ENEM Filosofia e Sociologia

Filosofia: o que você precisa estudar para o Enem 2023?

O exame costuma cobrar questões referentes à filosofia clássica ocidental. A seguir, você confere os 5 temas mais recorrentes nos últimos anos

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A prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) está marcar pada os dias 5 e 12 de novembro de 2023, mas a preparação acontece o ano inteiro, não é? E isso inclui entender quais assuntos mais aparecem em cada disciplina. Aqui, vamos falar sobre o que mais cai em Filosofia no Enem: o exame costuma cobrar questões referentes à filosofia clássica ocidental.

Diante disso, os cinco assuntos que mais frequentes nos últimos anos foram filosofia antiga, filosofia moderna, mal e justiça, filosofia política e filosofia medieval.

Assuntos de Filosofia que mais caem no Enem

Como a gente sabe o que mais cai em Filosofia no Enem? Bom, vamos lá: por meio de um estudo minucioso das aplicações regulares do Enem desde 2016, oferecemos um relatório completíssimo e exclusivo para assinantes da plataforma sobre a incidência de temas no Enem e em outros grandes vestibulares do país. A incidência ajuda você a entender quais tópicos de estudo não podem faltar na sua rotina.

Para acessar uma versão resumida do material e atualizada em 2022, veja aqui. Conforme indicamos, esse é o ranking dos cinco primeiros temas das questões de Filosofia no Enem:

  • Filosofia antiga
  • Filosofia moderna
  • Mal e justiça
  • Filosofia política
  • Filosofia medieval

Gráfico com a incidência de temas de Filosofia no Enem
Reprodução Aprova Total

Antes de tratar desses temas com mais profundidade, queremos mostrar como identificar os exercícios de Filosofia na prova, afinal, a disciplina aparece em meio aos outros exercícios de humanidades.

Reconhecendo questões de Filosofia no Enem

As questões de Filosofia são apresentadas com um texto de apoio, pelo menos, que pode ser de filósofos ou de especialistas, que costumam comentá-los. Mas, para além dessa característica, fica aqui uma dica importante: muitas vezes, a resposta de uma questão é entregue na fonte. O que isso quer dizer? Confira o exemplo a seguir 👇

Modelo de questão de Filosofia no Enem

(Enem PPL 2016)  Todas as coisas são diferenciações de uma mesma coisa e são a mesma coisa. E isto é evidente. Porque se as coisas que são agora neste mundo – terra, água ar e fogo e as outras coisas que se manifestam neste mundo –, se alguma destas coisas fosse diferente de qualquer outra, diferente em sua natureza própria e se não permanecesse a mesma coisa em suas muitas mudanças e diferenciações, então não poderiam as coisas, de nenhuma maneira, misturar-se umas às outras, nem fazer bem ou mal umas às outras, nem a planta poderia brotar da terra, nem um animal ou qualquer outra coisa vir à existência, se todas as coisas não fossem compostas de modo a serem as mesmas. Todas as coisas nascem, através de diferenciações, de uma mesma coisa, ora em uma forma, ora em outra, retomando sempre a mesma coisa.

DIÓGENES, In: BORNHEIM, G. A. Os filósofos pré-socráticos. São Paulo, Cultrix, 1967.

O texto descreve argumentos dos primeiros pensadores, denominados pré-socráticos. Para eles, a principal preocupação filosófica era de ordem

a) cosmológica, propondo uma explicação racional do mundo fundamentada nos elementos da natureza.   

b) política, discutindo as formas de organização da pólis ao estabelecer as regras de democracia.   

c) ética, desenvolvendo uma filosofia dos valores virtuosos que tem a felicidade como o bem maior.   

d) estética, procurando investigar a aparência dos entes sensíveis.   

e) hermenêutica, construindo uma explicação unívoca da realidade.

Resposta: [A]

E como a dica da fonte se aplica neste caso?

Os pré-socráticos estão entre os principais assuntos estudados em filosofia antiga. Isso significa que, até mesmo sem ler o texto, é possível responder a essa questão, basta entender o tema e saber analisar a fonte.

A filosofia pré-socrática está ligada às questões da cosmologia, então, se você estudou e conhece esses filósofos, pode identificar o tema central do texto apenas lendo a fonte com atenção (no caso, o nome do livro, que é Os filósofos pré-socráticos) e usando os seus conhecimentos prévios para respondê-la.

Como ir bem em Filosofia no Enem?

A Filosofia no Enem pode até parecer interpretativa, mas é essencial estudar os temas principais da disciplina para não se distrair com outras alternativas.

Por exemplo, em uma questão sobre Platão, pode haver uma alternativa que parece correta porque está coerente com as ideias do texto. No entanto, ela pode conter conceitos de Santo Agostinho de Hipona, um dos filósofos que se inspirou no platonismo.

Ou seja, se você não sabe quais são as diferenças e as semelhanças entre as teses desses dois filósofos, pode confundi-los e se complicar com uma pergunta, teoricamente, mais simples.

O que cai em Filosofia no Enem?

Agora vamos ao top 5 assuntos de Filosofia no Enem, feito a partir da análise das provas dos últimos sete anos:

1. Filosofia antiga

Busto de Platão, um dos filósofos que mais caem em Filosofia no Enem

A filosofia antiga é o primeiro dos períodos que a filosofia clássica ocidental costuma tratar - e o que mais cai em Filosofia no Enem. Nela, estudamos três autores clássicos gregos: Sócrates, Platão e Aristóteles.

Vale lembrar que Platão (imagem ao lado, via Wikimedia Commons) foi um filósofo racionalista, enquanto Aristóteles foi um filósofo empirista.

Porém, antes mesmo dos clássicos gregos, os pré-socráticos já estavam por aí. Na prova do Enem, eles tendem a aparecer de duas formas: pode ser em um texto que apresenta o contexto do período e as ideias do filósofo; ou em uma questão sobre os elementos e as teorias dos pré-socráticos de maior destaque.

São eles: Tales de Mileto, Anaximandro, Anaxímenes, Pitágoras, Heráclito, Empédocles, Anaxágoras e Demócrito.

Mas Aristóteles é o campeão!

Exemplo

Quanto à deliberação, deliberam as pessoas sobre tudo? São todas as coisas objetos de possíveis deliberações? Ou será a deliberação impossível no que tange a algumas coisas? Ninguém delibera sobre coisas eternas e imutáveis, tais como a ordem do universo; tampouco sobre coisas mutáveis, como os fenômenos dos solstícios e o nascer do sol, pois nenhuma delas pode ser produzida por nossa ação.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Edipro, 2007 (adaptado).

O conceito de deliberação tratado por Aristóteles é importante para entender a dimensão da responsabilidade humana. A partir do texto, considera-se que é possível ao homem deliberar sobre 

a) coisas imagináveis, já que ele não tem controle sobre os acontecimentos da natureza.

b) ações humanas, ciente da influência e da determinação dos astros sobre as mesmas.

c) fatos atingíveis pela ação humana, desde que estejam sob seu controle.

d) fatos e ações mutáveis da natureza, já que ele é parte dela.

e) coisas eternas, já que ele é por essência um ser religioso.  

Resposta: [C]

2. Filosofia moderna

A filosofia moderna aparece no Enem com o principal embate da época: as discussões entre racionalismo e empirismo. De um lado, René Descartes defende as ideias do racionalismo; do outro, os filósofos John Locke e David Hume argumenta a favor do empirismo.

Autores que também fazem parte desse período da Filosofia e que já deram as caras na prova do Enem foram o empirista Francis Bacon e o criticista Immanuel Kant.

Questões relacionadas à filosofia moderna podem ter diferentes formatos. Algumas trazem textos isolados do filósofo, enquanto outras propõem a comparação de trechos e do pensamento de cada um dos autores.

Exemplo

(Enem 2012) 

TEXTO I

Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez.

DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

TEXTO II 

Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa suspeita.

HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 (adaptado).

Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano. A comparação dos excertos permite assumir que Descartes e Hume

a) defendem os sentidos como critério originário para considerar um conhecimento legítimo.   

b) entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia na reflexão filosófica e crítica.   

c) são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento.   

d) concordam que conhecimento humano é impossível em relação às ideias e aos sentidos.   

e) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do conhecimento.   

Resposta: [E]

3. Mal e justiça

Dando um salto no tempo, os filósofos que pensam sobre a questão do mal e da justiça são Michel Foucault, John Rawls e Hannah Arendt. Eles são pensadores contemporâneos, que viveram entre os séculos 20 e 21, e o terceiro assunto que mais cai em Filosofia no Enem.

Foucault trata da dominação dos corpos e da microfísica do poder, trazendo importantes reflexões sobre a violência, o encarceramento e as questões da justiça.

Filósofa contemporânea Hanna Arendt aparece nas questões de Filosofia do Enem

Hannah Arendt (na imagem, reprodução do Centro Hannah Arendt de Política e Humanidades) foi uma filósofa alemã de origem judaica. Sua obra mais famosa é Eichmann em Jerusalém: um retrato da banalidade do mal, em que relata o julgamento de um tenente-coronel nazista, Adolf Eichmann.

Ela reflete sobre como foi possível alguém agir com tamanha monstruosidade e chega à conclusão de que Eichmann era incapaz de pensar por si próprio. O mal ser banal não priva os atos maléficos de seu horror. 

John Rawls, por sua vez, viveu até 2002 e defendia o liberalismo político. Ele escreve sobre a teoria da justiça a partir de três princípios:

  1. Princípio da igual liberdade (e direitos básicos);
  2. Princípio da diferença (social e econômica);
  3. Princípio da igualdade de oportunidades (trazendo vantagens para os membros mais desfavorecidos da sociedade). A justiça, na teoria de Rawls, é entendida como a ideia de equidade. 

Veja como o pensamento de John Rawls foi cobrado no Enem:

Exemplo

(Enem 2017) Uma sociedade é uma associação mais ou menos autossuficiente de pessoas que em suas relações mútuas reconhecem certas regras de conduta como obrigatórias e que, na maioria das vezes, agem de acordo com elas. Uma sociedade é bem ordenada não apenas quando está planejada para promover o bem de seus membros, mas quando é também efetivamente regulada por uma concepção pública de justiça. Isto é, trata-se de uma sociedade na qual todos aceitam, e sabem que os outros aceitam, o mesmo princípio de justiça.

RAWLS, J. Uma teoria da justiça. São Paulo: Martins Fontes, 1997 (adaptado).

A visão expressa nesse texto do século XX remete a qual aspecto do pensamento moderno?

a) A relação entre liberdade e autonomia do Liberalismo.   

b) A independência entre poder e moral do Racionalismo.   

c) A convenção entre cidadãos e soberano de Absolutismo.

d) A dialética entre indivíduo e governo autocrata do idealismo.   

e) A contraposição entre bondade e condição selvagem do Naturalismo.

Resposta: [A]

4. Filosofia política moderna

Retrato de Nicolau Maquiavel por Santi di Tito. O filósofo político aparece no exame do Enem

Os filósofos da teoria política moderna são Nicolau Maquiavel, Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau. Maquiavel é conhecido como o pai da ciência política moderna, enquanto Locke, Hobbes e Rousseau são os chamados filósofos contratualistas.

Maquiavel (imagem ao lado, em retrato de Santi di Tito disponível na Wikimedia Commons) geralmente aparece nos vestibulares com a sua obra O Príncipe. Então, uma dica para sair na frente é ler o texto, que é bem curtinho e fácil de entender.

Os filósofos contratualistas apresentam diferentes visões sobre as mesmas “pautas”, que são: o estado de natureza, o contrato social e as formas de governo.

Exemplo

TEXTO I

Tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra, em que todo homem é inimigo de todo homem, é válido também para o tempo durante o qual os homens vivem sem outra segurança senão a que lhes pode ser oferecida por sua própria força e invenção.

HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Abril Cultural, 1983.

TEXTO II

Não vamos concluir, com Hobbes, que, por não ter nenhuma ideia de bondade, o homem seja naturalmente mau. Esse autor deveria dizer que, sendo o estado de natureza aquele em que o cuidado de nossa conservação é menos prejudicial à dos outros, esse estado era, por conseguinte, o mais próprio à paz e o mais conveniente ao gênero humano.

ROUSSEAU, J.-J. Discurso sobre a origem e o fundamento da desigualdade entre os homens. São Paulo: Martins Fontes, 1993 (adaptado).

 Os trechos apresentam divergências conceituais entre autores que sustentam um entendimento segundo o qual a igualdade entre os homens se dá em razão de uma

a) predisposição ao conhecimento.

b) submissão ao transcendente.

c) tradição epistemológica.

d) condição original.

e) vocação política.  

Resposta: [D]

5. Filosofia medieval

A filosofia medieval é o quinto assunto que mais cai em Filosofia no Enem. Uma de suas características principais é que ela se mistura com a tradição religiosa do cristianismo por conta do período histórico em que se encontra.

Os filósofos da época tentam conciliar a fé e a razão em busca de provar a existência de Deus. Os dois principais teóricos da época são Tomás de Aquino e Agostinho de Hipona. Eles retomaram o pensamento clássico para provar a existência de Deus.

Exemplo

(Enem PPL 2019) Tomás de Aquino, filósofo cristão que viveu no século XIII, afirma: a lei é uma regra ou um preceito relativo às nossas ações. Ora, a norma suprema dos atos humanos é a razão. Desse modo, em última análise, a lei está submetida à razão; é apenas uma formulação das exigências racionais. Porém, é mister que ela emane da comunidade, ou de uma pessoa que legitimamente a representa.

GILSON, E.; BOEHNER, P. História da filosofia cristã. Petrópolis: Vozes, 1991 (adaptado).

No contexto do século XIII, a visão política do filósofo mencionado retoma o

a) pensamento idealista de Platão.  

b) conformismo estoico de Sêneca.  

c) ensinamento místico de Pitágoras.  

d) paradigma de vida feliz de Agostinho.  

e) conceito de bem comum de Aristóteles.  

Resposta: [E]

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Giulia Silvestre Rocha

Analista de conteúdo de Sociologia e Filosofia no Aprova Total. Graduanda em Ciências Sociais (licenciatura) pela UFSC.

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Analista de conteúdo de Sociologia e Filosofia no Aprova Total. Graduanda em Ciências Sociais (licenciatura) pela UFSC.

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