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Palestina: conheça a região e sua complexa dinâmica política

O contexto palestino e sua existência são marcados por uma história de dominação e resistência; aprenda sobre seu território, seu clima, sua economia e muito mais

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A Palestina é uma região de grande importância histórica, cultural e política situada no Oriente Médio, compreendendo partes do que hoje são Israel, Cisjordânia e Faixa de Gaza. Localizada entre o Mar Mediterrâneo e o Rio Jordão, ela tem sido um ponto focal de civilizações e muitos conflitos ao longo dos séculos.

Desde a antiguidade, a região foi governada por impérios poderosos, como os egípcios, assírios, babilônios, persas, gregos e romanos.

Agora, nos tempos modernos, após o colapso do Império Otomano, a Palestina foi colocada sob mandato britânico até o estabelecimento do Estado de Israel em 1948, um evento que desencadeou uma série de conflitos e tensões que perduram até hoje.

Conhecer a Palestina é essencial para entender não apenas a complexa dinâmica política da região, mas também para entender o contexto de sua existência.

Dados gerais sobre a Palestina

Confira informações sobre a Palestina, como dados sobre território, clima, cidades que estão presentes na região e mais.

Território e demografia

A Palestina situa-se no Oriente Médio e é composta por territórios que não são contíguos (isso quer dizer que não ficam lado a lado). Faixa de Gaza, uma de suas áreas, ocupa cerca de 365 km², está localizada no extremo leste do Mar Mediterrâneo, fazendo fronteira ao norte e ao leste com Israel e ao sudoeste com o Egito.

Outra região significativa é a Cisjordânia, que fica entre Israel ao norte, sul e oeste, e tem a Jordânia ao leste. Esta área também abriga uma grande porção do Mar Morto, na fronteira sul com Israel.

A Cisjordânia abrange aproximadamente 5.655 km², contribuindo para a área total de 6.020 km² atribuída pela Organização das Nações Unidas à Palestina, apesar de os territórios palestinos não serem contínuos.

No entanto, após diversos conflitos e avanços militares, Israel tomou esses territórios palestinos, a partir de assentamentos e campanhas militares.

Mapa da Palestina

Veja momentos diferentes do território palestino, conforme descritos no tópico anterior:

Proposta da ONU para criação de Israel em 1947 (Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons)
Território palestino de 1948 a 1967 (Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons)
Território palestino após avanço israelenses (Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons)

Mudanças no território palestino

Em 1947, a ONU propôs a Partilha da Palestina, que dividia a região em dois Estados: Israel e Palestina, e estabeleceu Jerusalém como território neutro. No entanto, ambos os lados rejeitaram a partilha, resultando em ataques terroristas judaicos e na expulsão de famílias palestinas.

Isso aconteceu em meio a disputas entre a maioria árabe autóctone (palestinos) e a minoria de judeus migrantes da Europa e outras regiões, adeptos do movimento sionista. Este movimento se caracteriza pelo nacionalismo judeu, ou seja, a ideia de que esse povo merece uma nação e que ela deve ser instaurada na antiga Terra Santa, de onde eles foram expulsos a 2 mil anos atrás.

A região era habitada por palestinos, mas esteve sob domínio do Império Turco até a Primeira Guerra Mundial. Após a derrota dos turcos no conflito, seus territórios foram divididos entre França e Inglaterra.

Durante o período entre guerras, os britânicos administraram a Palestina, mas, com o crescimento do sionismo na Europa, a migração judaica foi impulsionada, levando aos primeiros conflitos entre palestinos e judeus, ainda na década de 1920.

Mais tarde, a perseguição aos judeus na Europa, especialmente após a ascensão do Nazismo na Alemanha (a partir de 1930), aumentou esse deslocamento.

Em 1948, a ONU aprovou a criação do Estado de Israel, que foi imediatamente atacado por cinco países árabes e devolveu a ofensiva. Na ocasião, cerca de 700 mil palestinos foram expulsos de suas terras, marcando um momento trágico na história do país.

O povo palestino ainda reivindica o reconhecimento do seu estado nacional, enquanto Israel continua não respeitando a demarcação dos territórios.

Clima e relevo

Os climas na Palestina variam devido à sua localização. A Faixa de Gaza é diretamente influenciada pela umidade do Mar Mediterrâneo, ao mesmo tempo em que se encontra perto do deserto ao sul de Israel. Nessa área, prevalece um clima temperado, com verões quentes e secos, além de invernos amenos e chuvosos.

Na Cisjordânia, as condições climáticas são afetadas tanto pelas regiões áridas quanto pela altitude, o que resulta em variações de temperatura e precipitação. Em geral, os verões também são quentes e secos, enquanto os invernos podem ser mais frios e com maior pluviosidade. As temperaturas médias na região são de 20,2ºC, com precipitação anual é de 667 mm.

A Faixa de Gaza possui planícies, com altitudes que não ultrapassam 105 metros acima do nível do mar, que é o ponto mais alto dessa área.

Na Cisjordânia, o relevo se caracteriza por depressões e planaltos, que se estendem do centro para o oeste, incluindo uma cadeia montanhosa que se prolonga de norte a sul. O Deserto da Judeia, presente nessa região, cobre as terras centrais e vai até o sul, entrando em Israel.

As altitudes diminuem perto do Rio Jordão e do Mar Morto, onde estão os vales em rifte. O ponto mais alto é o Monte Nabi Yunis, a sudoeste, com 1.030 metros.

Características demográficas

A Palestina tem atualmente 5.154.173 habitantes, conforme dados oficiais de 2020. A maior parte dos palestinos (59,77%) reside na Cisjordânia, enquanto os demais vivem nas áreas administrativas da Faixa de Gaza (mais de dois milhões de pessoas).

Nesta região, a densidade populacional é muito alta, com 5.693 hab./km², tornando-se a área mais densamente povoada. Nos outros territórios, a densidade demográfica é menor, com 545 hab./km².

Mais de 738 mil palestinos vivem atualmente em outros locais, excluindo os países árabes, que abrigam 6,14 milhões de palestinos. A cidade de Hebron, dividida entre uma parte palestina e outra sob controle israelense, é a mais populosa da Cisjordânia, com 27.161 habitantes. Na Faixa de Gaza, a maioria dos palestinos está em Gaza, que tem 21.831 habitantes.

📈 Segundo o Programa das ONU para o Desenvolvimento, o IDH da Palestina é de 0,708. A expectativa de vida no território é de 74,1 anos, enquanto a taxa de analfabetismo era de 2,5% da população acima de 15 anos em 2020.

Principais cidades palestinas

As principais cidades sob administração palestina incluem Gaza, que é o maior centro urbano da Faixa de Gaza, e Ramallah, que serve como capital e centro administrativo da Autoridade Nacional Palestina (ANP) na Cisjordânia.

Por mais que a capital declarada da Palestina seja Jerusalém Oriental, o conflito israelense-palestino faz com que essa informação não seja reconhecida internacionalmente.

Jerusalém, Cúpula da Rocha, Igreja do Santo Sepulcro ao fundo
Jerusalém, Cúpula da Rocha, Igreja do Santo Sepulcro ao fundo (Imagem: Wikimedia Commons)

Outras cidades significativas são Hebron, Nablus e Jenin, cada uma com seu próprio papel cultural e histórico na sociedade palestina.

Setores econômicos e desenvolvimento da Palestina

Devido à conjuntura política instável e aos conflitos frequentes, a economia dos territórios palestinos, especialmente a produção agropecuária e o desenvolvimento industrial, enfrenta muitas limitações.

Os dados da ONU para 2020 mostram um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 16,27 bilhões, representando, aproximadamente, 68% de aumento em uma década. O PIB per capita no mesmo período é de US$ 3.347.

A agricultura é um dos pilares da economia palestina e representa uma parte significativa dos empregos nos territórios. A produção agrícola se dá a partir da irrigação nas regiões mais secas e depende da estação chuvosa nas áreas com maior índice pluviométrico.

Os principais cultivos são árvores frutíferas, especialmente oliveiras, vegetais, hortaliças e frutas cítricas. A atividade pesqueira também é importante para a economia da Faixa de Gaza, que possui saída para o Mediterrâneo.

Já na indústria, o setor de tecnologia e comunicação cresceu nos últimos anos, com significativa presença de startups.

No geral, predomina a produção derivada do setor primário, com destaque para o processamento de azeitonas, madeira e celulose, além dos serviços essenciais (energia, água) e manufaturas, incluindo produtos químicos, farmacêuticos, médico-hospitalares, veículos, entre outros.

No setor terciário, o turismo, especialmente o religioso, é uma das principais atividades econômicas.

📈 Os territórios palestinos enfrentam problemas como desemprego. As taxas são maiores na Faixa de Gaza, onde atingiu 49,1% em 2020; enquanto na Cisjordânia, essa taxa é consideravelmente menor, registrando 14,8%.

Tipo de governo da Palestina

Atualmente, mais de 145 países reconhecem a Palestina como um Estado. Porém, Estados Unidos e seus aliados (Japão, Reino Unido, Austrália e Canadá), não são parte deste grupo, e isso impede que o país seja assim reconhecido mundialmente.

Os territórios palestinos possuem um governo dividido: a Autoridade Nacional Palestina (ANP), liderada pelo Fatah, administra partes da Cisjordânia, enquanto o grupo terrorista Hamas governa a Faixa de Gaza.

Essa divisão política se tornou um dos principais obstáculos para a unidade palestina e tem implicações significativas para as relações internacionais e o processo de paz na região.

Situação atual da Palestina

A Palestina é foco de tensões intensas e conflitos no Oriente Médio. A complexidade dessa situação se envolve muitos contextos, como a política interna e as relações com Israel, as condições econômicas desafiadoras e as profundas crises humanitárias que afetam a população. 

Política

A política palestina é marcada por divisões profundas e uma luta contínua pela autodeterminação. Enquanto a ANP controla partes da Cisjordânia, o Hamas governa a Faixa de Gaza desde 2007, divisão que gera tensão não apenas entre os palestinos, como nas interações com Israel e o cenário internacional.

Recentemente, as tensões se intensificaram com a ascensão de políticas extremistas por parte de Israel, sob o governo de Benjamin Netanyahu (Partido Likud). O Likud adotou uma postura mais dura em relação à Palestina, rejeitando inclusive compromissos anteriores, como a Solução dos Dois Estados, proposta estabelecida pelos Acordos de Oslo em 1993.

Este impasse político se acentua por frequentes confrontos e uma retórica inflamada que diminui as esperanças de uma solução pacífica.

Economia e desenvolvimento

A economia palestina enfrenta muitos desafios, já que a região depende significativamente de ajuda externa e da economia israelense. Restrições severas à movimentação de pessoas e bens, especialmente na Faixa de Gaza, estrangulam o desenvolvimento econômico.

Ou seja, o bloqueio de Gaza, imposto por Israel, limita a importação de produtos de necessidades básicas e de materiais de construção, essenciais para a reconstrução após os frequentes conflitos.

Além disso, o desemprego na Palestina é alto, mais ainda entre os jovens. Essa falta de oportunidades faz com que as principais perspectivas de futuro sejam fora do país ou em atividades de militância.

Questões humanitárias

As condições humanitárias na Palestina são graves, com falta de infraestruturas médica, educacional e habitacional adequadas. Conflitos recorrentes resultam nessa destruição significativa, e deixam a população sem acesso a serviços essenciais como saúde e educação.

A situação é particularmente crítica na Faixa de Gaza, onde as incursões militares e os bloqueios israelenses resultaram em uma crise prolongada.

Há um esforço da comunidade internacional para mediar essas tensões e assistir ao civis, que ficam cada vez mais vulneráveis e sofrem as consequências dessa guerra.

Resumo: Palestina

Veja os destaques do que você leu até aqui:

  • a Palestina é uma região de grande importância histórica, cultural e política situada no Oriente Médio;
  • ela compreende partes do que hoje são Israel, Cisjordânia e Faixa de Gaza;
  • localizada entre o Mar Mediterrâneo e o Rio Jordão, a Palestina tem sido um ponto focal de civilizações e conflitos ao longo dos séculos;
  • sua demografia é de maioria árabe palestina, com população predominantemente jovem;
  • Gaza, Ramallah, Hebron e Nablus são as principais cidades palestinas;
  • a região tem economia baseada em agricultura, mas conta com serviços e ajuda externa, situação fortemente impactada por restrições israelenses;
  • o governo se divide entre a Autoridade Nacional Palestina (Fatah) e o Hamas, grupo terrorista que lidera a Faixa de Gaza;
  • há anos, o acesso limitado a recursos essenciais, motivado por bloqueios israelenses, torna precárias as condições de vida na região.
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Como o tema cai no Enem e nos vestibulares?

Você se lembra de que geopolítica é o assunto de Geografia que mais cai no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), certo? Portanto, entender sobre os conflitos globais deve fazer parte dos seus estudos.

A situação geopolítica da Palestina é um tema recorrente Enem. Em 2023, por exemplo, duas questões abordaram o histórico situação entre Israel e Palestina.

Nos  vestibulares em geral, a geopolítica também aparece bastante. Na Fuvest e na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), o tema está entre os mais lembrados.

Exemplo 1

(Enem 2023)  Escrito durante a Primeira Guerra Mundial, o seguinte trecho faz parte da carta enviada pelo secretário do exterior britânico, Sir Arthur James Balfour, ao banqueiro Lord Rotschild, presidente da Liga Sionista, em 2 de novembro de 1917, a carta ficou conhecida como Declaração Balfour:

“O governo de Sua Majestade vê com aprovação o estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povo judeu, e fará todos os esforços para facilitar tal objetivo. Nada será feito que possa prejudicar os diretos civis e religiosos das comunidades não judaicas na Palestina”.

GATTAZ, A. A Guerra da Palestina. São Paulo: Usina do Livro, 2002 (adaptado).

A análise do resultado do processo em questão revela que o governo inglês foi incapaz de garantir seu objetivo de

a) promover o bem-estar social.   
b) negociar o apoio muçulmano.   
c) mediar os conflitos territoriais.  
d) estimular a cooperação regional.   
e) combater os governos autocráticos.   

Resposta: [C]
Apesar das promessas da Declaração Balfour em garantir um lar para o povo judeu, enquanto preservava os direitos das comunidades não judaicas na Palestina, o governo inglês não conseguiu estabilizar a convivência entre os povos.

Exemplo 2

(Unesp 2022) Cadê Palestina no Google Maps?

Polêmica antiga ressurge nas redes sociais

A reportagem acessou o Maps e verificou os nomes dos territórios da Cisjordânia e Gaza, ambos demarcados com uma linha tracejada, usada pela plataforma para indicar limites territoriais em disputa. Quando se trata de áreas não disputadas, a linha é cinza e sólida. Ao aproximar a imagem, aparece no contorno da linha a frase “1950 – linha do acordo de armistício”.

(www.uol.com.br, 16.07.2020.)

A representação espacial questionada no título da reportagem reflete

a) conflitos entre muçulmanos e hindus pelo controle territorial.   
b) embates entre sírios e libaneses pela hegemonia política local.   
c) desacordos entre sírios e judeus pela posse de áreas agrícolas.   
​​​​​​​d) guerras entre árabes e muçulmanos pelo direito à descolonização. 
e) disputas entre árabes e judeus pela criação de seus Estados.   

Respostas: [E]
Em 1947, na Partilha da Palestina pela ONU, a região deveria ser dividida em dois Estados (Israel e Palestina), com a cidade de Jerusalém sendo território neutro. No entanto, desde 1948, os conflitos entre israelenses e árabes impediram a constituição de uma Palestina independente, uma vez que seus territórios foram parcialmente ocupados por Israel. Atualmente, a Palestina é apenas um Estado Observador na ONU, sem direito a voto na Assembleia Geral.

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Caio Neves

Analista Pedagógico de Geografia no Aprova Total. Graduando pela UFSC.

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