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Tudo sobre poemas: características, tipos e estrutura

Descubra como esse gênero textual aparece no Enem e nos vestibulares - e veja como as questões podem ir muito além da interpretação!

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Você sente medo quando encontra um poema nas questões do Enem e de vestibulares? 👀 Principalmente quando as perguntas envolvem interpretação? Se sim, nós vamos acabar com isso de uma vez por todas!

Neste artigo, apresentamos as principais características do poema, examinando sua estrutura e recursos estilísticos (como o uso de figuras de linguagem). Além disso, trazemos alguns exemplos de poemas famosos, para mostrar pra você como eles são cobrados nos processos seletivos.

Vamos juntos superar esse medo da análise e interpretação? 📝

O que é um poema?

Um poema é essencialmente um texto literário composto por versos e estrofes, que pode ou não conter rimas. Essa forma de escrita se diferencia da prosa por sua estrutura e pela maneira como explora a linguagem e os sons.

Os versos de um poema podem ser:

  • regulares, com métrica e rima;
  • brancos, com métrica mas sem rima;
  • ou livres, sem métrica e sem rima.

A seguir, vamos conhecer outros aspectos dos poemas.

Características de um poema

O poema é um gênero específico com características muito próprias, como a preocupação com a musicalidade, que se faz através do ritmo e das rimas.

Além disso, há o uso de recursos estilísticos, principalmente pela linguagem conotativa a partir das figuras de linguagem.

Ritmo e métrica

O ritmo em um poema é essencialmente moldado pela métrica, que é a quantidade de sílabas poéticas em cada verso. Este processo, também conhecido como escansão ou metrificação, envolve a contagem dessas sílabas, que podem não ser diretamente correspondentes às sílabas gramaticais.

A métrica influencia diretamente o ritmo do poema, alternando sílabas tônicas e não tônicas para criar uma cadência que faz toda diferença para a experiência sonora do poema.

Além disso, os versos podem variar em número de sílabas, com denominações específicas como redondilha menor (cinco sílabas poéticas), redondilha maior (sete sílabas poéticas) e decassílabo (dez sílabas poéticas).

Para fazer a contagem de sílabas poéticas (escansão), é preciso seguir três regras:

  • contar até a última sílaba tônica (da última palavra);
  • sílaba(s) após a última tônica não são contabilizadas;
  • para elisão e crase, vogais iguais ou diferentes se unem em uma mesma sílaba.

Observe o exemplo abaixo:

Mu /dam /-se os/ tem/ pos,/ mu /dam /-se as/ von/ ta /des,
1 / 2 / 3 / 4 / 5 / 6 / 7 / 8 / 9 /10 / Nulo

Rimas

As rimas são uma das características mais reconhecíveis de um poema, contribuindo para sua musicalidade e estética. Elas podem variar muito em tipo e estrutura:

  • Perfeitas ou consoantes: há uma correspondência total de sons a partir da última vogal tônica;
  • Imperfeitas: como a rima toante (ou assonante) que repete apenas os sons vocálicos;
  • Aliterante: que repete os sons consoantes.

Existem vários esquemas de rimas. Vamos conhecê-los a partir de alguns exemplos literários!

Rimas emparelhadas (AABB)

Vagueio campos noturnos (A)
Muros soturnos
(A)
paredes de solidão
(B)
sufocam minha canção.
(B)

(A luta corporal, Ferreira Gullar)

Rimas alternadas ou cruzadas (ABAB)

O poeta é um fingidor (A)
Finge tão completamente
(B)
Que chega a fingir que é dor
(A)
A dor que deveras sente.
(B)

(Autopsicografia, Fernando Pessoa)

Rimas interpoladas ou opostas (ABBA)

Alma minha gentil, que te partiste (A)
Tão cedo desta vida descontente,
(B)
Repousa lá no Céu eternamente
(B)
E viva eu cá na terra sempre triste.
(A)

(Soneto XIII, Camões)

Rimas encadeadas (ABA BCB CDC)

Sei de uma criatura antiga e formidável, (A)
Que a si mesma devora os membros e as entranhas
(B)
Com a sofreguidão da fome insaciável.
(A)

Habita juntamente os vales e as montanhas (B)
E no mar, que se rasga, à maneira de abismo,
(C)
Espreguiça-se toda em convulsões estranhas.
(B)

Traz impresso na fronte o obscuro despotismo. (C)
Cada olhar que despede, acerbo e mavioso,
(D)
Parece uma expansão de amor e de egoísmo
. (C)

(Uma criatura, Machado de Assis)

Rimas mistas

Apresentam outras modificações e posições sem um esquema fixo.

A felicidade é como a pluma (A)
Que o vento vai levando pelo ar
(B)
Voa tão leve
(C)
Mas tem a vida breve
(C)
Precisa que haja vento sem parar.
(B)

(A felicidade, Vinícius de Moraes)

Figuras de linguagem

As figuras de linguagem são recursos estilísticos que ampliam o significado dos textos poéticos por trabalharem com a linguagem conotativa, ou seja, não literal.

Entre as mais utilizadas estão:

  • metáfora, que estabelece uma comparação implícita entre elementos;
  • antítese, que explora o contraste entre palavras opostas;
  • e o paradoxo, que traz uma contradição.

Outra figura comum é a prosopopeia ou personificação, que atribui características humanas a seres inanimados ou abstratos. Além disso, é comum o uso do eufemismo, para suavizar o ideias rudes ou com carga negativa (como a morte); a hipérbole, para exagerar intencionalmente uma ideia; e onomatopeia, que utiliza palavras cuja pronúncia imita o som que descrevem.

Esses recursos ajudam a criar uma camada a mais de significado e expressão. No célebre poema de Luis de Camões, conseguimos notar, em uma única estrofe, o uso de três figuras de linguagem. Veja:

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

A estrofe é toda composta pela metáfora do que é o amor (fogo que arde, ferida que dói…). Além disso, temos a antítese em "contentamento" e "descontente" e um paradoxo na afirmação "ferida que dói, e não se sente", uma vez que se há dor, há sensação.

👉 Leia também: Primeira geração modernista: características e autores

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Estrutura de um poema

Estudamos a estrutura de um poema de duas maneiras:

  • Estrutura interna: relaciona-se aos aspectos de conteúdo do poema, incluindo o tema, a linguagem e o discurso utilizado pelo autor.
  • Estrutura externa: refere-se aos aspectos formais do poema, como os tipos de versos, estrofes, e o esquema de rimas.

Versos

Verso é cada linha de um poema, em que a métrica - a medida dos versos em sílabas poéticas - é essencial, lembrando que ela nem sempre corresponde às sílabas gramaticais.

Os versos são classificados de acordo com o número de sílabas poéticas que contêm:

  • Monossílabo: uma sílaba poética;
  • Dissílabo: duas sílabas poéticas;
  • Trissílabo: três sílabas poéticas;
  • Tetrassílabo: quatro sílabas poéticas;
  • Pentassílabo (redondilha menor/medida velha): cinco sílabas poéticas;
  • Hexassílabo: seis sílabas poéticas;
  • Heptassílabo (redondilha maior/medida velha): sete sílabas poéticas;
  • Octossílabo: oito sílabas poéticas;
  • Eneassílabo: nove sílabas poéticas;
  • Decassílabos (verso heróico/medida nova): dez sílabas poéticas;
  • Hendecassílabos: onze sílabas poéticas;
  • Dodecassílabos (alexandrino): doze sílabas poéticas.

🖊️ Como explicamos no início do texto, além dessas classificações, os versos também podem ser regulares, brancos ou livres.

Estrofes

Estrofe é um conjunto de versos agrupados que formam uma unidade dentro de um poema.

Os espaços em branco são o que divide uma estrofe da outra dentro do poema. As estrofes são definidas de acordo com o número de versos que contêm:

ClassificaçãoNúmero de versos por estrofe
Monóstico1
Dístico ou parelha2
Terceto ou trístico3
Quarteto ou quadra4
Quintilha, quinteto ou pentástico5
Sextilha, sexteto ou hexástico6
Septilha, hepteto, heptástico, sétima ou septena7
Oitava ou octástico8
Nona9
Décima ou década10

Tipos de poemas

Os poemas são categorizados em três gêneros principais: lírico, que expressa emoções e desejos; épico, que narra grandes feitos históricos ou lendários; e narrativo, que conta histórias através de versos.

Existem algumas formas fixas, ou seja, estruturas poéticas que seguem padrões específicos, que são mais comuns tanto na Literatura quanto em provas. Confira, a seguir, os principais tipos de poemas, com exemplos.

Soneto

O soneto é a forma fixa mais conhecida e utilizada na literatura, sendo um tipo de poema muito estruturado, composto por 14 versos, divididos em quatro estrofes: dois quartetos e dois tercetos.

A métrica é geralmente decassílaba e os esquemas de rima variam, mas comumente se usam rimas interpoladas e alternadas. Veja um exemplo:

Soneto de separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

(Vinicius de Moraes)

O soneto inclusive se tornou música, em parceria com a cantora Elis Regina:

Haicai

O haicai é uma forma poética de origem japonesa, composta por apenas três versos.

Tradicionalmente, o haicai tem uma métrica de 5-7-5 sílabas poéticas e é conhecido por sua profundidade e brevidade, focando frequentemente na natureza e nas estações do ano.

Quero ainda ver
nas flores no amanhecer
a face de um deus.

(Matsuo Bashô)

Com o passar do tempo, essa métrica fixa foi se perdendo, assim como a limitação do tema. Mas a estrutura de um poema curto de três versos se manteve:

Nos dias quotidianos
É que se passam
Os anos

(Millôr Fernandes)

Ode

A ode é um poema lírico que pode ser composto por várias estrofes simétricas, frequentemente utilizado para expressar louvor ou exaltação.

Historicamente, as odes eram cantadas e acompanhadas por música. Um exemplo é a Ode triunfal, de Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa), composta como uma forma de exaltação da modernidade.

À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.

Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!

(Álvaro de Campos)

Limerique

O limerique é um tipo de poema humorístico, originário da Irlanda, composto por cinco versos com um esquema de rima AABBA. É caracterizado por seu ritmo divertido e temático, muitas vezes absurdo ou cômico.

O prego falou sem apego:

-Martelo, eu quero sossego!

-Mas prego, eu não nego,
Cabeça de prego
Não pode querer um chamego.

(César Obeid)

Curiosidades sobre poemas

Os poemas possuem uma variedade de formatos e estilos que evoluíram ao longo dos séculos. Originalmente, muitos foram criados com o objetivo de serem recitados em público, o que explica a importância da métrica e da rima para facilitar a memorização e a performance oral.

Uma curiosidade é que, durante a Idade Média, os poemas foram frequentemente utilizados como uma forma de preservar histórias e conhecimentos. Os trovadores, por exemplo, eram poetas que viajavam de corte em corte, recitando poemas que narravam acontecimentos históricos ou lendas.

No Renascimento, a poesia começou a se tornar mais pessoal, com poetas explorando seus sentimentos e emoções de maneira mais profunda. Foi também durante esse período que o soneto se popularizou, especialmente com obras de autores como Petrarca na Itália e Shakespeare na Inglaterra.

Avançando para o século 20, observamos a ruptura com as formas tradicionais de poesia através do movimento modernista. Os poetas passaram a experimentar versos livres e estruturas fragmentadas, refletindo as complexidades do mundo moderno.

🎵 Além disso, é interessante notar como muitos poemas foram transformados em canções, como o clássico A Rosa de Hiroshima, de Vinicius de Moraes, adaptado pelo grupo Secos e Molhadas.

Alguns poemas famosos

Para a nossa felicidade, a literatura brasileira é cheia de poemas marcantes. Entre os mais celebrados, destaca-se o Soneto da Fidelidade de Vinicius de Moraes. Vinicius era muito conhecido pelas suas composições amorosas. Confira os últimos tercetos:

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Outra obra icônica é No meio do caminho de Carlos Drummond de Andrade, publicada em 1928, que, através de repetições, aborda os obstáculos inesperados da vida:

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Manuel Bandeira, em Vou-me embora pra Pasárgada, fala de uma fuga para um mundo utópico, refletindo o desejo de liberdade e o alívio da pressão da vida cotidiana. Sua primeira estrofe é:

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Além disso, Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, destaca-se pela sua profunda carga social, narrando as dificuldades enfrentadas pelos retirantes nordestinos. A composição ganhou, inclusive, uma adaptação para o cinema.

— O meu nome é Severino,
não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.

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Resumo: poema

Vamos conferir um resumo sobre as principais características desse gênero literário:

  • O poema é composto por versos e estrofes, pode ou não conter rimas, e se diferencia da prosa por sua forma e exploração da linguagem e dos sons;
  • Métrica é a quantidade de sílabas poéticas por verso;
  • Escansão é o processo de contagem das sílabas poéticas, e influencia o ritmo e a cadência do poema;
  • As rimas contribuem para a musicalidade e estética do poema. Os principais tipos são perfeitas, imperfeitas, toantes e aliterantes;
  • Existem cinco esquemas de rimas: emparelhadas (AABB), cruzadas (ABAB), interpoladas (ABBA), encadeadas (ABA BCB CDC) e mistas;
  • Entre as figuras de linguagem mais usadas nos poemas estão a metáfora, a antítese, o paradoxo, a prosopopeia, o eufemismo, a hipérbole e a onomatopeia;
  • Versos são linhas do poema com métrica específica, classificados em monossílabo, dissílabo, trissílabo, tetrassílabo, pentassílabo, hexassílabo, heptassílabo, octossílabo, eneassílabo, decassílabo, hendecassílabo e dodecassílabo;
  • Os versos podem ser regulares (com métrica e rima), brancos (com métrica, mas sem rima) ou livres (sem métrica e sem rima);
  • Estrofe é o conjunto de versos agrupados. As classificações são monóstico, dístico, terceto, quarteto, quintilha, sextilha, septilha, oitava, nona e décima;
  • Os tipos de poemas mais comuns são:
    • Soneto: 14 versos, dois quartetos e dois tercetos, geralmente decassílabos;
    • Haicai: três versos, métrica 5-7-5 de sílabas poéticas;
    • Ode: poema lírico com várias estrofes, marcado pela exaltação;
    • Limerique: poema humorístico de cinco versos com esquema AABBA.

Como o gênero poema cai no Enem e nos vestibulares

Tanto o Enem quanto os vestibulares adoram cobrar a interpretação de poemas, então este é um conteúdo indispensável na sua lista de estudos!

Além disso, é necessário que você esteja preparado para responder sobre poemas de diversas épocas e movimentos literários, variando desde a poesia clássica até formas mais contemporâneas.

É comum que as questões de vestibulares peçam que você relacione o poema a um contexto histórico ou cultural específico. Isso pode incluir a identificação do movimento literário ao qual o poema pertence.

Normalmente a prova cobre a interpretação, mas eventualmente o seu conhecimento sobre a estrutura do poema também poderá ser testado! A seguir, confira exemplos de questões que já apareceram em processos seletivos.

Exemplo de questão sobre poema no Enem

(Enem 2023) Migalhas

Entre a toalha branca e um bule de café
seria inapropriado dizer
eu não te amo mais.
Era necessário algo mais solene,
um jardim japonês
para as perdas pensadas,
um noturno de tempestade
para arrebentar de dor,
uma praia de pedras para chorar
em silêncio, uma cama alta
para o incenso da despedida,
uma janela
dando para o abismo.
No entanto você abaixa os olhos
e recolhe lentamente as migalhas de pão
sobre a mesa posta para dois.

MARQUES, A. M. A vida submarina. São Paulo: Cia das Letras 2021.

Nesse poema, a representação do sentimento amoroso recupera a tradição lírica, mas se ajusta à visão contemporânea ao

a) invocar o interlocutor para uma tomada de posição.

b) questionar a validade do envolvimento romântico.

c) diluir em banalidade a comoção de um amor frustrado.

d) transformar em paz as emoções conflituosas do casal.

e) condicionar a existência da paixão a espaços idealizados.

Resposta: [C]
O poema ajusta-se à visão contemporânea ao diluir em banalidade a comoção de um amor frustrado. Contrariando a tradição rica de cenários grandiosos para representar o fim de um relacionamento, o texto descreve a separação de forma simples e cotidiana, enquanto ambos estão sentados à mesa, tomando café, e a interlocutora recolhe as migalhas de pão.

Exemplo de questão sobre poema no vestibular

(Unesp 2023) Leia o soneto “Descreve o que era naquele tempo a cidade da Bahia”, do poeta Gregório de Matos (1636-1696)

A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.

Em cada porta um bem frequente olheiro,
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.

Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos sob os pés os homens nobres¹,
Posta nas palmas toda a picardia,

Estupendas usuras nos mercados,
Todos os que não furtam muito pobres:
E eis aqui a cidade da Bahia.

(Gregório de Matos. Poemas escolhidos, 2010)

1Trazidos sob os pés os homens nobres: na visão de Gregório de Matos, os mulatos em ascensão subjugam com esperteza os verdadeiros “homens nobres”.

No soneto, verifica-se rima entre palavras de classes gramaticais diferentes

a) em “vizinha”/“esquadrinha” (2ª estrofe) e em “nobres”/“pobres” (3ª /4ª estrofes).

b) em “vinha”/“cozinha” (1ª estrofe) e em “olheiro”/“terreiro” (2ª estrofe).

c) em “conselheiro”/“inteiro” (1ª estrofe) e em “olheiro”/“terreiro” (2ª estrofe).

d) em “conselheiro”/“inteiro” (1ª estrofe) e em “vizinha”/“esquadrinha” (2ª estrofe).

e) em “desavergonhados”/“mercados” (3ª /4ª estrofes) e em “nobres”/“pobres” (3ª /4ª estrofes).

Resposta: [D]
Em [D], vemos as rimas entre um substantivo (conselheiro) e um adjetivo (inteiro), e entre um substantivo (vizinha) e um verbo (esquadrinha).

👉 Leia também: Literatura no Enem: assuntos que mais caem na prova

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Kimberli Sabino Ariotti

Analista Pedagógica de Linguagens do Aprova Total. Licenciada em Letras pela UFSC e Mestre em Linguística pela mesma instituição.

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