Pré-História: conheça os principais acontecimentos de cada período
Neste resumo, você vai ler sobre o surgimento dos primeiros hominídeos, a extinção da megafauna, a formação de comunidades sedentárias e muito mais; veja ainda: o assunto pode cair no Enem?

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Será que é possível escrever sobre cinco milhões de anos em um único texto? Bem, no resumo da Pré-História que você vai ler a seguir, a nossa missão é narrar os principais acontecimentos deste período, que começa com a origem dos primeiros hominídeos na Terra e segue até a invenção da escrita, por volta do ano 4.000 a.C.
A Pré-História, então, foi classificada enquanto período por historiadores que consideraram a escrita como única ferramenta de narrativa e documentação histórica. Mas, a partir dessa ideia, um povo que não soubesse escrever não teria história - o que é uma visão equivocada.
A supervalorização da escrita como marco civilizacional fez muitos cientistas europeus atribuírem a sociedades tribais o caráter de agrupamentos humanos primitivos, bárbaros e “parados no tempo”. No entanto, esse é uma concepção é etnocêntrica, pois entende que povos ágrafos (aqueles que não deixaram relatos documentados) são inferiores.
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Resumo: entenda os períodos da Pré-História
Os períodos da Pré-História são classificados de acordo com as mudanças tecnológicas ocorridas em cada local do mundo.
Por exemplo, enquanto algumas comunidades humanas utilizavam ferramentas simples de pedra, e, portanto, passavam pelo período Paleolítico, outras já haviam superado a Revolução Agrícola, característica do período Neolítico.
Veja um resumo de cada um desses períodos da Pré-História:
Paleolítico
Quando: de 2,5 milhões de anos até cerca de 10.000 a.C.
O período Paleolítico é subdividido em três fases, da mais antiga para a mais recente:
- Paleolítico Inferior (2,5 milhões de anos a 250 mil anos a.C.)
- Paleolítico Médio (250 mil anos a 50 mil anos a.C.)
- Paleolítico Superior (50 mil anos a 12 mil anos a.C.)
Esse período ficou conhecido como Idade da Pedra Lascada, pois os primeiros hominídeos usavam utensílios feitos de pedra não trabalhada.
É nesse momento que ocorre a evolução da espécie humana e o domínio do fogo. No Paleolítico, os hominídeos eram caçadores e coletores, ou seja, viviam da caça de animais e da coleta de alimentos.

Motivados pela dinâmica de caça e coleta, eles possuíam característica nômade. Isso significa que não se fixavam em um local específico e sempre se deslocavam em busca de alimentos.
Muito do que sabemos sobre a maneira como os humanos do Paleolítico viviam é por meio de inúmeras pinturas rupestres encontradas em diversas partes do mundo.
Mesolítico
Quando: de 10.000 a.C. a 6.000 a.C., é considerado o período de transição entre o Paleolítico e o Neolítico.
O Mesolítico, que significa “pedra do meio”, foi marcado pela formação de grandes florestas e reorganização do ecossistema, com a extinção da megafauna (animais de grandíssimo porte, como mamutes) e a fixação de animais de menor porte.
Houve ainda mudanças no clima e algumas melhorias na vida dos seres humanos. Apesar de ser anterior à Revolução Agrícola, foi no Mesolítico que surgiram as primeiras plantações agrícolas.
Neolítico
Quando: cerca de 8.000 a.C. a 5000 a.C.
Este período também é conhecido como Idade da Pedra Polida, uma referência aos humanos que produziam utensílios mais sofisticados.
O fato mais importante que marca esta fase da história humana é a Revolução Agrícola e sua relação direta com o processo de sedentarização.

A Revolução Agrícola representou o domínio da agricultura, que possibilitou aos humanos, pela primeira vez, se fixarem em um mesmo lugar por longos períodos de tempo. Isso resultou na formação de comunidades com organizações mais complexas.
O contexto favoreceu a criação de animais, utilizados para abate, extração de leite e transporte. A sedentarização desencadeou ainda o processo de criação da propriedade privada, que fez nascerem as classes sociais e as primeiras civilizações.
🦴 Tanto o período Paleolítico quanto o Neolítico integram a Idade da Pedra, cuja característica principal é o uso de ferramentas feitas de pedra e ossos de animais, que antecede o uso dos metais.
Idade dos Metais
Quando: cerca de 5.000 a.C. a 4.000 a.C.
A principal característica deste período é o domínio humano da técnica de fundição de metais, descoberta pela primeira vez na África oriental. Assim como a própria Pré-História, a Idade dos Metais também se dividiu em três fases, que são:
- Idade do Cobre
- Idade do Bronze
- Idade do Ferro
Porém, há uma grande diferença quando falamos de Idade dos Metais, com relação às outras subdivisões da Pré-História: ela é marcada pela transição tecnológica, que começa ainda no Neolítico e continua até a Idade Antiga.
Isso ocorre por alguns motivos, o primeiro deles é que os registros de ferramentas rudimentares de cobre (como panelas e colheres), surgem aos poucos, em diferentes locais do planeta. Além disso, consideramos que a Idade dos Metais se encerra quando a maior parte das grandes civilizações da Antiguidade começa a ter domínio do ferro, o que só acontece durante a Idade Antiga.

Sendo assim, é importante ter em mente que, apesar de utilizarmos a Idade dos Metais como marco de divisão temporal da Pré-História, ela leva em conta o aspecto tecnológico da forjaria (processo de transformações de metais), que atravessa as divisões temporais estabelecidas.
Por meio da metalurgia, construímos armas e instrumentos agrícolas mais resistentes, o que possibilitou a formação de impérios com grande extensão territorial e a conquista da natureza. Durante a Idade dos Metais, a população humana cresceu significativamente e formaram-se as primeiras cidades.
🦾 A forja de metais é um grande marco na história da humanidade, considerado um avanço tecnológico que perde apenas para a domesticação de animais e o desenvolvimento da escrita.
Resumo da Pré-História: principais eventos
O surgimento da linguagem é um dos pilares mais significativos da Pré-História. À medida que os primeiros hominídeos evoluíam e se adaptavam ao ambiente, a comunicação se tornou uma necessidade urgente. O desenvolvimento de sistemas simbólicos, gestuais e vocais representou um salto gigantesco na capacidade humana de transmitir informações, ideias e emoções.
Portanto, a linguagem não apenas permitiu a cooperação em atividades cotidianas, como também facilitou a difusão do conhecimento, dos mitos e das tradições, criando laços culturais e identidades coletivas.
A expressão artística também floresceu na Pré-História, manifestando-se em pinturas rupestres, esculturas, gravuras e artefatos decorativos. Mas essas formas de arte não eram meramente decorativas, elas carregavam significados profundos relacionados à espiritualidade, mitologia, rituais de caça e celebrações.
Artes pré-históricas não só evidenciam a habilidade técnica dos primeiros artistas, como revelam a complexidade do pensamento simbólico e da percepção estética dos grupos humanos da época.
Ao mesmo tempo, a organização social evoluía na Pré-História, e grupos nômades evoluíam para comunidades agrícolas sedentárias. Esse processo envolveu a criação de estruturas sociais mais complexas, com divisão de trabalho, especialização de funções, hierarquias e sistemas de liderança.
O papel da agricultura foi muito significativo, já que contribuiu para estabelecer assentamentos permanentes, desenvolver excedentes alimentares e dividir a sociedade em classes.
Podemos dizer que todos esses eventos-chave (desenvolvimento da linguagem, expressão artística e organização social) criou as bases para o florescimento da cultura humana. Tais marcos definiram a identidade e a história das primeiras sociedades, além de criarem os alicerces para o desenvolvimento futuro da civilização.
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Importância da Pré-História no entendimento humano
A Pré-História desempenha um papel fundamental na compreensão do desenvolvimento humano e na formação das primeiras sociedades, e é muito importante conhecê-la, pois:
- ao estudar os artefatos deixados por nossos ancestrais, podemos traçar os primeiros passos da criatividade humana e da capacidade de adaptação ao ambiente;
- as descobertas revelam não apenas habilidades técnicas, mas também indícios de sistemas de crenças, práticas rituais e formas incipientes de expressão cultural;
- nos ajuda a entender a evolução das sociedades humanas, ao analisar os padrões de assentamento, organização social e atividades econômicas dos grupos pré-históricos;
- podemos compreender como surgiram as primeiras formas de cooperação, divisão de trabalho e sistemas de liderança;
- aprendemos sobre as dinâmicas de interação entre diferentes grupos humanos e a difusão de tecnologias, ideias e práticas ao longo do tempo e do espaço;
- é possível compreender como essas interações contribuíram para a diversidade cultural e o surgimento de identidades sociais distintas ainda nas primeiras sociedades humanas.

Como a Pré-História cai no Enem e nos vestibulares
Apesar de a Pré-História ter ganhado uma questão no Enem 2020, antes disso, o tema tinha aparecido só lá em 2007! Ou seja, não é um assunto tão frequente no exame.
O conteúdo também não possui muita incidência em outros vestibulares do Brasil, mas algumas questões podem aparecer em provas como Fuvest, Uece, UFRGS e Unesp.
Veja alguns exemplos:
Exemplo 1
(Enem 2020) A arte pré-histórica africana foi incontestavelmente um veículo de mensagens pedagógicas e sociais. Os San, que constituem hoje o povo mais próximo da realidade das representações rupestres, afirmam que seus antepassados lhes explicaram sua visão do mundo a partir desse gigantesco livro de imagens que são as galerias. A educação dos povos que desconhecem a escrita está baseada sobretudo na imagem e no som, no audiovisual.
Kl-ZERBO, J. A arte pré-histórica africana, In: KI-ZERBO, J. (Org.) História geral da África, I: metodologia e pré-história da África. Brasília: Unesco, 2010.
De acordo com o texto, a arte mencionada é importante para os povos que a cultivam por colaborar para o(a)
a) transmissão dos saberes acumulados.
b) expansão da propriedade individual.
c) ruptura da disciplina hierárquica.
d) surgimento dos laços familiares.
e) rejeição de práticas exógenas.
Resposta: [A]
Como o texto destaca muitos povos ágrafos, aqueles não desenvolveram escrita, tinham nas pinturas rupestres uma forma de transmissão de conhecimento e valores sociais. É o exemplo das pinturas rupestres.
Exemplo 2
(Unesp 2022) De 400 mil a 40 mil anos atrás, pequenos grupos de neandertais se distribuíram por uma região que hoje abrange a Europa, o oeste da Ásia e o Oriente Médio. Desde o sequenciamento do genoma neandertal em 2010, os dados genéticos sugerem com frequência que, em algumas das ocasiões em que se encontraram, H. sapiens e neandertais se reproduziram e deixaram descendentes férteis. Por essa razão, populações humanas atuais sem ancestralidade exclusivamente africana abrigam em seu genoma trechos de DNA neandertal – não há evidências de que neandertais tenham vivido na África. Os especialistas defendem que essa pequena contribuição [dos neandertais] tenha influenciado certas características dos seres humanos modernos. Vários estudos já associaram genes neandertais a traços mais vantajosos, como um sistema imune mais robusto [...], ou desvantajosos, como maior risco de desenvolver doenças como diabetes ou depressão. [...]
A ideia de que H. sapiens tenham convivido com neandertais não é nova. Antes dos estudos de DNA antigo, já existiam evidências arqueológicas dessa coexistência no Oriente Médio e na Europa. Cavernas em Israel e na Jordânia guardam resquícios de ocupação em sequência das duas espécies. Além disso, alguns fósseis [...] apresentavam traços mistos de H. sapiens e neandertal.
(Ricardo Zorzetto. “Laços de família”. In: Pesquisa Fapesp, maio de 2021.)
O texto apresenta resultados recentes de pesquisas sobre a evolução humana e destaca, entre outros aspectos, a
a) articulação de conhecimentos obtidos por meio de pesquisas científicas de áreas diferentes, na busca de explicações sobre as origens, a movimentação e a evolução dos ancestrais dos humanos.
b) combinação de exemplares de diferentes espécies como a origem apenas de problemas e desajustes genéticos, posteriormente transmitidos às novas gerações.
c) percepção da complexidade dos contatos entre os antepassados dos seres humanos e do isolamento rigoroso que havia entre os representantes das diferentes espécies.
d) hipótese mais provável de origem dos ancestrais humanos na África e a posterior circulação e transferência das várias espécies para os demais continentes.
e) limitação do conhecimento acerca das origens dos seres humanos, que continuam a ser objeto de especulação filosófica destituída de bases documentais.
Resposta: [A]
Áreas do conhecimento como Antropologia, Arqueologia e Genética estão trabalhando em conjunto para explicar as origens, a circulação e a evolução das primeiras comunidades humanas. Desde o sequenciamento do genoma neandertal em 2010, os dados genéticos sugerem com frequência que H. sapiens e neandertais se reproduziram e deixaram descendentes férteis.