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Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto: lembrar para não repetir

A lembrança sobre o Holocausto é um combustível para recordar a ameaça constante do autoritarismo, do populismo e do racismo

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O Holocausto, “shoah” para a comunidade judaica, foi o assassinato em massa de mais de 5,5 milhões de judeus e de outros grupos condenados pelo nazismo, como ciganos, homossexuais e comunistas, entre 1941 e 1945. Esse foi o segundo e maior genocídio do século XX - depois do Armênio (1915-1923), antes do Camboja (1975-1978) e de Ruanda (abril-julho/1994). Se esse foi um momento tão trágico da história, por que preservá-lo na memória? A data que lembra as vítimas do genocídio judeu pode motivar diversas reflexões sobre como o preconceito e a intolerância dizimam a sociedade. A seguir, mostramos aspectos importantes do tema e como o Holocausto cai no vestibular.

Lembrar para não repetir

A execução da doutrina da guerra racial, difundida pelos nazistas, resultou na criação de pelo menos seis campos de extermínio: Belzec, Sobibór, Treblinka, Chelmno, Majdanek e Auschwitz-Birkenau, todos na Polônia invadida.

Mulheres trabalhando em campo de concentração durante o Holocausto.
Mulheres trabalhando em campo de concentração durante o Holocausto (Imagem: Reprodução)

Cerca de 2,6 milhões dos judeus foram assassinados nos “campos da morte”, porém os outros quase 3 milhões nunca chegaram a conhecê-los. Foram fuzilados e arremessados em covas coletivas, em geral nos bosques vizinhos às suas cidades e vilas de origem.

Deste modo, há um enorme paradoxo: a maior parte dos judeus já estava morta quando Auschwitz se consolidou. Ou seja, lembrar do Holocausto pensando exclusivamente nas câmaras de gás é ignorar uma parte enorme do que ele significou e de como ocorreu.

Quais os principais aspectos sobre a memória das vítimas do Holocausto?

Pensamos nos principais pontos sobre como o Holocausto cai no vestibular - e que você precisa saber como cidadão:

A doutrina da guerra racial por recursos era a base do pensamento de Hitler

Hitler se encontrava no poder na Alemanha desde 1933, disseminando o antissemitismo entre as massas. A falsa visão de que a humanidade se divide em raças era o pressuposto ideológico do nazismo, mas não apenas isso. Haveria a necessidade de uma guerra racial dada a finitude dos recursos do planeta. Nesse mundo em que o “sangue” determinava tudo, então, os judeus eram vistos como uma “não-raça”, “impura”, que seria símbolo de decadência para a “nação-raça” alemã.

O Holocausto teve início na Europa Oriental em meio à Segunda Guerra Mundial

O Holocausto começou em uma região da Europa Oriental duplamente invadida entre 1939 e 1941, primeiro pela União Soviética e depois pela Alemanha. Em agosto de 1939, com o Pacto Hitler-Stálin, as duas potências dividiram entre si a Polônia, a nação que mais possuía judeus em todo o mundo. Com esse acordo, cerca de 2 milhões de judeus poloneses estavam sob controle direto dos nazistas.

Os soviéticos também passaram a controlar os países bálticos – Estônia, Letônia e Lituânia – assim como a Bessarábia (atual Moldávia), onde a população judaica também era considerável. Começava a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Nas zonas da Europa Oriental invadidas em comum acordo, soviéticos e alemães destruíram os Estados locais. Exterminaram e deportaram suas elites políticas, econômicas e militares. A cidadania de milhões foi anulada, pois seus países tinham deixado de existir. Carteiras de identidade e passaportes não valiam mais nada.

Segundo o historiador Timothy Snyder, isso pavimentou a estrada de mão-única do Holocausto e retirou das populações a capacidade de apelar para qualquer autoridade.

A geografia do Holocausto permite dividi-lo em três fases cronológicas

O Holocausto (1941-1945) divide-se em três principais fases, nas quais se deslocou a amplitude geográfica do extermínio.

1ª fase

Numa etapa inicial (1941-1942), judeus bálticos e soviéticos (ucranianos, bielorrussos e russos) foram assassinados em massa, principalmente por meio de fuzilamentos coletivos.

2ª fase

No segundo período (1942-1943), houve o extermínio da maior comunidade judaica do mundo – a polonesa – nos campos de Belzec, Majdanek, Sobibór, Treblinka e Chelmno, com o método das câmaras de gás.

3ª fase

Na última fase (1943-1945), aconteceu o assassinato em massa de comunidade judaicas de toda a Europa ocupada pelo Eixo nazi-fascista – da Grécia à Holanda – no complexo de Auschwitz-Birkenau.

Como o Holocausto cai no vestibular?

As questões de vestibular sobre o Holocausto abordam aspectos em várias escalas. Uma das mais comuns é a trajetória de ascensão do nazismo, desde a chegada de Hitler ao poder em 1933 ao Anschluss, a anexação da Áustria, no início de 1938, por exemplo.

Hitler na arena Sportpalast, em Berlim (Alemanha), 1943.
Hitler na arena Sportpalast, em Berlim (Alemanha), 1943 (Imagem: Reprodução)

Além disso, são destacados os símbolos de desumanização aos quais os judeus eram expostos na realidade do nazismo. Inclusive nos campos de concentração e extermínio, como tatuagens, sinais nas roupas. A realidade do trabalho forçado nos campos também é um aspecto a ser rememorado.

Rira (conhecida por Rita) é sobrevivente do genocídio judeu e tem seu depoimento exibido no Memorial do Holocausto em São Paulo, localizado na antiga Sinagoga do Bom Retiro. No Brasil, há outros memoriais em homenagem às vítimas.

Exemplos de questões

Para entender na prática como o Holocausto cai no vestibular:

Fuvest 2018

A operação era um pouco dolorosa e não durava mais que um minuto, mas era traumática. Seu significado simbólico estava claro para todos: este é um sinal indelével, daqui não sairão mais; esta é a marca que se imprime nos escravos e nos animais destinados ao matadouro, e vocês se tornaram isso. Vocês não têm mais nome: este é o seu nome. A violência da tatuagem era gratuita, um fim em si mesmo, pura ofensa: não bastavam os três números de pano costurados nas calças, no casaco e no agasalho de inverno?

Primo Levi. Os afogados e os sobreviventes. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.

Está de acordo com o texto a seguinte afirmação:

a) A tatuagem era uma forma de tortura e uma mensagem não verbal, que inscrevia a condenação no corpo do prisioneiro.

b) O uso de tatuagens era perturbador apenas para ciganos e judeus ortodoxos, pois violava o código moral e as leis religiosas dessas comunidades.

c) O recurso de tatuar o prisioneiro, além de impor um sofrimento físico e moral, discriminava o tipo de remuneração.

d) O emprego das tatuagens funcionava como um código estético e de classificação dos prisioneiros nos campos de concentração.

e) A tatuagem, assim como o trabalho voluntário, não tinham finalidade produtiva, mas contribuíam para o entendimento entre os prisioneiros.

Resposta: [A]
A alternativa [A] condiz com o que está exposto no texto sobre a utilização de tatuagens nos corpos dos prisioneiros de campos de concentração e extermínio pelas autoridades nazistas, como símbolos de condenação e suscetibilidade ao morticínio em massa.
Comentário sobre as alternativas incorretas: a alternativa [B] está incorreta, pois o uso de tatuagens em campos de extermínio significava algo atroz para todos os condenados, apontando o pior que poderia lhes acontecer. Deste modo, também estão incorretas as alternativas [C], [D] e [E], pois as tatuagens não marcavam diferenças de remuneração ou qualquer “código estético”, além de não ter relação com possibilidades de entendimento entre os prisioneiros ou trabalho voluntário.

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UERJ 2018

Imagem da entrada do campo Auschwitz. No portão, lia-se "O trabalho liberta".
Reprodução UERJ/2018

Primo Levi, judeu e antifascista, no fim de 1943, aos 24 anos, foi preso pela polícia italiana e entregue às forças de ocupação alemãs. Logo se fechava atrás dele o portão do campo de Auschwitz com a inscrição “O trabalho liberta”, e Levi compreendeu: “Então isto é o inferno”.

Adaptado de WEINRICH, H. Lete: arte e crítica do esquecimento. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

No decorrer da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), campos de concentração foram criados em vários países europeus, sendo um dos maiores o complexo de Auschwitz, na Polônia. Para lá, eram enviados em massa aqueles considerados inimigos da nação alemã. De acordo com a imagem e com o texto, a frase “O trabalho liberta” apontava para a seguinte estratégia do projeto nazista:

a) treinamento de capitais humanos

b) controle de recursos de pesquisas

c) exclusão de operários improdutivos

d) exploração da mão de obra dos reclusos

Resposta: [D]
A alternativa [D] está correta pois os condenados nos campos de concentração e extermínio eram comumente empregados em trabalhos forçados.
Comentário sobre as alternativas incorretas: as alternativas [A], [B] e [C] estão incorretas, pois os prisioneiros dos campos de concentração e extermínio não estavam lá presentes por treinamento, qualificação para a pesquisa ou por medições da produtividade do trabalho.

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Víctor Daltoé dos Anjos

Professor de Atualidades do Aprova Total. Bacharel e licenciado em Geografia pela UFSC e mestre em Ciência Política pela mesma instituição.

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Professor de Atualidades do Aprova Total. Bacharel e licenciado em Geografia pela UFSC e mestre em Ciência Política pela mesma instituição.

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