Quais são os biomas brasileiros? Confira as características de cada um
Fatores como temperatura, precipitação, tipos de solo e outros elementos geográficos que influenciam as comunidades de plantas e animais caracterizam os biomas
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O Brasil é um dos maiores territórios do mundo, e esse fator contribui para a biodiversidade dos biomas brasileiros, que possui um conjunto único de espécies endêmicas muito características.
Para se ter um bioma (do grego bios, ‘vida’, e oma, ‘grupo ou massa’), é necessário dividir o ambiente terrestre em grandes regiões que se caracterizam por determinadas condições climáticas e por grupos de animais e plantas que se adaptam a esse ambiente.
Com base nessa divisão, o Brasil apresenta duas florestas tropicais, a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica; uma savana estépica, a Caatinga; uma extensa savana, conhecida como Cerrado; um bioma ímpar que combina a floresta tropical, cerrado e terras inundadas, chamado Pantanal; e, por fim, uma pradaria no seu extremo sul, o Pampa.
Além de ecossistemas marinhos e costeiros, que também podem ser classificados como biomas aquáticos.
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O que são biomas? Como identificá-los?
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), bioma é "um conjunto de vida (vegetal e animal) constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria.”
Ou seja, biomas são grandes regiões geográficas do planeta que possuem características climáticas, geológicas, vegetacionais e faunísticas específicas. Eles representam ecossistemas terrestres ou aquáticos com padrões de vida ecológica semelhantes devido a fatores ambientais compartilhados.
Categorizamos os biomas a partir de fatores como temperatura, precipitação, tipos de solo e outros elementos geográficos que influenciam as comunidades de plantas e animais em uma determinada área.
Além dos biomas terrestres, existem os aquáticos, como oceanos, mares, rios e lagos, cada um com suas próprias características específicas de flora e fauna.
Os biomas desempenham um papel fundamental na regulação do clima, na conservação da biodiversidade e na sustentação da vida na Terra. Eles também são importantes para a compreensão e a preservação dos ecossistemas naturais.
🔔 Curiosidade: quando uma espécie está presente em apenas um bioma de certa região geográfica, chama-se endemismo. Essa espécie endêmica pode ser exclusiva de uma região, continente, ilha, arquipélago ou de qualquer ambiente mais específico.
Conheça os biomas brasileiros
Os principais biomas brasileiros são Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal e Pampa, além de ecossistemas costeiros e marinhos.
Cada um desses ambientes possui diferentes tipos de vegetação e de fauna. E um dos motivos para tanta diversidade é que a intensidade da luz do sol não é igual em todos os lugares, assim como a quantidade de chuvas e o tipo de solo.
Tudo isso influencia a vida em cada região, pois os seres vivos e a vegetação interagem com esses fatores e dependem deles para desenvolver suas próprias especificidades.
Vamos conhecer mais a fundo esses biomas:
Amazônia
O território da Amazônia possui 4.196.943 milhões de km² (IBGE, 2004). Esse local abriga a Floresta Amazônica, a maior floresta tropical do mundo, onde estão 22% das espécies nativas do mundo. Ela é conhecida por sua biodiversidade, que incluindo uma variedade impressionante de plantas e animais.
Amazônia é uma região bastante úmida e quente, e isso deve-se à existência das florestas, que por meio da evapotranspiração perdem água para o meio ambiente, e à proximidade com o Oceano Atlântico. O clima equatorial domina a região onde está a Floresta Amazônica.
Floresta Amazônica
Essa é uma floresta ombrófila densa, ou seja, "um floresta que gosta de chuva”. Além disso, possui uma vegetação sempre verde (que não troca de folhas no outono), com árvores que chegam a 50 metros de altura.
As formações florestais deste bioma brasileiro apresentam árvores de médio e grande porte que ajudam a reter a umidade do ambiente. Elas se dividem em três grupos:
- mata de igapó, situadas nas áreas inundadas pelos rios;
- mata de várzea, presente nas áreas inundadas apenas durante as cheias dos rios;
- mata de terra firme, situada nas áreas mais elevadas (70% da extensão amazônica), onde se encontram árvores latifoliadas (folhas grandes) e de grande porte, como o cedro e o mogno.
A Floresta Amazônica vive do seu próprio material orgânico, em meio a um ambiente úmido e com chuvas abundantes. Na vegetação, observamos plantas com folhas grandes, chamadas de latifoliadas, que se adaptam ao clima extremamente quente, úmido (higrofilas) e de chuvas constantes ao longo de quase todo o ano.
Outra característica deste bioma é a estratificação, que é quando a vegetação se desenvolve, simultaneamente, com árvores de topo extremamente alto, mas também possui plantas rasteiras e arbustivas.
Apesar de ser um símbolo da biodiversidade e de referência internacional, o solo amazônico não é rico em todos os nutrientes. No entanto, o ciclo da vida vegetal e sua interação com a fauna local permitem a renovação dos minerais e da matéria orgânica do solo.
Caatinga
Do tupi-guarani “floresta branca”, a Caatinga, está presente nos estados Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e no norte de Minas Gerais. O bioma ocupa quase 10% do território nacional, com 844.453 km² (IBGE, 2004).
Apresenta clima quente e seco, com chuvas escassas e irregulares, o que diminui a disponibilidade de água e o desenvolvimento de uma vegetação exuberante.
A Caatinga apresenta três camadas:
- arbóreo (8 a 12 metros);
- arbustivo (2 a 5 metros);
- herbáceo (abaixo de 2 metros).
Esse bioma é rico em biodiversidade e completamente brasileiro. Além disso, entre as savanas e os climas áridos e semiáridos, ainda possui bastante umidade e biodiversidade, mas, em no contexto brasileiro, é o bioma mais seco.
Sua vegetação, conhecida como xerófita, se adapta ao clima seco e quente para se proteger. As folhas, por exemplo, são finas ou inexistentes, e algumas plantas armazenam água para continuar vivas, como os cactos.
O solo acumula pouca matéria orgânica na superfície, por isso, as plantas precisam ter as raízes mais profundas para alcançar uma terra mais nutritiva e úmida.
No verão do hemisfério sul, acontecem os maiores volumes de chuva da região, época em que as folhas das árvores crescem e a vegetação ganha aspectos similares aos de uma floresta baixa e modesta. Depois, a Caatinga passa por um longo período de seca que exige adaptação das plantas e dos animais.
Cerrado
O Cerrado é a segunda maior formação vegetal brasileira, superado apenas pela Floresta Amazônica. São 2.036.448 km² espalhados por 10 estados, ou 23,9% do território brasileiro (IBGE, 2004). A extensa região central do Brasil compõe-se de um mosaico de tipos de vegetação, solo, clima e topografia bastante heterogêneos.
Predomina o clima tropical sazonal, com uma estação seca, o que favorece a formação de uma savana tropical, na qual a vegetação herbácea coexiste com mais de 420 espécies de árvores e arbustos esparsos.
A vegetação do Cerrado é suscetível aos incêndios naturais. O solo, antigo e profundo, ácido e de baixa fertilidade, tem altos níveis de ferro e alumínio, o que limita o desenvolvimento da vegetação.
Mata Atlântica
A Mata Atlântica é uma região extremamente rica em biodiversidade, mas também um dos biomas brasileiros mais ameaçados do planeta. No passado, ocupava o litoral brasileiro do Rio Grande do Sul até o Rio Grande do Norte, mas, devido ao intenso desmatamento durante o século 20, hoje, possui apenas 5% do total original, cerca de 1.110.182 km² (IBGE, 2004).
Com clima tropical úmido, em que as massas de ar úmidas do Oceano Atlântico invadem a mata, torna-se uma floresta pluvial. Contudo, engloba outras variações climáticas, como o clima tropical de altitude, presente na região Sudeste, e o subtropical úmido, com predominância na região Sul.
Dessa forma, encontramos altas temperaturas, precipitações abundantes e frequentes nevoeiros em algumas áreas. Além disso, as grandes árvores que compõem a vegetação ajudam a gerar sombra e umidade para a região.
O bioma segue toda a costa leste do Brasil, abrange florestas tropicais, manguezais e ecossistemas costeiros. A Mata Atlântica corresponde à faixa verde da região nordeste da Zona da Mata e do Agreste. Na região Sul, se estende no litoral e avança sobre a serra e parte do Planalto Meridional, chegando à Argentina e ao Paraguai.
Considerando só a flora, são mais de 20 mil espécies vegetais presentes na Mata Atlântica, aproximadamente 1/3 da totalidade brasileira. Semelhantemente à flora, a fauna apresenta grande diversidade e endemismo.
Pantanal
O Pantanal é um dos mais valiosos patrimônios naturais do Brasil. Essa é a maior área úmida continental do planeta, com aproximadamente 150.355 km² (IBGE, 2004). Sua preservação ambiental é alta, o que faz dele o bioma brasileiro mais preservado do país.
Devido à proximidade com a Floresta Amazônica e o Cerrado, o cenário do Pantanal também é diverso. Apresenta árvores de médio e grande porte, características da Amazônia, e árvores retorcidas de baixo e médio porte, comuns no Cerrado.
O clima tropical, que possui duas estações bem definidas (inverno seco e verão chuvoso), por sua vez, tem grande influência sobre a vegetação, o que pode favorecer seu crescimento, como na Amazônia, ou impedi-lo, como no Cerrado.
As planícies inundadas do Pantanal possuem uma vegetação característica desse ambiente alagadiço, como os vegetais aquáticos: vitória-régia, aguapé e erva-de-santa-luzia. Nas áreas não tão alagadas, a presença de árvores do Cerrado é frequente, como os ipês e os buritis.
Pampa
O Pampa está restrito ao estado do Rio Grande do Sul, onde ocupa uma área de 176.496 km² (IBGE, 2004), o que corresponde a 63% do território gaúcho e a 2,07% do território brasileiro. No entanto, atualmente, o Pampa vem sofrendo com o intenso desmatamento.
O clima do Pampa é subtropical e possui as quatro estações do ano bem definidas. Os invernos são frios, com temperaturas abaixo de zero em algumas áreas, e frequentemente ocorrem geadas. Os verões são quentes e úmidos, e de temperaturas mais altas. Já a vegetação natural do Pampa se adapta às suas condições climática, com gramíneas e arbustos característicos desse bioma.
A vegetação do Pampa é bastante característica, composta principalmente por campos e pastagens, tornando-o um bioma de campos naturais.
Pampas apresentam temperaturas subtropicais e ficam em uma região do globo onde geralmente se formam desertos. Contudo, o local recebe uma certa umidade por causa da circulação atmosférica, causada principalmente pelo movimento de rotação e da localização das Cordilheira dos Andes.
Qual é o maior bioma do Brasil?
O maior bioma do Brasil é a Amazônia, com a famosa Floresta Amazônica. Ela ocupa quase 60% do território nacional, uma parte significativa do território brasileiro, principalmente da região norte do país.
Além do Brasil, a Amazônia também está presente em outros países da América do Sul, como Peru, Bolívia, Equador, Colômbia e Venezuela.
Qual é o bioma brasileiro mais ameaçado?
Precisamos entender que o Brasil possui dois biomas extremamente ameaçados: a Mata Atlântica e o Cerrado. No entanto, atualmente, o Cerrado é o bioma brasileiro que mais sofre com o desmatamento.
Na Mata Atlântica, há pouco mais de 12% da cobertura vegetal original, sendo este o bioma mais devastado do Brasil. As explorações econômicas ocorrem há séculos, o que influenciou diretamente no seu desaparecimento em muitas regiões do país.
Já o Cerrado enfrenta ameaças significativas por causa da expansão da agricultura, da pecuária, da mineração e da urbanização, atividades que resultam em degradação e perda de grandes áreas.
Vale destacar que a conservação é extrema importância para preservar a diversidade e o equilíbrio entre eles. Portanto, o desmatamento, a poluição dos solos e dos recursos hídricos estão entre as principais ameaças aos biomas brasileiros.
Resumo: biomas brasileiros
Confira um resumo sobre o que leu até aqui:
- o Brasil possui seis biomas de características distintas: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal;
- a Amazônia é o maior bioma do Brasil, abrangendo 60% do território nacional;
- a Floresta Amazônica tem importante papel na regulação do clima e na produção de oxigênio;
- o Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro, caracterizado por vegetação de savana. É também o mais ameaçado atualmente;
- originalmente, a Mata Atlântica cobria grande parte da costa brasileira, mas desapareceu em diversas regiões do país;
- a Caatinga é formada por uma vegetação que se adapta à escassez de água;
- o Pantanal é a maior planície alagável do mundo e tem uma biodiversidade rica, com várias espécies de aves, peixes e mamíferos;
- os Pampas ficam no extremo sul do Brasil e apresentam temperaturas subtropicais;
- todos esses biomas oferecem habitats diversos para uma variedade de espécies, mas enfrentam ameaças como desmatamento, urbanização e até mesmo mudanças climáticas;
- sua conservação é essencial para preservar a rica biodiversidade e os ecossistemas brasileiros.
Como os biomas brasileiros caem no Enem e nos vestibulares?
Os biomas brasileiros costumam aparecer em questões sobre agropecuária, desmatamento, conservação e vegetação. De acordo com a análise de incidência feita pelo Aprova Total, as provas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Fuvest gostam do tema.
Na edição regular do Enem 2023, questões mencionaram dois biomas brasileiros, o Cerrado e a Amazônia. Elas destacaram e problematizaram as atividades humanas que geram desmatamento, assim como a modernização das atividades agrícolas e os seus impactos. Veja uma delas:
Exemplo 1
(Enem 2023) Alternativas logísticas estão servindo de instrumentos que ativam os mercados especuladores de terras nas diferentes regiões da Amazônia e constituem em indicadores utilizados por diferentes atores para defender ou denunciar o avanço da cultura da soja na região e, com ela, a retomada do desmatamento. É evidente que o crescimento do desmatamento tem a ver também com a expansão da soja, porém atribuir a ela o fator principal parece não totalmente correto. Parto da compreensão central de que a lógica que gera o desmatamento está articulada pelo tripé grileiros, madeireiros e pecuaristas.
OLIVEIRA, A. U. A Amazônia e a nova geografia da produção da soja. Terra Livre, n. 26, jan.-jun 2006 (Adaptado).
Na visão do autor, o problema central da situação descrita é desencadeado pela
a) apropriação de áreas devolutas.
b) sonegação de impostos federais.
c) incorporação de exportação ilegal.
d) desoneração de setores produtivos.
e) flexibilização de legislação ambiental.
Resposta: [A]
O comando questiona o problema central da ocupação de espaços amazônicos, citando práticas econômicas, como o avanço da soja e da pecuária, através de grileiros. Elemento que torna a alternativa A como opção correta.