Thomas Hobbes: biografia, obras e principais ideias
Entenda tudo sobre a contribuição à filosofia política de um dos principais filósofos contratualistas!
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Conhecido como um dos grandes nomes da filosofia política moderna, Thomas Hobbes, marcou os séculos 16 e 17 ao abordar o estado de natureza e o contrato social entre os homens.
Se você já se perguntou sobre como as sociedades se organizam, quais são os fundamentos do poder político e de que maneira os seres humanos interagem nos diferentes contextos sociais, o filósofo inglês pensou nessas respostas.
Uma de suas principais obras, o Leviatã (1651), desafia a compreensão que temos sobre o governo, a autoridade e a busca pela ordem em meio ao caos. Neste artigo, entenderemos quem foi Thomas Hobbes e a importância de seu legado para os estudos filosóficos.
NAVEGUE PELOS CONTEÚDOS
Quem foi Thomas Hobbes? Uma breve biografia
Thomas Hobbes (1588 – 1679) foi um filósofo, matemático, físico, jusnaturalista e tradutor inglês que viveu na Inglaterra entre os séculos 16 e 17. Formou-se em Oxford e, durante sua vida, teve contato com outros pensadores como Galileu Galilei, Francis Bacon e René Descartes em suas viagens pela Europa.
Influenciado pelo contexto da Reforma Inglesa, Hobbes foi um defensor da monarquia absolutista. Em sua principal obra, Leviatã (1651), ele justifica o poder dos soberanos em bases racionais e defende a perspectiva de que a Igreja deveria ser administrada pelo monarca, e não o contrário.
Por essa razão, Hobbes foi perseguido por religiosos e o Leviatã adicionado à lista de livros proibidos pela Igreja Católica.
(Imagem: Adobe Stock)
Principais obras de Thomas Hobbes
As principais obras de Hobbes são De cive (1642), Leviatã (1651), De corpore (1655) e De homine (1658). Vamos conhecê-las brevemente:
De cive
Em 1637, quando Thomas Hobbes retorna para a Inglaterra após algumas de suas viagens pela Europa, ele se depara com um contexto político de guerra civil. Por isso, escreve e lança a obra De cive, em 1642, em Paris (França), uma espécie de tratado dividido em várias partes, no qual apresenta sua visão contratualista sobre o estabelecimento do Estado.
Hobbes argumenta que os indivíduos abdicam de certas liberdades naturais em troca de segurança e ordem social. O título completo é De cive: elementos philisophici de cive, cuja tradução pode ser entendida como Sobre o cidadão: elementos filosóficos do cidadão.
Leviatã
Em Leviatã (1651), também lançado em Paris, Hobbes desenvolve ainda mais sua teoria política, descrevendo o contrato social como um pacto soberano que cria o Leviatã, representado pelo Estado, para garantir a paz e a estabilidade.
A obra, que foi escrita durante a Guerra Civil Inglesa, aborda a estrutura da sociedade e do governo legítimo ao defender um contrato social e um governo soberano absoluto representado pela figura do Leviatã.
De corpore e De homine
De volta à Inglaterra, em De corpore (1655) e De homine (1658), Hobbes explora aspectos filosóficos e científicos. O pensador aborda questões relacionadas à natureza do corpo e do homem, fundamentando suas ideias sobre o materialismo e a natureza mecânica da vida.
Essas obras contribuem para a compreensão abrangente do pensamento de Hobbes sobre política, sociedade e ciência.
Thomas Hobbes e o contrato social
Hobbes é um filósofo contratualista e isso significa que parte de seu trabalho foi dedicado a teorizar sobre o estado de natureza e sobre o contrato social.
O estado de natureza seria um modo de viver hipotético dos homens antes de as sociedades civis se formarem. A compreensão sobre as características desse estado é diferente para cada um dos autores contratualistas.
No caso de Hobbes, ele acredita que o estado de natureza garante liberdade total, o que gera medo entre os indivíduos. De acordo com o filósofo, a natureza humana é uma natureza de conflito e inclinada ao mal, pois o homem deseja conquistar seus próprios objetivos, algo que gera uma guerra constante de todos contra todos.
🚶♂ É a partir dessa perspectiva que Hobbes desenvolve sua frase mais famosa: “O homem é o lobo do homem”.
Hobbes, então, defende que não existe direito à propriedade, à vida e à liberdade que não sejam garantidos pela autoridade. É nesse sentido que ele afirma a necessidade de um contrato social, isto é, o acordo de cada indivíduo em transferir suas liberdades naturais a um só homem, o rei, com o objetivo de haver ordem social.
O filósofo compreende que o contrato social é a única forma de preservação da vida, uma vez que, mesmo eliminando a liberdade total dos indivíduos, fornece as garantias mínimas de coexistência entre os homens, possibilitando a construção da sociedade civil.
A contribuição de Hobbes para a filosofia política
A contribuição de Thomas Hobbes para a filosofia política é notável e perdura como uma influência fundamental na compreensão moderna do contrato social e da natureza do Estado.
Em De Cive (1642) e Leviatã (1651), Hobbes introduziu a teoria contratualista. Nela, argumenta que os indivíduos, em um estado natural, concordam em estabelecer o Estado por meio de um contrato social. Assim, transferem certos direitos ao Estado soberano em troca de segurança e ordem.
🎯 Sua visão pessimista da natureza humana fundamenta a necessidade de um governo forte e centralizado, personificado no conceito de Leviatã.
Em resumo, a herança que Hobbes deixou para a filosofia política reside na sua abordagem contratualista, na defesa da soberania estatal para manter a ordem e na análise profunda da natureza humana.
Tudo isso influenciou significativamente o pensamento político subsequente e moldou a discussão sobre a legitimidade e a estrutura do governo.
Thomas Hobbes: resumo
- Thomas Hobbes (1588 – 1679) foi um filósofo, matemático, físico, jusnaturalista e tradutor inglês que viveu na Inglaterra entre os séculos 16 e 17;
- Hobbes foi um defensor da monarquia absolutista;
- Suas principais obras são: De cive (1642), Leviatã (1651), De corpore (1655) e De homine (1658);
- Ele contribuiu para a filosofia política ao teorizar sobre o estado de natureza e o contrato social;
- Para Hobbes, o estado da natureza significa que homens possuem liberdade total e isso resulta em medo. Esse estado é marcado por conflitos e pela guerra de todos contra todos;
- Já o contrato social é visto por Hobbes como a abdicação do homem de sua liberdade em prol da ordem social a um soberano, representado pela figura do Leviatã.
Como a filosofia de Thomas Hobbes cai no Enem e nos vestibulares
As questões do Enem e dos vestibulares em geral, frequentemente, abordam Thomas Hobbes no contexto de suas ideias contratualistas. Especialmente aquelas relacionadas à formação do Estado e à necessidade de um poder central para garantir a ordem e a paz na sociedade.
Os vestibulandos são desafiados a compreender os princípios fundamentais do pensamento hobbesiano, como a noção do estado de natureza, o contrato social e a função do Estado na promoção da segurança e do bem-estar coletivo.
Exemplos a seguir mostram a aplicação dessas ideias em diferentes contextos, seja na análise da formação de um Estado nacional ou na comparação com organizações internacionais.
As questões buscam avaliar a capacidade dos candidatos de relacionar as concepções de Hobbes com situações concretas. Ou seja, isso mostra como seu pensamento continua relevante para compreender as dinâmicas sociais e políticas da atualidade.
Exemplo 1
(Enem digital 2020) O fim último, causa final e desígnio dos homens, ao introduzir uma restrição sobre si mesmos sob a qual os vemos viver nos Estados, é o cuidado com sua própria conservação e com uma vida mais satisfeita; quer dizer, o desejo de sair da mísera condição de guerra que é a consequência necessária das paixões naturais dos homens, como o orgulho, a vingança e coisas semelhantes. É necessário um poder visível capaz de mantê-los em respeito, forçando-os, por medo do castigo, ao cumprimento de seus pactos e ao respeito às leis, que são contrárias a nossas paixões naturais.
HOBBES, T. M. Leviatã. São Paulo: Nova Cultural, 1999 (adaptado).
Para o autor, o surgimento do estado civil estabelece as condições para o ser humano
a) internalizar os princípios morais, objetivando a satisfação da vontade individual.
b) aderir à organização política, almejando o estabelecimento do despotismo.
c) aprofundar sua religiosidade, contribuindo para o fortalecimento da Igreja.
d) assegurar o exercício do poder, com o resgate da sua autonomia.
e) obter a situação de paz, com a garantia legal do seu bem-estar.
Resposta: [E]
Segundo o pensamento de Hobbes, o Estado civil surge a partir de uma necessidade humana por autoconservação e harmonia, em oposição ao estado de Guerra que as paixões naturais dos homens, sem qualquer tipo de força reguladora, impõem.
Dessa forma, para Hobbes, apenas o poder visível e regulador do Estado pode impor leis que contenham as paixões naturais dos homens e, usando a força, fazer com que as cumpra. Apenas sob essa condição, portanto, seria possível garantir a paz e a harmonia na vida coletiva, com a garantia, sob a forma da lei, do bem-estar.
Exemplo 2
(Unesp 2023) Também conhecidas como Organizações Intergovernamentais, essas instituições são criadas por países (Estados soberanos), regidas por tratados, que buscam por meio da cooperação a melhoria das condições econômicas, políticas e sociais dos associados. Buscam soluções em comum para resolver conflitos de interesses entre os Estados membros. A Organização das Nações Unidas (ONU), fundada em 1945, é a maior organização internacional do mundo. Tem como objetivos principais a manutenção da paz mundial, o respeito aos direitos humanos e o progresso social da humanidade.
(Benigno Núñez Novo. “Organizações internacionais”.www.direitonet.com.br, 08.02.2018. Adaptado.)
A organização política intergovernamental mencionada no excerto assemelha-se à concepção de Estado da abordagem contratualista de Hobbes, caracterizada pelo dever do soberano de
a) proteger a vida humana.
b) garantir o direito natural.
c) superar a desigualdade social.
d) ampliar a liberdade individual.
e) assegurar a propriedade privada.
Resposta: [A]
A concepção à qual se assemelha a organização política internacional é a abordagem contratualista de Thomas Hobbes. Ela se caracteriza pelo dever soberano de proteção da vida e abandono do estado de natureza.
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