Conheça as 5 competências avaliadas na redação do Enem

Todo mundo sonha em conseguir fazer uma boa redação do Enem e tirar uma ótima nota! Para isso, a primeira coisa que você precisa saber é o que será avaliado. E conhecer as competências da redação do Enem ficou mais fácil a partir de 2020, quando o Inep – o órgão do Ministério da Educação (MEC) responsável pelo Enem – disponibilizou o material utilizado pelos avaliadores das redações.

“Ao saber mais sobre cada uma das competências, você saberá as regras do jogo e poderá direcionar seus estudos”, diz Daniela Cristina da Silva Garcia, mestra e doutoranda em linguística aplicada e professora de redação do Aprova Total. 

A partir desse material e da experiência da professora Daniela com correções de textos, vamos resumir os elementos que precisam ser contemplados para alcançar uma boa nota na redação do Enem.

Não deixe de ver outras dicas da professora neste post: Redação do Enem: “ainda dá tempo de melhorar o meu texto?

Quais são as 5 competências avaliadas na redação do Enem?

Lembre-se de que praticar a escrita de textos argumentativos é fundamental para desenvolver a habilidade de escrever uma boa redação do Enem. Além disso, é importante saber identificar qual é o tipo de texto solicitado e quais são as habilidades que serão avaliadas. Entenda mais sobre as as 5 competências avaliadas na redação do Enem:

Competência 1: norma-padrão da língua portuguesa

Essa competência avalia a capacidade de o candidato “demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa”. Ou seja, esse critério avalia os seus conhecimentos gramaticais aplicados na produção do texto.

Temos um conteúdo completo sobre a competência 1 do Enem aqui no blog do Aprova Total - não deixe de conferir!

“A partir disso, para que você consiga atingir a nota máxima, você precisará apresentar uma estrutura sintática excelente e poderá ter, no máximo, dois desvios gramaticais ou de convenção da escrita”, explica a professora Daniela.

Sobre os desvios, a correção do Enem vai considerar todos aqueles registros que não contemplem as regras gramaticais, como problemas de concordância, regência, acentuação, crase ou pontuação. 

Dicas para ter um bom desempenho na redação do Enem

Saiba quais são seus erros mais frequentes
Uma boa dica é fazer uma tabela em que você compare os tipos de desvios gramaticais que cometeu em cada um dos seus textos e, assim, quantifique quais são os que mais aparecem nas suas produções. Dessa forma, você vai focar em revisar as regrinhas dos elementos que você já sabe que está propenso a errar.

Fique de olho na estruturação sintática
É importante que você tome cuidado especialmente na transição entre os períodos dentro dos parágrafos, pois é ali – no ponto final – que normalmente se encontram os problemas desse tipo.

“Quando for fechar um período com um ponto, fique atento para ter certeza de que ali não deveria ser uma vírgula ou que você não está quebrando uma coordenação ou subordinação de orações”, recomenda Daniela. No material sobre a competência 1, o Inep disponibiliza quais são os desvios de estruturação sintática mais comuns. Vale a pena dar uma conferida.

Competência 2: gênero, tema e repertório

A segunda competência de correção é responsável por avaliar a capacidade do participante em “compreender a proposta de redação do Enem e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa”.

Ou seja, essa competência vai avaliar, primeiramente, se você atendeu ao tema e à estrutura do texto dissertativo e, depois disso, vai considerar o repertório que você utiliza para defender suas ideias.

Por isso, ler com atenção é importante, mas a leitura crítica - habilidade exigida pela competência 2 da redação do Enem - vai além disso. É uma capacidade fundamental para entender e interpretar informações de um texto. Com ela, é possível analisar o conteúdo de forma mais profunda e completa.

Gênero dissertativo
Primeiro - o mais fácil: para os critérios de correção do Enem, você se adequará ao gênero dissertativo se fizer parágrafos que contemplem uma introdução das ideias que serão apresentadas, o desenvolvimento dessas ideias e a sua conclusão. “Essa competência não avaliará a qualidade desses elementos estruturais que constituem o texto dissertativo, mas apenas a sua presença”, aponta Daniela.

Adequação ao tema
É preciso que você aborde o tema proposto de maneira completa. Para isso, a avaliação das redações exige mencionar todos os núcleos que compõem a frase temática. Assim, quando receber o seu tema de redação do Enem, busque fragmentá-lo em pequenos núcleos.

Por exemplo, no Enem de 2021, separe os termos [invisibilidade], [registro civil] e [acesso à cidadania]. A partir disso, busque mencionar esses núcleos de forma muito marcada já na introdução e, depois, de maneira mais espaçada, em todos os parágrafos do seu texto. 

Repertório: como desenvolver para fazer uma boa redação do Enem?

Por fim, se você se adequar ao tema e ao gênero, você já terá 120 pontos na competência 2. E só então o avaliador passará a considerar o seu repertório [exemplos usados para sustentar as argumentações no texto]. A competência 2 classifica os repertórios em três tipos: 

1. Repertório de textos motivadores
Dados que estão na própria prova e valem até 120 pontos
2. Repertórios não legitimados
Afirmações não sustentadas por alguma área do conhecimento e que também valem até 120 pontos.
3. Repertórios legitimados
Exemplos sustentados por alguma área do conhecimento e que valem até 200 pontos.

Isso não quer dizer que você não pode utilizar repertórios de textos motivadores ou repertórios não legitimados. Segundo o manual, quando você puder notar a presença de repertórios de níveis diferentes, deve-se avaliar o nível mais alto entre eles.

"Foque no que você tem a dizer e nas relações que você consegue estabelecer entre a informação escolhida e a tese que você pretende desenvolver no parágrafo. Isso, além de fazer com o que o seu repertório seja produtivo também te ajudará na próxima competência”, orienta a especialista.

Competência 3: autoria 

A terceira competência da redação verifica a habilidade de “selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista”. Em outras palavras, é a competência que avalia a autoria. No Enem, isso é a soma de um projeto de texto estratégico e de um bom desenvolvimento das ideias no decorrer do texto.

Essa competência tende a ser uma das mais complicadas para os candidatos e uma das que mais se tem dificuldade em gabaritar. “Isso se dá, sobretudo, porque há uma grande preocupação dos estudantes em escolher repertórios para o texto. Mas isso pouco se reverbera na preocupação em fazer com que esses elementos escolhidos sejam bem desenvolvidos”, avalia Daniela.

Para uma boa pontuação nesse quesito
É necessário que o seu texto seja autossuficiente e autônomo. Quando você tem dúvida se deve ou não explorar determinado elemento nos seus parágrafos, pense se o texto funcionaria sozinho sem essa explicação.

“Para fazer isso, parta sempre do pressuposto de que o leitor é leigo (e preguiçoso) e desconhece o que você está falando. O leitor não pode ser responsável por estabelecer as relações lógicas entre os elementos apresentados no texto. Essa relação precisa ser explicitada por você”, completa a professora.

Competência 4: coesão textual

A quarta competência avalia a capacidade do candidato de “demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação”. Ou, de maneira geral, o uso dos elementos coesivos na elaboração do texto. Nela, irão avalia três elementos relacionados à coesão: o uso adequado de elementos coesivos, sua presença expressiva e a (não) repetição desses elementos coesivos.

Presença expressiva
Sobre esse aspecto, há uma regra: pelo menos dois dos quatro parágrafos do texto devem iniciar com um conectivo que relacione esse parágrafo com os demais. Por exemplo, começar o primeiro desenvolvimento com a expressão ‘diante desse cenário’ faz com que o parágrafo ‘puxe’ o cenário apresentado na introdução. 

Da mesma forma, iniciar o segundo desenvolvimento com ‘ademais’ demonstra a ideia de que se está somando um novo argumento. Ou, por fim, iniciar a conclusão com um ‘portanto’ demonstra que aquele será um parágrafo que tem como finalidade concluir as ideias.

Repetição de elementos coesivos
Muitas pessoas acabam ficando amedrontadas com o termo e acham que não podem repetir palavras no decorrer do texto, mas isso não é verdade. Já é esperado, por exemplo, uma repetição mais expressiva das palavras que compõem a frase temática, pois é constitutivo do texto dissertativo a menção ao tema em diversos momentos da escrita. “O que está em jogo aqui é a repetição dos conectivos, e essa sim precisa ser cuidada”, recomenda.

Competência 5: proposta de intervenção

A última competência, que avalia a capacidade de “elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos”, é uma das que mais sofre com os mitos que perpassam a redação do Enem. “Por muito tempo se achou que quanto mais propostas fossem feitas, mais pontos o candidato poderia tirar. Ou que, para uma proposta ser completa, ela precisaria ter pelo menos três agentes, mas tudo isso não é verdade”, diz Daniela.

Na realidade, a proposta de intervenção pauta-se muito mais na sua apresentação do que propriamente no quanto ela irá interferir no problema em questão.

Essa competência define cinco elementos apresentados da seguinte maneira:
1. Ação
2. Agente
3. Modo/meio
4. Efeito
5. Detalhamento

Resumidamente: "Você deve pensar em como minimizar o problema (ação), definir quem fará essa ação (agente), como executar (modo/meio) e o que se espera com a sua execução (efeito). Por fim, você deve explicar ou exemplificar algum dos elementos anteriores e, assim, detalhar algum deles”, conclui a professora. 

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