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Concordância verbal: regras, exemplos e dicas para não errar

Conheça as principais regras de concordância verbal e descubra como evitar erros bem comuns, principalmente em provas como o Enem e vestibulares

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A concordância verbal é uma das regras gramaticais mais importantes da Língua Portuguesa, e dominá-la é essencial para se comunicar e escrever com clareza.

No entanto, sabemos que, na hora de aplicar essas regras, principalmente em situações que fogem ao padrão, você pode encontrar algumas dificuldades.

Pensando nisso, preparamos este post com as principais regras de concordância verbal, explicando casos especiais e dando dicas para que você nunca mais cometa erros nesse assunto, especialmente no Enem e nos vestibulares!

O que é concordância verbal?

Concordância verbal é a adaptação do verbo ao número e à pessoa do sujeito da oração.

Isso significa que o verbo deve ser conjugado de acordo com o sujeito, tanto no singular quanto no plural, e na primeira, segunda ou terceira pessoa. Veja exemplos:

Eu estudo todos os dias.

Na frase, "eu" é o sujeito da oração, representando a primeira pessoa do singular. O verbo "estudar" está conjugado como "estudo", que é a forma correta para o presente do indicativo na primeira pessoa do singular. Isso demonstra a regra da concordância verbal, em que o verbo deve sempre concordar com o sujeito em número e pessoa.

Nós estudamos todos os dias.

Na frase, "nós" atua como o sujeito, caracterizando a primeira pessoa do plural. O verbo "estudar" aparece na forma "estudamos", que corresponde à conjugação correta para o presente do indicativo na primeira pessoa do plural. Portanto, o verbo se ajusta ao sujeito, tanto em número quanto em pessoa.

Regras gerais de concordância verbal

As regras gerais de concordância verbal determinam que o verbo deve sempre concordar em número e pessoa com o sujeito da oração. Isso significa que:

  • se o sujeito estiver no singular, o verbo também estará;
  • se o sujeito estiver no plural, o verbo acompanhará essa pluralidade.

A seguir, confira como essas regras se comportam com diferentes tipos de sujeitos.

Concordância com sujeitos simples

Quando o sujeito é simples, ou seja, possui apenas um núcleo, a concordância é direta e o verbo deve acompanhar o número e a pessoa do sujeito. Exemplos:

A aluna fez a lição de casa.
Sujeito simples no singular

Os alunos fizeram a lição de casa.
Sujeito simples no plural

Concordância com sujeitos compostos

Já quando o sujeito é composto, ou seja, possui mais de um núcleo, o verbo deve ir para o plural. No entanto, há regras adicionais dependendo da posição dos núcleos e da presença de conectivos. Vamos entender melhor!

  • Sujeito composto anteposto ao verbo: o verbo sempre vai para o plural.

Maria e João estudam juntos.

  • Sujeito composto posposto ao verbo: o verbo pode concordar com o sujeito mais próximo (concordância atrativa) ou ir para o plural.

Chegou Maria e João.

Chegaram Maria e João.

  • Sujeito composto ligado por “ou”: a concordância depende do sentido que se quer dar à frase.

Ou Ana ou Carla será a representante.

Nesse caso, temos um sujeito formado por duas opções: Ana e Carla. O uso da conjunção "ou" indica que há uma escolha exclusiva entre as duas, ou seja, apenas uma delas será a representante.

Por essa razão, o verbo "será" está no singular, concordando com a ideia de que apenas uma pessoa ocupará a posição de representante.

Ou Ana ou Carla serão as representantes.

Neste exemplo, o sujeito também é formado por Ana e Carla, mas a conjunção "ou" adquire um sentido inclusivo. Nesse contexto, o uso do verbo "serão" no plural indica que ambas as opções poderão ser consideradas como representantes.

Isso sugere que tanto Ana quanto Carla estão aptas a ocupar o cargo, implicando que a escolha não se limita a uma única pessoa, mas que ambas podem ser representantes.

  • Sujeito composto ligado por “nem”: o verbo vai, preferencialmente, para o plural já que "nem" expressa a ideia de negação conjunta, indicando que ambas as partes do sujeito não se aplicam.

Nem o professor nem a aluna compareceram à reunião.

Aqui, o sujeito é formado por duas partes: o professor e a aluna, unidos por "nem". O verbo "compareceram" está no plural, concordando com a ideia de que tanto o professor quanto a aluna não compareceram à reunião. Essa estrutura ressalta a exclusão de ambos.

Casos especiais de concordância verbal

Além das regras gerais, a concordância verbal também envolve algumas situações que exigem atenção especial.

Vamos explorar esses casos nos tópicos seguintes, abordando como a concordância se comporta em situações específicas como coletivos, pronomes de tratamento, expressões partitivas e mais!

Concordância com coletivos

Quando o sujeito é um coletivo, o verbo fica no singular. No entanto, se o coletivo estiver especificado por um complemento, o verbo pode ir para o plural.

A turma decidiu o tema do trabalho.

A turma dos estudantes decidiram o tema do trabalho.

Concordância com pronomes de tratamento

Pronomes de tratamento, como "você", "Vossa Excelência" e "Vossa Senhoria", exigem que o verbo esteja na terceira pessoa do singular, mesmo que se refiram à segunda pessoa do discurso.

Você é muito atencioso.

Vossa Excelência está presente.

Concordância com expressões partitivas

Expressões partitivas como "a maioria de", "parte de", "grande parte de" permitem a concordância tanto no singular quanto no plural, dependendo do que se quer enfatizar.

A maioria dos alunos chegou atrasada.

A maioria dos alunos chegaram atrasados.

Concordância verbal com sujeito indeterminado

O sujeito indeterminado ocorre quando não é possível identificar quem pratica a ação. Nesse caso, usa-se o verbo na terceira pessoa do plural ou o pronome "se" com verbos intransitivos, transitivos indiretos ou de ligação na terceira pessoa do singular.

Veja exemplos de concordância verbal com sujeito indeterminado:

Disseram que você não viria.

Trabalha-se melhor em equipe.
Verbo intransitivo

Precisa-se de profissionais experientes
Verbo transitivo indireto

Concordância com verbos impessoais

Verbos impessoais, como "haver" (no sentido de existir), "fazer" (indicando tempo decorrido) e verbos que indicam fenômenos da natureza, permanecem invariavelmente na terceira pessoa do singular.

Confira algumas conjugações:

Havia muitos livros na estante.

Faz três anos que nos conhecemos.

Choveu durante toda a semana.

👉 Leia também: Há ou a: entenda quando e como utilizar os termos

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Erros comuns na concordância verbal e como evitá-los

Mesmo com o conhecimento das regras, alguns erros são bastante comuns na hora de fazer a concordância verbal. Vamos destacar alguns e mostrar como evitá-los!

  • Erro na concordância com verbos impessoais: quando usamos verbos impessoais, como "haver" e "fazer", devemos conjugá-los no singular, independentemente do número do complemento.

Incorreto: Haviam muitas pessoas no evento.

✅ Correto: Havia muitas pessoas no evento.

  • Erro de concordância na voz passiva sintética: na voz passiva sintética, o verbo deve concordar com o sujeito em número e gênero, considerando a forma do verbo "ser".

Incorreto: Vendia-se carros na feira.

✅ Correto: Vendiam-se carros na feira.

  • Erro na concordância com verbos no infinitivo regidos por preposição: ao usar verbos no infinitivo precedidos por preposição, mantenha a forma padrão e não faça a flexão do verbo.

Incorreto: Eles foram obrigados a passarem fome por causa da crise.

✅ Correto: Eles foram obrigados a passar fome por causa da crise.

Para evitar esses erros, é essencial praticar a análise da estrutura da frase, identificando corretamente o sujeito e verificando a conjugação do verbo.

Dicas para evitar erros na concordância verbal

Leia cinco dicas que podem ajudar a escolher o termo correto na hora de escrever ou falar:

  1. Leia a frase em voz alta: muitas vezes, o erro fica evidente quando a frase é lida com atenção e em voz alta;
  2. Identifique o sujeito da oração e seu núcleo: saber quem é o sujeito e identificar o seu núcleo ajuda a escolher a conjugação correta;
  3. Pratique com exercícios: resolver questões de concordância verbal ajuda a fixar as regras e evitar erros em provas;
  4. Revise as regras com frequência: Manter as regras frescas na memória é essencial, principalmente aquelas específicas, como dos verbos impessoais;
  5. Atenção à partícula "-se": se o verbo for transitivo direto, ele concordará com o termo que o segue. Quando houver preposição, o verbo permanecerá sempre no singular.

👉 Leia também: 25 dúvidas de ortografia respondidas para não se confundir mais

Resumo: concordância verbal

A concordância verbal ocorre quando o verbo se ajusta ao sujeito da oração em número e pessoa, garantindo a harmonia entre os elementos da frase. As regras de concordância variam conforme o tipo de sujeito e a construção da oração. Veja um resumo dos principais casos:

  • Concordância com sujeito simples: o verbo concorda diretamente em número e pessoa com o sujeito;
  • Concordância com sujeitos compostos: o verbo vai para o plural, mas pode concordar com o núcleo mais próximo em alguns casos específicos;
  • Concordância com coletivos: o verbo fica no singular, a menos que o coletivo esteja especificado;
  • Concordância com pronomes de tratamento: o verbo concorda na terceira pessoa do singular, independentemente da formalidade;
  • Concordância com expressões partitivas: o verbo pode estar no singular ou plural, dependendo do enfoque;
  • Concordância verbal com sujeito indeterminado: verbo permanece na terceira pessoa do singular ou plural, conforme a estrutura;
  • Concordância com verbos impessoais: verbos como "haver" (existência) e "fazer" (tempo) permanecem no singular;
  • Concordância com sujeitos ligados por "ou" e "nem": o verbo concorda com o termo mais próximo ou vai para o plural, conforme o sentido de inclusão ou exclusão.

Como a concordância verbal cai no Enem e vestibulares

A concordância verbal em si não é cobrada diretamente nas questões de Português no Enem (já que não é uma prova focada em gramática).

Porém, o domínio desse conteúdo é super importante para a construção de uma redação clara e coerente. Isso porque erros de concordância podem comprometer a qualidade textual, o que vai tirar bons pontos da sua nota!

Nos vestibulares tradicionais, apesar de a gramática aparecer um pouco mais, as questões sobre concordância verbal não são tão frequentes.

No entanto, seja no Enem ou nos vestibulares, o estudo desse conteúdo é indispensável para garantir uma escrita correta e precisa, o que vai colaborar para aumentar a nota da sua redação.

Confira, a seguir, uma questão recente de concordância verbal, e observe como o conteúdo é cobrado de forma contextualizada.

Exemplo de questão de concordância verbal no vestibular

(UFRGS 2024) A palavra falada povoa um domínio que, já por funcionar automaticamente segundo o software que trouxemos à vida com a vida, não desvenda todos os sortilégios nos quais entramos quando complicamos o viver. Que digam os versos dos poetas que no geral se produzem no suporte gráfico e assim nos chegam (no papel ou em tela do monitor, insisto), mas vêm carregados da melodia que lhes dá sentido, e por aí nos transportam a um mundo particularmente mágico a que passamos a pertencer com a leitura!!!

Adaptado de: MOURA NEVES, M.H. Introdução. A gramática do português revelada em textos. São Paulo: Editora da Unesp, 2018.

Se a palavra versos estivesse no singular, quantas outras palavras na frase deveriam ser alteradas para fins de concordância?

a) Quatro.

b) Cinco.

c) Seis.

d) Sete.

e) Oito.

Resposta: [E]
A alternativa [E] está correta, pois oito palavras precisariam ser alteradas. São elas destacadas: "Que diz o verso dos poetas que no geral se produz no suporte gráfico e assim nos chega (no papel ou em tela do monitor, insisto), mas vem carregado da melodia que lhe dá sentido, e por aí nos transporta a um mundo particularmente mágico que passamos a pertencer com a leitura!!!"

👉 Leia também: Português no Enem: confira questões resolvidas

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Kimberli Sabino Ariotti

Analista Pedagógica de Linguagens do Aprova Total. Licenciada em Letras pela UFSC e Mestre em Linguística pela mesma instituição.

Ver mais artigos de Kimberli Sabino Ariotti >

Analista Pedagógica de Linguagens do Aprova Total. Licenciada em Letras pela UFSC e Mestre em Linguística pela mesma instituição.

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