Ciências da Natureza Física

Eclipse solar: entenda o fenômeno do dia 14 de outubro

Apenas em algumas partes do Brasil será possível ver o "anel" luminoso, por causa do alinhamento da Lua e do Sol; saiba tudo sobre o fenômeno

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No sábado, dia 14 de outubro de 2023, o Brasil poderá testemunhar um dos fenômenos mais belos da natureza: o eclipse solar. Neste artigo, ajudamos você a entender o que são eclipses, quais tipos existem, de que forma eles ocorrem e também quando, onde e como observar de maneira segura o eclipse solar de 2023.

O que são e como acontecem os eclipses solares?

Eclipse é o nome dado ao fenômeno que ocorre quando um corpo está dentro de uma região de sombra provocada por outro corpo. Assim, um eclipse solar acontece quando a Lua está entre o Sol e a Terra, de maneira que a Lua projeta uma sombra no planeta.

Dessa forma, um eclipse solar só pode acontecer na fase de Lua Nova, que é quando a Lua está entre o Sol e a Terra.

Para compreender melhor como ocorrem os eclipses, precisamos conhecer os conceitos de sombra e de penumbra.

Sombra (umbra)

Quando um objeto, como o disco na figura abaixo, é iluminado por uma fonte pontual de luz (cujas dimensões podem ser desprezadas, como se a fonte fosse um único ponto), ele bloqueia parte da luz, formando uma região de sombra. Essa região também é conhecida como umbra.

Uma fonte pontual de luz forma sombra (umbra
Uma fonte pontual de luz forma sombra (umbra) (Imagem: Adobe Stock)

Já podemos começar a fazer uma analogia com um eclipse solar: a fonte de luz representa o Sol, o disco representa a Lua e a parede onde a sombra é projetada representa a Terra. Uma formiga na região de sombra da parede veria o disco eclipsando a fonte de luz (uma lâmpada distante, por exemplo).

Penumbra

No entanto, em relação à Terra, o Sol não é uma fonte pontual, pois suas dimensões são muito grandes. Nesse caso, ele se comporta como uma fonte extensa de luz, que deve ser levada em conta quando a fonte de luz é muito grande ou está muito próxima do objeto.

Como resultado, não analisaremos raios de luz saindo de um único ponto, mas de todos os pontos dessa fonte. A consequência disso é que o disco não produzirá apenas uma região de sombra, mas também uma região onde a iluminação é parcial, conhecida como penumbra.

Uma fonte extensa de luz forma sombra e penumbra
Uma fonte extensa de luz forma sombra e penumbra (Imagem: Adobe Stock)

Dependendo de onde a formiga estiver na parede, ela verá um bloqueio total ou parcial da lâmpada. Esse nível maior de complexidade é o que causa diferentes tipos de eclipse solar.

Faça um teste: ligue a lanterna do seu celular e coloque sua mão entre a lanterna e uma parede. Sua mão formará uma região de sombra (mais escura) e um contorno de penumbra (menos escura). Quanto mais longe sua mão estiver da parede, mais nítida ficará a penumbra, pois a dimensão da lanterna será mais relevante.

As mãos formam uma região de sombra (mais escura) e uma região de penumbra (contorno menos escuro)
As mãos formam uma região de sombra (mais escura) e uma região de penumbra (contorno menos escuro) (Imagem: Adobe Stock)

Tipos de eclipse solar

Como vimos, um eclipse solar ocorre quando a Lua se encontra entre o Sol e a Terra, de modo que ela produz sombras e penumbras em nosso planeta. Dependendo de onde o observador está e do quão distante estiver a Lua, haverá um tipo específico de eclipse solar.

Representação de como acontece um eclipse solar
Representação de como acontece um eclipse solar (Imagem: Adobe Stock)

Confira alguns tipos de eclipse:

1. Eclipse total

Assim como Bonnie Tyler canta na música Total eclipse of the heart que está sempre na escuridão, quem se encontra na região de sombra da Lua durante um eclipse vai testemunhar um eclipse total. Quando há o eclipse total, o dia se torna escuro, pois a Lua está cobrindo o "disco solar".

Eclipse total do Sol
Eclipse total do Sol (Imagem: Adobe Stock)

Mesmo durante o eclipse total, é possível observar um contorno luminoso conhecido como coroa solar, a atmosfera exterior do Sol.

2. Eclipse parcial

Durante um eclipse solar, pessoas que estejam na região de penumbra da Terra não verão todo o disco solar encoberto pela Lua. Ao invés disso, somente um pedaço dele será bloqueado, como na foto abaixo:

Eclipse parcial do Sol
Eclipse parcial do Sol (Imagem: Adobe Stock)

3. Eclipse anular

Um eclipse anular ocorre quando a Lua está em seu apogeu (ponto mais afastado em sua órbita com a Terra), então ela não cobre completamente o disco solar no alinhamento com ele e com a Terra. Ao invés disso, ela deixa um "anel" luminoso ao seu redor.

Eclipse anular do Sol
Eclipse anular do Sol (Imagem: Adobe Stock)

4. Eclipse híbrido

Esse tipo de eclipse solar é raríssimo e ocorre poucas vezes por século. No eclipse híbrido, há mudança de um eclipse anular para um eclipse total conforme a sombra da Lua percorre o planeta. Isso acontece porque a superfície da Terra é encurvada.

Qual é a diferença entre eclipse solar e lunar?

Vimos que um eclipse solar ocorre quando a Lua está entre o Sol e a Terra, projetando sombras e penumbras sobre nós. Um eclipse lunar, por outro lado, acontece quando a Terra é quem se encontra no meio, projetando uma sombra sobre a Lua.

Veja na ilustração que, devido a essa posição relativa entre os corpos celestes, um eclipse lunar só pode ocorrer durante a Lua Cheia:

Representação de um eclipse lunar
Representação de um eclipse lunar (Imagem: Adobe Stock)

Quando a Lua entra no "cone de sombra" da Terra, ela pode surgir com um aspecto avermelhado. O motivo para isso acontecer, bem como para a Lua ficar visível mesmo na região de sombra, é que a atmosfera da Terra espalha mais os menores comprimentos de onda visíveis, como o violeta e o azul.

Sendo assim, a luz que sofreu menor espalhamento, como o vermelho e o laranja, consegue atravessar melhor a atmosfera terrestre e chegar à Lua, conferindo a ela os tons avermelhados. Esse fenômeno é conhecido popularmente como "Lua de sangue".

Lua de sangue durante um eclipse lunar
Lua de sangue durante um eclipse lunar (Imagem: Adobe Stock)

A partir de um eclipse lunar no século 3 a.C., o astrônomo e matemático Aristarco de Samos foi capaz de estimar, com precisão relativamente boa (sobretudo para a época) o diâmetro da Lua.

Eclipse solar no Brasil: é possível? Quando será o próximo?

É possível sim! Basta que alguma parte do país se encontre dentro da região de sombra ou de penumbra projetada pela Lua e que o céu esteja limpo o suficiente.

O próximo eclipse solar que poderá ser visto do Brasil tem data marcada! Anota aí: será no dia 14 de outubro de 2023, um sábado.

Qual o tipo do eclipse solar de 14 de outubro?

O eclipse solar de 14 de outubro será um eclipse anular. No entanto, apenas em algumas partes do Brasil será possível ver o "anel", por causa do alinhamento da Lua e do Sol. Nas demais regiões, o eclipse será parcial.

Quem poderá ver o eclipse solar do dia 14 de outubro de 2023?

O eclipse anular poderá ser visto nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. A faixa da anularidade (onde o eclipse será anular) passará pelos estados do Amazonas, Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba. As únicas capitais brasileiras onde o eclipse será anular são Natal (RN) e João Pessoa (PB).

No site Time and Date, você pode selecionar a sua cidade no mapa e obter diversas informações sobre o eclipse, como o horário, a duração e até mesmo um desenho de como o eclipse aparecerá para você.

Para escrever o nome da cidade, basta acessar a página da Time and Date e digitar na barra Search for city or place.

O mapa está na cor verde e, quanto mais escuro for, mais intensa será a anularidade do eclipse:

Mapa na cor verde mostra intensidade daanularidade
(Imagem: Escritório para Divulgação da Astronomia da IAU)

Que horas ele deve acontecer?

O horário em que o eclipse ocorrerá vai depender da sua região. Pelo site Time and Date, você pode consultar o horário (local) do eclipse em sua cidade.

Como observar de forma segura um eclipse solar?

É importante que você não tente observar um eclipse solar a olho nu, pois isso pode causar danos permanentes à sua visão. Afinal, mesmo na ausência de luz visível, o Sol continua emitindo outras ondas eletromagnéticas, como raios ultravioleta e infravermelho.

(via Giphy)

Não observe também um eclipse solar usando óculos de sol, chapas de exame de raio X, câmeras fotográficas, espelhos ou filmes fotográficos. Existem maneiras (diretas e indiretas) seguras de observar esse fenômeno astronômico.

Observação direta (filtro de soldador)

De acordo com o Observatório Nacional, uma maneira de observar diretamente o eclipse de forma segura é usando filtro de soldador número 14 ou maior. Você pode comprar óculos feitos com essa lente (alguns têm justamente essa finalidade, observar o eclipse) ou fazer um modelo caseiro. Esses filtros costumam ter preço acessível em lojas especializadas.

Caso você opte por utilizar o filtro, o importante é garantir sua certificação (ISO 12312-2) e evitar uma observação prolongada, mesmo com a utilização da lente.

Utilize apenas lentes que possuam certificação ISO
Utilize apenas lentes que possuam certificação ISO 12312-2 (Imagem: Adobe Stock)

Observação indireta (câmara escura)

Outra maneira segura de observar o eclipse solar é construindo uma câmara escura, experimento clássico da Física e muito simples de construir em casa.

A câmara escura consiste em uma caixa com pequeno orifício, por onde possa entrar luz. Ao atravessá-lo, os raios de luz (vindos de alguma fonte, primária ou secundária) projetam uma imagem invertida da fonte de luz em algum anteparo (como uma folha branca) no interior da câmara.

Através de uma abertura na caixa, é possível observar a imagem do eclipse projetada no anteparo. Quanto menor e mais circular for o orifício, melhor será a qualidade da imagem.

Representação do funcionamento de uma câmara escura
Representação do funcionamento de uma câmara escura (Imagem: Adobe Stock)

Transmissão ao vivo

Além disso, o Observatório Nacional fará uma transmissão ao vivo do eclipse a partir das 11:30 (horário de Brasília), exibindo ao longo do dia o fenômeno em diversas localidades do planeta.

Por que não ocorrem eclipses todos os meses?

Se um eclipse solar ocorre durante a Lua Nova e um eclipse lunar ocorre durante a Lua Cheia, por que então não temos eclipses todos os meses? Afinal, todo mês tem Lua nova e Lua Cheia!

Isso se deve ao fato de que o plano orbital (imaginário) da Lua em torno da Terra não é o mesmo plano orbital da Terra em torno do Sol, a chamada eclíptica.

Os planos orbitais da Terra e da Lua não são os mesmos
Os planos orbitais da Terra e da Lua não são os mesmos (Imagem: Adobe Stock)

Ou seja, caso os planos orbitais desses corpos coincidissem, haveria eclipses todos os meses!

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Nicolas Castro Macuco

Analista pedagógico no Aprova Total. Licenciando em Física pela UFSC, trabalha com a disciplina para Enem e vestibulares desde 2018.

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Analista pedagógico no Aprova Total. Licenciando em Física pela UFSC, trabalha com a disciplina para Enem e vestibulares desde 2018.

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