Por que o uso de plástico se tornou um problema ambiental?
Entenda como a poluição causada por esse tipo de resíduo tem afetado a vida no planeta
Acessibilidade
A poluição causada pelo uso do plástico em excesso é uma das questões ambientais mais urgentes para a humanidade. Isso porque, atualmente, nossa produção de plástico é muito maior do que a capacidade do planeta de lidar com a sua decomposição.
Este é o tema do 1º AprovaDocs, série de webdocumentários do Aprova Total. Toda semana, discutiremos um assunto importante e alinhado às propostas de redação dos principais vestibulares, com a intenção de fornecer mais repertório e aproximar os vestibulandos da tão sonhada nota mil.
NAVEGUE PELOS CONTEÚDOS
Números do uso de plástico no Brasil e no mundo
Em 2019, 460 milhões de toneladas de plástico foram produzidas no mundo, das quais apenas 107 milhões foram recicladas - isso significa que 353 milhões de toneladas de plástico acabaram virando resíduo.
Por mais surpreendente que pareça, esse recorde foi quebrado em 2021. O Índice de Fabricantes de Resíduos Plásticos constatou que, apesar da crescente conscientização do consumidor, atenção corporativa e regulamentação do uso de plástico, 6 milhões de toneladas métricas (MMT) adicionais de foram geradas em relação a 2019.
Esse número equivale a quase 1 kg a mais para cada pessoa no planeta e foi impulsionado pela demanda por embalagens flexíveis, como filmes e sachês.
Em território brasileiro, por sua vez, dados do último Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, pesquisa desenvolvida pela Associação de Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe), mostram que a geração de resíduos plásticos nas cidades brasileiras foi de 13,7 milhões de toneladas em 2022, equivalente a 64 quilos por pessoa no ano.
Além disso, segundo a Abrelpe, o resíduo plástico é o tipo de poluente mais encontrado nos corpos hídricos do planeta, correspondendo a 48,5% dos materiais que vazam para os mares. Em águas brasileiras, mais de 3 milhões de toneladas de resíduos sólidos chegam todos os anos - quantidade que cobriria mais de 7 mil campos de futebol.
Microplásticos
E se você pensou que o problema acaba aqui, se enganou. Os chamados microplásticos são fragmentos de até cinco milímetros, e eles estão em toda parte. Por serem pedacinhos minúsculos, contaminam espaços na terra, no mar, nas reservas de água doce e até mesmo no ar.
Sabia que podemos estar respirando plástico? Pois é! Além respirá-lo, nós acabamos o ingerindo: na água, no mel e nos frutos do mar. Tanto que, por semana, o ser humano pode ingerir cerca de 5g de plástico, o equivalente a um cartão de crédito.
Existem dois tipos diferentes de microplásticos:
- primários
Liberados no ambiente como pequenas partículas, como microesferas adicionadas em cosméticos - secundários
Resultam da degradação de pedaços maiores de plástico, como fibras de roupas sintéticas e fragmentos de sacolas e garrafas
Segundo a oceanógrafa Manoela de Orte, do Departamento de Ecologia Global da Carnegie Institution for Science, estima-se que cerca de 90% dos microplásticos encontrados em ecossistemas costeiros estejam na forma de microfibras. Desse total, grande parte vem da lavagem de roupas sintéticas.
Hoje em dia, 60% das roupas são fabricadas a partir de fibras de plásticos, principalmente nylon, acrílico e poliéster. Assim, quando lavamos essas roupas, milhares de fibras são liberadas e muitas escapam dos
filtros das máquinas de lavar e das estações de tratamento do esgoto e vão parar nos rios e oceanos.
Então, mesmo com tamanho tão pequeno, o plástico representa uma questão gigante na sociedade.
O plástico na história da humanidade
Os plásticos, derivados da extração de combustíveis fósseis, surgiram há pouco mais de um século. No entanto, a produção e o desenvolvimento de milhares de novos produtos e embalagens plásticas ganharam impulso após o fim da Segunda Guerra Mundial.
Desde então, os plásticos revolucionaram a Medicina, tornaram as viagens espaciais possíveis e salvaram milhões de vidas, com capacetes, incubadoras e equipamentos para armazenamento de água potável.
As comodidades possibilitadas pelo uso de itens plásticos, porém, levaram a humanidade à cultura do “consumir e descartar”.
Quais as consequências do uso excessivo de plástico?
Pesquisas baseadas em experimentos de laboratório indicam que as partículas plásticas podem afetar o crescimento, a reprodução, o desenvolvimento e mesmo a sobrevivência de organismos marinhos.
Além dos efeitos físicos, como a obstrução do trato digestivo de organismos menores, os efeitos químicos das micropartículas ingeridas ou inaladas por humanos e animais preocupam os cientistas:
- os microplásticos podem ser vetores de microrganismos e contaminantes, como poluentes orgânicos persistentes, chamados POP. Esses poluentes são compostos sintéticos resistentes à degradação no ambiente, usados na produção de panelas antiaderentes, roupas, tintas e materiais inoxidáveis, por exemplo.
- outro ponto de atenção é a combinação complexa de produtos químicos presentes nos plásticos para que eles tenham resistência e flexibilidade. A combinação pode deixar tóxico esse material tão presente no dia a dia. Estima-se que existam mais de 10 mil produtos químicos usados em plásticos, dos quais 2,4 mil são potencialmente preocupantes.
Podemos apontar outros motivos que fazem do plástico um vilão para o meio ambiente:
Não temos mais espaço no planeta
- materiais plásticos levam ao menos 450 anos para se decompor totalmente. Durante esse tempo, seria preciso recolher o lixo e armazená-lo em local adequado, até que o material fosse reciclado ou se decompusesse.
- não há espaço que dê conta de armazenar todo o plástico fabricado diariamente no mundo. Só no Brasil, a quantidade de plástico produzida é superior a 13 milhões de toneladas por ano.
A mancha de lixo do Pacífico só aumenta
- no meio do Oceano Pacífico, fica a grande mancha de lixo, com uma área que representa duas vezes o território da França. Ela resulta do acúmulo de detritos (principalmente de plástico), e é uma das maiores catástrofes ambientais produzidas pela humanidade.
- 80 mil toneladas de lixo plástico compõem uma área de 1,6 milhão de quilômetros quadrados, que fica entre a costa do estado da Califórnia, nos Estados Unidos, e o Havaí.
- ao todo, existem cinco grandes giros oceânicos: esse, no Pacífico Norte, e outros no Pacífico Sul, Atlântico Sul e Norte, e no Oceano Índico. Eles são grandes sistemas de correntes oceânicas circulares que acumulam objetos flutuantes.
O que o plástico causa no meio ambiente? Assista
Pensando na importância deste tema, a primeira edição do webdocumentário do Aprova está liberada para não alunos também. Em alguns minutos, abordamos os efeitos do plástico no meio ambiente, reunimos dados importantes que vão melhorar o seu repertório e ajudamos você a refletir sobre alternativas para solucionar o problema. Veja aqui 👇
Por que devemos reduzir o uso de plástico?
É urgente a necessidade de redução do consumo de plástico na sociedade. Seja a adoção de práticas de consumo e produção mais sustentáveis, ou o desenvolvimento de alternativas menos danosas pelas indústrias, há várias saídas para o problema. Porém, a maior ação precisa vir da conscientização e de escolhas mais responsáveis.
Além disso, é necessária vontade política e ação imediata dos governos, em escala global, para enfrentar essa crise crescente, criando leis adequadas e exigindo regulamentação das indústrias.
O problema não é fazer carros com partes plásticas, ou fabricar próteses e equipamentos médicos usando polímeros, mas em fabricar itens de plástico, simplesmente porque são mais baratos e mais rápidos de ser produzir, de forma a gerar lucro para as empresas, mas prejuízos para o planeta.
A esperança da solução dessas questões está em agir coletivamente, proteger e restaurar os oceanos e todos os ecossistemas afetados pela poluição.
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AprovaDocs: webdocumentários do Aprova Total
Toda segunda-feira, os alunos do Aprova Total têm um encontro marcado com uma nova produção que chega na plataforma. Os temas envolvem desde questões sociais, políticas e culturais até discussões sobre a natureza e o universo.
Nosso principal objetivo é compartilhar conhecimento sobre assuntos relevantes para as provas do vestibular, em especial a de Redação.