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Idade Média: confira um resumo completo sobre o período

Esse longo momento da História, que começa no século 5 e vai até o século 15, merece a sua atenção. Tudo começou com a queda do Império Romano do Ocidente... vem saber o restante!

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Império Bizantino, feudalismo, arquitetura gótica, forte presença da Igreja, estatismo social, ruralização, peste negra, Cruzada... Bom, digamos que todos esses elementos aparecem juntos e misturados durante as eras medievais, que dividimos entre Alta Idade Média e Baixa Idade Média.

Esse longo período da História, que começa no século 5 e vai até o século 15, merece muito a sua atenção, pois está entre os cinco temas do componente que mais aparecem no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Aliás, o assunto é lembrado todo ano, então, não dá para fugir dele.

Vamos conhecê-lo melhor?

O que foi a Idade Média

A Idade Média (ou eras medievais) é o período que vai do final da Idade Antiga, marcado pela queda do Império Romano do Ocidente, até o início da modernidade, com a conquista de Constantinopla pelo Império Turco Otomano em 1453. 

Apesar de ser delimitada temporalmente, a Idade Média é um período característico da história da Europa, do norte da África e do Oriente Médio. Ou seja, o que veremos neste texto não se aplica à história da América ou de partes da África. 

Por muito tempo, via-se as eras medievais ou Idade Média como um momento de transição entre a Antiguidade e a Modernidade. No entanto, hoje, compreendemos melhor sua complexidade e as importantes mudanças que aconteceram nesse longo período.

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Quanto tempo duraram as eras medievais?

Foram, aproximadamente, 1000 anos de história entre 476 (século 5), ano de queda do Império Romano do Ocidente, e 1453 (século 15), ano de tomada da cidade de Constantinopla pelo Império Turco Otomano. 

A Idade Média foi dividida, por historiadores, em duas eras medievais: a Alta Idade Média, entre os séculos 5 e 10, e a Baixa Idade Média, entre os séculos 11 e 15. 

As invasões bárbaras na Idade Média

As invasões bárbaras durante as eras medievais na Europa começaram na Antiguidade, quando o Império Romano estrava em crise, entre os séculos 3 e 5. Elas foram a principal causa da queda de Roma em 476. Essas invasões ainda marcaram a transição entre Antiguidade e Idade Média na Europa ocidental. 

Eras medievais - a Coluna de Constantino foi construída no auge do Império Romano, por ordem do imperador Constantino, no ano 330. Ela fica na praça Sultão Ahmet, em Istambul
A Coluna de Constantino foi construída no auge do Império Romano, por ordem do imperador Constantino, no ano 330. Ela fica na praça Sultão Ahmet, em Istambul (Imagem: Adobe Stock)

Povos germânicos, anglo-saxões, visigodos, ostrogodos, vândalos e lombardos passaram a tomar o território do Império Romano em crise. Inicialmente, a relação entre romanos e alguns bárbaros dos arredores era pacífica, sendo que muitos serviram de mercenários para o Império. 

A partir do século 3, as migrações desse povos em territórios romanos tornaram-se mais frequentes e mais intensas, até a queda do Império no século 5. 

As estruturas do Estado Romano, antes unificado na figura de imperadores, foi sendo substituída por vários reinos bárbaros independentes. Eles mantiveram, porém, aspectos políticos, sociais e culturais dos romanos, como o Cristianismo. Em vários momentos, os bárbaros fizeram alianças com a Igreja Católica e com a elite política romana formando os reinos romanos-germânicos.

Durante séculos, os bárbaros lutaram para estabelecer reinos na Europa ocidental, que, no geral, duravam apenas algumas décadas. As constantes batalhas entre os reinos tornavam as antigas cidades romanas muito perigosas, o que levou ao movimento de êxodo urbano. Nesse caso, a população que antes vivia sob a proteção do exército romano, agora tinha que fugir para as áreas rurais.

Alta Idade Média (séc. 5 a 10)

O que caracteriza a Alta Idade Média? O período ficou marcado pelo domínio dos reinos bárbaros na Europa e pela formação do sistema feudal. 

Com a ausência do Estado romano, é nessa época que a Igreja Católica emerge como a principal instituição política da Europa ocidental.

Os reinos germânicos

Romanos chamavam de "bárbaros" todos aqueles que não viviam sob a sua cultura. É por isso que, apesar de serem diversos culturalmente, alguns grupos ganharam o nome de “povos bárbaros”. Entre eles, está o de matriz germânica. 

Os germânicos têm origem no norte da Europa, onde se reuniam em tribos organizadas como confederações militares. Entre elas, podemos citar os saxões, os vândalos, os lombardos, os godos, os visigodos, os ostrogodos e os francos

Nesse contexto, a guerra era determinante para a economia e a estrutura política dos germânicos. Com uma cultura ligada ao militarismo, eles valorizavam a honra e a fidelidade. Assim, nasceu o comitatus, um acordo de reciprocidade no qual os soldados juravam ficar a serviço de seu comandante, enquanto este jurava proteção a seu soldado.

O comitatus e a cultura de reciprocidade foram contribuições da cultura germânica para sistema feudal, estruturando a base das relações entre suseranos e vassalos durante as eras medievais.

A ascensão dos francos

Os francos foram povos bárbaros germânicos que se instalaram na Gália (atual França, Bélgica, Países Baixos e parte da Suíça, da Itália e da Alemanha) após a queda do Império Romano do Ocidente em 476. Eles dominavam os galo-romanos, povo que habitava a Gália, até então ocupada pelos romanos. 

O reino dos francos foi um dos mais importantes e duradouros da Europa. Sua história se divide entre duas dinastias principais: merovíngia e carolíngia.

Clóvis I, um dos reis mais poderosos da dinastia merovíngia, foi o responsável pela expansão do reino, quando se aliou com a Igreja Católica e se converteu ao Cristianismo no final do século 5.  

A aliança entre os francos e a Igreja Católica representou uma importante barreira para o avanço árabe, que se estendeu para a Península Ibérica (atuais Portugal e Espanha). Ou seja, a vitória dos francos, já sob o reinado de Carlos Martel, na Batalha de Poitiers limitou a presença islâmica no continente à Península Ibérica. 

Eras medievais - A Batalha de Poitiers ficou conhecida como um dos mais célebres conflitos envolvendo muçulmanos e cristãos
A Batalha de Poitiers é um dos mais memoráveis conflitos envolvendo muçulmanos e cristãos. Por Charles de Steuben (Imagem: Reprodução Wikimedia Commons)

Na dinastia carolíngia, ou simplesmente Império Carolíngio, o monarca Carlos Magno comandou os francos no período de maior extensão do território, e assim dominou grande parte da Europa ocidental. Com a sua morte, o Império Carolíngio se dividiu e sofreu inúmeras invasões de outros povos bárbaros. 

A Europa entrou, então, em um período de guerras constantes, que durou até, aproximadamente, o ano 1000. Muitos historiadores consideram que esse foi o ano de consolidação do feudalismo. 

Feudalismo e suas características

O feudalismo é um sistema social, político e econômico que esteve vigente em partes da Europa durante a Alta Idade Média. A grande influência das culturas romana e germânica marcaram o período, sendo que essa última se dispersou pela Europa em meio às invasões bárbaras no continente. 

Esse sistema tem suas origens no Império Romano do Ocidente, no século 3, quando a crise do sistema escravista resultou em novas formas de trabalho, como o colonato. O feudalismo surgiu entre os séculos 5 e 10, e teve seu auge no século 11. 

A sociedade feudal era agrária e se caracterizava por:

  • economia de subsistência e ausência de comércio;
  • mão de obra era servil, na qual os servos pagavam aos senhores feudais taxas (corveia, banalidade e talha) para trabalhar nas terras, como forma de se apropriar dos excedentes da produção agrícola;
  • política feudal descentralizada, com administração dos feudos dividida entre suseranos e vassalos. Nessa relação entre nobres, o suserano doava parte de suas terras a outro nobre, que devia obrigações militares e pagava taxas a seu senhor. O suserano, como parte da troca, protegia e sustentava os seus vassalos, que administravam seu próprio feudo de maneira independente;
  • uma quase inexistência de códigos jurídicos, com plenos poderes dos senhores sobre todos que habitavam seu feudo. 

Baixa Idade Média (séc. 11 a 15)

A Baixa Idade Média representou o período de auge e também de crise do sistema feudal, além de promover retorno das trocas comerciais na Europa.

Nessa época, a Europa assistiu à diminuição das guerras entre os reinos bárbaros, ao aumento populacional e, mais tarde, às epidemias da peste bubônica. 

O crescimento populacional da Europa medieval

O crescimento populacional na Europa durante a Baixa Idade Média começou em meados do século 11, por conta da diminuição nas guerras bárbaras e, como consequência, um período de paz. Houve também melhorias nas condições de vida da população, com mais produção agrícola e menos enfermidades.  

O aumento da população resultou em maior demanda de produção agrícola e influenciou o início do processo de renascimento comercial e urbano. 

As Cruzadas

Guerras Santas ou Cruzadas foram expedições militares que os reinos católicos da Europa Ocidental organizaram com objetivo inicial de tomar a cidade de Jerusalém, que estava sob o domínio dos árabes. 

Depois, houve um avanço desses objetivos, já que os cruzados (ou cavaleiros de Cristo) passaram a desejar outras partes do mundo árabe. Oficialmente, aconteceram nove Cruzadas, mas há outras não oficiais - como a Cruzada dos Mendigos e a Cruzada das Crianças.

Eras medievais - Krak des Chevaliers é um castelo do século 11 que fica na Síria e foi usado nas Cruzadas, durante a Idade Média
Krak des Chevaliers é um castelo do século 11 que fica na Síria e foi usado nas Cruzadas, durante a Idade Média (Imagem: Adobe Stock)

Entre as Cruzadas oficiais, destaca-se a Quarta Cruzada, financiada por comerciantes de Veneza com o intuito de tomar o porto da cidade de Constantinopla, capital do Império Bizantino. O local servia de ponto estratégico para o comércio marítimo com o oriente, por isso havia o interesse dos comerciantes.

Chegamos a um período de renascimento comercial e urbano. Nesse cenário, a Quarta Cruzada e a conquista de Constantinopla pelos cristãos foram, então, acontecimentos essenciais no processo de reestruturação das redes comerciais entre a Europa e o oriente.

Renascimento comercial e urbano

O renascimento comercial e urbano é a reabertura do comércio europeu, que inclui o surgimento das feiras e dos burgos entre os séculos 11 e 13. Relacionamos o período ao aumento das trocas comerciais, que continuaram existindo na Europa feudal, mesmo que em menor escala.

É importante ressaltar que, para alguns historiadores, essa retomada começou ainda no período de auge do feudalismo. Ou seja, apesar de ter como uma de suas características a ausência de comércio, os feudos podem ter convivido com a prática.

No contexto de aumento populacional, a produção no campo era maior que o necessário para a subsistência de sua população. Assim, o excedente poderia servir para alimentar a pequena população urbana que vivia nos arredores do castelo do rei.

A partir das Cruzadas e do contato dos europeus com povos do oriente, o interesse pelo comércio e o acesso a produtos considerados “exóticos” (como tecidos, peles de animais, tapeçarias e especiarias) modificou a mentalidade feudal e ocasionou mudanças nessa sociedade. 

A Quarta Cruzada, em especial, abriu novas rotas marítimas para o comércio com o oriente pelo Mar Mediterrâneo. Com isso, surgiram novas feiras, próximas às cidades feudais, onde os mercadores encontravam mais segurança para vender seus produtos e realizar trocas.

As cidades, antes renegadas a um tímido papel político-administrativo, agora refloresciam, dando origem aos burgos, cidades formadas a partir do comércio

Essa realidade aumentou a demanda por produtos artesanais, que agora eram vendidos também nos burgos. Isso resultou no aumento da população e do comércio, em um movimento cíclico. 

Peste bubônica e suas consequências

A peste bubônica é uma doença contagiosa que abalou a Europa em vários momentos diferentes. Porém, entre as eras medievais, o período de maior contágio e morte foi durante a Baixa Idade Média.

Ilustração retrata os cidadãos de Tournai, na Bélgica, enterrando aqueles que morreram durante a Peste Negra. Por Pierart dou Tielt
Ilustração de Pierart dou Tielt retrata os cidadãos de Tournai, na Bélgica, enterrando aqueles que morreram durante a peste negra (Imagem: Reprodução Wikimedia Commons)

As epidemias de peste negra, como ficou conhecida, mataram milhares de pessoas entre os anos de 1300 e 1380 (século 14), e há registros de que, em regiões da Europa feudal, a doença pode ter ceifado a vida de um terço da população local. 

Estudos recentes indicam que a peste bubônica, provavelmente, intensificou o declínio populacional nos feudos e a fome que já estavam em curso. 

O fim da Idade Média ou das eras medievais

No século 14, as estruturas que mantinham o sistema feudal passaram a ruir. Questões climáticas e aumento populacional, para além do que os feudos suportavam, levaram a grandes períodos de fome e epidemias. 

Com a população diminuindo, mudanças econômicas privilegiaram o início de uma economia monetária. A servidão deixou de ser a base do trabalho no campo e as taxas passaram a ser pagas em moedas. 

Novos agentes sociais surgiram, como os burgueses e os camponeses livres, que não mais dependiam da terra de seus senhores para sobreviver.

Enquanto isso, a expansão do Império Turco Otomano e a tomada de Constantinopla em 1453 mudou toda a estrutura do mundo medieval (no ocidente e no oriente).

Durante a Idade Média, a capital do Império Bizantino foi o principal ponto de referência dos cristãos no oriente e ponto de origem das riquezas que chegavam na Europa ocidental. 

Mas, para além de sua importância cultural, a queda de Constantinopla representou o início de outros tempos. O fechamento das rotas marítimas no mar mediterrâneo forçaram mercadores a buscar novas rotas para o oriente. Começava, então, o planejamento que levaria às Grandes Navegações, marcando o início da Idade Moderna e o fim das eras medievais.

Como a Idade Média pode cair no vestibular e no Enem?

No que diz respeito às eras medievais, os vestibulares em geral e o Enem costumam trazer questões sobre a Baixa Idade Média, que envolvem temas como peste bubônica, renascimento comercial e o que mudou com esses processos.

Arte medieval, em especial a arte gótica, que é uma característica da Baixa Idade Média, também pode aparecer. É possível, ainda, o debate sobre a equivocada alcunha de uma “idade das trevas”.

Nesta vídeo de revisão para o Enem, que está no canal do Aprova no YouTube, o professor Nelson (de História), falou um pouquinho sobre arte medieval lá no minuto 52:

Curtiu aprender mais sobre o assunto? Na hora de resolver os exercícios das provas de História, tente se lembrar, principalmente, das mudanças que ocorreram nesse longo e complexo período que conhecemos como Idade Média (ou eras medievais).

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Bárbara Donini

Analista de História no Aprova Total. Licenciada (Udesc) e mestre (UFSC) em História, tem experiência na área de educação, no Ensino Fundamental e em curso pré-vestibular.

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