Medicina é difícil? Expectativas x realidade do curso
Quem deseja ser médico, com certeza, já deve ter imaginado vários cenários do curso. Na coluna desta semana, conhecemos alguns detalhes das aulas, da teoria à prática
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Ingressar no curso de Medicina é um marco na vida de todo vestibulando que almeja essa carreira. São vários anos de estudo intenso, dedicação e sacrifícios pessoais que culminam no tão sonhado momento da aprovação. Mas, afinal, Medicina é um curso difícil?
No começo, a expectativa é de que, finalmente, o estudante estará imerso na rotina acadêmica, em
contato com professores e colegas de profissão e, principalmente, terá a oportunidade de vivenciar
experiências clínicas emocionantes junto aos pacientes. Porém, a realidade dos primeiros semestres pode surpreender a maioria dos calouros.
Para mim, esse momento de adaptação compreendeu do 1º ao 3º período, englobando grande parte
do ciclo básico, que se estende até o 4º período. Durante essa fase, somos apresentados a um
cenário completamente novo, com seus próprios desafios e conquistas.
Neste artigo, vou falar sobre como a minha experiência de aluno de medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) transformou algumas ideias que criamos enquanto prestávamos o vestibular.
NAVEGUE PELOS CONTEÚDOS
Medicina é difícil? Como são as aulas
A maioria das crenças sobre a faculdade e as aulas deriva da imagem que criamos quando assistimos a séries como House ou Grey’s Anatomy. Apesar de sabermos que existe uma diferença entre elas e a realidade, tendemos, mesmo inconscientemente, a esperar que o curso médico nos exponha desde o início ao atendimento dos pacientes.
Porém, as disciplinas que temos nessa fase são voltadas ao entendimento do funcionamento básico de diferentes tipos de células, e dos órgãos que compõem os sistemas do corpo humano, enquanto o contato com o paciente começa aos poucos a partir do segundo ano.
No meu artigo sobre o primeiro ano de Medicina na UFRJ, comentei que, no 1º período temos a BBV,
matéria que abriga vários tópicos de biologia celular, biofísica, biologia molecular, genética,
histologia, embriologia, bioquímica e anatomia. Enquanto no 2º período, estudamos os sistemas nervoso, cardiovascular e respiratório.
Até aqui, apesar de existirem aulas práticas na anatomia e na histologia, ainda não temos nenhum contato curricular com a prática médica em si. No entanto, por meio de algumas ligas acadêmicas, que podem ser acessadas no primeiro período, é possível ter contato extracurricular com atividades no próprio Hospital Universitário e em outras instituições de saúde ligadas à UFRJ. Há a possibilidade de acompanhar ambulatórios (consultórios no hospital) e cirurgias de certas especialidades, por exemplo.
Pessoalmente, acompanhei alguns ambulatórios da neurologia, por meio da liga acadêmica da especialidade, e acho que foi bastante interessante.
Prática médica
Já no 3º período, que é o início do segundo ano de curso, somos apresentados aos sistemas
digestório, urinário, endócrino e reprodutores masculino e feminino. Outra disciplina
introduzida, e de maior carga horária do semestre, é a Atenção Integral à Saúde (AIS). Nela, finalmente, começa o contato com a prática médica de fato, em uma Clínica da Família.
Dependendo da unidade, você pode aprender medir pressão arterial – que todos os alunos
aprendem – até vacinação de adultos, atividade restrita a certas clínicas.
Apesar desses aprendizados, o foco da AIS é ensinar conceitos da Atenção Primária e da Atenção
Integral à Saúde no Sistema Único de Saúde (SUS). Nela, damos menos atenção aos aspectos técnicos e biológicos do atendimento, priorizando a dimensão humana dele. Boa parte disso é abordada
na propedêutica, assunto do período seguinte.
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Ciclo básico
O estudo de todos esses temas, bem como aqueles expostos no semestre final do ciclo básico, que
são disciplinas ainda mais imersas na prática médica – patologia geral, microbiologia, imunologia e
propedêutica –, constrói uma base sólida para o bom entendimento das etapas seguintes do
conteúdo, o ciclo clínico e, posteriormente, o internato.
Esse modelo de ensino que prioriza a “essência” do ciclo básico recebe diversas opiniões entre
calouros, colegas de turma e veteranos. Na minha opinião, além da qualidade do curso, que é certamente excelente, essas opiniões de nós, alunos, são uma questão de personalidade nos estudos.
Alguns preferem ter bastante tempo de preparo teórico antes de seguir para a prática, enquanto outros desejariam "colocar a mão na massa” o quanto antes. Essa dualidade é quase parecida com o que temos na preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)!
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