Organismos geneticamente modificados: o que são, avanços recentes e impactos
Da resistência às pragas na agricultura até o desenvolvimento de medicamentos, entenda como as manipulações genéticas interferem no cotidiano
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Os organismos geneticamente modificados (OGMs) representam uma área fascinante e controversa da biotecnologia, que teve avanços significativos nas últimas décadas. A manipulação de genes permite a introdução de características específicas em organismos, proporcionando benefícios notáveis em diversas áreas, como a agricultura e a saúde.
Vamos entender juntos como os organismos geneticamente modificados funcionam e ver exemplos práticos.
NAVEGUE PELOS CONTEÚDOS
O que são organismos geneticamente modificados?
Há meio século, o primeiro organismo geneticamente modificado inaugurou um novo capítulo na genética. E, apesar da modificação genética ser bem recente, essa área tem evoluído rapidamente.
Na agricultura, os OGMs têm desempenhado um papel crucial no aumento da produtividade e na resistência às pragas e condições adversas.
Culturas como milho, soja e algodão geneticamente modificados têm mostrado resistência a insetos que prejudicam seu crescimento, reduzindo a necessidade de pesticidas e aumentando a produção de alimentos em diversas regiões do mundo. Isso porque OGMs resistentes à condições extremas podem contribuir para a segurança alimentar em face das mudanças climáticas.
Na saúde, a engenharia genética tem permitido o desenvolvimento de tratamentos personalizados para diversas condições, como as doenças genéticas, oferecendo maior qualidade de vida aos pacientes.
A capacidade de modificar geneticamente microrganismos para produzir medicamentos também está transformando a indústria farmacêutica, tornando a produção mais eficiente e acessível.
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Exemplos de organismos geneticamente modificados
Veja abaixo alguns organismos modificados que você talvez não conheça, mas que causam um grande impacto na sociedade humana.
Escherichia coli
Em 1973, geneticistas conseguiram produzir e inserir um anel de DNA que transportava um gene de outro organismo em uma Escherichia coli. A equipe mostrou que essas bactérias modificadas poderiam produzir a proteína associada a um gene estranho.
Desde então, essa bactéria sofreu modificações para produzir medicamentos terapêuticos em massa, degradar plásticos e muito mais. Provavelmente, a sua versão geneticamente modificada mais importante seja a programada para produzir a insulina humana para o tratamento de diabetes.
Ratos e camundongos de laboratório
Esses roedores são amplamente utilizados nas pesquisas para auxiliar os estudos de doenças e das interações de determinadas substâncias no organismo.
A modificação genética de ratos e camundongos ajuda os cientistas nas pesquisas sobre doenças humanas. A alteração ou remoção de genes específicos pode imitar doenças como Alzheimer, depressão e câncer, e facilitar o desenvolvimento de novos tratamentos.
Culturas Bt
Em 1987, geneticistas modificaram o tabaco geneticamente para produzir toxinas Bt. Essas toxinas, produzidas pela bactéria Bacillus thuringiensis, afetam apenas alguns insetos, incluindo várias “pragas” agrícolas comuns.
Posteriormente, ao longo dos anos, culturas como milho, soja e algodão incorporaram essa modificação ao seu material genético, aumentando a produtividade e reduzindo a necessidade de pesticidas. Muitos dos alimentos que consumimos possuem essa alteração e não apresentam problemas de segurança aos consumidores.
Mosquitos
A modificação genética de animais que transmitem doenças, como os mosquitos, tem potencial para salvar milhares de vidas todos os anos.
Testes feitos em 2021 na Flórida, por exemplo, liberaram mosquitos machos Aedes aegypti geneticamente modificados para que os filhotes femininos morressem antes da idade adulta, com o objetivo de reduzir a população adulta que espalha os vírus da dengue e da zika.
Aqui no Brasil, mosquitos transgênicos já estão no mercado e são liberados na natureza na tentativa de conter os surtos de dengue.
Além da versão em que os mosquitos fêmeas morrem, também existem mosquitos da dengue que entram em morte celular quando em contato com o vírus, e mosquitos da dengue que possuem a bactéria Wolbachia inserida em seu organismo, o que reduz a transmissão de vírus causadores de doenças.
Quais são os riscos dos organismos geneticamente modificados?
Apesar desses avanços promissores, os OGMs também geraram debates éticos e preocupações ambientais. Algumas preocupações incluem os efeitos desconhecidos a longo prazo sobre a saúde humana, o impacto ambiental e a segurança alimentar.
Mas a coexistência entre o avanço científico e as preocupações sociais são cruciais para garantir que os OGMs sejam desenvolvidos e utilizados de maneira responsável e sustentável.