Biologia Ciências da Natureza

Vício no celular? Como superar o problema e equilibrar sua dopamina

Pouca gente sabe que o uso constante do smartphone pode alterar os circuitos neurais do cérebro; entenda de que forma isso acontece

Acessibilidade

Neste artigo, eu trouxe um tema super presente no nosso dia a dia: o vício no celular. Então, aproveito pra te perguntar, você passa bastante tempo conectado? Pode falar a verdade, deve ser muito mais tempo do que você gostaria, certo?

Em 2021, os brasileiros permaneceram, em média, 5 horas e 24 minutos por dia mexendo no celular. Isso é quase 25% do dia. E pouca gente sabe que esse uso constante pode alterar os circuitos neurais do cérebro.

Diversos estudos científicos já mostraram que o uso excessivo do celular altera o funcionamento dos nossos neurotransmissores. Um exemplo deles é a dopamina, uma molécula responsável pela motivação.

O que o vício no celular faz no cérebro?

O uso do celular e, principalmente, das redes sociais bagunçam o sistema de recompensa de dopamina do nosso cérebro. Os estímulos constantes e os reforços positivos, como curtidas e comentários, disparam a produção de dopamina. O grande problema é que essa produção tem um ritmo muito acelerado, e com pouco esforço. E podemos chamar isso de dopamina fácil.

Dessa forma, perdemos a capacidade de obter dopamina de outras atividades que demandam mais esforço, como uma caminhada na natureza, por exemplo. Além disso, com o tempo, vício no celular faz com que o mundo real seja cada vez menos capaz de gerar prazer ou motivação. Afinal, por que a pessoa vai sair pra correr em um dia ensolarado, se ela consegue dopamina vendo vídeos de cachorrinhos nas redes sociais?

Falando nisso, você já olhou nas estatísticas do seu celular quanto tempo você fica online por dia? Eu sugiro que você faça isso, porque os resultados podem ser assustadores. Às vezes a pessoa está viciada nessa descarga de dopamina e nem sabe!

Agora eu vou explicar como essa molécula funciona, e vou dar dicas de como organizar a vida para regular a sua produtividade.

Banner SuperMED

Sistema de recompensa 

A dopamina é um neurotransmissor produzido no cérebro. Além de controlar a motivação e o humor, ela é importante para a regulação da pressão arterial, da função renal e da digestão. A liberação de dopamina geralmente acontece em resposta a atividades prazerosas e quando a pessoa tem a expectativa de algo que vai ser prazeroso. 

Só que quando a dopamina é liberada em excesso, o corpo acaba gerando um processo de tolerância à ela. Isso ocorre por dois motivos:

  • o primeiro é que os receptores de dopamina no cérebro, que é onde ela se liga para gerar o seu efeito, diminuem em quantidade;
  • o segundo motivo é que o próprio cérebro começa a produzir menos dopamina.

Basicamente, o cérebro fica insensível, e para atingir o mesmo nível de recompensa de quando a pessoa iniciou aquele hábito, ela vai ter que fazer cada vez mais daquilo. Como usar mais quantidade de droga, por exemplo. Aí você gera um ciclo vicioso. Quanto mais droga você usa, mais você quer usar. O mesmo acontece com o uso de redes sociais, o que pode resultar no vício no celular.

adolescente no celular
Brasileiros gastam quase 25% dos seus dias usando o celular (Imagem: Freepik)

Você precisa entender que a dopamina super alta o tempo todo é um problema, porque, a longo prazo, isso gera um desequilíbrio do sistema. O desequilíbrio pode ser tão grande que, com o tempo, nada mais motiva aquela pessoa. E isso pode causar depressão e ansiedade.

Inclusive, um estudo recente mostrou que os adolescentes que passam 5 horas diárias no celular têm 71% mais chances de desenvolver depressão, em comparação com aqueles que usam o telefone por apenas uma hora. A explicação é óbvia: um sistema de dopamina desregulado.

O que influencia os níveis de dopamina?

Os principais fatores são:

  • o tamanho da recompensa;
  • a distância da recompensa;
  • e a probabilidade de receber a recompensa.

Recompensas grandes, rápidas e altamente prováveis de acontecer são mais vantajosas para o cérebro, e por isso ele se empenha nessas tarefas. Infelizmente, isso pode ser um problema, porque muitos dos nossos objetivos exigem muito esforço e acontecem a longo prazo. Às vezes, você estuda e se dedica um ano inteiro para fazer uma prova no final, como é o caso do vestibular. 

Vício no celular x o jejum de dopamina

Se você acha que seu sistema de dopamina está desregulado, vale a pena considerar retirar esse estímulo por um tempo. Ou pelo menos reduzir, fazer uma espécie de jejum dele. 

De modo geral, a ideia do jejum de dopamina é você retirar o “super estímulo”, como por exemplo o videogame, a masturbação, ou o celular. Ou, em vez de você tirar ele completamente, simplesmente limitar esse estímulo. 

Você não precisa jogar seu celular fora, mas você pode deixá-lo dentro de uma gaveta, e definir alguns horários específicos do dia para usar. 

Esse jejum de dopamina pode ser uma estratégia interessante para consertar um hábito ruim, e voltar ao equilíbrio de motivação em outras tarefas. No início pode ser dolorido, mas com certeza trará muitos benefícios. 

Mas não é pra eliminar todas as fontes de dopamina da sua vida, beleza? Afinal, você precisa dela pra se manter motivado, como eu já te expliquei antes. Uma boa forma de manter esses níveis regulados são bem clichês: fazer exercícios físicos, se alimentar de uma forma saudável, ter um sono adequado, e cultivar relacionamentos saudáveis.

 

TEMAS:

avatar
Paulo Jubilut

CEO do Aprova Total. É conhecido como "Professor Jubilut” por seu canal no YouTube, que conta com mais de 3 milhões de inscritos, o que faz dele o maior influenciador de Biologia do Brasil.

Ver mais artigos de Paulo Jubilut >

CEO do Aprova Total. É conhecido como "Professor Jubilut” por seu canal no YouTube, que conta com mais de 3 milhões de inscritos, o que faz dele o maior influenciador de Biologia do Brasil.

Ver mais artigos de Paulo Jubilut >

Compartilhe essa publicação:

Veja Também

Assine a newsletter do Aprova Total

Você receberá apenas nossos conteúdos. Não enviaremos spam nem comercializaremos os seus dados.