Como o Novo Ensino Médio impacta o Enem?

No dia 31 de julho, o presidente Lula sancionou a Lei 14.945/2024, que prevê a reformulação do Novo Ensino Médio. O texto é uma atualização do modelo adotado ainda em 2017, durante o governo de Michel Temer. No entanto, passou por alterações no Senado e na Câmara dos Deputados.

Com a mudança, a partir de 2025, a primeira série do Ensino Médio já deve vivenciar alterações como a carga horária de 3.000 horas, sendo 2.400 destinadas à Formação Geral Básica, para alunos que não fizerem o curso técnico.

A seguir, descubra como as mudanças podem afetar o formato da prova do Enem nos próximos anos.

O que deve mudar no Enem com o Novo Ensino Médio?

Atualmente, o Enem é realizado em dois dias e possui 180 questões das quatro áreas do conhecimento: Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Linguagens e Códigos, e Matemática. Além disso, solicita que os candidatos façam uma redação do gênero dissertativo-argumentativo.

Com o Novo Ensino Médio, uma das provas que deve ser impactada é a de Língua Estrangeira. Atualmente, durante as inscrições, os candidatos podem escolher entre Inglês e Espanhol. Mas com a reforma, a Língua Espanhola se tornou optativa, e pode não aparecer nas próximas edições do Enem.

Mas essas alterações não devem acontecer imediatamente! Por exemplo, você que irá prestar o Enem em 2024, 2025 ou 2026, provavelmente fará as provas do modelo atual. No entanto, os ingressantes a partir de 2025 (que irão participar de processos seletivos para o Ensino Superior em 2027) possivelmente irão vivenciar as mudanças do Novo Ensino Médio.

Por enquanto, o que se sabe é que as novas Diretrizes Nacionais da Educação devem ser formuladas ainda em 2024. E no ano seguinte, as escolas devem adotá-las.

Na sanção presidencial, também houve o veto do trecho da lei que previa reformas no Enem, como a cobrança dos conteúdos itinerários formativos. Havia especulações de que a a aplicação continuaria em dois dias de prova, mas o primeiro para avaliar a formação geral básica e o segundo, o itinerário escolhido.

Contudo, o governo argumentou que a presença do conteúdo "flexível" poderia afetar a isonomia do processo seletivo, tornando o acesso ao Ensino Superior desigual. Ou seja, avaliações diferentes poderiam prejudicar ou ajudar o desempenho de alguns candidatos.

No entanto, o veto deve passar por análise dos parlamentares novamente. Assim, podem manter a alteração ou não. O Ministério da Educação deve divulgar novas informações sobre a reforma do Enem em breve.

O que é o Novo Ensino Médio?

Em 2017, a Lei nº 13.415 estabeleceu uma mudança na estrutura do Ensino Médio para torná-lo mais flexível, oferecer diferentes possibilidades de escolhas aos estudantes e estimular o seu protagonismo.

O objetivo era aumentar o interesse dos jovens pela escola, de modo a combater a evasão e melhorar os resultados da aprendizagem. As principais alterações deveriam ser implementadas até 2024, no entanto, ainda em 2023, deputados resolveram remodelar o projeto.

Quais são as alterações previstas pelo novo texto?

O texto sancionado pela presidência especifica:

- ampliação da carga horária da Formação Geral Básica de 1.200 horas 2.400 horas (considerando os três anos do Ensino Médio) para alunos que não optarem pelo Ensino Técnico;

- oferta de itinerários formativos com 600 horas, que são disciplinas, projetos e oficinas que os estudantes poderão escolher para ampliar os conhecimentos em uma das seguintes áreas:

• Linguagens;
• Matemática;
• Ciências da Natureza;
• Ciências Humanas.

Entre as disciplinas obrigatórias em todos os anos, estão Português, Inglês, Artes, Educação Física, Matemática, Ciências da Natureza (Biologia, Física e Química) e Ciências Humanas (História, Geografia, Sociologia e Filosofia).

O texto também prevê que cada escola deve ofertar, no mínimo, dois itinerários aos alunos. A regra apenas não é válida para as instituições que oferecem Ensino Técnico. No total, considerando formação básica e itinerários, o Novo Ensino Médio terá 3.000 horas.

A Língua Inglesa segue como obrigatória, sendo o Espanhol como segunda Língua Estrangeira preferencial. A lei também define que pelo menos uma escola da rede pública de ensino de cada município ofereça aulas noturnas.

Quais as alterações no Ensino Técnico?

Já para o Ensino Técnico e Profissional, a formação geral básica será de 2.100 horas. E outras 900 horas serão exclusivas para disciplinas do curso técnico escolhido. Assim, totalizando 3.000 horas.

Além disso, mais 300 horas podem ser destinadas ao aprofundamento dos estudos em disciplinas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que podem ser relacionadas à formação técnica. Por exemplo, Física para o curso técnico de Eletrônica.

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Colaborou neste post: Lisandra Matias