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Cansaço nos estudos: o que causa e como lidar

Selecionamos estratégias reais para recuperar o foco e garantir uma rotina de aprendizado mais produtiva, sem se esgotar

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Vai chegando o fim do dia e você sente que sua cabeça já não funciona mais? O cansaço nos estudos é mais comum e mais sério do que parece. E o pior: ele não vem só de esforço físico, mas também da cobrança e da pressão que a preparação para o Enem ou vestibulares traz.

Neste post, vamos mostrar as principais causas do cansaço nos estudos, como lidar com isso de forma saudável e as melhores estratégias que você pode usar para manter o foco sem se sobrecarregar.

O que causa o cansaço nos estudos?

O cansaço nos estudos não aparece do nada. Ele é o acúmulo silencioso de pequenas escolhas, hábitos mal ajustados e emoções intensas que se repetem dia após dia. E o mais importante: não é fraqueza. É o seu corpo e o seu cérebro pedindo socorro.

Vamos entender por que isso acontece e o que a ciência diz sobre esse processo.

Carga horária excessiva

Estudar 10, 12 ou até 14 horas por dia parece, à primeira vista, uma demonstração de disciplina e esforço. Mas, na prática, isso tende a ser ineficiente e desgastante.

Diversos estudos mostram que o cérebro humano possui limites naturais para atenção contínua. Após cerca de 50 a 90 minutos de esforço mental concentrado, a capacidade de foco começa a diminuir — e com ela, a produtividade. Isso ocorre porque o cérebro precisa de pausas para consolidar informações e se recuperar.

É nesse ponto que surge a fadiga mental, um estado em que sua mente continua tentando funcionar, mas o rendimento despenca. Você lê, mas não absorve. Revisa, mas não retém. A produtividade vira ilusão: o tempo investido não se traduz em aprendizado real.

Em vez de "quanto mais, melhor", o que funciona é quanto mais inteligente for o seu estudo, melhor o seu resultado.

Falta de pausas

Um dos maiores mitos do estudo produtivo é o da “imersão contínua”: estudar por horas a fio, sem interrupções, como se fosse possível manter o cérebro em performance máxima o tempo todo.

Mas o cérebro opera em ritmos naturais de desempenho, conhecidos como ritmos ultradianos, que duram cerca de 90 minutos. Após esse tempo, a performance cognitiva cai, e continuar forçando a concentração só aumenta o desgaste.

Pior: muitos estudantes se sentem culpados por pausar. Como se descansar fosse um “erro”. Mas a pausa não é luxo — é parte do processo de consolidação da memória.

A neurociência já mostrou que pausas curtas e intencionais não atrapalham o estudo — elas otimizam o aprendizado. Durante esses momentos de descanso, o cérebro processa e organiza as informações adquiridas, o que melhora a memorização.

Ignorar essas pausas não é sinal de foco: é uma forma silenciosa de sabotagem.

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Pressão por resultados

Entre todas as causas do cansaço nos estudos, talvez essa seja a mais invisível (e a mais comum): a pressão emocional constante por resultados.

A ansiedade gerada pelas metas, como passar em Medicina, tirar uma nota de corte alta ou se destacar no Enem, ativa regiões do cérebro responsáveis pelo sistema de alerta, como a amígdala cerebral

Isso intensifica o estado de vigilância, dificulta o foco e prejudica o funcionamento do hipocampo, área essencial para a formação de memórias de longo prazo. Ou seja: quanto mais ansioso você está, menos você aprende de fato.

Esse estresse crônico também interfere no sono, no apetite, no humor e até na imunidade. Não é incomum estudantes relatarem sensação de exaustão ao acordar, mesmo após uma noite inteira de descanso. Isso é um sinal de que o corpo está em constante estado de sobrecarga.

Do ponto de vista psicológico, essa pressão ativa um padrão conhecido como perfeccionismo sabotador: a ideia de que "nunca é suficiente", de que todo mundo está estudando mais, de que você precisa provar o tempo todo que é capaz. E isso mina sua autoestima, alimenta a autocobrança e, inevitavelmente, leva ao esgotamento.

O que os estudantes sentem quando estão cansados?

Você não está sozinho. O cansaço que surge durante a preparação para o Enem ou vestibulares não atinge apenas o corpo, ele afeta também o emocional, a motivação e a forma como você enxerga a si mesmo. 

A exaustão vai muito além da vontade de dormir. Ela atinge o jeito como você interpreta seu progresso, seu valor e sua capacidade de continuar.

Muitos estudantes não sabem mais se estão cansados, desmotivados ou simplesmente travados. E, na maioria das vezes, é um pouco de tudo isso ao mesmo tempo.

Vamos entender os sentimentos mais comuns ligados ao cansaço e como eles impactam sua rotina de estudos.

Frustração: "Não tô rendendo como eu queria"

Você estuda, mas sente que não aprende. Ou passa horas revisando, mas não consegue lembrar de quase nada. Esse descompasso entre esforço e resultado gera um sentimento de frustração profunda, como se todo o seu empenho não estivesse valendo a pena.

E o problema não é só técnico, é emocional. A frustração mina a autoconfiança e coloca você num ciclo de pensamentos negativos:

“Eu sou burro?”, “Por que os outros conseguem e eu não?”, “Será que eu não nasci pra isso?”

Essa sensação é perigosa porque ela costuma vir justamente quando o estudante está tentando dar o seu melhor. O cérebro cansado distorce a percepção da realidade — você pode estar avançando, mas não consegue perceber isso com clareza.

Culpa: "Eu devia estar estudando agora"

A culpa aparece até nos momentos em que você decide descansar. Você para 15 minutos para respirar, mas a cabeça continua girando em torno da lista de conteúdos atrasados. Você decide tirar um cochilo, mas acorda com a sensação de que “perdeu tempo”.

Esse sentimento de culpa está diretamente ligado à cultura da produtividade tóxica, que vende a ideia de que “descansar é fraqueza” ou que “quem dorme não passa”.

Mas a neurociência é clara: o aprendizado depende do descanso. O sono consolida a memória. As pausas evitam a sobrecarga. O corpo que descansa aprende melhor.

Descansar não é um prêmio por render, é um componente da sua rotina de alto rendimento.

Vergonha: "Todo mundo parece estar indo melhor"

Muitos estudantes também relatam um sentimento de vergonha silenciosa. Vergonha de estar cansado, de não conseguir manter o ritmo dos outros e de admitir que não está bem.

Esse sentimento se intensifica com o uso das redes sociais, onde as pessoas tendem a postar apenas os momentos produtivos, as metas batidas, os cadernos organizados, os resumos impecáveis. E você olha pra tudo isso com olheiras, um copo de café velho e uma pilha de matéria atrasada.

Mas o que você vê nas redes é só a vitrine, não os bastidores. E o seu processo, por mais bagunçado que pareça, continua sendo válido.

Desamparo: "Tô fazendo tudo certo, mas continuo exausto"

Esse é um dos sentimentos mais difíceis de lidar: a sensação de que você está fazendo tudo o que deve (cronograma, revisão, simulados), mas ainda assim se sente cansado, improdutivo ou emocionalmente exausto.

É aí que entra a importância de variar o estímulo, de encontrar respiros, de permitir pausas que realmente renovem.

Solidariedade: "Tamo junto" é mais que frase de efeito

Por outro lado, uma das forças mais potentes entre estudantes que vivem essa rotina intensa é a empatia mútua.

Nos fóruns, grupos de WhatsApp, Discord, Telegram ou mesmo em comunidades como Reddit, é possível ver uma rede de apoio se formando:

  • Estudantes compartilhando fracassos e vitórias
  • Gente que chora, desabafa, mas segue em frente
  • Pessoas que param o próprio estudo por 5 minutos só pra responder alguém que tá em crise

Esse tipo de apoio é combustível emocional. É o lembrete de que ninguém está realmente sozinho. Que todo mundo que passou por isso já se sentiu assim — e superou.

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Como lidar com o cansaço nos estudos?

A boa notícia é que dá, sim, para reduzir o cansaço sem abrir mão da sua meta de aprovação. A má notícia? Não existe fórmula mágica. O que existe são ajustes realistas na rotina que, somados, mudam a forma como seu corpo e sua mente reagem ao esforço.

Essas estratégias foram testadas por milhares de estudantes — muitos deles cansados como você, mas determinados a encontrar um caminho mais sustentável. Vamos a elas.

1. Técnica Pomodoro (com adaptação de realidade)

A ideia básica da Técnica Pomodoro é simples:
25 minutos de foco total + 5 minutos de pausa.
A cada 4 blocos, uma pausa maior (15 a 30 minutos).

Mas aqui vai um ajuste realista: nem todo mundo se adapta à rigidez dos blocos. Se você está exausto, comece com blocos menores, tipo 15 + 5. Se estiver engatado, vá até 40 + 10. O importante é o ciclo de ação + pausa curta.

💡 Dica prática: use um cronômetro (como o app Forest ou o Tomato Timer) e, ao pausar, não mexa no celular nem veja redes sociais. Use esses 5 minutos para levantar, respirar, se hidratar ou simplesmente não fazer nada.

2. Pausas ativas (de verdade, não só "sair da cadeira")

Sabe quando você levanta da cadeira, vai até a cozinha, olha pro celular e volta? Isso não conta como pausa ativa.

Pausa ativa é quando você movimenta o corpo com intenção.
Alongamento, pular corda por 3 minutos, dançar uma música rápida, fazer polichinelos. A ideia é “resetar o corpo” e melhorar a oxigenação cerebral.

💡 Dica prática: entre blocos de estudo, faça um alongamento curto com 3 respirações profundas. Se quiser, siga um vídeo de 5 minutos no YouTube com alongamento para quem estuda. Coloque como parte do seu ritual, não como exceção.

3. Sono bom não é dormir muito — é dormir com qualidade

Você pode dormir 8 horas e acordar moído. Isso acontece porque a qualidade de sono é tão importante quanto a duração.

Evite:

  • Estudar até segundos antes de deitar;
  • Levar o celular para a cama;
  • Dormir com luz acesa ou TV ligada.

💡 Dica prática: crie um “desligamento gradual” — 30 a 45 minutos antes de dormir, pare de estudar e vá reduzindo a atividade mental. Pode ser tomar banho, escrever no caderno de controle emocional, ouvir música calma.

Se não conseguir dormir, não se culpe. Levante, respire, leia algo leve. Forçar o sono só piora a insônia.

4. Mini rotinas de recuperação (até para dias ruins)

Tem dia que não rende (e tudo bem). Em vez de insistir num cronograma inflexível, crie mini rotinas de recuperação. São blocos leves, que mantêm você em movimento sem forçar.

Exemplo de mini-rotina:

  • 2 blocos de 20 minutos (sem revisão);
  • 1 exercício leve (fácil);
  • 1 conteúdo que você gosta;
  • Revisar o dia com gentileza.

💡 Dica prática: reserve um “dia B” por semana. Nesse dia, o foco é leveza. Vale estudar assistindo aula no sofá, ler resumos ou só revisar flashcards. É melhor manter o hábito com leveza do que abandoná-lo por exaustão.

5. Refeições e água como combustível

Pode parecer óbvio, mas muita gente ignora: seu cérebro precisa de energia real para funcionar. Café não substitui comida. Snack não sustenta foco.

💡 Dica prática: mantenha na sua mesa:

  • Uma garrafa d’água;
  • Um lanche leve (banana, castanhas, pão integral);
  • Nada que te deixe lento ou pesado.

Evite estudar em jejum ou só com estimulantes. Isso agrava o cansaço — mesmo que pareça render no começo.

6. Use o cansaço como termômetro, não como inimigo

Em vez de encarar o cansaço como obstáculo, use ele como sinal de ajuste. Se você está sempre cansado, é hora de rever o ritmo.

💡 Dica prática: faça um check-in semanal com você mesmo:

  • Quais dias me senti mais cansado?
  • O que fiz diferente nos dias melhores?
  • Quais ajustes posso testar semana que vem?

Tratar o cansaço como aliado transforma sua relação com os estudos.

Para fechar: seu esforço importa, mas sua saúde importa mais

Se tem uma coisa que você precisa lembrar agora, é: você não está falhando porque está cansado. Você está cansado porque está tentando demais.

A preparação para o Enem ou vestibulares é uma maratona, não uma corrida de explosão. E maratonista que não respeita os sinais do corpo simplesmente não cruza a linha de chegada.

Você pode (e deve) se comprometer com seus estudos. Mas isso não significa se anular, ignorar os sinais do corpo ou achar que só será digno da aprovação se estiver exausto o tempo todo.

Cansaço não é derrota. Descanso não é preguiça. E cuidar de você faz parte da estratégia, não é inimigo dela.

Ajustar a rotina, fazer pausas, dormir bem, acolher seus sentimentos — tudo isso te fortalece. Porque quem passa não é quem se destrói estudando, mas quem aprende a estudar com inteligência emocional, clareza e consistência.

Então, se hoje você estiver cansado, permita-se respirar. E recomece amanhã, não com mais culpa, mas com mais gentileza.

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Claudio Alves

É formado em Letras Português/Inglês pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e tem se dedicado à especialização em educação e preparação para o Enem há um ano.

Ver mais artigos de Claudio Alves >

É formado em Letras Português/Inglês pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e tem se dedicado à especialização em educação e preparação para o Enem há um ano.

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