulo. Segundo a família, ela foi agredida a partir de um boato gerado por uma página em uma rede social (...)”

(G1, Santos, 05/05/2014. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/05/mulher-espancada-apos-boatos-em-rede-social-morre-em-guaruja-sp.html. Acessado em 04/07/2023.)

Assinale o trecho de um dos contos a seguir – extraídos de EVARISTO, Conceição. Olhos d’Água. Rio de Janeiro: Pallas; Fundação Biblioteca Nacional, 2016 –, trecho este que relaciona o acontecimento da reportagem ao texto de ficção:

a) “Os mais velhos, acumulados de tanto sofrimento, olhavam para trás e do passado nada reconheciam no presente. Suas lutas, seu fazer e saber, tudo parecia ter se perdido no tempo (...) Deram de clamar pela morte. E a todo instante eles partiam” (p. 112).

b) “Vi só lágrimas e lágrimas. Entretanto, ela sorria feliz. Mas eram tantas lágrimas, que eu me perguntei se minha mãe tinha olhos ou rios caudalosos sobre a face. E só então compreendi. Minha mãe trazia, serenamente em si, águas correntezas (...). Águas de Mamãe Oxum!” (p. 18-19).

c) “Os assaltantes desceram rápido. Maria olhou saudosa e desesperada para o primeiro. (...) Alguém gritou que aquela puta safada lá da frente conhecia os assaltantes (...). A primeira voz, a que acordou a coragem de todos, (...) levantou e se encaminhou em direção à Maria (...)” (p. 41-42).

d) “Nos últimos tempos na favela, os tiroteios aconteciam com frequência e a qualquer hora. Os componentes dos grupos rivais brigavam para garantir seus espaços e freguesias. Havia ainda o confronto constante com os policiais que invadiam a área” (p. 76).

Resposta: [C]
As alternativas A, B e D não tratam de violência contra a mulher como no caso da reportagem. A alternativa correta é C, pois descreve uma situação de agressão injusta, similar ao caso de Fabiane Maria de Jesus.

Exemplo 2

(Unicamp 2024) Leia as duas citações a seguir, extraídas do início e do final de O Ateneu:

“Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam. Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual aos outros que nos alimentam, a saudade dos dias que correram como melhores.

Bem considerando, a atualidade é a mesma em todas as datas. Feita a compensação dos desejos que variam, das aspirações que se transformam, alentadas perpetuamente do mesmo ardor, sobre a mesma base fantástica de esperanças, a atualidade é uma (...)”.

“Aqui suspendo a crônica das saudades. Saudades verdadeiramente? Puras recordações, saudades talvez, se ponderarmos que o tempo é a ocasião passageira dos fatos, mas sobretudo — o funeral para sempre das horas.”

(POMPEIA, Raul. O Atheneu (Chronica de saudades).  Rio de Janeiro: Tipografia de Gazeta de Notícias, p 3-4 e 368, 1888.)

Com base nessas duas citações, é possível afirmar que, ao fim da narrativa de Sérgio sobre sua vida no colégio, o narrador

a) idealiza a felicidade experimentada na infância, suas aspirações, seu ardor e suas esperanças.

b) considera que a felicidade passada não era maior que a do presente, pois os tempos são iguais.

c) duvida da própria saudade, separando as lembranças relativas ao passado daquele sentimento associado a elas.

d) denuncia a hipocrisia da saudade que sente, por saber que a passagem do tempo é incerta.

Resposta: [C]
As alternativas A, B e D são incorretas porque o narrador não idealiza a infância, não diz que os tempos são iguais e não denuncia hipocrisia social. A alternativa correta é C, pois o narrador questiona a autenticidade da saudade.

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Kimberli Sabino Ariotti

Analista Pedagógica de Linguagens do Aprova Total. Licenciada em Letras pela UFSC e Mestre em Linguística pela mesma instituição.

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Analista Pedagógica de Linguagens do Aprova Total. Licenciada em Letras pela UFSC e Mestre em Linguística pela mesma instituição.

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