Vida de Estudante

Os perigos do autodiagnóstico nas redes sociais

O que seria uma simples lista de sintomas na internet, pode esconder problemas maiores, como diagnósticos equivocados que afetam a vida real

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Quem usa com frequência redes sociais como o TikTok e o Instagram já deve estar acostumado a passar por vídeos curtos que abordam sintomas e indícios de “doenças que você pode ter e não sabe”. O que pode parecer uma simples lista, esconde um perigo real muito comum nas redes: o autodiagnóstico.

Cada vez mais adolescentes e jovens usam redes sociais para se autodiagnosticarem com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), ansiedade, depressão, TEA (Transtorno do Espectro Autista) e mais. Inclusive, muitos distúrbios, como o próprio TDAH, acabaram se popularizando nas mídias sociais, e têm sido tratados como sinônimos de esquecimentos pontuais ou falta de organização.

O que é o autodiagnóstico?

A ideia do autodiagnóstico é que, com base em conhecimento prévio e observação dos sintomas, você tenta determinar qual pode ser a causa subjacente do problema. Por exemplo, se você tem febre, dor de cabeça e dor de garganta, pode autodiagnosticar que está com uma gripe.

Mas é importante ressaltar que o autodiagnóstico tem suas limitações. Ele não substitui uma avaliação médica profissional. Afinal, os sintomas de muitas doenças podem ser semelhantes, e um diagnóstico preciso muitas vezes requer exames clínicos, testes laboratoriais e a expertise de um profissional de saúde.

Perigos do autodiagnóstico

Desde 2021, o autodiagnóstico entre jovens a partir de vídeos e postagens na internet tem aumentado, preocupando pais e especialistas. Há relatos de jovens que aparecem com um novo diagnóstico toda semana.

Ao procurar refúgio e apoio nas redes, os jovens acabam seguindo criadores de conteúdo que falam sobre distúrbios de saúde mental ou encontram listas de sintomas que funcionam como um “diagnóstico”.

Esse tipo de conteúdo nem sempre é ruim, porque ajuda os jovens a entenderem melhor a sua saúde mental. Ainda assim, muitos acabam se apegando a algo que não é verdadeiro, e para terapeutas, pode ser difícil convencê-los do contrário.

Muitos adolescentes também podem acabar usando o autodiagnóstico como um escudo ou justificativa para certos comportamentos no meio social.

Nesse contexto, outro ponto a se destacar é que parte dos profissionais que tratam a saúde mental possuem listas longas de espera, e muitos desses serviços são inacessíveis financeiramente para a maioria da população.

Os diagnósticos de TDAH

Estudos apontam que os diagnósticos de TDAH em pessoas de todas as idades estão aumentando desde os anos 2000. Principalmente na última década, os casos aceleraram de uma forma jamais vista antes. No entanto, alguns desses diagnósticos podem não ser verdadeiros.

Um estudo publicado no periódico Pediatrics chegou à conclusão de que houve um aumento de 299% nos erros médicos entre 2000 e 2021 envolvendo o TDAH no país norte-americano. Os pesquisadores concluíram que a frequência de casos de intoxicação relacionados a medicamentos para TDAH aumentou se deve também ao crescimento da prescrição desses remédios.

Essa fama em torno do TDAH também pode ser notada no Google. As pesquisas relacionadas ao transtorno dobraram no Brasil nos últimos dois anos. As perguntas mais frequentes sobre o assunto são, em primeiro lugar, “o que é TDAH?” e, em segundo, “como saber se tenho TDAH?”.

Ainda que esse cenário de curiosidade contribua para diminuir o estigma sobre os distúrbios neurais, isso também pode gerar uma banalização da condição. Lembre-se de que os diagnósticos são resultados de avaliações, testes e questionários, podendo até envolver uma equipe multidisciplinar de médicos e psicólogos.

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Por fim, é importante refletir sobre uma produção de conteúdo mais ética e responsável nas redes sociais, principalmente com o público mais jovem. Até porque os erros em diagnósticos podem levar à medicalização sem necessidade e trazem prejuízo reais, como atraso no tratamento e escassez de remédios para quem convive de verdade com esses distúrbios.

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Paulo Jubilut

CEO do Aprova Total. É conhecido como "Professor Jubilut” por seu canal no YouTube, que conta com mais de 3 milhões de inscritos, o que faz dele o maior influenciador de Biologia do Brasil.

Ver mais artigos de Paulo Jubilut >

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