Química

Coloides: definição, exemplos e propriedades

Um coloide é um tipo de mistura heterogênea, onde as partículas dispersas no meio dispersante tem um diâmetro na faixa de 1 a 1000 nm. Conheça os principais exemplos de coloides e suas propriedades

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Um coloide é um tipo de mistura heterogênea, onde as partículas dispersas no meio dispersante tem um diâmetro na faixa de 1 a 1000 nm.

Os coloides podem apresentar como dispersante um meio sólido, líquido ou gasoso. Alguns exemplos de coloides são o sangue, o leite, a maionese, o isopor, as nuvens, a gelatina... e muitos outros! Vamos falar mais a respeito de sua classificação, propriedades e exemplos.

Constituição dos coloides

Quando estudamos sobre coloides, nos deparamos com termos novos: disperso e dispersante.

Disperso: como o próprio nome diz, é aquilo que esta disperso no meio (partículas). O disperso pode ser visto como o equivalente ao soluto das soluções.

Dispersante: é o que está em maior quantidade e envolve o disperso. O dispersante equivale ao solvente das soluções.

Propriedades dos coloides

Tamanho de partícula

A imagem mostra uma escala com o tamanho das partículas presentes em soluções, coloides e suspensões.
Cada sistema tem partículas com tamanhos específicos

Partículas dispersas que possuem um diâmetro maior que 1 nm, mas menor que 1000 nm, entram na definição de coloides. Essas partículas são pequenas e leves o suficiente para que não se depositem, mas ainda sim grandes demais para classificarem o sistema como homogêneo.

Um coloide, a olho nu, apresenta somente uma fase, o que nos leva a acreditar que é uma mistura homogênea. Porém, ao observar a mistura em um ultramicroscópio, percebe-se a presença de mais de uma fase, o que classifica a mistura como heterogênea.

Um coloide, em nível macroscópico, parece homogêneo. Em nível microscópico (ou nanoscópico), ele é heterogêneo.

Já uma partícula com um diâmetro menor que 1 nm está na faixa de tamanho dos átomos, moléculas e íons. Quando esse tipo de partícula está dissolvida em um meio, a mistura é homogênea, ou seja, uma solução (cloreto de sódio em água e açúcar em água são exemplos de soluções).

Uma mistura com partículas de diâmetro maior que 1000 nm caracteriza uma suspensão. Nesse caso as partículas são grandes e sedimentam no fundo do recipiente após um certo tempo, sendo assim, uma suspensão é uma mistura heterogênea (água e areia é um exemplo de suspensão).

Efeito Tyndall

Embora as partículas de uma dispersão coloidal sejam pequenas a ponto do meio parecer homogêneo, elas são grandes o suficiente para espalharem a luz visível. A consequência disso é a maioria dos coloides terem aparência opaca e turva. Por exemplo, as micelas de gordura e macromoléculas de proteína presentes no leite são capazes de refletir a luz incidente, o que explica sua cor branca.

Esse efeito da dispersão da luz incidente pelas partículas do meio é conhecido como efeito Tyndall, uma propriedade dos coloides. Soluções verdadeiramente homogêneas não apresentam essa propriedade.

Copo preenchido com leite, um coloide do tipo emulsão, em cima de uma mesa de madeira.
O leite é um coloide, e sua cor é explicada pelo efeito Tyndall

O efeito Tyndall é perceptível quando um feixe de luz é incidido em um coloide, como mostrado abaixo. Na imagem vemos que o líquido do primeiro frasco não apresenta o efeito Tyndall, diferente daquele presente no segundo frasco.

 Um laser vermelho passa por duas soluções de composições diferentes. A primeira não espalha a luz, pois de uma solução verdadeiramente homogênea. A segunda solução é um coloide, espalhando em seu meio a luz incidida.
Diferentemente das soluções homogêneas (frasco 1), coloides dispersam a luz incidida pelo laser (frasco 2).

É o efeito Tyndall que explica porque os motoristas devem deixar a luz dos faróis do carro baixa em dias de neblina: ela é um coloide do tipo aerossol (partículas dispersas em um gás), que reflete a luz incidida e dificulta mais ainda visualização da estrada.

A imagem mostra um carro no escuro, com faróis acesos e a reflexão da luz da neblina, que é um coloide do tipo aerossol
A neblina é um coloide, sendo assim, reflete a luz incidida pelo farol do carro. Esse fenômeno é conhecido como efeito Tyndall.

Movimento Browniano

O movimento browniano é o movimento aleatório que ocorre com as partículas dispersas num fluido (líquido ou gás), devido a constante colisão com as moléculas do dispersante. Veja este fenômeno na animação abaixo:

Animação na forma de GIF mostrando  moléculas do dispersante em agitação, que ocasiona no movimento aleatório da partícula dispersa
O movimento aleatório de uma partícula em um fluido é definido como movimento Browniano.

Essa constante movimentação do disperso no fluido é um dos motivos para que as partículas não sedimentem.

Classificação e exemplos

Assim como as soluções, as dispersões coloidais podem estar no estado sólido, líquido ou gasoso. A tabela abaixo apresenta os tipos de coloides e seus principais exemplos.

Tabela com os tipos de coloides e seus principais exemplos

Emulsão: um coloide que requer algo a mais

Uma emulsão é uma dispersão coloidal envolvendo fases que naturalmente não se misturam, como por exemplo óleo em água. Sendo assim, para que a mistura fique estável, é necessária a presença de um agente emulsificante.

O agente emulsificante contém moléculas anfifílicas, as quais são capazes de "unir" os opostos, já que têm em sua estrutura molecular uma parte hidrofóbica (interage com a fase oleosa) e outra hidrofílica (interage com a fase aquosa). As estruturas formadas são chamadas de micelas.

Um exemplo de emulsão é a maionese! As receitas de maionese levam como ingredientes vinagre, óleo vegetal e gemas de ovo. O vinagre caracteriza a fase aquosa e o óleo vegetal a fase oleosa. Sendo assim, o ingrediente que sobrou para estabilizar esse sistema e possibilitar a existência da emulsão é a gema de ovo! A gema do ovo contém um estabilizante natural, a lecitina. A lecitina é uma mistura de fosfolipídios, triglicerídeos, glicolipídeos e carboidratos.

Métodos de separação de coloides

Devido ao tamanho pequeno das partículas dispersas nos coloides, não é possível separar as fases da mistura por métodos tradicionais de filtração ou por decantação.

A filtração dessas partículas pode ser feita através de métodos de ultrafiltração, onde utilizam-se como filtros membranas semipermeáveis, ou por meio da centrifugação, onde utiliza-se uma centrífuga para que haja a separação dos componentes via sedimentação.

Um técnico que laboratório segurando um tubo contendo sangue, com suas fases separadas, perto de uma centrifuga de laboratório.
A centrifugação é um método de separação para coloides.
Na imagem uma técnica de laboratório analisa uma amostra de sangue em um ultramicroscópio.

Coloides na biologia

Sangue: solução, coloide ou suspensão?

Devido sua complexidade, o sangue pode ser classificado de diferentes formas, sendo que todas elas são coexistentes. 

O sangue é uma solução pois nele existem pequenas substâncias dissolvidas, como por exemplo o cloreto de sódio. Também trata-se de uma solução coloidal, já que nele encontram-se diversas macromoléculas de dimensões coloidais, como proteínas e polissacarídeos. Além disso, pode ser classificado como uma dispersão coloidal, mais especificamente como uma emulsão, já que existem gotículas de gorduras dispersas. 

E não acaba por aí, pois o sangue também é uma suspensão! Ele pode ser classificado dessa maneira devido a existência de partículas sólidas de dimensões maiores, como as hemácias, leucócitos e plaquetas. Nesse caso, se uma amostra de sangue for deixada em repouso por um certo tempo, haverá uma separação de fases devido ação da gravidade. 

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