As consequências do uso de agrotóxicos no Brasil e no mundo
A contaminação do solo, da água e dos alimentos é um dos resultados do consumo excessivo dos defensivos químicos. Por que ainda continuamos gastando tanto dinheiro com eles?

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A luta contra o uso de agrotóxicos no contexto brasileiro tem sido expressiva nas últimas décadas. Isso porque o Brasil é um dos maiores consumidores desses defensivos no mundo, o que resulta em diversos problemas ambientais e de saúde pública.
Este tema permeia discussões em muitos espaços, como na política, na ciência, na saúde, no meio ambiente e até mesmo na educação, tamanha a sua pertinência e a possibilidade de explorá-lo nos vestibulares, seja nas questões ou nas propostas de redação.
O uso de agrotóxicos é discutido no EP 3 do AprovaDocs, série de webdocumentários exclusivos produzidos pelo Aprova Total para os alunos da plataforma.
NAVEGUE PELOS CONTEÚDOS
O que são os agrotóxicos?
Defensivos agrícolas, agroquímicos, produtos fitofarmacêuticos ou fitossanitários, pesticidas, praguicidas, biocidas, agrotóxicos, todos esses termos são sinônimos de produtos químicos sintéticos usados para matar insetos, aracnídeos e fungos. A justificativa é que eles controlam as doenças provocadas por esses vetores e regulam o crescimento da vegetação, tanto no ambiente rural quanto no urbano.
No entanto, segundo o PhD em agronomia Adilson Paschoal, criador do termo “agrotóxico”, apesar de toda a parafernália química, a indústria jamais conseguiu eliminar uma espécie de plantas daninhas. O que se observa é que quanto mais se usa agrotóxicos, mais as pragas criam resistência.
Esses produtos se dividem em três tipos:
- Herbicidas
Matam ou inibem o desenvolvimento das ervas daninhas para que elas não “roubem” nutrientes da plantação principal
- Fungicidas
Podem fazer com que as células dos fungos entrem em colapso, inibindo a entrada de ar e a energia que esses organismos precisam para se multiplicar.
- Inseticidas
Matam insetos nocivos às lavouras, que são aqueles que sugam a seiva, introduzem doenças e se alimentam de partes fundamentais para o desenvolvimento da plantação.
Consequências do consumo de agrotóxicos
Um dos principais problemas do consumo de agrotóxicos é a contaminação do solo, da água e dos alimentos. Muitos desses produtos químicos são altamente tóxicos e podem se acumular nos ecossistemas, afetando a biodiversidade e comprometendo a qualidade da água e do solo.
Além disso, a ingestão de alimentos contaminados pode levar a problemas de saúde, como intoxicação aguda e crônica, câncer, distúrbios hormonais e induzidos.
Muitos produtores agrícolas usam agrotóxicos sem seguir as instruções dos fabricantes ou as recomendações técnicas, o que tende a agravar os impactos ambientais e de saúde.
Como é o uso de agrotóxicos no Brasil?
O país tem o maior consumo de pesticidas desde 2008, consequência do desenvolvimento do agronegócio no modelo da monocultura e da produção em larga escala, em que as lavouras não seguem os ciclos naturais, mas, sim, os ciclos econômicos.
A média anual de consumo de agrotóxicos no Brasil é de 7,5 kg por habitante. Em 2018, recebemos um total aproximado de 3,3 bilhões de dólares desses produtos, porém, não se investiu esse dinheiro em colheitas diversificadas, nem para garantir a segurança alimentar da população.
No relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, que comparou o valor investido em agrotóxicos nos 20 maiores mercados globais, o Brasil apareceu como o país que mais
gastou com pesticidas: dez bilhões de dólares. Em seguida, vêm Estados Unidos, China, Japão e França.
Atualmente, o principal uso dos defensivos químicos no país se dá no cultivo de soja, milho e algodão, contudo, o uso exagerado de agrotóxicos nas lavouras do país tem desencadeado problemas no solo, doenças nos animais e até mesmo nas pessoas.

Ou seja, o mesmo veneno que mantém as plantas saudáveis também é responsável pela morte de abelhas, insetos essenciais na polinização das plantas, um processo fundamental no ciclo da agricultura. Em janeiro de 2019, em Santa Catarina, por exemplo, 50 milhões de abelhas morreram envenenadas por agrotóxicos usados nas lavouras de soja.
Segundo a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, o glifosato, agrotóxico mais vendido do Brasil, é “provavelmente cancerígeno”.
Esse defensivo atua na eliminação de ervas daninhas na agricultura, agindo no bloqueio de uma enzima que faz parte da síntese de aminoácidos essenciais para o desenvolvimento das plantas.
O que favorece o uso de agrotóxicos no mundo?
A resposta está nos commodities, produtos básicos globais não industrializados. As sacas de sementes e grãos podem ser armazenadas e transportadas para servirem de moeda de troca em negociações bilionárias - ou seja, assim como o ouro, o dólar e o petróleo, a soja é um commodity.
No mundo, se produz commodities em uma grande extensão territorial, em um modelo que não considera fatores climáticos e características geográficas locais para a produção. Dessa forma, se escolhe plantar aquilo que vende melhor e por um preço mais alto.
Aqui no Brasil, a área destinada a plantações de soja equivale ao território da Alemanha. Então, é como se tivéssemos um país de soja dentro do nosso território nacional. E onde entram os agrotóxicos?
Dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal apontam que a soja consumiu 52% das vendas de agrotóxicos no país.
A maior parte dessa produção é usada em ração para animais, os mesmos que nos servem de alimento, como carne e derivados. Dessa maneira, os pesticidas estão diretamente envolvidos na nossa cadeia alimentar. O uso excessivo deles não só deixa veneno nos alimentos, como também pode afetar sua qualidade nutricional.
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Por que devemos evitar o uso de agrotóxicos?
A história de que o modelo atual de agricultura é a única forma possível e de que, sem defensivos químicos, a produção agrícola não é viável, é reproduzida por quem se beneficia economicamente disso.
No entanto, a maior parte da produção de alimentos que chega no prato dos brasileiros vem dos pequenos e médios produtores. Eles praticam um tipo de agricultura diversa e equilibrada.

Modelos de agricultura extensiva, em menor escala e com maior distribuição, geram produções mais
sustentáveis, sem impactar tanto a natureza de forma negativa.
AprovaDocs: webdocumentários do Aprova Total
Toda segunda-feira, os alunos do Aprova Total têm um encontro marcado com uma nova produção que chega na plataforma. Os temas envolvem desde questões sociais, políticas e culturais até discussões sobre a natureza e o universo.
Nosso principal objetivo é compartilhar conhecimento sobre assuntos relevantes para as provas do vestibular, em especial a de redação.
No canal do Aprova no YouTube, também é possível assistir gratuitamente aos EP 1 e 2 do AprovaDocs. Os temas são Consequências do Uso Excessivo de Plástico e Arquitetura Hostil.
Para conferir os próximos webdocumentários, assine a plataforma e garanta ainda todo apoio para conquistar sua tão sonhada vaga no vestibular. Esperamos você!
