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Cartografia: ciência essencial para o Enem e vestibulares

Ela busca representar a Terra e suas regiões em uma superfície plana, que podem ser os mapas, por exemplo. Mas não para por aí. Vem saber mais!

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Na Geografia, a cartografia tem uma enorme importância, pois ela permite analisar diferentes processos e fenômenos geográficos. Chamada também de ciência cartográfica, ela busca representar a Terra e suas regiões em uma superfície plana. Estamos falando dos mapas, por exemplo, que estão presentes em diferentes questões de vestibulares e Enem. Ou seja, saber analisá-los e interpretá-los é um diferencial para a sua aprovação.

O que é cartografia?

A cartografia é uma área da Geografia responsável por representar a Terra ou qualquer região dela em uma superfície plana, por meio de mapas, cartas ou outras representações cartográficas. Hoje, conseguimos nos localizar em diferentes lugares do espaço geográfico com facilidade e isso só é possível por causa da cartografia.

Os mapas podem representar fatores do espaço geográfico, como relevo, clima, pontos turísticos, vias públicas, bairros de um município, aspectos culturais e sociais, entre outras inúmeras possibilidades.

Inclusive, a cartografia é tão presente na vida das pessoas que, às vezes, nem percebemos o quanto a utilizamos, sabia? Quando vamos pedir um carro ou comida por aplicativo, e até mesmo ao checar a previsão do tempo antes de sair de casa, utilizamos mapas, mesmo que sejam por meio digital. 

Breve história da cartografia

A história da cartografia está intrinsecamente ligada à necessidade humana de compreender e representar o mundo ao seu redor. Desde os primórdios da civilização, procura-se formas de mapear terras, rotas e pontos de referência.

Por muito tempo, os mapas se basearam em concepções religiosas e mitológicas. Mas o aprimoramento desta ciência se deu a partir das Grandes Navegações, quando desenvolver mapas precisos e confiáveis tornou-se prioridade.

Teatro do Globo Terrestre - cartografia
O Teatro do Globo Terrestre, de Abraão Ortélio, é considerado o primeiro atlas moderno, resultado de intensas explorações marítimas. Ele foi publicado em 1570, na Antuérpia (Imagem: Wikimedia Commons)

Enquanto a era moderna da cartografia foi marcada por avanços tecnológicos significativos.

No século 18, a utilização de levantamentos topográficos permitiu criar mapas mais detalhados e precisos acerca da topografia local. Depois, no século 19, a fotografia aérea começou a ser usada para fins cartográficos, e, no século 20, a introdução de satélites e a tecnologia de sensoriamento remoto revolucionaram a forma de produção dos mapas.

Atualmente, a cartografia continua a evoluir, a exemplo da cartografia digital em 3D, da realidade aumentada e do mapeamento por drones.

Principais conceitos da cartografia

Na cartografia, existem alguns conceitos amplamente utilizados e compreender seus significados é de extrema importância. Confira alguns deles:

  • latitude
    É uma medida angular que indica a posição de um ponto na Terra em relação à Linha do Equador. Varia de 0° no Equador a 90° nos polos.
  • longitude
    É uma medida angular que indica a posição de um ponto na Terra em relação ao Meridiano de Greenwich. Varia de 0° a 180°, tanto para leste quanto para oeste.
  • paralelos
    São linhas imaginárias que circulam a superfície da Terra de leste a oeste e se baseiam na linha do Equador (0°N ou 0°S). Os paralelos variam de 0° a 90°N (Polo Norte) e de 0° a 90°S (Polo Sul).
  • meridianos
    São linhas imaginárias que atravessam a superfície do globo de Norte a Sul, começando em um polo até chegar ao outro. Baseiam-se no Meridiano de Greenwich (0°W ou 0°E) e variam de 180°E até 0°E, e de 0°W até 180°W.
  • coordenadas geográficas
    Elas representam um ponto na superfície do planeta a partir da combinação de latitudes e longitudes. As coordenadas podem ser escritas em graus, minutos, segundos ou graus decimais.

Projeções cartográficas - conheça as principais

Existe certa dificuldade em representar o globo terrestre em mapas, principalmente porque eles são esféricos, e os mapas, geralmente, então em superfícies planas, como folhas de papel.

Para tentar resolver essa questão, surgiram diferentes projeções cartográficas, que se baseiam em técnicas que projetam a superfície do globo para uma superfície plana. 

No entanto, as projeções cartográficas sempre guardam alguma distorção e, dependendo da finalidade do mapa, podem ser até desconsideradas. Conheça algumas:

Projeção de Mercator

Esta é uma das projeções cartográficas mais utilizadas no mundo, e tem características cilíndrica e conforme. Nela, as formas são mantidas, assim como as coordenadas angulares e as direções, o que e ideal para navegações.

Gerard Mercator, pai da cartografia

O nome tem relação com Gerard Mercator, que é considerado o pai da cartografia. Um dos mapas cilíndricos mais usados do século 16, em plena Era das Navegações, foi o de Mercator.

(Imagem: Retrato em gravura desenvolvido por Nicolas III de Larmessin, 1684–1755)

No entanto, essa projeção dá uma área muito maior para as porções terrestres mais próximas aos polos, o que faz a Groenlândia, por exemplo, parecer maior que o continente africano inteiro.

Projeção de Arno Peters

Projeção cilíndrica muito utilizada, principalmente no século 20. Peters desenvolveu um mapa para projetar o 3° mundo, no contexto da Guerra Fria. Ele preserva a proporção entre as áreas, mas distorce as formas, com propriedades equivalentes. 

Projeção de Robinson

Arthur Robinson criou a sua projeção na década de 1960. Em sua classificação, ela é cilíndrica e uma das mais famosas do mundo. Robinson encontrou um meio termo, visto que a projeção não preserva a forma e as áreas corretas do continente, mas consegue minimizar essas distorções.

É ideal para mapas que procuram realizar a representação da Terra como um todo, fazendo com que essa projeção seja a mais utilizada em mapas e atlas, a exemplo do mapa-múndi da Terra. 

Projeção de Lambert

Projeção cônica desenvolvida por Johann Heinrich Lambert no século 18. Esta projeção preserva as áreas, assim, as proporções no mapa são mantidas fielmente em relação à superfície terrestre. No entanto, as formas e as distâncias não são preservadas de maneira uniforme.

Propriedade das projeções cartográficas

As propriedades das projeções cartográficas são definidas a partir das suas distorções no mapa, que podem ser:

  • projeções equidistantes
    Mantêm as distâncias lineares, porém apresentam distorções nas áreas e nas formas terrestres. 
  • projeções conformes
    Mantêm as formas terrestres, mas apresentam distorções nas áreas representadas. É uma projeção que afeta a escala ao longo do mapa, e isso dificulta o seu uso para medir distâncias e áreas.
  • projeções equivalentes
    Mantêm o valor da área, mas distorcem os formatos dos continentes, dos países e os ângulos das coordenadas geográficas.
  • projeção afilática
    Não preservam forma, ângulo, área ou distância, não havendo a conservação das propriedades. Sendo assim, objetiva minimizar as deformações em conjunto.

Conheça as convenções cartográficas

As convenções cartográficas são um conjunto de informações que devem aparecer nos mapas para facilitar a interpretação. Por isso, entendê-las é fundamental para resolver questões envolvendo a análise de mapas e representações cartográficas. As principais são:

Título

O título é objetivo e curto, contendo apenas local, tema e período. O período se baseia na coleta do dado, pois há informações que mudam periodicamente, como as meteorológicas.

Orientação

Os mapas devem apresentar indicativo de orientação, geralmente apresentam o Norte voltado para cima por questões de convenção.

Legenda

Nas legendas, é possível ver o significado de cores, espessuras e texturas utilizadas. Assim, entendemos sobre o que o mapa está falando, como uma espécie de filme legendado. Elas ainda podem ser qualitativas ou quantitativas.

Escala

Ao representar um terreno, é preciso reduzir suas proporções para caber em uma folha de papel, certo? Essa proporção entre o tamanho real e o tamanho do desenho é o que se entende por escala.

Ou seja, a escala indica o quanto se reduziu do terreno para caber no mapa e podem ser representadas de forma numérica ou gráfica.

Como a cartografia é cobrada nos vestibulares e no Enem?

O conhecimento cartográfico aparece de maneiras variadas nos vestibulares e no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), principalmente na análise de fenômenos e processos geográficos presentes em mapas.

No Enem, as questões com mapas dificilmente se restringem aos conceitos cartográficos, sendo a interpretação um diferencial na hora de resolver a prova de Geografia.

Por outro lado, questões discursivas da Fuvest, da Unesp e da Unicamp já cobraram conteúdos específicos de cartografia, exigindo um conhecimento aprofundado dessa área.

Agora, para aprofundar o que vimos até aqui, confira exemplos de questões de vestibulares que já abordam a cartografia. Bora resolver?

Exemplo 1

(Unioeste 2022)  A cartografia é uma importante ferramenta utilizada pela Geografia. Sobre esse conteúdo, assinale a alternativa INCORRETA.

a) Os Sistemas de Informações Geográficas permitem realizar atividades com representações digitais que não são possíveis nos mapas impressos, tais como: medir áreas e distâncias rápida e precisamente, superpor e combinar, mudar a escala e navegar, dentre outras.   

b) O Mapeamento Colaborativo ou Participativo é uma forma simples e voluntária de mapear na qual os próprios usuários são autores das informações inseridas.   

c) A linguagem de programação utilizada em softwares livres é uma alternativa para o tratamento e a representação da informação geográfica.   

d) A cartografia é utilizada para representar os aspectos físicos, bem como a realidade cultural, econômica, histórica e social de um determinado recorte espaço-temporal.   

e) A inteligência geográfica refere-se a tomadas de decisões a partir de uma perspectiva que não envolve a localização, o tempo e os atributos.  

Resposta: [E]
A inteligência geográfica envolve diferentes aspectos do espaço geográfico, como os citados na alternativa. Esta inteligência corresponde a uma avaliação de regiões para gestão territorial.

Exemplo 2

(Uece 2020)  “Na cartografia, os mapas têm características específicas que os classificam e representam elementos selecionados de um determinado espaço geográfico, de forma reduzida, utilizando simbologia e projeção cartográfica.”

Archela, R. S.; Théry, H. Disponível em:http://confins.revue.org/index3483.html

 O excerto acima é parte do trabalho intitulado “Orientação metodológica para construção e leitura de mapas temáticos”. Considerando os aspectos que envolvem a cartografia, tipos e usos de mapas, analise as seguintes afirmações:

I. Os mapas são veículos de transmissão do conhecimento que pode ser o mais amplo e variado possível ou o mais restrito e objetivo possível.

II. A elaboração de mapas temáticos abrange etapas como a coleta de dados, análise, interpretação e representação das informações, entre outras, sobre um mapa base.

III. O nível de organização dos dados, qualitativos, ordenados ou quantitativos, de um mapa está diretamente relacionado ao método de mapeamento e à utilização de variáveis visuais adequadas a sua representação.

É correto o que se afirma em

a) I e III apenas.   
b) I e II apenas.   
c) II e III apenas.   
d) I, II e III. 

Resposta: [D]
Todas as afirmativas estão corretas. Devido às diferentes escalas dos mapas, desde as pequenas (mais generalizadas) até as grandes (mais detalhadas), a cartografia permite o acesso a diferentes magnitudes do conhecimento geográfico. Ou seja, a produção de um mapa temático envolve várias etapas, como a seleção de estatísticas, de símbolos e de convenções cartográficas adequadas à informação.

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Luísa Ferreira Vieira

Licenciada em Geografia pela Udesc e colaboradora no blog do Aprova Total.

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