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Confira o resumo das obras literárias obrigatórias da Fuvest 2025

Com o vestibular da maior universidade do país chegando, nada melhor do que uma força extra para conhecer todos os livros que serão cobrados, não é?

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Como está a sua preparação para o vestibular da Fuvest 2025? As provas acontecem em 17/11 (1ª fase) e 15 e 16/12 (2ª fase) de 2024, então, esperamos que seus estudos estejam organizados. A seguir, para ajudar você, apresentamos o resumo completo de livros obrigatórios da Fuvest 2025.

Além disso, reunimos dicas sobre pontos importantes das obras para lembrar na hora da prova.

A gente sabe que, com o vestibular batendo à porta, encarar tantas leituras pode ser um desafio, por isso, queremos facilitar seus dias nessa reta final.

Quais são as obras obrigatórias do vestibular Fuvest 2025?

Confira a lista de livros da Fuvest que você encontra os resumos a seguir:

Mulher abrindo uma lista longa.
  • Marília de Dirceu (1792), Tomás Antônio Gonzaga
  • Quincas Borba (1891), Machado de Assis
  • A ilustre casa de Ramires (1900), Eça de Queirós
  • Alguma poesia (1930), Carlos Drummond de Andrade
  • Os ratos (1935), Dyonélio Machado
  • Água funda (1949), Ruth Guimarães
  • Nós matamos o cão tinhoso! (1964), Luís Bernardo Honwana
  • Romanceiro da Inconfidência (1953), Cecília Meireles
  • Dois irmãos (2000), Milton Hatoum

Resumo completo: livros da Fuvest

Confira a seguir um breve resumo dos livros da Fuvest, com as principais informações sobre o enredo da obra, o contexto de produção e as análises possíveis.

💡O Aprova tem resumo dos livros e aulas específicas para todas as obras obrigatórias da Fuvest.

Marília de Dirceu (1792) - Tomás Antônio Gonzaga

A obra Marília de Dirceu é uma das mais significativas do movimento arcadista brasileiro, escrita por Tomás Antônio Gonzaga. De cunho autobiográfico, trata-se de uma coletânea de sonetos que narram a história de amor de Dirceu (pseudônimo do autor) por Marília.

É marcada pela idealização do amor e pela riqueza poética, abordando temas como a natureza e a paixão. Entretanto, a segunda parte do livro tem um tom mais pessimista, uma vez que foi escrita enquanto o autor estava preso por participar da Inconfidência Mineira. Além de falar da saudade que sente da amada, Dirceu faz críticas às injustiças e abusos de poder.

Para o vestibular: fique de olho nos conceitos latinos do período árcade, como fugere urbem (fugir da cidade), inutilia truncat (cortar o inútil), locus amoenus (lugar ameno) e carpe diem (aproveitar o momento). Também é importante lembrar da divisão da obra e como ela muda de tom durante o exílio do autor, bem como o período histórico em que está contextualizada.

Quincas Borba (1891) - Machado de Assis

A obra é uma das mais importantes de Machado de Assis durante o realismo. Ela conta a história de Rubião, professor de matemática que herda a fortuna de seu amigo, Quincas Borba, que é filósofo. Ele acredita na ideia do “humanitismo”, filosofia baseada na sobrevivência dos mais aptos (daí a célebre frase “Ao vencedor, as batatas”).

Influenciado pela herança e pelas crenças do amigo, Rubião adota comportamentos extravagantes e acaba se envolvendo em situações cômicas e trágicas.

Por meio desse personagem, o autor satiriza a sociedade brasileira da época, especialmente a elite intelectual e política. Ao final, Rubião acaba sendo “vencido” pelos mais fortes. A obra aborda, então, as ilusões da riqueza e do poder, criticando a sociedade elitista e refletindo sobre a natureza humana e a busca pela felicidade.

Para o vestibular: é preciso levar em consideração o teor crítico da obra. Machado faz uma crítica à burguesia, aos jogos de interesse e explora a dualidade entre aparência e essência. Além disso, satiriza as correntes cientificistas da época, como o positivismo e o darwinismo, esta última associada à filosofia do “humanitismo”.

A ilustre casa de Ramires (1900) - Eça de Queirós

Esta obra acompanha Gonçalo Mendes Ramires, um jovem aristocrata em decadência que retorna à sua terra natal com o objetivo de restaurar a glória da família.

Ao mesmo tempo, ele escreve uma novela histórica sobre um de seus antepassado, Tructesindo Ramires, ambientada no século 12, acreditando que o sucesso literário poderia impulsionar sua carreira política. 

Gonçalo, porém, é um personagem complexo, dividido entre a honra de seus familiares e a busca por meios oportunistas de ascender socialmente. O livro alterna a narrativa entre o presente de Gonçalo e o romance que ele escreve, destacando a crítica de Eça à decadência da aristocracia portuguesa e à transição para a modernidade. 

Além disso, explora as tensões entre tradição e progresso, refletindo as mudanças sociais e políticas de Portugal no final do século 19.

Para o vestibular: preste atenção na relação entre Gonçalo e André Cavaleiro, pois o antagonismo entre eles reflete as tensões políticas e pessoais da narrativa. Atente-se ao uso de ironia que revela o senso de superioridade histórica de Gonçalo. Além disso, observe como o protagonista manipula sua própria história para se adequar às suas ambições e fantasias de poder.

Alguma poesia (1930) - Carlos Drummond de Andrade

Livro de estreia do autor, a obra reflete os ideais do modernismo no Brasil no início do século 20. Os poemas, inicialmente publicados em revistas literárias, abordam a vida cotidiana do autor, explorando temas como amizades, família, juventude, amores e memórias de sua infância em Itabira, Minas Gerais.

O livro é marcado pela simplicidade e proximidade da linguagem coloquial, utilizando versos livres e versos brancos, e introduzindo o que o autor chamou de "pílulas-poéticas", pequenos poemas que capturam a essência dos acontecimentos do século 20.

Drummond mescla elementos pessoais com temas sociais, utilizando um tom irônico e humorístico para criticar a tradição literária, além de falar sobre as suas próprias angústias, desejos e saudades.

Para o vestibular: a obra como um todo é uma forte representação do rompimento entre o modernismo e as estéticas anteriores. Além disso, existem marcas de nacionalismo, porém com certas ressalvas, em contraste com a visão dos românticos.

Os ratos (1935) - Dyonélio Machado

Os ratos é um romance que acompanha 24 horas na vida de Naziazeno Barbosa, um funcionário público desesperado para conseguir dinheiro e pagar uma dívida com o leiteiro. O protagonista vaga pelas ruas de Porto Alegre, enfrentando a angústia, a humilhação e a desesperança. 

A obra, que se insere na Segunda Fase do Modernismo, critica a sociedade capitalista e a opressão gerada pela dependência do dinheiro, simbolizada pelos ratos que roem suas preocupações

Além de explorar a solidão e a falta de solidariedade nas relações humanas, o romance aborda o peso do tempo, que sufoca Naziazeno enquanto ele tenta, sem sucesso, encontrar uma saída para suas dificuldades financeiras. 

Para o vestibular: note como o tempo psicológico de Naziazeno, marcado pela ansiedade e a pressão financeira, se entrelaça com o tempo cronológico da narrativa. Além disso, observe as alegorias presentes, como os ratos, que simbolizam a corrosão das relações humanas e a falta de empatia na sociedade.

Água funda (1949) - Ruth Guimarães

Água Funda mescla realismo e elementos fantásticos para retratar a vida rural no Vale do Paraíba, entre São Paulo e Minas Gerais. A obra se passa na fazenda Olhos d'Água e é dividida em duas histórias interligadas: uma situada no período escravocrata, com a poderosa Sinhá Carolina, e outra, cinquenta anos depois, com Joca e Curiango. 

O romance aborda temas como loucura, tradições populares e os efeitos da modernização sobre a vida rural. A autora utiliza uma linguagem que combina termos indígenas, africanos e portugueses, criando uma atmosfera folclórica e regionalista. 

Além disso, a obra faz uma crítica sutil às estruturas socioeconômicas que perpetuam a exploração e a dependência, mesmo após a abolição da escravatura. 

Para o vestibular: foque na linguagem e no uso do realismo mágico. A obra combina elementos do cotidiano rural com o fantástico, como lendas e figuras míticas (Mãe de Ouro). Preste atenção também ao tom coloquial e à oralidade, que aproximam o leitor das tradições populares e regionais.

Nós matamos o cão tinhoso! (1964) - Luís Bernardo Honwana

A obra é uma coleção de oito contos independentes, porém interconectados. O conto principal, que dá nome ao livro é o centro da narrativa. Com essas histórias, o autor apresenta uma visão envolvente da vida em Moçambique durante a era colonial.

Cada conto explora aspectos da sociedade moçambicana, revelando a complexidade das relações humanas, as tensões raciais e as questões de identidade cultural.

Os contos exploram a difícil e opressiva realidade enfrentada pelos trabalhadores e crianças em Moçambique enquanto colônia portuguesa. Nesse sentido, a obra é rica em detalhes e traz as dinâmicas sociais e políticas da época, com personagens complexos e situações que provocam reflexões sobre preconceito, poder e resistência.

Para o vestibular: vale lembrar que muitos contos são narrados pela perspectiva de crianças. Além disso, temos a visão de pessoas oprimidas enquanto Moçambique vivia uma guerra pela independência de Portugal.

Romanceiro da Inconfidência (1953) - Cecília Meireles

Podemos dizer que a obra é dividida em duas partes. Na primeira, a autora explora a ambiguidade do ouro na história brasileira, ao destacar sua capacidade de gerar riqueza, mas também de causar destruição, proporcionando felicidade, mas também tristeza, conquistas e derrotas.

A segunda parte foca na Inconfidência Mineira. Meireles investiga o período, estabelecendo paralelos entre esse movimento e a Revolução Francesa, ambos influenciados pelo Iluminismo.

A obra apresenta personagens marcantes desse período, como Tomás Antônio Gonzaga, escritor do arcadismo. Destaca ainda uma reflexão sobre o papel que cada indivíduo deseja ocupar na história, ao fazer um retrato dos inconfidentes enquanto vítimas de perseguições políticas.

Para o vestibular: embora retrate o período da Inconfidência, é importante destacar que não se trata de uma obra documental, e sim lírica. A figura de Tiradentes é colocada em destaque, mas a autora também fala sobre a história de amor entre Gonzaga com Maria Joaquina (Marília), o que abre margem para uma possível intertextualidade com a Marília de Dirceu, já que o próprio Tomás Antônio Gonzaga é um dos inconfidentes retratados por Cecília.

Dois irmãos (2000) - Milton Hatoum

A trama se desenrola no início do século 20, em Manaus, e explora a complexa dinâmica da família de Halim um mascate, e Zana, filha do dono de um restaurante libanês. O casal tem três filhos: Rânia, a mais nova, e os gêmeos Yaqub e Omar, que possuem uma relação conflituosa. A história é narrada por Nael, filho da empregada indígena Domingas com um dos gêmeos.

Os gêmeos se apaixonam pela mesma moça, Lívia, desencadeando uma série de eventos que culminam em uma violenta agressão de Omar contra Yaqub. O enredo explora os dilemas da identidade, rivalidade fraternal, amor materno e segredos obscuros.

Conhecemos um retrato poderoso e emotivo da família enquanto enfrenta desafios que moldam profundamente o destino de cada membro, culminando em tragédia e prisões.

Para o vestibular: Nael é quem narra a história, mas a família nunca reconheceu o garoto como um membro oficial. Além disso, Zana ocupa um papel importante, pois representa uma figura materna extremamente controladora, principalmente no que diz respeito aos relacionamentos amorosos de seus filhos. Por fim, o livro faz um retrato tanto da cultura indígena, quanto da identidade libanesa.

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Exercício: resumo dos livros da Fuvest

Confira uma questão da própria Fuvest sobre o Romanceiro da Inconfidência.

(Fuvest 2023) Leia os versos e responda à questão:
Ambição gera injustiça.
Injustiça, covardia.
Dos heróis martirizados
nunca se esquece a agonia.
Por horror ao sofrimento,
ao valor se renuncia.

E, à sombra de exemplos graves,
nascem gerações opressas.
Quem se mata em sonho, esforço,
mistérios, vigílias, pressas?
Quem confia nos amigos?
Quem acredita em promessas?

Que tempos medonhos chegam,
depois de tão dura prova?
Quem vai saber, no futuro,
o que se aprova ou reprova?
De que alma é que vai ser feita
essa humanidade nova?

Cecília Meireles – trecho final do “Romance LIX ou Da Reflexão dos Justos”, de Romanceiro da Inconfidência.


a) Como se articula a sequência ambição, injustiça e covardia – formada no poema – com o episódio fatal de Tiradentes?

b) A voz lírica interroga quais serão as consequências dos acontecimentos bárbaros da história sobre as novas gerações. Por que essa é uma reflexão dos justos?

Resolução
a) Essa sequência é apresentada como uma cadeia de causa e consequência, em que a ambição pelo ouro leva à injustiça manifestada no julgamento de Tiradentes. Essa injustiça expõe a covardia do tribunal, que se omite ou é brando ao punir as elites locais, enquanto impõe uma condenação severa ao participante de status social inferior.
b) O questionamento das repercussões dos eventos históricos brutais reflete a apreensão do eu lírico sobre o exemplo que esse episódio pode deixar para as futuras gerações, o que implica um declínio nos valores éticos e morais essenciais para sustentar uma sociedade democrática. Essa reflexão se articula do ponto de vista dos "justos", que lutam por uma justiça imparcial em todas as esferas, classes sociais e contextos históricos, em contraste com a arbitrariedade que caracteriza a condenação dos mais vulneráveis.

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Kimberli Sabino Ariotti

Analista Pedagógica de Linguagens do Aprova Total. Licenciada em Letras pela UFSC e Mestre em Linguística pela mesma instituição.

Ver mais artigos de Kimberli Sabino Ariotti >

Analista Pedagógica de Linguagens do Aprova Total. Licenciada em Letras pela UFSC e Mestre em Linguística pela mesma instituição.

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