Questões de Literatura no Enem: confira exemplos resolvidos
Agora que você já sabe quais temas do componente estão mais presentes na prova, é hora de ver como eles são cobrados nas questões
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Você já conferiu quais conteúdos de Literatura se destacaram no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nos últimos anos e devem estar no seu radar de estudos em 2023. Então, um pouquinho de prática, com questões de Literatura no Enem resolvidas vai bem, né?
NAVEGUE PELOS CONTEÚDOS
Questões de Literatura no Enem
Selecionamos alguns exemplos de questões de Literatura no Enem entre os assuntos de maior incidências na prova. São eles: Literatura Contemporânea, Modernismo, ENEM (música brasileira, interpretação de poemas e texto em prosa - conto); escolas literárias e introdução à Literatura.
Exemplo de Literatura Contemporânea
(Enem 2019) Ed Mort só vai
Mort. Ed Mort. Detetive particular. Está na plaqueta. Tenho um escritório numa galeria de Copacabana entre um fliperama e uma loja de carimbos. Dá só para o essencial, um telefone mudo e um cinzeiro. Mas insisto numa mesa e numa cadeira. Apesar do protesto das baratas. Elas não vencerão. Comprei um jogo de máscaras. No meu trabalho o disfarce é essencial. Para escapar dos credores. Outro dia entrei na sala e vi a cara do King Kong andando pelo chão. As baratas estavam roubando as máscaras. Espisoteei meia dúzia. As outras atacaram a mesa. Consegui salvar a minha Bic e o jornal. O jornal era novo, tinha só uma semana. Mas elas levaram a agenda. Saí ganhando. A agenda estava em branco. Meu último caso fora com a funcionária do Erótica, a primeira ótica da cidade com balconista topless. Acabara mal. Mort. Ed Mort. Está na plaqueta.
VERISSIMO, L. F. Ed Mort: todas as histórias. Porto Alegre: L&PM, 1997 (adaptado).
Nessa crônica, o efeito de humor é basicamente construído por uma
a) segmentação de enunciados baseada na descrição dos hábitos do personagem.
b) ordenação dos constituintes oracionais na qual se destaca o núcleo verbal.
c) estrutura composicional caracterizada pelo arranjo singular dos períodos.
d) sequenciação narrativa na qual se articulam eventos absurdos.
e) seleção lexical na qual predominam informações redundantes.
Resposta: D
O uso de prosopopeia para ilustrar situações grotescas, como nos relatos dos eventos em que baratas se transformam em inimigos quase invencíveis (“protesto das baratas”, “a cara do King Kong andando pelo chão”, “atacaram a mesa”, “levaram a agenda”), assim como a referência à “balconista topless” da Erótica, auxilia na construção de uma narrativa inverossímil e ridícula, o que confere humor ao texto.
Exemplo de Modernismo
(Enem 2019) HELOÍSA: Faz versos?
PINOTE: Sendo preciso... Quadrinhas... Acrósticos... Sonetos... Reclames.
HELOÍSA: Futuristas?
PINOTE: Não senhora! Eu já fui futurista. Cheguei a acreditar na independência... Mas foi uma tragédia! Começaram a me tratar de maluco. A me olhar de esguelha. A não me receber mais. As crianças choravam em casa. Tenho três filhos. No jornal também não pagavam, devido à crise. Precisei viver de bicos. Ah! Reneguei tudo. Arranjei aquele instrumento (Mostra a faca) e fiquei passadista.
ANDRADE, O. O rei da vela. São Paulo: Globo, 2003.
O fragmento da peça teatral de Oswald de Andrade ironiza a reação da sociedade brasileira dos anos 1930 diante de determinada vanguarda europeia. Nessa visão, atribui-se ao público leitor uma postura
a) preconceituosa, ao evitar formas poéticas simplificadas.
b) conservadora, ao optar por modelos consagrados.
c) preciosista, ao preferir modelos literários eruditos.
d) nacionalista, ao negar modelos estrangeiros.
e) eclética, ao aceitar diversos estilos poéticos.
Resposta: B
A resposta de Pinote ao questionamento de Heloísa sobre o estilo do poeta ser o futurismo revela o conservadorismo da sociedade brasileira dos anos 30. Além disso, o fato de ter abandonado esse estilo para fazer poesia nos moldes clássicos justificava-se pela necessidade de aceitação do público da época e garantia da sua própria sobrevivência financeira.
Exemplo de questão de Literatura com música brasileira
(Enem 2020) Sou o coração do folclore nordestino
Eu sou Mateus e Bastião do Boi-bumbá
Sou o boneco de Mestre Vitalino
Dançando uma ciranda em Itamaracá
Eu sou um verso de Carlos Pena Filho
Num frevo de Capiba
Ao som da Orquestra Armorial
Sou Capibaribe
Num livro de João Cabral
Sou mamulengo de São Bento do Una
Vindo no baque solto de maracatu
Eu sou um auto de Ariano Suassuna
No meio da Feira de Caruaru
Sou Frei Caneca do Pastoril do Faceta
Levando a flor da lira
Pra Nova Jerusalém
Sou Luiz Gonzaga
E sou do mangue também
Eu sou mameluco, sou de Casa Forte
Sou de Pernambuco, sou o Leão do Norte
LENINE; PINHEIRO, P.C. Leão do Norte. In: LENINE; SUZANO, M. Olho de peixe. São Paulo: Vetas. 1993 (fragmento).
O fragmento faz parte da canção brasileira contemporânea e celebra a cultura popular nordestina. Nele, o artista exalta as diferentes manifestações culturais pela
a) valorização do teatro, música, artesanato, literatura, dança, personagens históricos e artistas populares, compondo um tecido diversificado e enriquecedor da cultura popular como patrimônio regional e nacional.
b) identificação dos lugares pernambucanos, manifestações culturais, como o bumba meu boi, as cirandas, os bonecos mamulengos e heróis locais, fazendo com que essa canção se apresente como uma referência à cultura popular nordestina.
c) exaltação das raízes populares, como a poesia, a literatura de cordel e o frevo, misturadas ao erudito, como a Orquestra Armorial, compondo um rico tecido cultural, que transforma o popular em erudito.
d) caracterização das festas populares como identidade cultural localizada e como representantes de uma cultura que reflete valores históricos e sociais próprios da população local.
e) apresentação do Pastoril do Faceta, do maracatu, do bumba meu boi e dos autos como representação da musicalidade e do teatro popular religioso, bastante comum ao folclore brasileiro.
Resposta: B
O fragmento da letra da canção é representativo na cultura nordestina por enumerar lugares e manifestações artísticas, assim como tradições e costumes do povo daquela região.
Exemplo de questão sobre escolas literárias
(Enem PPL 2022) Duas castas de considerações fez de si para consigo o cauto Conselheiro. Primeiramente foi saltar-lhe ao nariz a evidência de que ministro não visita empregado público, ainda que in extremis, mesmo a uma braça, ou duas, acima do chapéu do amanuense mais bisonho. Também não visita escritor enfermo por ser escritor, e por estar enfermo. Seriam trabalhos, ambos, a que não se daria um ministro, nem sempre ocupado das cousas, altas ou baixas, do Estado.
O tempo ministerial não se vai perdulariamente, não se faz em farinhas. Os titulares esquivam-se até a suspirar, que os suspiros implicam o desperdício de minutos se o suspiro é de minutos, além de permitirem ilações perigosas sobre a estabilidade do ministro, quando não do próprio gabinete.
A segunda ponderação remeteu-o à certeza de que terminantemente chegavam ao cabo seus dias; e de que as esperanças eram aéreas, atado agora à cama até que o encerrassem na urna, como um voto eleitoral frio.
MARANHÃO, H. Memorial do fim: a morte de Machado de Assis. São Paulo: Marco Zero, 1991.
O texto relata o momento em que, no leito de morte, Machado de Assis recebe a visita do Barão do Rio Branco, ministro de Estado. Criando a cena, o narrador obtém expressividade ao
a) representar com fidelidade os fatos históricos.
b) caracterizar a situação com profundidade dramática.
c) explorar a sensibilidade dos personagens envolvidos.
d) assumir a perspectiva irônica e o estilo narrativo do personagem.
e) recorrer a metáforas sutis e comparações de sentido filosófico.
Resposta: D
A alternativa A está incorreta, pois o texto mistura realidade com ficção, não atendendo fielmente aos fatos históricos relacionados com a morte de Machado de Assis; a alternativa B está incorreta, porque o texto faz uma paródia do estilo machadiano, misturando duas das suas principais características - ironia e niilismo; a alternativa C está incorreta, pois o texto desvenda a aparência enganadora dos seus personagens, desmascarando o “jogo” das relações sociais - aparência X essência; por fim, a alternativa D está incorreta, pois expressões como “saltar-lhe ao nariz”, a associação da urna eleitoral com um caixão e do morto a um voto eleitoral frio constituem metáfora irônica e comparação sarcástica.
Exemplo de questão de introdução à Literatura
(Enem 2021) O pavão vermelho
Ora, a alegria, este pavão vermelho,
está morando em meu quintal agora.
Vem pousar como um sol em meu joelho
quando é estridente em meu quintal a aurora.
Clarim de lacre, este pavão vermelho
sobrepuja os pavões que estão lá fora.
É uma festa de púrpura. E o assemelho
a uma chama do lábaro da aurora.
É o próprio doge a se mirar no espelho.
E a cor vermelha chega a ser sonora
neste pavão pomposo e de chavelho.
Pavões lilases possuí outrora.
Depois que amei este pavão vermelho,
os meus outros pavões foram-se embora.
COSTA, S. Poesia completa: Sosígenes Costa. Salvador: Conselho Estadual de Cultura. 2001.
Na construção do soneto, as cores representam um recurso poético que configura uma imagem com a qual o eu lírico
a) revela a intenção de isolar-se em seu espaço.
b) simboliza a beleza e o esplendor da natureza.
c) experimenta a fusão de percepções sensoriais.
d) metaforiza a conquista de sua plena realização.
e) expressa uma visão de mundo mística e espiritualizada.
Resposta: D
No soneto, o eu lírico se apropria metaforicamente da imagem do pavão vermelho para expressar a sensação de realização plena (“É o próprio doge a se mirar no espelho”) que não havia sentido antes (“Depois que amei este pavão vermelho/ os meus outros pavões foram-se embora”).
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