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Mudanças no Enem não acontecerão 'nem agora, nem em 2024', diz ministro

Camilo Santana confirmou hoje (19/9) que exame não passará por alterações nos próximos anos para se adequar ao Novo Ensino Médio; confira histórico de modificações que o Enem já teve

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O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não terá mudanças nesta edição e nem na seguinte. A confirmação foi feita nesta terça-feira (19/9) pelo ministro da Educação, Camilo Santana, durante o Congresso Internacional de Jornalismo de Educação (Jeduca), em São Paulo (SP). "Não vamos mudar o Enem nos próximos anos. Nem agora, nem 2024", disse.

Devido ao Novo Ensino Médio, existia a possibilidade de a prova, a partir deste ano, trazer algumas alterações. No entanto, com a consulta pública conduzida pelo MEC para avaliação e reestruturação do Novo Ensino Médio, em março, e a suspensão do cronograma da sua implementação, em abril, já havia sido anunciado que o Enem de 2023 não teria alterações, o que foi reforçado hoje pelo ministro.

Segundo Camilo Santana, o debate sobre o formato do Enem acontecerá no próximo Plano Nacional de Educação (PNE), que é revisto a cada dez anos. O novo PNE começa a ser discutido no ano que vem e valerá para o período 2024-2034.

Novo Ensino Médio

Sobre o Novo Ensino Médio, o ministro destacou que deve enviar ao Congresso um projeto de lei propondo mudanças no modelo, ainda no mês de setembro, com as seguintes alterações:

1 - Itinerários formativos mais restritos, para que não tenha uma grande diferença entre o que é oferecido por instituições públicas e privadas;

2 - Volta à carga horária de 2.400 horas para a formação básica (que estava com 1.800 horas), reduzindo assim o espaço das disciplinas optativas;

3 - Possibilidade de ensino técnico integral com 2.100 horas de carga horária na formação geral.

Dependendo do que for aprovado no Congresso, haverá uma fase de transição para os estudantes que já estão cursando o Novo Ensino Médio.

Relembre, a seguir, o histórico do exame, as principais mudanças pelas quais ele já passou ao longo dos anos e as bases do atual modelo.

Mudanças que o Enem já passou

O Enem tem 25 anos! O exame surgiu em 1998, como uma prova para avaliar o desempenho dos estudantes ao final do Ensino Médio. O objetivo inicial era obter um diagnóstico para subsidiar políticas públicas a fim de melhorar a Educação Básica. A primeira edição tinha 63 questões, aplicadas em um único dia, e recebeu apenas 157 mil inscrições.

Três anos depois, em 2001, com o início da isenção da taxa de inscrição aos estudantes da rede pública, o número de inscritos subiu para mais de 1,6 milhão. Nessa época, o valor da inscrição era de R$ 35.

Mas apenas em 2005, com a criação do Programa Universidade para Todos (ProUni), que concede bolsas de estudo em instituições privadas, usando como um dos critérios a nota do Enem, foi que o número de candidatos explodiu pela primeira vez. O total de inscritos chegou a 3,7 milhões, e grande parte deles eram pessoas que já haviam concluído o Ensino Médio em anos anteriores.

No gráfico a seguir, você confere o número de participantes (inscritos que realizaram integralmente as provas) em cada edição:

Gráfico com inscritos que realizaram integralmente as provas

A grande alteração no Enem 2009

Em 2009, o Enem passou a substituir o vestibular das universidades federais e de outras instituições públicas, como institutos federais e universidades estaduais. Não demorou muito para que as instituições privadas também começassem a usar a resultado do exame na seleção de alunos, de formas variadas. Por exemplo: como parte da nota final do candidato, combinado com processo seletivo próprio, como primeira fase, bonificação e para a totalidade de cursos e vagas ou parcialmente.

Assim, o Enem se consolidou como o principal exame de acesso ao Ensino Superior do país e adquiriu a estrutura que se mantém até hoje. São 180 questões objetivas de quatro áreas do conhecimento (Linguagens, Ciências Humanas, Matemática e Ciências da Natureza) mais uma redação, divididas em dois dias de provas.

Alterações de 2015 a 2018

Nos últimos anos, o Enem passou por algumas mudanças pontuais. A partir de 2015, o exame começou a ser usado como critério de seleção para o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Desde 2017, o exame não acontece mais em um único final de semana (sábado e domingo), mas em dois domingos consecutivos.

Também ocorreu a reorganização das áreas de conhecimento em cada dia de prova - Linguagens e Ciências Humanas (além da redação) no primeiro dia, e Matemática e Ciências da Natureza no segundo dia.

Em 2018, a principal mudança foi o acréscimo de 30 minutos na prova do segundo dia, que desde então tem a duração de 5 horas.

Enem durante a pandemia

Em 2020, devido à pandemia da Covid-19, a aplicação do exame aconteceu em janeiro de 2021. Essa edição registrou abstenção recorde - 51,5% dos inscritos não compareceram ao primeiro dia de prova - e também marcou a estreia do Enem digital.  

No ano seguinte (2021), ainda durante a pandemia, o Enem teve o menor número de inscritos (3,1 milhões) desde 2009. E semanas antes da aplicação das provas, 38 funcionários do Inep pediram demissão, configurando a mais grave crise institucional da autarquia.

Enem 2023 e 2024

Em março de 2022, o MEC divulgou, em uma coletiva de imprensa, as principais alterações que deveriam ocorrer no exame a partir de 2024, para se adequar ao Novo Ensino Médio. Ele continuaria sendo aplicado em duas etapas, com duas provas. Uma delas seria comum para todos os estudantes, com as disciplinas obrigatórias (ênfase em Português, Matemática e na interdisciplinaridade) e uma redação.

A outra seria focada no itinerário formativo que o aluno cursou no Ensino Médio. O Enem também teria questões dissertativas. Mas, com os últimos acontecimento, essas mudanças foram canceladas, e o Enem 2023 e 2024 não terão alterações, seguindo no mesmo formato aplicados em edições anteriores.

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Lisandra Matias

Jornalista pela PUC-SP e bacharel em Ciências Sociais pela USP, atua na área de educação há mais de 20 anos. Foi editora no Guia do Estudante, da Ed. Abril (2001-2018) e colaborou com Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo (Blue Studio), entre outros veículos.

Ver mais artigos de Lisandra Matias >

Jornalista pela PUC-SP e bacharel em Ciências Sociais pela USP, atua na área de educação há mais de 20 anos. Foi editora no Guia do Estudante, da Ed. Abril (2001-2018) e colaborou com Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo (Blue Studio), entre outros veículos.

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